domingo, 26 de julho de 2009

INDAGAÇÕES PERTINENTES´- Por Emerson Monteiro

Neste mundo cheio de desencontros, trastes, ranhuras, desacertos e acertos mil, defronte, agora, desta tela de computador, essa máquina bem forjada, sabida, elaborada no planeta dos seres inteligentes, fosforescentes, animados, obedientes, charmosos, sonoros, eficazes, existem lugares de resposta para quase tudo, para as mais inesperadas perguntas, exatas, aritméticas, matemáticas, filosóficas, psicológicas, históricas, futuristas, abrangentes, onipresentes, oniscientes; confesso, no entanto, algumas fraquezas das suas limitações às reações espontâneas, vindas de dentro da dimensão insondável do existir, que, às vezes, produzem a vontade mental poderosa de perguntar, querer saber de mim, por mim, não desse eu que já conheço, cheio de oscilações temporárias, às brisas cotidianas contraditórias, mas do eu de verdade, a essência do si, o cá interno, habitante dos grotões da alma, vivente nos segredos fechados a sete chaves, o chip do mistério de tudo, que repousa e movimenta a história, sozinho ou em blocos empedernidos, o dna do ser, a marca registrada do Criador primeiro, que avançou, se embutiu na criatura e ainda não veio à tona da consciência do múltiplo particular, nesta realidade de mundo de relações cá fora, da ponta dos dedos, na flor da água dos olhos, no gosto da boca de manhã, ao canto dos pássaros deste sol perto da gente, banhado na brisa fria de fim de julho, no cenário das encostas da chapada; e ouvir resultados de pesquisa junto a algum site desse planisfério on-line, que guarde nas suas páginas, em seus arquivos, os refolhos das maiores bibliotecas do universo insondável das causas primeiras, alimentados pelas melhores cabeças tecnológicas do Vale do Silício, autores circunstanciais maravilhosos; o verbete frontal do mim mesmo, a tônica que nos conduz além de todo dia, impulso voraz de sobreviver a qualquer custo diante do desafio recôndito das impossibilidades, a propulsão cibernética de marcar presença positiva junto ao trilho dourado da mídia momentânea, olho do sucesso, eu do cálice, o Graal, a chama violeta da existência, o foco definitivo do drama, na festa de moléculas das pessoas bonitas, que acham, com enorme facilidade, a ordem alfanumérica sacudida nas praias dos números das areias do Mar dos Sargaços, sem querer, com isso, usar o ponto de terminar frases ou parágrafos, a pretexto de não largar o osso e manter a interrogação expandida, permanente, no âmbito do que satisfaria todos os internautas e destinos, houvesse tamanha possibilidade para recorrer a tal programa de busca à resposta campeã, no corredor da fama, da salvação, derradeiro lance dessa partida final do torneio cotidiano, perecido quando, nos filmes de ficção, os robocops se auto consertam em pleno combate, e prosseguem a epopéia das máquinas persistirem eternas, protótipos miraculosos em formato de elementos perpétuos geniais, leves ponteiros nervosos, largados ao horizonte infinito das horas, perenes círculos sem estática, motos perpétuos, traços espiralados em fios condutores da matéria ao espírito, uma resposta que supere a dor da solidão das multidões, neutralize a melancolia do desamor, nas camas intactas na madrugada fria dos abandonados, a cólica dos corações endurecidos na saudade sem jeito, as individualidades fincadas no lixo das periferias dos eleitores enganados, andarilhos, vagabundos, mendigos de amor, eus indagadores da luz da sabedoria, vagos projetos estirados na lama dos vícios, feridas abertas em peitos de dramas familiares; e essa máquina tão perfeita ainda não sabe responder a isso, enquanto apura as peças infinitas, processa, e eu quero aprender como saber a resposta nos campos disponíveis para digitar a pesquisa.

