quarta-feira, 27 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A RIQUEZA E O TEMPO - Emerson Monteiro


De imaginar que tantos vivam qual quem mata o tempo, o cidadão médio resolve saber o que significa tempo, viver este período quando aqui, neste chão de possibilidades, realizar o que pretende. Porém poucos reconhecem o que pretendem, no entanto. Olham dos lados, atrás, à frente, e olha as águas de vasto oceano, cheios de preocupações, atribulações e desordem. Outros, descem à profundeza do mar e encontram os lenitivos de preencher o estirão da viagem com vaidades, instintos e posses. Já, lá adiante, os que buscam ter a aceitação interna, dentro do mundo de valores e sonhos.
Conquanto alguns poucos descubram a interpretação de que vida e tempo correspondam a uma mesma coisa, pois tempo mostra a cara na saúde e nas condições do corpo, as suas decisões e atitudes levam a pensar que vida e tempo são coisas diferentes. E ignoram os resultados do que realizem.
Noutro bloco, grupo reduzido estuda, trabalha, controla os sentimentos. Graças a esses poucos heróis, o barco permanece vagando na superfície das perguntas, querendo respostas do movimento dos dias e do relógio.
A famosa corrida do vil metal, das intenções materialistas e conceitos ocidentais, contudo, conduz a história, esquecida desses valores, no salve-se quem puder da sobrevivência. Ética e os ideais viraram discursos das manobras eleitoreiras. A classe dominante dos países ocupa os palacetes da ilusão e são poucos os que, de verdade, mandam no pedaço, a gastar o suor do povo em mãos gananciosas. Notícias requentadas, no meio do tempo de televisão, entopem a consciência das gentes. O costume de fabricar bombas e balas acinzenta de gazes as folhas dos calendários. É o tempo, de novo, sendo perdido no vento. Pessoas querendo reverter a marcha dos acontecimentos com propostas pessoais e tomam a si o direito de errar, matar, sem respeito ou responsabilidade.
Por onde andaria o custo dessas ações, ninguém consegue calcular e dizer o nome dos que manipulariam os cordões políticos das manadas vagando perdidas, abandonadas à própria sorte. Depois, chegará o senhor do tempo a pedir satisfação da farra. Filas quilométricas, que vão e que vêm, catam o pão e misturam com as lágrimas. Sim, o tempo perguntará aos surdos e responderá aos mudos suas leis de Eternidade. Quem fez ou deixou de fazer, nos passos das horas, subirá, ladeira acima, qual aquele Prometeu da lenda, a conduzir, nas encostas de elevada montanha, um rochedo que escorregará e voltará ao começo, necessitando subir novamente o velho itinerário.
Há espécie de religiosidade nisso tudo. Elevar o sentido da condição humana aos níveis superiores. Esquecer o quase nada que escorrega pelos dedos e estabelece padrões maiores de compreensão às vulgaridades, que deixaram imaginar as mil alternativas e um só Deus a lhes administrar todo tempo as engrenagens.

sábado, 23 de abril de 2011

UMA FELIZ PASCOA!!!




Contam os peregrinos que já visitaram a Terra Santa que da sacada de um determinado Hotel localizado no centro de Jerusalém pode-se avistar olhando ao redor, a grandiosidade de uma Basílica, a beleza de uma Sinagoga e a presença de uma imponente Mesquita.
Nestas mesmas terras condenaram e cruxificaram, a cerca de 1979 anos, um homem chamado Jesus.
As palavras por Ele clamando por compaixão entre os homens se fazem necessárias e precisam ser escutadas. O fratricídio precisa ter fim. Isto ofende o Altíssimo!
Que os corações dos homens de todas as terras deste planeta, independente de credo, raça ou ideologia política, se abram a estas palavras pronunciadas por um simples carpinteiro e que a paz passe a reinar não só na Terra Santa, em todas as terras, nossas casas e em nossos corações.

Feliz Páscoa!

