sábado, 4 de dezembro de 2010

CADEIRA Nº 5





Alzir Oliveira (Acadêmico)
Ocupante Atual

Intelectual, professor e pesquisador de renome – atividades a que se dedicou sempre com esmero, Alzir Oliveira nasceu no sítio Mareco, nas proximidades de Quitaiús, município de Lavras da Mangabeira, aos 06 de maio de 1945.


 Filho de Vicência Bezerra de Oliveira e Raimundo Benício de Oliveira; foram seus avós maternos: Cristina Francisca de Sampaio e Joaquim Tomás de Aquino Sampaio, e, paternos: Maria da Cruz Neves e Firmino Benício de Oliveira.


Nome com que foi batizado constituiu uma homenagem de seu pai ao Padre Alzir Sampaio, vigário de Lavras por mais de trinta anos e grande amigo da família.


 Aprendeu as primeiras letras no sítio Roça Velha, vizinho ao sítio Mareco, com a Profa. Dona Mocinha, transferindo-se depois para o Grupo Escolar de Quitaiús, onde estudou com a Profa. Altair Leite, cursando até a metade do quarto ano primário.


Em 1956, com a decisão de seu pai de ir morar em Juazeiro do Norte, em busca de horizontes para sua atividade comercial e chances de educação dos filhos, Alzir passou a estudar no Colégio Salesiano Dom Bosco, onde concluiu o primário e iniciou o ginasial.


 Em 1959, foi estudar no Instituto Padre Rinaldi, na cidade de Carpina, Pernambuco, ali terminando o ginásio e iniciando o científico, que veio a concluir no Colégio Diocesano do Crato, em 1965.


 O curso de Graduação em Letras foi realizado na Faculdade de Filosofia do Crato, vinculada à Universidade Regional do Cariri, no período de 1966 a 1969, tendo por colega de vida acadêmica o seu conterrâneo Joaryvar Macedo.


 De 1964 a 1970, lecionou História Geral e Língua Inglesa, no Colégio Diocesano do Crato e em outros educandários da cidade, tais o Ginásio Pio X e o Colégio Santa Teresa.


 De 1971 a 1978, foi professor de Linguística e Língua Portuguesa na Faculdade de Filosofia de Cajazeiras, hoje Centro de Formação de Professores, tendo lecionado também na Faculdade de Direito de Sousa e no Curso de Letras da Fundação Francisco Mascarenhas, em Patos.


 Em 1978, passou a ensinar na Universidade Regional do Nordeste, ingressando, em 1980, na Universidade Estadual da Paraíba, como professor de Linguística e Língua Latina, ali permanecendo até 1994, quando se aposentou, tornando-se professor visitante dessa Universidade de 1995 a 1998. Nessa última data, ingressou, como professor concursado, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde permanece.


 De 1975 a 1978, cursou mestrado em Língua Portuguesa na PUC-RJ, com área de concentração em Dialetologia; e, de 2003 a 2007, realizou o seu doutorado em Linguística Aplicada, no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFRN, desenvolvendo pesquisas voltadas para o ensino das línguas clássicas, nas áreas de letramento e de gêneros discursivos.


Integrante do grupo Civilizações Antigas, organizado por docentes da Universidade Federal de Minas Gerais, o professor Alzir Oliveira tem participado de inúmeras viagens de estudo, com visitas a sítios arqueológicos greco-romanos na África, Ásia e Europa.


 Em 2000, esteve na Sicília (Itália); em 2001, visitou os Sítios Arqueológicos da Grécia e da Turquia; em 2003, viajou a Bari (na Itália); e, em 2009, realizou o Roteiro de Dom Quixote, na Região de La Mancha, na Espanha, visitando a França em 2011.


 É autor de vários ensaios no campo da sua especialidade, destacando-se, entre eles, “Território da Linguagem”, “Discurso e Prática do Latim no Ensino de Graduação” e “Tradições Populares da Pecuária Nordestina”, incluído este último no Dicionário Crítico Câmara Cascudo.


 É sócio efetivo da Associação Brasileira de Linguística, do Grupo de Estudos Linguísticos do Nordeste, da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.


 Sempre empenhado na efetivação dos seus estudos científicos, ainda não se permitiu a sua estreia no campo literário. Os seus poucos poemas revelados, contudo, não deixam de expressar os seus sentimentos com relação à terra que o viu nascer.


 Avesso a notoriedades, nunca se deixou levar por vaidades ou elogios de qualquer natureza. A sua formação humanística e a sua simplicidade constituem os seus grandes atributos, sendo também relevantes as suas qualidades espirituais e humanas.


