sábado, 23 de outubro de 2010

ELEIÇÃO PEGADA - Emerson Monteiro

Afinal, nesta madrugada de 22 de outubro de 2010, veio a esperada chuva do caju, em forma de neblina grossa, que sustentará a florada dos cajueiros e mangueiras, alento bem recebido pelo mundo sertanejo. Acordar ao som das águas caindo nas biqueiras envolve os sonhos, traz alegria e alívio às temperaturas elevadas, acomoda o pó nas estradas, alimentando plantas e bichos. Estiagem desde março, tudo muda com as chuvas. A quadra seca dos últimos meses do ano costuma levantar os olhares dos caboclos às nuvens, acompanhando de perto os confortos da natureza.
Enquanto isto, a vida civil segue seu curso nas várias frentes e ações. Ano eleitoral. Será o segundo turno para presidente no País, e governador em alguns estados. Movimento por demais intenso, acrescenta calor à expectativa, sobretudo com relação ao destino das políticas públicas iniciadas no atual governo. A relativa proximidade nos números do candidato José Serra, do PSDB, com relação aos da primeira situada, Dilma Rousseff, do PT, sugere um pleito pegado até a hora da apuração.
A menos de dez dias da votação, recrudesceram os ânimos das militâncias e opiniões vêm à tona com maior intensidade. Nestas eleições, a Rede Internacional de Computadores (Internet) revelou face antes encoberta da informação, apresentando aspectos diferentes de vídeos, declarações e artigos, numa proporção maior do que nas outras eleições.
O aguçamento das paixões transborda nas atitudes escapam ao domínio tradicional das eleições anteriores, quero crer, porém os riscos da liberdade na escolha dos representantes guardam estreita relação com a verdade e o amadurecimento dos costumes. No caso brasileiro, quase ainda só percorremos o período da adolescência institucional, devido às interrupções sucessivas no curso dos acontecimentos, quase vivendo a fase da experimentação inicial das práticas necessárias. Países mais antigos contam mais de 500 anos de maturidade constitucional, e assim buscam a todo preço garantir valores por vezes ameaçados e sacudidos nos turnos eleitorais.
Querem-se melhorar as escolhas, porém, no dizer do povo, ninguém traz estrela na testa para mostrar o que fará no futuro e quais atitudes adotarão no exercício do poder. Projetos sociais merecem destaques nos programas dos candidatos, sem garantia de certezas absolutas na hora do exercício do mandato. Áreas essenciais, saúde, educação, trabalho, moradia, segurança, significam respeito pela população, paz e desenvolvimento.
Estas lições, se aprendidas e demonstradas, exigem honestidade dos governantes e manutenção das promessas, na vida comunitária. Autoridades devem agir com correção, sobretudo no uso do dinheiro do povo, bem sagrado e escasso. Um homem público se acha, portanto, sob os olhos da multidão. Ninguém vive isolado acima do bem e do mal. Este mundo contraditório reclama de coerência e sabedoria na seleção dos comandos, para a conquista real da justiça em épocas de aprimoramento.