SABER ACORDAR - Emerson Monteiro

O ânimo de viver representa a nossa cara diante das outras pessoas. Enquanto isso, bom conhecer um tanto mais das possibilidades que existem de poder controlar o nosso humor à medida que vivemos os dias e as horas. Dominar os passos que a gente vem andar. Pisar no jeito de evitar acidentes ou criar condições desfavoráveis nos gestos de plantar nossa imagem no coração dos semelhantes, essas outras pessoas. Fazer o nosso marketing particular pelas estradas em que andamos.
Certa vez, ouvi de um amigo que o freguês, dormir à noite e acordar de manhã, sem se lembrar de Deus para fazer uma oração isso parece coisa de bicho bruto, de herege que arrasta a existência de jeito atropelado, rude, batendo nas laterais da sorte, rês arrombando cerca, esquecido da concentração de suas forças nos objetivos que interessam das normas do bom viver. Já amanhece o dia trombudo, amuado, cara fechada, agressivo, procurando briga, contrariado com tudo e todos.
Há gente que numa hora está pelos pés, noutra pela cabeça. Pessoas de duas caras, como o povo qualifica. Os pacientes do transtorno bipolar, na classificação da atual da ciência. Galinhas de ovo virado, nos chistes de calçada. Não veem nem porque e aparecem trombudos no terreiro, logo cedo, querendo briga a qualquer custo, desmanchando o que construiu na noite anterior. Se o marido, se a mulher, pouco importa, sai da cama, ou da rede, caçando confusão, de cara por acolá. Nas repartições, os chefes que entram nas salas mal humorados, calados, fungando, enfezados, juntando troços, pronto a criar um incidente administrativo e levar em frente, apurar, punir. Muitos, lá adiante, dias depois, voltam arrependidos, a pedir perdão, desculpando esfarrapado, desconfiados, até a próxima situação que vierem a criar. Ô, homem grosseiro, mulher grosseira, que fere a sensibilidade alheia, meio gente, meio bicho, a mistura dos dois.
Disso, agora só cabe tirar algumas lições práticas. Saber acordar, eis o princípio fundamental dessas leis da vida. Amar a existência. Conhecer as regras da experiência, praticar a cortesia, a amabilidade na relação familiar, na boa vizinhança, aprender o tratamento com as demais criaturas. Ir expandindo o círculo aos distantes, desconhecidos; na rua, no trânsito, no trabalho, na escola, nos grupos que participar. Dividir a leveza desse costume numa sequência de ações que frutifiquem quais sementes de frutas doces nos corações ali perto de quem conviver.
Quando pessoas maltratam quem amam, imagine o que farão com aqueles que nem conhecem. Jesus ensina amar os próprios inimigos, pois os amigos já são amigos. Conquistar quem nos desgosta, eis o segredo da harmonia coletiva. Desde cedo, de manhã, ainda deitados, naqueles cinco minutos durante os quais planejamos o dia, usar a oportunidade de formular os pensamentos. Buscar o tempo bom dos sentimentos e pisar maneiro esse chão, a fim de nele colher consciente seus valores positivos. Devagar chegar lá longe e viver no tempo certo.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

ROBERTO CARLOS - Emerson Monteiro


Neste mês de abril (2011), Roberto Carlos inteirou 70 anos (dia 19), dos quais 50 de sucesso absoluto na música popular brasileira, com algumas incursões pontuais ao exterior, sobretudo aos países de língua espanhola das Américas. Menestrel de repetidas gerações, ele segue firme e forte, através dos espetáculos que apresenta acompanhado de músicos virtuosos, demonstração inequívoca do talento e da organização que lhe caracterizam a genialidade humana por demais reconhecida.
Escrever a propósito de Roberto Carlos contextualizaria um tempo deste País de tantas contradições e mudanças, desde os inícios da carreira, nos anos 60, quando vivíamos as notas iniciais da exceção política, às convulsões mundiais ocasionadas pela Guerra Fria, às rebeliões da juventude na Europa e ao movimento hippie espraiado pelo mundo inteiro, ainda somados os movimentos tropicalista e da Jovem Guarda, e os heróicos festivais da música de protesto; os exílios da fina flor dos expoentes musicais, o crescimento das drogas, amor livre, eliminação de líderes mundiais sob a agressividade que, impiedosa, campeou na época, a culminar no desencanto dos sonhos interrompidos e na morte de John Lennon, em Nova York.
Da cidade ao sertão, de parceria com Erasmo Carlos, em passes mágicos, gerava sucessos trazidos pelo rádio e pelo disco, e que funcionavam quais trilhas sonoras do quadro nacional, amenizando a rotina dos indivíduos. Angústias, apreensões de toda aquela juventude, encontraram eco no lirismo bem elaborado das letras dos astros pop, também abertas aos sentimentos cristãos da gente simples, marcos indeléveis do nosso melhor cancioneiro.
Os álbuns do cantor assinalam, pois, cada fase desse tempo, enquanto a vida transcorria no salão enorme das existências, aceleradas pelo progresso industrial da fase econômica. Agora, nos miados eletrônicos da digitalidade pós-moderna, em arquivos mp3 da Internet, disponíveis se acham as inesgotáveis canções de Roberto Carlos, pomos de recordação e saudades, velhas melodias que fizeram a cabeça de milhões e que desfilam atuais seus amores, suas festas, de tantas alegrias, velhos tempos, belos dias.
Aqui eu me pego a falar nisso meio sem jeito, narrando do pouco que restou das impressões motivadas pelos heróis eternos da geração e suas criações guardadas a sete capas nos baús do destino, aprendizado permitido pelas artes na ilustração das histórias do cotidiano coletivo. Então, falar na música, a divina música composta e interpretada por quem sabe produzir com extrema sabedoria, assinala de bênçãos a vida brasileira entre esses dois séculos de riqueza cultural.

