quinta-feira, 15 de julho de 2010

A COISA CERTA, NA HORA CERTA - Emerson Monteiro

Tantas vezes nos pegamos a considerar se agora estamos onde deveríamos estar, que, ao menor sinal de desencanto, queremos logo saber qual seria um outro jeito de agir e procurar alguma inspiração que satisfizesse as nossas ações improvisadas. Por isso, existem os jogos de azar e os ledores da sorte espalhados neste chão.
As voltas que dá o mundo impõem condições rigorosas no uso do tempo e da liberdade. E uma palavra dita fora de hora, ou de maneira equivocada, corre o risco, não raras vezes, de cobrar preços elevados em termos de sofrimento, o que leva a pensar se haveria outros modos de trabalhar a vida e acertar com mais frequência, sem a presença tão rotineira do erro.
As considerações filosóficas criam esquemas de as pessoas funcionarem com mais sucesso quando gastam idade e saúde, estudos esses que demonstram, em mil doutrinas, religiões tradicionais, saídas particulares e até aventuras errantes, desastrosas, quanto à existência.
Os autores mergulham fundo nessa busca de rever o tempo que passou nas suas vidas, um esforço extremo de consertar aquilo em que falharam, e recuperar a fase auspiciosa da juventude, através dos frutos aprendidos nas experiências. No entanto, o que passou, passou; não volta mais; no que pesem as belas produções artísticas disso resultantes. Lindas melodias, raros livros, telas afamadas.
Os rastros deixados na estrada desta vida significam aquilo em que se transformaram os verdes anos de cada criatura, marcas fixadas no próprio corpo das pessoas, sobretudo na face engelhada, olhares cansados, caminhar incerto; nos dentes perdidos, barriga aumentada, frágil musculatura.
- Ah, se, quando jovem, eu soubesse do que agora sei tudo seria bem diferente na minha história, – afirmam de alguns espectadores arrependidos. Se, palavrinha poderosa, contudo, neste caso, ineficaz para gerar novas consequências. O que significa mesmo já ficou gravado nas trilhas da eternidade, restos de saudades, frustrações, lembranças.
Daí essa dúvida recorrente de saber sempre do lugar certo e da coisa certa ao se encaminhar durante cada momento. Parar e pensar, calcular, planejar, pois todo cuidado é pouco, na utilização dos dons preciosos de existir e dispor da saúde enquanto andamos nesta jornada cotidiana.
Uma crença positiva e as largas esperanças enchem os dias, alegram o espírito e alimentam o trato com os nossos semelhantes, isto sem preconceito e com animação e respeito, nutrientes essenciais da boa convivência. Naquilo que ignoramos, a realidade ensina que sábio é quem planta o bem para depois colher as dádivas da santa felicidade.