 As reminiscências da infância, vivida no sítio Mareco, em Lavras da Mangabeira, constituem o seu ancoradouro, orgulhando-se de ser ribeirinho do Riacho do Rosário.


 Trata-se, portanto, de um cearense que muito bem nos representa, no campo da erudição e no estudo do grego e do latim; e que honra, com a sua vocação de humanista, a cultura letrada do Brasil.

Fonte: Dimas Macedo. 



Itamar Filgueiras (Acadêmico)
Primeiro Ocupante.

Uma Vida Dedicada ao Magistério

Filho do agricultor José Tavares Filgueiras e da professora Julieta Macedo Filgueiras, o professor José Itamar de Macedo Filgueiras nasceu em 16 de maio de 1944 na cidade de Lavras da Mangabeira – Ceará, onde passou a infância. Foi alfabetizado e preparado para o exame de admissão ao ginásio por sua genitora. Aos 12 anos ingressou no Seminário São José em Crato – CE onde cursou como aluno interno, o ginásio e o colegial. Concluída a sua educação básica, transferiu-se para Fortaleza e matriculou-se no Curso de Filosofia do Seminário da Prainha onde permaneceu interno até 1965, quando convenceu seus familiares que não possuía vocação para o clero. Desligado do Seminário prestou vestibular para o curso de Letras da Universidade Federal do Ceará e se iniciou na profissão para a qual realmente tinha vocação: o magistério. Começou como professor de Língua Portuguesa do Curso de Admissão ao Ginásio do Centro Educacional Agapito dos Santos em março de 1966. Mesmo trabalhando dois expedientes para se manter e estudando no terceiro, cursou a Faculdade com brilhantismo e formou-se em 1969, quando já se encontrava casado com a professora Luzia Filgueiras com quem teve três filhos e partilha sua vida até hoje.
Como professor de Língua Portuguesa, atuando geralmente no Ensino Médio (ou equivalente), foi co-responsável pela educação escolar de várias gerações de alunos de muitos colégios de Fortaleza, tanto na rede pública como na particular.
Logo após formado prestou concurso (e passou em primeiro lugar) para o Colégio Municipal Filgueiras Lima e para a rede estadual de ensino, sendo lotado no Colégio Castelo9 Branco (onde atuou, inclusive, como vice-diretor do turno da tarde por alguns anos). Na rede particular ensinou nos colégios Capistrano de Abreu, Cearense Sagrado Coração, Sistema, Gustavo Barroso, Castelo, Rui Barbosa, Santa Cecília (onde foi também coordenador da 3ª série do 2º grau), Christus, Geo-Stúdio (no qual foi sócio fundador), Batista Santos Dumont, máster e 7 de Setembro.
É um dos mais renomados professores que atuam na preparação de alunos para o vestibular, tendo ensinado Língua Portuguesa nos Cursos Pré-Vestibulares: Instituto Pedagógico Cearense, Tony, Gregório Mendel, Cipam, Impacto, Skema, Positivo, Géo-Stúdio. É autor de várias apostilhas de Língua Portuguesa adotadas nesses cursos.
Prestou serviço junto à Secretaria de Educação do Ceará como Professor de Língua Portuguesa em Cursos de Reciclagem para professores; como membro da equipe elaboradora dos currículos de Língua Portuguesa e Literatura e como membro da Comissão Examinadora de Concurso Público para professores de Língua Portuguesa da rede estadual.
Em 1977 ingressou, como professor, na Universidade Estadual do Ceará de onde encontra-se aposentado. Lá, além de exercer as funções de magistério como professor das disciplinas Língua Portuguesa, foi Coordenador da Área de Comunicação e Expressão do Ciclo Básico, membro da Comissão Examinadora de Concurso Público para Professor de Literatura Portuguesa.
É autor do Manual “Fale e Escreva Corretamente” que adota no curso de Língua Portuguesa “Espaço Cultural Itamar Filgueiras”, do qual é sócio proprietário e único professor. O curso funciona há 18 anos e destina-se a pré-vestibulandos, concursandos, profissionais liberais e a quem mais estiver interessado num melhor domínio da língua portuguesa.
Além das aulas em seu curso, atualmente vem trabalhando na emissão de Pareceres de Língua Portuguesa em recursos referente a correções de provas de vestibulandos e concursos públicos e na revisão de monografias, teses e livros.
Aos 64 anos a de vida e 48 de profissão o professor Itamar continua sentindo-se realizado em sala-de-aula, rejuvenescendo-se dia-a-dia no convívio com os alunos, jovens-de-todas-as-idades, e com a curtição de seus netinhos.
Recompensado? Sim, bastante. Sempre que encontra um ex-aluno que vem cumprimentá-lo e agradece-lo pelo que representou em sua formação pelos conhecimentos e pelo exemplo de vida.





