segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CONFRATERNIZAÇÃO DE POSSE DOS NOVOS ACADÊMICOS EM LAVRAS DA MANGABEIRA



Foto para posteridade: Zé Teles, Lúcia Macedo, Francisco Ferreira, Jeová Batista, Jeová Batista, João de Lemos, Luiza Correia, Fátima Lemos, Marcondes Pinheiro, Émerson Monteiro, Gilson Maciel e Arruda Neto.

























Cerimonialista Paulo Sérgio e o presidente da ALL João de Lemos.




Jeová Batista, Sônia Sampaio e Marcondes Pinheiro.

























Arruda Neto cumprimenta o novo acadêmico Francisco Ferreira.



Fátima e Hudson Lemos.
























Émerson Monteiro e Cristina Couto.






Lançamento do livro da acadêmica Carmosa Soares autografando para sua confrade Luiza Correia.



















Gilson Maciel, Francisco Ferreira e Arruda.


Família Lemos


















Fátima e João de Lemos, Lúcia Macedo, Émerson Monteiro e Francisco Ferreira.


Ismaria Batista, Émerson Monteiro, Cristina Couto e Jeová Batista.



















Eva, Jeová, Zé Teles, Ana e João de Lemos.


Arruda, Marcondes, Luisa, Gilson, Carmosa, Jeová e Zé Teles.

LAVRAS CANTADA EM VERSO E PROSA


RIO SALGADO
Dimas Macedo




Rio Salgado

chão de liberdade
de onde fluem
com suavidade
levas de saudade,
dando vasão
às tristezas de Lavras.

Correnteza por onde
vão se comprimindo
as ilusões e as mágoas
tão presentes,
nos desespero desse rio ausente
que leva desenganos
e traz esperanças na torrente.

Abertura por onde
aos olhos da infância
e vertem-se os sonhos
dos meninos-poetas lá de Lavras,
nessa Corrente de Sal
que nos abrasa
a emoção secreta dos lavrenses.

Artéria que se abre
e jorra como uma fonte
e escorre lenta
lustrando as margens,
com omdulações sinuosas:
porque o rio encontra a serra
e o Boqueirão angustia as águas.

O CANTAR DO CORAÇÃO - Por Emerson Monteiro



A literatura dos interiores distantes traz em si um charme especial de quem sofre sozinho em meio às coisas que acontecem longe, no dia-a-dia do código interno da vida sob sete chaves, na alma calada, indagadora, febril, viajante nas encostas dos relevos imaginários, em sobrevoos de largas praias, no seio do coração, paixão crua de viver isolado e amar ainda assim sozinho.
E nisso o poeta vira doutor de ciência inatingível pelos dedos da fria realidade. Peregrino de estradas desertas, examina cada urze e cada pedra às margens. Mergulha nos prados da alma, abre portas de castelos infinitos, abraça o próprio peito e consigo as multidões, mártir da mesma ausência que confronta barreiras e o tempo, suas brisas abissais de madrugadas insondáveis.
Criar do nada, sentir o pulsar das veias e decodificar palavras guardadas em gavetas bolorentas, atirar às futuras gerações punhados de sementes douradas. O poeta e o território dos homens, missionário das grandes navegações do furor dos indivíduos tempestuosos, espécie de cobaia no seu estado mais puro de ausências.
Raimundo Elesbão de Oliveira nos conta tudo isso em versos dotados de afirmações interrogativas de momentos agitados do ser. Suas aventuras espirituais as deixou gravadas em forma de notícia-tradução aos pósteros que só hoje revelam passos que deu na memória de uma época que se foi, a outras gerações, em formato de livro.
Artistas sonham. Amam. Artistas nutrem ideias, utopias, realidades tangíveis. Não lhes cabe produzir bombas, metralhadoras, aviões de combate, tanques, fome, divisões.
Hoje, ao seu tempo, a literatura propicia trabalhar a ciência nos seus níveis tantos, rumo ao potencial da infinita criação, transformando-os em seres válidos, amigos, irmãos entre humanos, a fim de construir sociedade nova, sem ganância ou competição exacerbada, livre dos atuais derramamentos inúteis de sangue. Tudo perpassa o senso do estético e disponibiliza constante mudanças de inspiração. E sentar e transferir ao papel valores dignos, naturais, democráticos, das possibilidades em partilhar o amor com as outras criaturas, dando exemplo de clareza no que pese a luta insana cotidiana. A arte qual mágica de sonhos realizáveis pela força vital, a pleno dispor da fértil natureza, meios efetivos, abertos ao público em profusão de cores, distribuições, suportes.
Seus filhos e netos sentem a responsabilidade disso para com alguém inspirado, que foi o avô e pai consciente , a registrar contrito os refolhos grandiosos da paisagem íntima em palavras, gestos de interpretação, testemunhos inalienáveis do que presenciou no dedilhar das eras contínuas. Transferem com isso o compromisso de personalidade eminente para o seu meio, a cidade de Araripe, no Cariri cearense, com atitudes clássicas e visão avançada, chance única dos que viveram naquele contexto e não mais existem a não ser nas descrições esmeradas de Raimundo Elesbão, a deter a escritura de seu posto de observação, a corrosão da imperenidade dos séculos impacientes.
Falassem as pedras e restariam semelhante angústia de autores e suas palavras prenhes de poemas e extrema verdade.
Eis por tudo isso o que este livro (“A vida e o verso”, lançado no dia 24 de outubro de 2009, em Araripe CE) quer guardar, o melhor perfume notado de um senhor a um só tempo mestre, tabelião, conselheiro, filho, esposo, pai, avô, amigo, autor, em comunidade interiorana do sertão do Nordeste, escondida nos socavões da Serra do Araripe, cheia de tipos inesquecíveis, dignidade provinciana e inspiração à flor da pele, nos tantos mistérios de realidade multiforme. Estes versos lhes falarão disso com carinho e continuidade, esperança de que outros reavaliem o penhor do sonho de tempos ricos em paz e solidariedade br