sábado, 25 de julho de 2009

Estilhaços - Por Emerson Monteiro

Lembro como se fosse ontem meu primeiro dia no Banco do Brasil, na agência de Brejo Santo, Ceará. Era 27 de junho de 1967, uma terça-feira. Chegara no dia anterior para a posse. Meu pai fora de tarde me levar, na mesma pick-up Chevrolet em que eu depois aprenderia a dirigir. Morávamos em Crato. Cobríramos a distância em torno de 90km por caminhos de terra, inclusive na BR-116, porquanto naquele tempo havia asfalto só até Barbalha. José Ferreira, cunhado de minha mãe, casado com tia Nailée, me receberia em sua casa, defronte do Brejo Santo União Clube, e me hospedaria durante os quatro anos em que ali permaneceria.
O expediente começava às 13h. Sob uma árvore da longa praça principal da cidade, enquanto aguardava abrirem as portas da agência, conheci João Batista Carvalho, um outro do mesmo concurso e que se apresentaria como eu, para naquele dia também iniciar sua jornada profissional. Ambos trajávamos camisa branca de manga longa e gravata no pescoço. Dois precários (bancários novos, assim denominados pelos colegas veteranos).
Desde então testemunharia aquele período cheio de contradições, no mundo contemporâneo em convulsão, do trecho entre Brejo Santo e Crato; apenas em raros fins de semana aquietava canto no lugar do trabalho. Nas sextas-feiras de tarde, ou começo de noite, arrumava numa pequena bolsa alguns pertences e seguia para a estrada em busca de transporte. Deixara em Crato história rica de sonhos e relacionamentos. Gostava de cinema, bares, festas, passeios ao pé da serra e dos meus familiares, namoradas, etc.
Brejo Santo possuía seus atrativos, porém o peso dos sentimentos telúricos cratenses me arrastava de volta ao meu segundo berço, aonde chegara com quatro anos, em 1953. Sempre nutri pelo Crato uma quase paixão, fascinado por sua moldura de serras, as encostas do Lameiro em longas caminhadas a pé, o barro branco a colar na pele, bananeiras, pássaros, frutas doces, belas morenas; suas praças, sua gente, a água saborosa, a efervescência cultural, a política estudantil, informação vinda de fora pelas livrarias e bancas de revistas; o Jornal A Ação, que produzia com Vicelmo, Pedro Antônio, Armando Rafael, Huberto Cabral e Padre Honor, por mais de ano, com boa repercussão na comunidade; o Jogral Pasárgada, que fundara com outros seis jovens, no Colégio Diocesano, e sua larga demanda de apresentações.
Lembro, no entanto, de entrosamentos valiosos que estabeleci em Brejo Santo, tanto junto aos colegas do Banco, na maioria de outras localidades, quanto junto aos naturais do município, gente de reconhecida hospitalidade, laboriosa e de senso de realização, haja vista o progresso que, nos dias atuais, lhe movimenta e destaca no elenco das comunas interioranas, naquela fase só de modestas proporções.
Nessas pessoas especiais de quem preservo lembranças benfazejas, José Lirismar Macedo ocupa espaço próprio. Dada sua formação de radialista que vivera em centros maiores e trabalhara em importantes emissoras, Lirismar guardou consigo vivências que bem nutriram a nossa aproximação. Por seu intermédio, conheci e passei a admirar autores exponenciais da música brasileira e da literatura universal.
Ele despertou meu gosto por figuras inigualáveis tipo João Gilberto, Carlos Lira, Dorival Caymmi, Tom Jobim e outros, sobretudo da bossa nova, no âmbito musical; na literatura, dada influência sua conheci importantes obras, quais Os velhos marinheiros, de Jorge Amado; e Narciso e Goldmund, de Hermann Hesse, peças chave de minha formação, no meio de outras mais; e autores como o mineiro Fernando Sabino, para citar alguns poucos e trazer à tona poucos dos detalhes de nossas agradáveis conversações.
Nos finais explosivos dos anos 60, época demolidora e definidora dos rumos da história recente, ao meu lado, para compartilhar das minhas apreensões de resto de adolescência, havia a personalidade marcante deste amigo, o qual permanece no crivo fiel do meu reconhecimento em preito de notável consideração.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Anotações Sobre José Teles

