sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

REENCONTRAR CONSIGO MESMO - Emerson Monteiro

Isto por meio da simplicidade, neste solo cheio em demasia de heróis os mais diversos, pois chega o momento dos momentos quando as portas de saída e de entrada representam apenas o reencontro, nas bases de cada um de nós, seres viventes. As correntes do pensamento, os valores morais e as cólicas das refeições anteriores, juntos, formam essa rede valiosa de buscar, nas mínimas contradições, a essência da pura simplicidade. A gente vasculhou gavetas, despejos, estantes, e nada que representasse a paz que justificaria segurança valiosa diante de inúmeras apreensões.

Resta, por isso, o pouso da leveza original nas histórias interiores, na própria criatura de dentro, aquele foco central das existências no coração da pessoa, na alma alimento. Nessas ocasiões, os raios fortes das dúvidas perdem o furor. Pausas longas na dura caminhada sem trégua dissiparam os derradeiros bloqueios de avistar a praia suave do instante particular no simples das mil variações de objetos e significados... As palavras, com isso, deixam escorrer na pele o sentido de pisar os tetos macios do Universo. Fronteiros a nós, olhos arregalados, seres felizes brincam na forma das cores e dos movimentos quais habitantes de reinos da fantasia bem animada. Música que circula os ouvidos e penetra lavando a escuridão antiga, limpando as chaminés das veias e dos nervos. Resposta bem possível rega, enche de alegria espaços antes ocupados pelas dores desvanecidas.

Essa cura através da simplicidade caberá fiel no pátio de todos. Querer deixar acontecer e pronto, dúvidas somem, independente da fria vontade dos céticos. Ação de transformação que aguarda seus convidados nos refolhos da natureza amiga. Os agentes disso, andarilhos deste chão às vezes áspero e nunca desesperado, percorrerão os trilhos e passos dados em lugar dos cinzas dias, na saúde do tempo. Simplicidade que diz tudo o que havia de contar os personagens da inúmera jornada terrena.

Tanto disseram a respeito do assunto que aprendizes impacientes até abandonaram a crença na simplicidade, razão dos desassossegos ambulantes soltos nas ruas, e correrem, fugitivos, aos esconderijos profundos de erros e farsas, motivo das perdições que aparecem nas visagens dos filmes noturnos. Contudo cabe agir com harmonia e explicar aos passantes o valor das chances de amar o que é bom e ser feliz.