O APELO FEROZ DOS DITADORES - Emerson Monteiro

Nas recentes manifestações da África, quiseram revisar o passado e sonhar com a democracia, indo nas ruas derrubar ditadores ali postos ao peso dos esquemas diplomáticos das potências ocidentais. Nesse instante, um sintoma veio à tona que é saber do quanto os ditadores adoram comandar como nenhum outro que nunca usufruiu do poder. Almas envolvidas nas tramas da ganância, eles enfiam as unhas no lombo dos conterrâneos e agarram quais gaviões raivosos. Sugam a lama do que restou dos direitos humanos e impõem regimes de força a troco da fraqueza dos que confiaram neles e lhes permitiram chegar ao topo da pirâmide social. Nisso, exploram o produto nacional bruto em proveito próprio. Descem o malho no povo e sacodem os chãos, feitos cavaleiros do Apocalipse. Recebem armas, adquirem parceiros à custa dos aliciamentos, cedem bens vitais dos países e deflagram trágicas guerras que enchem os cemitérios e os noticiários. Escondidos nas camarinhas de palácios enormes através dos vícios e das maldades, durante passeios elaboram o discurso com que alienam as suas vítimas. Monstros apegados à força bruta, logo constroem prisões inexpugnáveis e alimentam a máquina da propaganda para manusear perversas maquinações. Ah, os ditadores, esses chicotes dos imprevidentes que lhes deixaram subir ao trono, ou facilitaram meios disto acontecer. Há quantos séculos se repetirá a cena... Peças de reposição dos impérios, negociam a safra das vidas e populações nos mercados da perdição, a troco do fanatismo imposto pelas facilidades recebidas. Quem abrir um livro de história observará essas anomalias da espécie humana, esses aleijões dos crimes hediondos. Por trás de toda guerra existirá um ditador, coringa da ignorância dos valores e dos bons princípios da paz, espécie de assombração à ordem natural das coisas, espantalho da regularidade no papel violento dos que desmancham prazeres. Enquanto isso, na velha participação e nos vários continentes, de uma hora para outra, o desaviso das pessoas, e lá estão eles de malas prontas para entrar no jogo de empurra da política. Abrir os olhos e guardar as lições será dever da cidadania, que nunca relaxe e se sujeite sem observar que, nas encostas das sombras, esses carrascos fedorentos analisam um jeito astuto de abocanhar o festim. Longe, em países afastados, maus exemplos de tiranos em queda apareceram nos acontecimentos recentes. Agora reduzidos a cinzas, mas que serviram de espinho de garganta na intenção de vender o que saqueavam das gentes que exploraram décadas a fio.
Consciência pública requer atitude, o que nem todo dia se dispõe o comodismo das massas. Contudo, depois retornam aos seus afazeres e devolvem aos terceiros seus destinos, e passam a morar em cima dos barris de pólvora. Manter a estabilidade social é bem comum, toda hora, todo tempo. Os turnos eleitorais servem de base para deter essas ambições de tais mentalidades doentias. Cuidado dobrado, pois, nas eras de calma; e trabalhem as lideranças no sentido de reger o futuro, numa construção favorável aos bons costumes.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

DOIS LADOS QUE SE COMPLETAM - Emerson Monteiro


Essa mania de confrontar, em tudo, por tudo, sujeita encher de tormentas o mar das embarcações, nos movimentos de tornar cinzentas as manhãs até doer nos ossos, a ponto de reverter em drama aquilo que deverá ocorrer de modo sadio, auspicioso. Insistir na tecla de viver em paz consigo e com os colegas chega a parecer teimosia, quando, na verdade, ser alegre e sonhar querendo calma muda o instinto da miséria humana, já que quase esqueceram isso jogado fora, nas ribanceiras do caminho.
Conquanto o mundo às vezes ofereça cantos de carroceria aos circunstantes, a história fala diferente e confirma sequências de acontecimentos suficientes para acreditar nos aspectos positivos, todo tempo. Quanto de heroísmo oculto nos lugares improváveis. Quanta esperança na juventude, nas escolas. Luzes acesas em noites escuras, clareando prosperidades nos céus.
Ver isto, o que a natureza equilibra em forma de organizar condições, nos momentos desencontrados. Olhar aspectos que definam o seguimento das variações, permitindo sorrir e continuar, independente das opiniões contrárias e dos desistentes empedernidos, endurecidos.
Somar pontos favoráveis; significar transposição dos obstáculos, desde que firmes os pensamentos no sucesso dessa longa estrada. Contar, sempre, com as estações felizes, que alternam viagens, no jeito dos alimentos gostosos, repousos e sonos tranqüilos nas madrugadas silenciosas, prazeres familiares e conquistas obtidas. Deixar de fixar os fracassos apenas quais dolorosas perdas, enquanto podem representar lições de esquecer e aprender os efeitos neles contidos. Ninguém, que se preze, repetirá erros dolorosos, no mínimo por instinto de conservação e amor próprio.
A religião de viver elabora, destarte, frutos na casa das consciências, livros abertos da condição das criaturas. Trazer para si dias dourados em jeito de sabedoria. Crescer sobre raízes que estabelecem passos em sentido da formação de novos seres dentro do mesmo ser. Plataformas de progresso. Visões brilhantes, portas abertas ao gosto de conhecer pessoas e descobrir amigos, nas muitas diversas oportunidades. Mundo feliz de existências. Cura de males antigos. Visualizar possibilidades a todo instante, no trabalho, nas ruas, nos pensamentos e sentimentos; estabelecer formulações de imagens mentais qual revelar o mistério da fé nos planos maiores das maiores circunstâncias.
Isto, sim, fomentar mudanças no universo dos objetos de aparentes contradições, no meio das quais circulam pessoas e instintos de satisfação, pois a perfeição dos elementos pulsa na mão tal matéria prima do desejo harmonioso de paz. Gestos e falas que elevam e jamais escondem a eterna força da criação aos protagonistas desta cena, diante do palco infinito das oportunidades, boas e semelhantes às maravilhas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

