segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ALGUMAS LEMBRANÇAS DE JOARYVAR - Emerson Monteiro

Conheci Joaryvar Macedo quando eu cursava os últimos anos do Ensino Médio no Colégio Diocesano, e ali ele morava numa das dependências do vetusto estabelecimento cratense, isto na segunda metade da década de 60. Figura silenciosa, homem alto, de óculos de lentes fortes, não poucas vezes lhe observava o fiel interesse pelos livros, vendo-o sempre munindo de leituras, o que se notava pela porta entreaberta do quarto pequeno em que se instalava à Avenida Duque de Caxias.
Era eu quem presidia o grêmio do colégio e editávamos um jornal mimeografado a tinta, o Nossa Opinião, ao lado de outros alunos, José Esmeraldo Gonçalves, Pedro Antônio Lima, José Clenilson Macedo, José Huberto Tavares, e Joaryvar, professor, cumpria, a nosso convite, as funções de revisor dos artigos divulgados. Nessa estação, alimentávamos as ideias libertárias, fase política nacional da Revolução de Março, vigência do Governo Castelo Branco.
Noutras ocasiões o encontrei diversas vezes quando, nas minhas idas e vindas ao colégio, passando na calçada da Rua Ratisbona, avistava sua presença na casa que frequentava com assiduidade, residência de sua namorada e depois esposa, Dona Rosalba.
Em 1967, me mudaria para Brejo Santo, a fim de trabalhar no Banco do Brasil, seguindo quatro anos depois para Salvador. Na capital baiana, reencontraria Joaryvar Macedo quando ele viajava para cursar pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior, na Universidade Católica.
Numa dessas ocasiões, estive no hotel em que os alunos do Cariri se hospedavam e com eles sai para conhecer algumas das belezas tradicionais da Boa Terra.
Logo adiante, visitei Joaryvar em Juazeiro do Norte, à Rua José Marrocos, próximo ao Mercado Senhora Santana, na casa em que viveu bom tempo com a família. Conversamos variados temas, cultura, literatura, amizade, genealogia, Lavras da Mangabeira, donde ambos procedemos. Nesse meio tempo, publicaria o livro Os Augustos, árvore genealógica de meu pai, reeditado em 2009, em Fortaleza, graças aos esforços de Rejane Monteiro Augusto Gonçalves, que também assina esta segunda edição, num belo trabalho de 600 e tantas páginas.
No final dos anos 80, retornei para permanecer ao Cariri e, em algumas outras ocasiões, reencontraria Joaryvar, nas suas presenças em atos oficiais, no desempenho das funções de Secretário de Cultura do Ceará.
Para o lançamento em Crato do seu consagrado livro O império do bacamarte, dele recebi o honroso convite, porém não pude comparecer. Esse trabalho o consagraria em definitivo no seio das letras cearenses, obra do mais rico conteúdo, que narra em detalhes a história do universo feudal do sul do Ceará e as movimentações políticas tumultuadas dos rincões interioranos durante a primeira metade do século XX, leitura autêntica, de sabor típico, obrigatório aos que queiram mergulhar no assunto preservado pela oralidade sertaneja pesquisada por Joaryvar Macedo no melhor que existe a respeito dos eventos verificados.
Em tempos recentes, conheci Jéssen Violene Macedo, uma das filhas de Joaryvar, minha vizinha, no Bairro Grangeiro, em Crato, de quem sou amigo, dela, das filhas e do esposo.