A poesia popular, em Lavras da Mangabeira, constitui um dos mais expressivos atributos daquele município. Ainda no final do século dezenove, Fausto Correia de Araújo Lima tornou-se alí uma voz altissonante. Cantou com o célebre Romano do Teixeira, na Paraíba, e se fez emissário do Padre Cícero Romão de Juazeiro, de quem era cumprade, em vários lugares do Nordeste, sendo arrolado por Leonardo Mota no livro que intitulou Os Cantadores (Rio, Editora Castilho, 1921).
Antônio Lobo de Macedo (Lobo Manso), natural do Sítio Calabaço, ergueu também a sua voz para além do município de Lavras e a fez extensiva a toda a região do Cariri. Trocou farpas e duelos em versos com o seu conterrâneo Cabral da Catingueira (Antônio Cabral de Alencar) e liderou uma plêiade de poetas da boemia lavrense de outrora, composta por nomes como Antônio Aranha (o grande poeta fescenino do Vale do Salgado), Elisa Correia Lima (filha de Fausto Correia), Otávio Aires de Menezes, Raimundo Moreira de Macedo (Nonô), João Favela de Macedo, Tota Bezerra (presença lavrense em grandes festivais de cantadores), Jesus Ramalho e Mundoca de Barba (um dos aboiadores de peso do sul do Ceará).
No tempo em que funcionou em Lavras o Botequim da Velha Chica, na praça da estação ferroviária, para ali convergiram os bardos lavrenses de então, pois tratava-se, no caso,“do maior centro de poetas populares de todo o interior nordestino”, como registra, aliás, F. Monteiro Lima, em O Botequim da Velha Chica (Maceió, Imprensa Oficial de Alagoas, 1976). E menciona o autor os seus mais ilustres componentes: Napoleão Menezes, Ugolino do Sabugy, Sinfrônio Martins Pedro, Luiz Dantas Quezado, João Martins de Oliveira e Aderaldo Ferreira de Araújo (o famoso Cego Aderaldo).
Resta-nos agora trazer à discussão a figura singular do Cego Mangabeira, fundador do Instituto dos Cegos e orgulho máximo do seu município de origem. Em Poetas Populares e Cantadores do Ceará (Brasília, Editora Horiozonte, 1978), Alberto Porfírio o eleva à condição de mestre e nos chama a tenção para a sua poesia muito original.
Assim como o Cego Mangabeira, Ernandes Pereira é outro poeta lavrense de estolfo, nos domínios da métrica e do repente que louvam a grandeza do sertão. Natural da fazenda Cachoeira, fez-se adolescente na cidade de Lavras e radicou-se depois em Camocim, de onde difundiu o seu nome para o Ceará, transferindo-se em seguida para Tianguá, onde exerce as funções de radialista e jornalista. Sonetista, poeta e cordelista, é autor de poemas e folhetos de cordel, e de ações culturais que o elevam no campo da poesia popular.
Chiquinho Bezerra Sampaio, como poucos, afinou a lira em Quitaiús, ao lado de Quinco Limeira e Mundinho do Banco; e, em Mangabeira, para não ir longe, eu cito os nomes de Franço Lemos,Vicente de Paulo Lemos, Mundoca do Sapé e toda a pletora de poetas mapeados por Dias da Silva, em Voz Verso e Viola em Mangabeira (Fortaleza, RDS Editora, 2003).
Francisco de Mauro, Bernardino Ribeiro Campos e Mundoca de Barba Neto são expoentes da poesia popular lavrense. Mas Vicente Correia, muito antes desses timoneiros da poesia, já tinha o estatuto que lhe deu merecido destaque em todo município, fincando, no bairro do Além-Rio, a sua residência acolhedora.
Ali recita de cór os versos sociais de Lobo Manso, o seu mestre mais do que confesso e, bem assim, as trovas e poemas populares do seu colega de ofício, Zito Lobo de Macedo, invocando, com freqüência, o nome de José Lobo de Macedo (Joary), que patrocinou, em Lavras, durante toda a sua vida, a verve sertaneja de muitos poetas do Nordeste.
Manoel Mendes Ferreira (Manuel Duda), natural de Belo Jardim, Pernambuco, fixou-se em fazendas ao oeste da cidade de Lavras e propagou o seu estro até o limite com a Paraíba e Ipaumirim. Trata-se de aedo de fala requintada, cuja arte borbulha qual um sopro, fazendo-se ouvir o seu gorjeio como se fosse um instrumento de rara percussão.
O autor deste livro, José Teles da Silva, o considera um dos maiores poetas do sul do Ceará. E Pereira de Albuquerque, em O Ridículo das Coisas (Fortaleza, Edição do Autor, 2005), o tem na conta de poeta muito original.
Ficam aqui registrados, também, os poetas populares esquecidos, os autores de folhetos de cordel, os chamados poetas de bancada e os cantadores de viola, porque os eruditos e os outros tantos escritores do Salgado já foram relembrados e estudados até a exaustão.
José Teles da Silva ou Zé Teles, como é largamente conhecido, tornou-se, com o tempo, o Príncipe dos Poetas Lavrenses, e não somente o príncipe dos poetas populares da cidade de Lavras. Trata-se de escultor do verso dos mais qualificados. É escritor que se louva e se lavra na caneta, mas em tudo o que faz ou realiza é poeta popular de grande inspiração.