HISTÓRIAS DE VIDA, UM LIVRO - Emerson Monteiro


Com este subtítulo e o título de O voo do zabelê, às 19h30 desta terça-feira, 19 de abril de 2011, o advogado José Vanderlei Landim trará ao público leitor caririense o seu primeiro livro, isto nas dependências do Rotaty Club, no Parque Grangeiro, em Crato.
Obra de cunho etnográfico e memorialista, reúne vivências do escritor durante uma trajetória rica de ocasiões dignas e saborosas, através de estilo espontâneo e correto. Em textos claros, mosaicos de estudos, viagens, rotinas profissionais, amizades adquiridas pelo mundo, lugares, travessuras, instantes familiares, esse autor contextualiza páginas que o Pe. Raimundo Elias Filho avalia qual um legado que fica não somente para os seus filhos e netos, mas, igualmente, à disposição de todo e qualquer ser humano de boa vontade, capaz de aprender com outro ser humano.
A força da escrita sempre condicionará as melhores tradições pessoais nas mãos dos que nutrem essa verve de proporção infinita da literatura. Cantar os valores eternos da vida, os dotes do aprendizado, as riquezas do inesperado e das conquistas individuais, pela mágica das palavras a formularem sentidos e montar circunstâncias na transmissão dos conceitos e pensamentos naturais dos indivíduos.
Vanderlei Landim resolveu, pois, partilhar sua herança intelectual no tanto que arrecadou das tantas estradas percorridas, e trabalhou, no livro, os painéis interioranos e heróicos de um sertanejo a braços com a civilização urbano-industrial, indo longe nas suas disposições. Saído de Brejo Santo, Ceará, ligado às histórias do interior desconhecido, estendeu redes às plagas europeias, de onde colheu jóias que transportou ao belo trabalho gráfico editado pela Diz Editoração e confeccionado pelas oficinas da Expressão Gráfica, da Capital cearense.
Landim esquadrinhou planos diversos até consolidar o saber que ora repassa aos seus contemporâneos. Estudou em Triunfo, Pernambuco, com frades franciscanos; depois no Seminário Santo Antônio, Ipuarana, Campina Grande, na Paraíba; e em Fortaleza, até se bacharelar em Direito pela Universidade Federal do Ceará, em que fez ainda curso de Desenvolvimento Econômico. Seguiu à Europa, e na França estudou na Escola Prática de Altos Estudos, Sorbonne, Universidade de Paris. Além de outras funções, foi professor do curso de Direito da Universidade Regional do Cariri e Juiz Federal do Trabalho, em Sergipe.
José Vanderlei Landim repassará o produto da venda deste seu trabalho literário à Sociedade Lírica do Belmonte, SOLIBEL, instituição criada pelo Pe. Ágio Augusto Moreira para propagar a boa música entre os habitantes do sopé da Serra do Araripe, no município cratense.
Todos os apreciadores da arte e da cultura acham-se, pois, convidados a esta solenidade, quando ocorrerá a noite de autógrafo de O voo do zabelê.

domingo, 17 de abril de 2011

AS PORTAS DO ABISMO - Emerson Monteiro

O ser humano vive para responder a desafios, sendo esses ainda mais variados nos dias atuais, desde doenças transmitidas nas relações íntimas até as desigualdades sociais, expressas nos lances da violência urbana que predominam, sobretudo nas maiores cidades, sem, no entanto, isentar dos crimes bárbaros menores comunidades, em parte originários na ausência de formação moral, nos índices de crescente agressividade e na utilização indiscriminada de substâncias bloqueadoras da racionalidade, os tais entorpecentes avassaladores.
Neste ponto histórico da raça humana, exageros se apresentam com tamanha dominação que muitos se deixam abandonar ao impacto desses desafios, quais meros escravos das destruições em série; o crack, a cocaína, a maconha, a nicotina e o álcool.
O senso crítico bem que pode prevenir a vacilação comprometedora. Já desde a infância que os jovens devem dispor de estrutura para superar o sugadouro em que se transformou a vida mundana, tendo no comando das instituições do entretenimento os meios de comunicação de massa, por vezes inconscientes do seu poder destruidor, espécie de tóxico permitido à luz do dia, com força inimaginável, instrumentos do desequilíbrio, outro tipo de droga quase sempre usada de modo equivocado para vender o sensacionalismo e tolerada acima de qualquer suspeita.
Assim, dizíamos, os jovens têm de descobrir desde cedo como criar a firmeza de atravessar o largo pântano do Planeta em chamas, independente da opinião de terceiros, pois a peleja é, na verdade, uma missão individual fora do juízo alheio dos demais, considerando-se saúde mental como a peça chave desse equilíbrio naquilo que irá cumprir, no rumo da realização pessoal.
Quando sabem como agir, fruta rara, os moços exercitam a superioridade no embalo de todos esses fatores adversos. Põem-se a par do valor das coisas simples, dentre elas a lucidez de construir um sonho novo dentro do coração, a esperança dos tempos futuros.
O jovem, contudo, nem sempre possui as condições de vencer o mar tormentoso das tentações, porém deve fazê-lo, custe o que custar de sacrifício e vaidades, em favor da própria sobrevivência, porque assim trará consigo respostas plenas à Humanidade. Avalie com carinho essa perspectiva de manter a sobriedade no decorre da vida e verá como as reservas obtidas serão suficientes para vencer todos os obstáculos. Só então perceberá o quanto de sabedoria existe nos infindáveis mistérios da natureza interior das criaturas humanas.