Joaryvar Macedo (Patrono).

Nasceu Joaquim Lobo de Macedo no Sítio Calabaço, a 08 quilômetros da cidade de Lavras da Mangabeira, aos 20 de maio de 1937, filho de Antônio Lobo de Macedo, político influente no município, e de Maria Torquato Gonçalves de Macedo. Falar da personalidade e, principalmente, da obra literária e historiográfica de Joaryvar Macedo constitui tarefa que dignifica e ao mesmo tempo põe em desafio a argúcia do intérprete, uma vez que se intenta tratar da projeção de um homem de letras que “notabilizou-se como um dos mais autênticos pesquisadores da história do seu Estado”.
Considerado por Raimundo Girão como sendo “o mais abalizado historiador do sul do Ceará”, Joaryvar Macedo nasceu no Sítio Calabaço, a oito quilômetros da cidade de Lavras da Mangabeira, aos 20 de maio de 1937, sendo filho de Antônio Lobo de Macedo, poeta popular e político influente em seu município de origem, e de Maria Torquato Gonçalves de Macedo.
Na terra natal estudou as primeiras letras com as professoras Teresita Bezerra, Irony Gonçalves, Adelice Macedo e Nícia Augusto Gonçalves, entre outras. Posteriormente, foi aluno do Seminário Diocesano do Crato e do Seminário Arquidiocesano de Fortaleza, cursando inclusive Teologia nos Seminários Arquiepiscopais de Olinda, Recife e João Pessoa. Em 1965, ingressou na Faculdade de Filosofia do Crato, por onde licenciou-se em Letras, colocando grau aos 7 de dezembro de 1968, sendo na oportunidade orador oficial da turma, possuindo ainda curso de Pós-Graduação em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Católica de Salvador.
Depois de formado, abraçou a carreira do magistério, que exerceu com proficiência e afinco, principalmente como professor da Faculdade de Filosofia de Crato e de vários estabelecimentos de Ensino de Juazeiro do Norte. Ensaísta e historiador, em 1974 fundou o Instituto Cultural do Vale Caririense, que dirigiu por mais de uma década e do qual foi aclamado presidente perpétuo, dedicando-se como pesquisador aos estudos da formação étnica, histórica e cultural da Região do Cariri.
Sendo admirável “a extensão de sua cultura e a perseverança de suas linhas de pesquisa, qualidades que escondia atrás de uma personalidade simples e de aparência tímida”, como bem acentuou o escritor Murilo Martins, o certo é que Joaryvar Macedo, “revelando uma excepcional tendência para a pesquisa histórica, sua atuação nessa área logo se mostrou tão ampla e profunda, que se passou a ver na projeção do seu trabalho um desdobramento da escola instaurada por Irineu Pinheiro e padre Antônio Gomes de Araújo, fixando-se neste último a sua linha de ação”, consoante o ponto de vista do ensaísta e crítico literário F. S. Nascimento.
Sobre a evidência de ser Joaryvar Macedo o representante mais legítimo e o mais profundo continuador da escola histórica do Cariri, em 1984, no meu livro Leitura e Conjuntura, eu já havia afirmado o seguinte com relação à sua envergadura de intelectual: “Joaryvar Macedo é um escritor inquieto, porém um homem polidamente tratável. É valor maior das letras sul-cearenses no momento atual, porque, quem começar a leitura da história da Região Caririense pelas obras de Irineu Pinheiro, e resvalar pelos ensinamentos do padre Antônio Gomes de Araújo, terá fatalmente que ancorar nos seus trabalhos históricos sobre a conquista, o povoamento e a formação étnica e social do ubertoso vale”.
Além de farta produção esparsa em jornais e revistas do Ceará e de outros Estados, publicou Joaryvar Macedo os seguintes trabalhos: Caderno de Loucuras – 1965; Discurso de Orador Oficial da Turma – 1968; Apresentação de Fagundes Varela – 1971; Os Augustos – 1971; Otacílio Macedo – 1970; Um Bravo Caririense – 1974; O Poeta Lobo Manso – 1975; Templos, Engenhos, Fazendas, Sítios e Lugares – 1975; A Estirpe da Santa Teresa – 1976; Pedro Bandeira, Príncipe dos Poetas Populares – 1976; Fagundes Varela e Outros Rabiscos – 1978; Influência de Portugal na Formação Étnica e Social do Cariri – 1978; Origens de Juazeiro do Norte – 1978; Presença Inconcurssa de Norte-Rio-Grandenses na Colonização do Cariri – 1979; Composições Poéticas de Hermes Carleial – 1979; O Contigente Paraibano na