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

RESTOS DE ONTEM - Por Emerson Monteiro

Um grande grupo de artistas invocou nesta quinta-feira a Lei de Liberdade de Informação para exigir do governo norte-americano que revele o nome das gravações que foram utilizadas durante os interrogatórios de suspeitos de terrorismo na prisão de Guantánamo ou em alguma das prisões secretas que a CIA espalhou pelo mundo durante o mandato de George W. Bush. James Taylor, Christina Aguilera, Britney Spears, Neil Diamond, AC/DC, Red Hot Chili Peppers e muitos outros lançaram um protesto contra o uso da música em torturas. (El País, 23/10/09).

Essa coisa de escrever impacta semelhante a vícios, mania dos dependentes compulsivos. No ar, um chamado qual das vezes em que chega o desejo de comer um doce de leite caseiro, uma goiabada, pensando no prazer do copo d’ água a lhe sequenciar. Ou mesmo de uma fruta tirada do pé, uma manga jasmim, um caju, cedo, de madrugada. E nisso o ímpeto de transmitir palavras impacientes, às vezes desobedientes, ânsia de lançar esporos ao vento das moções saboreadas e suaves.
Quase um "release" da função da psiquiatria, na vida de quem a pratica como instrumento de libertação, há que se conhecer de tudo, ou fazer espécie de esforço continuado de virar folhas secas das estradas e olhar o que se esconde embaixo, na busca constante dos "porquês" infinitos; há que se...
Nada vejo de oposto ao gesto puro e simples de virar essas páginas dos livros da vida, da história, no dia, a cada novo tempo. A propensão incontrolável de conhecer e apreciar o âmbito multiforme dos caminhos, nessa jornada em linha reta do berço ao túmulo, tantas vezes percorrida quantas necessárias, a formular os conceitos definidos da real libertação aos padrões além da dimensão gelada dos passos conhecidos.
Saber, saber e saber mais um pouco, até entornar o copo da seiva vital dos conexos... A revelação de todos os diademas do mistério e suas esferas longitudinais, ficcionais, imaginárias... Esgotar o possível nas malhas do indizível.
Saber jamais ofenderá. E saber de si próprio, nos divãs ou nos estádios, ou mesas de bar, cheiro a flores metálicas, trilha luminosa das matas do Inconsciente em chamas. O perfume apaixonado da mulher amada e seu hálito silvestre, permissivo, fagueiro..
Existe mais coisa que só se saberá no contato do diálogo. O atrito das humanas relações fala do silêncio que pode sorrir em gesto de matéria prima do definitivo querer. Quer-se, no entanto, extremar quando impõe nas costas de dois ou três pensadores o peso das respostas às perguntas que insistem rasgar a cada momento o tempo e a máscara da dor de toda gente, perante as interrogatórios da vida, nas paixões, nos desenlaces, tragédias, dramas, religiões, hecatombes, transmissões de pensamento, esculturas abandonadas nos campos destruídos pelas guerras sucessivas dessa velha humanidade de boca machucada aos urros da tortura e impulsos de vítimas e convulsões.
O mistério dorme nas teias da noite longa, em forma de espectros e monstros agressivos, nos frutos azedos da aventura inacabada. Caberão sempre outros dramas, no palco sumeriano, remelento, do paleolítico atualizado nas resenhas de hoje. Poucos desvelam suas mesmas faces das próprias limitações, contudo serão esses tais que romperão os laços derradeiros da Eternidade, nas luzes da alvorada festiva do depois.
Quero crer aqui vislumbrarmos as disciplinas válidas de quem pode nutrir de calma o ouvir das estrelas e seus representantes, até quando pacificarem o entendimento das luzes na ciência verdadeira.