sábado, 16 de abril de 2011

ANTÔNIO MARCOS - Emerson Monteiro


Por volta de 1968, quando os primeiros sinais de televisão chegaram ao interior cearense pelas ondas da TV Tupi, estação líder em audiência e carro-chefe dos Diários Associados, me achava trabalhando na agência do Banco do Brasil em Brejo Santo, onde permaneceria até 1971. Nesse período, Flávio Cavalcanti apresentava dois programas de sucesso na emissora, “Um Instante Maestro” e “Esta Noite Se Improvisa”.
Em “Um Instante Maestro”, vi pela primeira vez Antônio Marcos. Mostrava composições suas sob a égide daquele famoso apresentador. Magro, de cabeça raspada, expressão agressiva, originava-se do Movimento Artístico Universitário – MAU, grupo teatral que sofrera consequências repressoras do desmonte cultural de anos anteriores.
Feições ainda adolescentes, cantava e se acompanhava ao violão, inspiração talentosa e letras sentimentais, com personalidade deixava notar o êxito que conseguira no mercado fonográfico, conquistando a Jovem Guarda, junto de Roberto e Erasmo Carlos.
Suas aparições se repetiriam nos programas da Tupi, enquanto sua produção ganhava o rádio no País inteiro, levando-o ao estrelado, um dos símbolos da juventude, na década de 70. Quem viveu nesse tempo lembra de “Meninas de Trança”, “Porque Chora a Tarde”, “Sempre no Meu Coração”, “Seu Eu Pudesse Conversar com Deus”, “Como Vai Você”, “Namorada”, “Sonhos de um Palhaço”, “Sou Eu”, “Última Canção”, “Vamos Dar as Mãos e Cantar”, “O Homem de Nazaré”, “Tenho um Amor Melhor do que o Seu” e outras mais.
Em 1969, Marcos deixaria o grupo “Os Iguais”, com quem gravara compactos e um lp de canções estrangeiras (“Yesterday”, “Califórnia Dreaming” e “Yellow Submarine”, dentre outras), para começar carreira solo no disco “Antônio Marcos”, responsável por vender mais de 300 mil cópias.
Depois, faria cinema como ator (“Pais Quadrados, Filhos Avançados”, de J. B. Tanko) e teatro (“Hair”, peça dirigida por Altair Lima), em 1970.
Uniões amorosas intensas caracterizariam a imagem do artista. Casaria com Débora Duarte, atriz de reconhecida fama e, após tempestuoso romance desfeito, seria o marido da cantora Vanusa, e, por fim, de uma filha do rei Roberto Carlos, Ana Paula.
Nos inícios da década de 80, eu retornara ao Crato, e vim a conhecer Antônio Marcos, no Hotel Municipal de Juazeiro do Norte, apresentado por Francis Vale. Realizara um “show” no Cariri e conversamos longamente à beira de uma piscina numa residência situada na Lagoa Seca, enquanto ele bebia e cantava.
Na oportunidade ouvi dele algumas revelações pessoais, ao revelar que usara cocaína durante 17 anos. E seus amigos lhe diziam: - Tu és um verdadeiro cavalo, cheirar coca todo esse tempo e ainda estar aqui para contar a história.
Já havia vencido a batalha contra aquela droga terrível, porém cairia sob as garras do álcool, de quem se tornaria vítima, alguns anos depois. Antes disso, ainda visitaria o Cariri, dando vexame, cantando embriagado e fora de si na Iguatemi Shows, no Triângulo Crajubar, aonde planejei comparecer, mas que não pude fazê-lo, a fim de rever o ídolo popular de tão notória consagração.
Eram os meses finais e melancólicos da brilhante carreira artístico-musical do “moço triste”, que eu conhecera através do vídeo menos de um quarto de século atrás. Em 05 de abril de 1992, vítima de parada cardíaca em função de uma “insuficiência hepática fulminante”, morreria em São Paulo, com apenas 47 anos de idade.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