Colonização do Cariri – 1980; Autores Caririenses – 1981; Lavras da Mangabeira – dos Primórdios a Vila – 1981; Alencar Peixoto, Um Clássico – 1981; Pernambuco nas Origens do Cariri – 1981; Orações Acadêmicas – 1983; O Talento Poético de Alencar e Outros Estudos – 1984; São Vicente das Lavras – 1984; Um Vernaculista e um Poeta – 1985; Povoamento e Povoadores do Cariri Cearense – 1985; Discursos Acadêmicos – 1986; Lavras da Mangabeira – 1986; Temas Históricos Regionais – 1986; Ocorrências e Personagens – 1987; Antônio Lobo de Macedo: o Homem e o Poeta – 1988; Império do Bacamarte – 1990; Ensaios e Perfis – 2001; e Na Esfera das Letras – 2009.
Da bibliografia acima, dois livros tão-somente seriam suficientes para dignificar a reputação de Joaryvar Macedo como um dos mais eruditos historiadores do Ceará. Trata-se de A Estirpe da Santa Teresa e de Império do Bacamarte, sem a necessidade de outros comentários, bastando apenas mencionar que, com essa última obra, Joaryvar Macedo “estabeleceria um novo marco na historiografia política no nosso Estado, oferecendo aos cientistas dessa área e aos estudiosos dessa temática sociológica, o mais completo ensaio do gênero até hoje escrito no Nordeste brasileiro”, segundo a opinião abalizada do escritor F. S. Nascimento, com a qual inteiramente concordamos.
Joaryvar Macedo consolidou sua formação cultural estabelecido numa região e tratando quase que exclusivamente da temática histórica do Cariri, o que não o impediu de ter “uma visão histórica do Brasil através da região em que viveu”. Em 1983 transferiu-se para Fortaleza, indo inicialmente ocupar as funções de assessor especial do Presidente do Conselho de Educação do Ceará. Em seguida, viria a exercer as funções de Secretário de Cultura e Desporto do Estado do Ceará e as de Presidente do Conselho Estadual de Cultura, tendo em eleito, em1986, para a Academia Cearense de Letras, e, posteriormente, para o quadro dos sócios efetivos do Instituto do Ceará.
Professor da Universidade Regional do Cariri/URCA e chefe do seu Escritório em Fortaleza, Joaryvar Macedo foi ainda membro do Conselho Estadual de Educação. Foi, outrossim, um dos raros escritores cearenses a ser agraciado, pelo Governo do Estado, com a Medalha José de Alencar, honraria máxima a que um intelectual pode aspirar na Terra de Iracema.
Sócio efetivo, correspondente ou honorário de várias instituições culturais, nacionais e internacionais, e detentor de vários tributos e comendas, Jorayvar Macedo faleceu em Fortaleza, aos 29 de janeiro de 1991, constituindo a sua morte uma das perdas de monta para a nossa cultura literária e a nossa historiografia.
Em vida, foi Joaryvar Macedo a própria história do Cariri se movimentando, se expressando em gestos e palavras, se dimensionando nas páginas dos livros e opúsculos que nos legou e nos trabalhos esparsos respingados na imprensa caririense e na Revista do Instituto do Ceará, cujas páginas enriqueceu com a originalidade e a percuciência das suas muitas observações.
“Homem calmo, de sólida cultura, não sabe fazer alarde pessoal dos seus conhecimentos. É valor autêntico da cultura caririense que começa a espraiar-se por aí afora”. Dele disse o saudoso escritor J.de Figueiredo Filho quando, em data solene para a história das letras sul-cearenses, o recebeu como membro efetivo do Instituto Cultural do Cariri.
Sem nenhuma dúvida foi Joaryvar Macedo uma das personalidades mais ilustres das letras cearenses e um dos mais eruditos historiadores do Ceará, cuja formação histórica pesquisou com a argúcia e o devotamento de um beneditino.
Em todos os seus trabalhos de pesquisa Joaryvar Macedo primou por um estilo eloqüente. E sempre que expendiu juízos em torno de fatos históricos ele o fez com a melhor clareza de raciocínio. A sua linguagem literária revela-se, em todo o seu percurso, recheada de filamentos retóricos, demonstrando-nos o seu autor possuir a dotação de um clássico, sendo ele um moderno.
Dimas Macedo.

Um comentário:

Unknown disse...

Grande Mestre, Professor e amigo. Brasileiro de Lavras da Mangabeira; Meu eterno e imcomparável Professor e Orientador. Abraças ao meu idolatrado MESTRE. Muitas saudades - Arruda.