domingo, 18 de outubro de 2009

À CONTROLADORIA DO CLIMA, URGENTE - Por Emerson Monteiro

O movimento dos dias enrijece a consciência de quem gosta do prato feito, de preferência cifs e sem ter de lavar depois do uso. O tal “farinha pouca, meu pirão primeiro”, dito baiano dos mais consistentes, a propósito do descaso com que a humanidade conduz só nos beiços do umbigo essa crise monumental sem precedentes do clima do Planeta.
Poucos fenômenos da história conhecida demonstram o tamanho da bronca desse egoísmo galopante que agora parece dominar a mentalidade dos mortais comuns. Iniciaram a longa caminhada futucando beiras de mangue, à busca dos siris abobalhados, catando gravetos para assar javali, no fundo das cavernas escuras, regado a suco de amoras fáceis, nas matas ali por perto, e hoje, graças ao uso desenvolvido de ferro e fogo, arrombam as portas mais intransponíveis do ecossistema, a pretexto de aumentar os ganhos nos produtos internos brutos, para engordar o erário das nações e gerar lucros fantásticos, desaparecidos no ventre promíscuo da besta e nos esgotos das bolsas do mundo, cifras faraônicas transmitidas no cair da tarde pelas telinhas fosforescentes e práticas dos caixões eletrônicos trepidantes.
Enquanto isso, as mãos atadas dos indivíduos apenas perguntam, através das pontas de dedos aos teclados dóceis, onde e quando terminará tanta imbecilidade produzida na farra das autopistas, excrementos de massa informe comandada ao som da voz dos expoentes forjados à custa da ganância e do peso em ouro retirado ou a retirar dos cofres da mesma fornalha coletividade. Líderes artificiais, inautênticos, animais de laboratórios, genéricos, transgênicos.
No outro dia, de narizes entupidos, amarrados nos para-brisas da existência metálica, gargantas doloridas, olhos ansiosos, barrigas obesas, dilatadas ao vento, na força dos momentos incertos das curvas da estrada de Santos, etc.
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(Bom, até aqui era o que vinha escrevendo, nesta manhã bonita de domingo de outubro, quando a máquina travou (das tantas desobediências que comete no transcorrer das produções bissextas).
Nessa hora, enquanto aguardava o retorno das funções, pensei comigo: Também, cara, tu, numa época dessas de calor e sequidão, ondas gigantes, incêndios de matas, desmatamentos galopantes, bombas nucleares acesas em poder de povoados, resolve desancar a civilização para teu puro deleite doméstico de fim de semana, no teu ócio desse quintal solitário, sem quaisquer conseqüências práticas, lógicas e racionais? Quer destoar, com isso e sem condição alguma, o velho coro dos contentes, sem mais nem menos, muito menos autoridade? Baixe a bola, cara, e deixe correr o barco. Logo tu, que vem dos termos memoráveis da estação das flores, The Beatles, Tropicalismo, Cinema Novo, egresso desconfiado sobrevivente da geração perdida dos anos 60, escondido na burocracia dominante, boêmio inveterado, lotado de literatura até dizer chega? E esquecido, nos dias de sol que se apresentam mais constantes e tórridos, das madrugadas esplendorosas e suas alvoradas magistrais? Calma, meu irmão camarada, a toda geração suas contradições e esperanças, e não foste tu quem iniciou o projeto do Universo. Jamais queira tirar a alegria dos que riem nas praças ao som das pagodeiras intensas. Deixe transitar, na tela do infinito os dramas cotidianos, mesclados na dança das horas. Viver a vida, sorrir e sonhar. Faça sua parte. “A cada dia se bastam as preocupações de cada dia”. Cumpra o papel que lhe compete, que assim não atrapalha a performance dos outros, nem esgota suas chances de sucesso).
Deste modo, cumpri a promessa feita a mim mesmo de que, caso recuperasse o documento (qual se verificou) me retrataria perante o leitor, em tempo de reavaliar as ideias que vinham chegando um tanto amargosas quanto à atualidade. Desta vez ninguém fala de guerra ou desassossego. Nada disso, pois “há um tempo para o pássaro, há um tempo para o peixe”, do poema de Vinicius de Morais. Esteja pronto a todo instante. Viva a vida com arte!