domingo, 21 de novembro de 2010

ATIVIDADES DA ACADEMIA

Comemoração - Centenário de Rachel de Queiroz.
Projeto literário: elaborado e executado pela professora Adriana Moura Maia.
Local: Escola de Ensino Médio e Fundamental: Filgueiras Lima – Lavras da Mangabeira-Ceará
Data: 13 de novembro de 2010
Texto: Rosa Firmo.

Autoridades, intelectuais, grupo Gestor desta casa, professores e alunos, distinto auditório.

Hoje esta Escola de Ensino Médio e Fundamental Filgueiras Lima celebra o centenário da escritora Rachel de Queiroz, que por todo este ano ela vem recebendo diversas homenagens em inúmeras entidades culturais, Academias de Letras, espalhada por este país, e por escritores e oradores renomados. Contudo, aqui estou na minha pequenez, em nome da ALL, a convite da professora Adriana Moura, a quem deveras agradeço a honra de participar desse evento.
Bendita seja esta Escola que trás o nome do nosso conterrâneo, o educador e poeta Filgueiras Lima. Bendita seja a professora dessa escola, Adriana Moura, pela brilhante ideia. Bendita seja o Grupo Gestor que abre espaço para os professores desenvolver trabalhos extracurriculares.
Nos tempos modernos, incertos e amargos uma escritora da estirpe de Rachel de Queiroz não pode ficar longe na mudez do mármore, no silêncio incômodo do tempo. Reporto-me a Marilena Chauí, pois ela nos ensina que, o esquecimento é produto de uma ideologia. Tem-se de ser revelado e discutido como estímulo e modelo para nossos jovens estudantes. Portanto, Adriana foi muito feliz com nessa tarefa, (conferida nessas apresentações).
Digo eu, que, Adriana poderá também resgatar e estudar com seus alunos, outros nomes de intelectuais lavrense como: Sinhá d’Amora, Clímaco Bezerra, Moreninha Augusto, entre outros que estão entre nós. Acredito que, a professora Adriana e demais integrantes desta casa compreendendo a importância da leitura da literatura, cuidadosamente estudou com os alunos desta escola a vida e obra da autora e preparou este tributo de amor à saudosa Rachel.
Não posso deixar de evocar o nosso poeta, pensador, escritor, ensaísta e crítico literário, o colhedor de algas do Salgado no campo da palavra, Dimas Macedo. No seu livro Ressonância e Alteridades (2007), faz a seguinte colocação: “Dizem que Fideralina Augusto foi inspiração de Rachel de Queiroz para o personagem” do romance “Memorial de Maria Moura”.
Quero registrar algumas curiosidades sobre a homenageada:
Rachel dizia que não era escritora por hipótese alguma.
Percebo quando um romance está pronto no momento em que fico enjoada do livro.
Ela dizia que era muito preguiçosa para escrever, mas era uma mulher super ativa. Ela dizia que não acreditava em Deus: “Eu acho que ter fé é a base de tudo, mas eu não consigo. Se eu fosse religiosa, seria um refúgio, agora que estou velha e já passei por golpes tão duros. Não sou nada ligada nessa história de transcendência.
Amar é uma aventura heróica e insuperável.
Não é preciso pressa na literatura. Um romance é como gravidez: aquilo fica dentro de você, crescendo, crescendo, incomodando, até sair.
Para finalizar afirmo que, minha presença aqui tem um grande significado, o compromisso com a educação e a cultura da nossa terra. Por isso peço aos educadores e alunos que nunca falte com o ânimo de estudar, de sonhar, pois Lavras é berço pujante de literatos, artistas, cientistas, historiadores e intelectuais. E para que surjam novas safras de homens e mulheres sensíveis e empenhados com o “ser” e o “saber,” se faz necessário esse movimento com os estudantes; debates, reflexões e encontros como este. É fazer-se farol para ir clareando a caminhada. É nesse fazer, nesse caminhar com a professora Adriana, canto, a minha terra, o meu rio:

Vale do Rosário

É lastro verde onde canta o riacho
inunda de beleza os vastos prados
por trás a montanha onde o sol em facho
ilumina com raios derramados.

O camponês despede-se do dia
Saúda o milharal que ali floresce
A cerca tremula na lama macia
O cristalino orvalho a flor umedece.

Nos verdes prados, cheiro da gameleira,
Pássaros a cantar no juazeiro
Num ritmo e compasso tal orquestra

O cavalo azulão salta a porteira,
Come o verde capim no outeiro
Lua derrama-se sobre a floresta.

Rosa Firmo