NEM TUDO A UM SIMPLES CLICK - Emerson Monteiro

Nos tempos eletrônicos desta hora, para onde estirar a vista, distâncias imensas deixaram de limitar as estradas humanas. Querem claridade, haja claridade no primeiro botão detrás da porta. Ambiente climatizado, só estirar o braço e acionar a chave. Saber das horas, e enterrar as unhas no teclado para acender o celular. Emergência, acionar o telefone. Uma música feliz, façam-se os sucessos do momento. Notícias quentes, o plantão da televisão. Segue, assim, o esplendor das maravilhosas máquinas, a ponto quase de virar sonho eletroeletrônico de noite querer ir ao banheiro e mover o clone virtual para atender às necessidades. Carros, máquinas, comunicações, diversões, viagens, compromissos, encomendas, saúde, clima, educação, amizades, família, gama infinita de ordens cumpridas nos apelos da técnica.
O aperfeiçoamento tecnológico causa espanto às gerações que agora buscam apressadas novidades do progresso em passeios de fim de tarde. Automóveis falam. Deficientes dirigem. Casas obedecem. Palestrantes ensinam à distância. Médicos operam na tela do computador. Crianças brincam de engenharia antes mesmo de falar. Pais recorrem aos filhos na compra de seus instrumentos de consumo quais clientes procuram monitores para tirar quantias financeiras. Aviões desbravam estratosferas como rotineira pesquisa. Resultado das mudanças, por debaixo da aparência, norteando o futuro, corre todo tempo um rio de fenômenos inimagináveis pelas artérias da sociedade.
Ninguém alimenta desejos de retornar ao período em que não existiam as facilidades modernas. Banho quente no inverno era de cuia, e lembrar que os imperadores, na Idade Média, por exemplo, nada sabiam do que revelou a ciência desta fase atual. Visões do paraíso nunca chegaram tão perto, prazerosas, quanto nestes dias dos circuitos elétricos utilizados.
No andar do comentário, bem aqui, afloram as conclusões dos argumentos em duas alternativas. Ou querer interpretar a ingratidão das pessoas que dispõem de tudo e ainda reclamam de barriga cheia. Ou agir qual criança a quem o triste vira festa, no açúcar do presente.
Corretos da política, no entanto, veem poucos motivos de euforia nos aparelhos carregados nos fios da parede, porquanto exigem melhoria no sistema geral. A saúde pública precisa cumprir o seu papel e servir melhor a população. As ruas andam carcomidas de buracos e valas arriscadas. Uma injustiça social crônica insiste dividir as populações, também nos países ditos ricos. O ensino discrimina e realimenta exclusões sociais, invés de resolver o vazio da conscientização das massas. Poucos têm muito e muitos têm quase nada. Violência, drogas, prostituição infantil, trânsito caótico, angústia, eis algumas das mazelas de solução precária por parte da técnica, a depender do desenvolvimento da mentalidade dos seus usuários, sinal do quanto resta para realizar neste chão comum, tarefa que cabe a todos nós, sem nenhuma exceção.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A CULTURA DOS ATENTADOS - Emerson Monteiro

Qualquer órgão da mídia que pretenda sobreviver à velocidade dos trens velozes desta fase contemporânea há que divulgar, com ênfase, os desmandos e práticas perversas dos grupos terroristas espalhados pelo mundo, noutras praças, noutras regiões. Sensacionalismo corre solto e alimenta faixa extensa de telespectadores e leitores. Alguém que observe notará, todo dia, nos cantos perdidos de jornais presos nas bancas, as notícias iguais, agora pequenas, de onze, quinze, vinte, vinte e dois civis assassinados sem julgamento, com explosão de bombas em países de que nem ouvira falar até então. Além de toda previsão, talvez nas mesmas proporções em que a raça cresce, tristes grupos exercitam a tara de eliminar vidas, qual disseminando o terror para reduzir a fome, na visão doentia dos autores, falsos moralistas e dementes vingativos de todo gênero.
Disso conclusão pode tirar, na mania de racionalizar a que pessoas se acostumaram em frente das telas acesas. Quer participar dos destemperos e das indigestões cotidianas. Participar de qualquer modo. Participar, nem que pronunciando palavras de efeito retardado, tipo: - Horrível isto; ah, meu Deus, quanta barbárie; monstro à solta; vamos rezar; fazer um minuto de silêncio às vítimas; etc.
Espécie de passividade crônica invade a consciência e prende as atenções, num bloco frágil de dores e traumas, distância e impotência. Detrás disso, lá estão os velhos códigos da continuidade. Tanger adiante o rebanho, produzir para viver, ouvir e esquecer.
Os efeitos do comportamento nos quadrantes da grande humanidade geraram, pois, espécie de monstro coletivo nunca previsto nos manuais políticos. O poderoso mercado econômico, contudo, sobreviverá e retrabalha, grosso modo, seus materiais recolhidos nas fezes da besta sagrada que domina os esquadrões da morte e funcionam às escondidas, nas horas caladas dos aparelhos administrativos. O menor existiria em função do maior, o que virou a lei de prosseguimento da história, sem mais questionamentos. O indivíduo anônimo e o grande Estado que busquem conciliar seus interesses nos poucos lugares ao sol de prolongar a vida na face do Planeta através das conferências ecológicas.
Nessas trágicas e dolorosas explosões do inesperado, nos endereços lotéricos das ocasiões, seguem os elementos da discórdia e da concórdia, agarrados entre si, no romance do sadomasoquismo, vistas motivações das forças maiores. Por isso, nada de a quem reclamar pela sorte desses tempos cinzentos. Baixar a cabeça e supor que o vexame das notícias amargas diz respeito aos outros somente, noutros filmes afastados, montados em painéis estranhos, à margem das rodovias marcianas, longe das tintas fortes dos monitores a invadir as casas de porta com o sangue limpo do cordeiro pascal.