Nasceu na Fazenda Várzea Redonda, na margem direita do Salgado, a 20 de outubro de 1938, em terras que já foram de Senhor Pereira e de José Aleixo de Aquino, sendo filho de pais agricultores, aferrados ao cultivo da terra, conhecidos por Silvério Teles da Silva e Maria Geraldina da Silva.
Foi marcado, desde cedo, pela sinfonia dos bichos e das plantas e por tudo que ia se fazendo poesia ao seu redor. Compreendeu, assim, o seu destino de poeta e os apelos, também, da sua grande vocação.
Quando tinha cinco anos apenas, a família transferiu-se para o Sítio Carnaúba, onde viveu os foguedos da infância e tomou contato com as primeiras letras, na escola de José Maria Marinheiro, terminando aí o seu segundo ano primário. O terceiro ano ele o fez com a Professora Dasdores, encerrando, assim, o seu aprendizado oficial, diplomando-se tão-somente na arte de escrever e contar.
Trabalhando na agricultura, mas sentindo a pulsação da verve de artista, se deixou levar pelo engenho da imaginação e da inteligência, logrando, muito cedo, o reconhecimento das suas qualidades no trato com a vida, por parte de Raimundo Augusto Lima, o maior político lavrense de então, que o convidou para o serviço burocrático das suas fazendas de criar. E com zelo e dedicação sempre redobrados, conquistou do coronel a confiança e admiração, tornando-se os dois muito próximos com o passar do tempo, a ponto de tecerem o equilíbrio de uma grande amizade.
Em 1960, casou-se com Maria Nunes da Silva e desse enlace nasceram os seguintes rebentos: Maria Gorete Teles, Eva Maria Teles e Adão Teles (gêmeos, mas falecido este último), José Teles da Silva Filho, Maria do Socorro Teles, Ivo Teles da Silva e Euclides Teles Nunes, todos admiradores do seu grande talento de poeta.
Amante carinhoso da sua terra de berço, despejou-se o poeta José Teles pelas entranhas da cidade de Lavras. Contou a história do seu povo e a memória da velha Princesa do Salgado, acompanhou a sua evolução e a sua decadência e cantou com afã a rebeldia e a poluição do Rio que banha sua terra, tornando-se assim o Fernando Pessoa da sua região.
Definir um marco para sua obra de poeta é algo que já não se pode fazer com segurança, pois frutifica e aflora dos seus lábios (e da sua pena) uma poesia que já nasce feita, porém pura, bela e espontânea como todas as coisas sublimes do sertão.
Confessa, orgulhoso, que não aprendeu a técnica da poesia erudita, nem a sua métrica, nem a sua erudição. São fluentes e jorram como fontes as visões profundas da sua solução poemática, porque os versos, em José Teles, se fazem repentinos e agudos e se vão, em dilúvio, transformando em cordas musicais.
Gosta de cultivar a arte da paródia, de improvisar o sopro do repente e sabe compor hinos e canções, ora de linguagem mística, ora de apelo político e social.
Esse augusto menestrel do Vale do Salgado é, em sua terra, a expressão mais viva da cultura popular. Inúmeros são os folhetos de cordel que publicou e desde o ano de 2008 se tornou um dos poucos imortais da Academia Lavrense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 27, que tem como patrono Cabral da Catingueira.
É devoto fervoroso de Jesus e do padroeiro da Igreja de Lavras, São Vicente Ferrer. Gosta também de conversar e as suas histórias fabulosas são elaboradas com o tecido dos causos que se contam.
Ir a Lavras e não conhecer José Teles é como ir a Roma e não visitar o Vaticano. Não é apenas o Príncipe dos Poetas Lavrenses: é o papa da cultura popular em sua terra e o seu mais respeitado corifeu.
Dele guardo a amizade e a atenção com que sempre me distingue. Sou admirador da sua musa e amigo da sua família, por igual.
Quando vou a Lavras, é uma das primeiras pessoas que procuro. E sempre encontro José Teles com uma boa história pra contar. Alegro-me com seu jeito de ser. Para mim, o poeta José Teles é um mestre na arte de dizer, pois é doutor em tudo o que produz.
Sonhos de um Poeta (Lavras da Mangabeira, 2009), o seu livro de estréia, reúne o essencial da sua produção. Tive o prazer de trabalhar no projeto da sua poesia reunida, ao lado de Eva Teles, a filha que talvez mais o admira. E constitui uma honra para mim poder assinar este prefácio, feito assim em profusão de falas que não querem parar.
Viva, pois, a Capital do Vale do Salgado! Viva o Poeta José Teles! E vivas sejam dadas, por igual, às remansosas águas do Salgado e ao Padroeiro da Cidade de Lavras, São Vicente Ferrer.