domingo, 10 de abril de 2011

A FÉ VERDADEIRA - Emerson Monteiro



Saber de Deus e a Ele se entregar é o suficiente para ser feliz, o que, de acordo com as palavras de Santo Agostinho, no livro Solilóquios, resume dizer: Acredita firmemente em Deus e atira-te em seus braços com todo o teu ser, expropria-te a ti mesmo, salva-te do teu domínio e assume ser servo do teu clemente e generoso Senhor, e ele o levará a sua presença e não cessará de cobrir-te com os seus favores, mesmo sem os pedir.
Isto, segundo contam a grandeza do santo e sua receita de vida, traz à tona o que falou do compromisso da conversão, indo às profundidades onde mergulhou com renúncia e exemplo, respeitado que foi pelos cristãos desde a Antiguidade.
Contudo nada justificariam suas palavras caso permanecessem fora dos olhos dos demais seres humanos. Há que avaliar, por isso, o grau de dedicação das atitudes individuais, até se elevar à face magnânima do Criador.
Primeiro, acreditar firmemente; crer, motivo de questões e embates nas picuinhas de correr atrás de fantasias inúteis antes de chegar aos pés de Deus e esperar sua visão, diante dos chamamentos externos e das armadilhas materiais que insistem desviar do objetivo o passo dos devotos que desejem acertar.
Ainda difícil, o sábio admitiu esta condição a quem, com unhas e dentes, larga o leque das ilusões e quer uma alma franca e contrita, firme nas razões de se atirar aos braços do Pai supremo com todo o ser. Eis a expropriação de si mesmo que conta no salvar-se do próprio domínio. Dobrar a vontade e render homenagens a Deus, o ser exclusivo de tudo.
Na fase posterior desses propósitos, um outro acontecimento levará à presença do Poder. Significa pedir para ser aceito em sua casa, nas ações para merecer as benesses divinas da paz e da tranquilidade. Nesse momento, sim, haverá a aceitação definitiva do mistério da Luz eterna.
Essas avaliações descrevem os valores de uma consciência religiosa e o aprimoramento das causas iniciais do tema ora considerado. Tantos procuram respostas da existência apenas durante os períodos de dor e desespero, todavia só raros recebem o prêmio dado à dedicação verdadeira, porquanto permaneceram fora do ângulo da sinceridade, à margem do caminho, e exigiram recompensas indevidas por qualidades abandonadas. Inúmeros desistem; gastam fortunas de ocasiões noutros assuntos, indiferentes; tropeçam nas fragilidades dos roteiros mal engendrados; com isso, refugando o custo das possibilidades e dos frutos preciosos do Bem.
E outras experiências individuais sempre lembrarão as situações aqui consideradas no pouco espaço deste breve comentário.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

UM MUNDO MELHOR - Emerson Monteiro


A busca incessante dos inesperados dias harmoniosos vem tocando de perto a multidão, enfileirados cordões na ideia dos sonhos de paz, saúde e trabalho através das longas páginas da história. Contudo, registram-se raros momentos quando houve equilíbrio no seio das pessoas e a construção da ordem coletiva preencheu de tranquilidade as ocupações e as famílias, deixando só uma margem cinza de pensar noutras finalidades para a existência dos objetos animados. Alguns consideram que o acaso serviu de base a tudo, e, na maioria das vezes, ponderam que os dramas seriam desvirtuamentos da real sabedoria, numa ausência absoluta de sentido para tantos procedimentos ilustrados de progresso, avistando no horizonte do passado apenas as guerras, as apreensões, no faz de conta de viver que muitos demonstram, e o quanto de atraso ainda domina humanos corações endurecidos.
A faina de conduzir os negócios do Estado, nas sociedades do tempo e do espaço, quase que caiu na desonra de mãos imprudentes dos mercenários sequiosos da fortuna a qualquer preço, enganando as expectativas do povo, numa sem-vergonhice de não ter tamanho, profissionais espécie de viciados em frutos podres à sorte dos orçamentos, qual elementos maléficos, vilões constantes das ficções policiais, a destruir e fornicar colheitas de espinhos nas plantações da esperança.
Bom, mas a destinação desse projeto maravilhoso da natureza demonstra com bravura sinais de possibilidades outras de sucesso, ao que se propõe, longe das intromissões dos vândalos. Ninguém, de cabeça no lugar, cogitaria viver comédia de erros diante das normas exatas que produzam o movimento incessante das ondas do Universo, eliminando os valores originais da felicidade próxima. Nisto residem chances de seguir na direção correta, apesar das imaginárias contradições.
Falar de criar mundo melhor exige demonstração nos planos e nas ações dos grupos inteiros das novas criaturas, titulares do exemplo, esforço conjunto de quem acredita na igualdade e no direito, sob persistente disposição de lutar. Os desafios a vencer favorecem o exercício da coerência dos fiéis seguidores da verdade plena.
Por isso, independente de credo, raça, pensamento, larga margem de transformação adquire condições de prevalecer e remover o entulho das antigas invasões bárbaras do atraso daqueles desordeiros intrusos.
A notícia dessa visão vem de longe e circula a imediação do desejo desde eras perdidas, fé que demonstra, pois, o gosto da constância de prosseguir até chegar ao tempo dos sabores da certeza. Religiosos ou leigos, pouco importa o endereço da coragem e a sequência dos acontecimentos sinceros na construção deste porto do futuro justo e feliz.

domingo, 3 de abril de 2011

ACORDAR DA LETARGIA - Emerson Monteiro


O uso do cachimbo é que põe a boca torta, diz o povo. Diz ou dizia, pois tudo muda todo tempo, a ponto de a sabedoria popular abrir caminho às tradições modernas e querer imitar o que falam os arautos da pouca utilidade. Bom, mas trazer algumas palavras que signifiquem renovação dessas, ou daquelas, vontades escorregadias da ausência de sentido, nesse mundo quase só cheio de supérfluos. Tocar assuntos de possibilidades prováveis. Reviver o sonho de acordar cedo e caminhar ao sol das manhãs com o cérebro ligado nas sensações boas, esquecido das impurezas e preocupações da rotina frívola lá de fora. Viver com todas as letras o alfabeto de respirar novos dias, a intensidade ainda livre dos traumas da primeira infância. Criança, somente. Contar a nós próprios as lendas da inocência original. Pisar o chão do jeito que vem a vida, sem necessitar tanger as brasas da incompreensão ou os maus humores da perversidade. Caminhar, simplesmente. Nisto a perene urgência momentânea de uma raça inteira acordar e ver as realezas do caminho onde nada mostra face de peças já terminadas. Onde tudo se transforma todo tempo ao sopro incondicional do instante eterno dos segundos. Esse instinto forte de seguir adiante ao ritmo dos passos, livre das circunstâncias imprecisas de longas conveniências burocráticas. Acordar para nós acesos, recorrer ao que existe de si parentesco com a natureza nas individualidades, e acreditar a transformação radical dos obstáculos em nuvens ligeiras e limpas. No sequenciar desse movimento, o perfume inesperado que ganha corpo e cresce mais ainda, à proximidade eterna das partículas em agitação, unindo pensamentos e sensações quais peças de tabuleiro imenso posto à frente dos seres. Nós, quais intérpretes do discurso empolgante das horas, em atividade constante de sobreviver, incontidos nos detalhes essenciais da cena impetuosa das cavalgadas bravias e dos elementos em fúria. Acordar, afinal, para o sonho. Largar de lado os cacos rotos das equívocas permissividades. Descer ao teto dos palácios em festa, arraiás de praias amenas e águas transparentes, pois há um ser que nos espera de braços aberto no íntimo coração. O processo disso, nas portas abertas do presente, indicam sentimentos de paz e pontes felizes e abrem oportunidades aos acontecimentos verdadeiros. O isso de abandonar de vez trastes velhos das falhas vencidas e substituir os padrões que marcaram de vergonha a personalidade, nas ações antigas e que insistem retornar e esfregar na nossa cara a vileza das noites anteriores. Administrar esse lixo autoritário das subidas e reciclar em sabedoria. Integrar à existência o primor das estações iluminadas. Revivescer de nós, parecidos sementes que, seguras, brotaram noutro solo, pomos de luz na solidão descomunal do sagrado, feitas alegres quermesses dos santos sertanejos nordestinos. Pular de tranquilidade e admitir o milagre sonoro de viver que a todos permanece disponível.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

CARLOS LACERDA - Emerson Monteiro


Num dos meios-dias de 1965, frustrado com os desdobramentos políticos da revolução militar do ano anterior, visitara o Crato o ex-governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Viria acompanhado de Abreu Sodré, ex-governador de São Paulo, ao lado de quem realizou um comício nas imediações da Praça Siqueira Campos, defronte das atuais instalações do Bradesco.
Ainda adolescente, ali compareci para ouvi-los, do que guardo poucos vestígios e agora os revivo nas minhas lembranças.
Dos maiores tribunos da vida política nacional, falava com admirável naturalidade, cativando os expectadores pela precisão como dispunha as palavras e pelo estilo das suas tiradas eloquentes. Dotado de carisma e entusiasmo inigualáveis, viajava o Brasil na intenção de angariar apoio para a manutenção das eleições presidenciais do ano seguinte, de acordo com o calendário eleitoral, no entanto, restaria perdida a missão mediante as modificações legislativas do regime revolucionário.
Carlos Frederico Werneck de Lacerda fora jornalista e político, destacado mentor da União Democrática Brasileira – UDN, partido através do qual se elegera vereador, deputado federal e governador. Fundara o jornal Tribuna da Imprensa e a editora Nova Fronteira, sempre polêmico intelectual da direita no Brasil, depois de alguma militância no Partido Comunista Brasileiro – PCB, com o qual romperia em 1939.
Idos de 1950, faria objeção intensa a Getúlio Vargas. Coordenou a campanha contra sua eleição à Presidência, fazendo-lhe oposição durante todo o mandato, quando Vargas sucumbiria vítima das pressões adversárias. A Tribuna da Imprensa serveria de instrumento a essas pressões e, em 05 de agosto de 1954, no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, Lacerda sofreria atentado a bala, atinjido de raspão num dos pés. Em consequência do ocorrido, morreria o major Rubens Vaz, da Aeronáutica, e complicaria Getúlio, mediante o envolvimento do chefe da sua guarda pessoal, Gregório Fortunato, e do seu irmão, Benjamim Vargas.
Em 24 de agosto, dar-se-ia a perda final do Presidente, isso abrindo vazio contundente na normalidade institucional do País, a repercutir largamente nas épocas futuras.
Esse personagem, pois, mais adiante, também participaria como braço civil das movimentações de 31 de março de 1964, vindo discursar com veemência aos cratenses, no meio-dia a que me reportei, na procura de salvar a democracia que ele mesmo ajudara a extinguir pelas três décadas posteriores. Tudo em nome das ambições que alimentava de chegar, a qualquer custo, ao posto máximo da República, naquilo que denominava de cruzada cívica em nome da legalidade.