Fortaleza, inverno de 2009


Dimas Macedo



sábado, 18 de julho de 2009

AO SABOR DE PALAVRAS SOLTAS

Emerson Monteiro

Quando se escreve para satisfação pessoal o texto flui do modo mais espontâneo possível, livre da obrigação dos gabinetes de quem teria de cumprir um compromisso, dar de conta de recado profissional, aos rigores do dever e sob condições quiçá adversas, conquanto cumpre o mister de apresentar resultado nas palavras que voam livres pelo ar, escorrem nas paredes da memória feitas resina de pensamentos e sentimentos, à razão intermitente das horas. Caem aos borbotões, que levam tantas vezes ao instinto avassalador de alguns deixarem brotar a rodo páginas e muitas páginas, excessos talvez, qualquer compulsão desenfreada dos que falam para acalmar a ansiedade interna, neuroses, questionamentos matemáticos de dominar o absoluto, pássaros de peitos doridos, movidos a saudade fervilhante, zumbis assustados nas meias noites do sertão, furor dos vendavais da natureza indômita. Escrever. Produzir. Gerar frutos. Parir. Guardar em forma de expressão particular aquilo que recorre ao sair de dentro das cavernas da alma ao sabor das batidas de corações apaixonados pelo pulsar do tempo nas caminhadas eternas dos bichos assustados. Filosofar no assunto, nos assuntos demasiados, o custo apenas do infinito vicejar nas veias, sem, contudo, garantir chegar a pouso certo, definitivo. Temas que não gastariam, em todos os quadrantes, o lugar da nostalgia, alegria, felicidade, afeição, bem ao sabor da vontade acelerada nos gosto de falar, febril alento derradeiro dos condenados, ou concatenando frases de puro efeito formal, ou pipocar de gestos sem nexo, só no prumo das pontes necessárias ao prazer das criaturas humanas se acharem nos seus postos individuais, testemunhas privilegiadas e variadas chances do ato de viver, permutar inevitável de fichas nascidas no útero largo das entranhas existenciais. Frases. Blocos. Botões. Piões que giram na civilização formada ao preço de transformações constantes, moendas e trituração da paz em nações, desde que gente é gente e descobre o poder do verbo partilhado, no meio de praças e mercados. Flanar entre palavras e emoções. Voar perto ou longe das verdades exercitadas nos grupos sociais, ou mergulhar nas cinzas de passados remotos desconhecidos, histórias dormidas de gretas e penhascos distantes, reticências e parágrafos, relevos e tradições da geografia abstrata do ser em floração nos pousos das solitudes nobres exclusivas. Tocar temas atuais, transmitir receitas prontas de comportamentos, coisa fácil de promover quanto significa mandar alguém exercitar o que o bom senso indica, além até do exercício inicial particular dos autores da lição. As dissertações inacabadas dos livros da moda, viagens ao mar desconhecido da teoria acadêmica, enquanto a vida desliza leve solta consistente no íntimo de todos, professores e discípulos, ao fio das oportunidades do moinho. Contar histórias, atitude boa enquanto paciência de organizar os quadros, ritmos e melodia, no humor justo dos andamentos costumeiros da compreensão. E as descrições do palco, onde o transcorrer dos dramas e das comédias alimenta o firmamento aberto dos holofotes intermitentes e suas centenas de detalhes repartidos no convés das circunstâncias. Querer conhecer a base do dizer das palavras, trocar mistérios antes guardados para si. Passar adiante versões comuns, dotadas do brilho único do jamais, convites à atenção dos presságios e nuvens calmas, vindas no vento, trazidas ao poente pelo tempo. Luzes, lápides, canções. Saber assim, nestas épocas mecânicas de versos em profusão. Escrafunchar as gavetas dos papéis desarrumados e trazer ao sol das estradas matinais flores escondidas nas estantes abandonadas dos porões. Fábricas de sonhos, máquinas de plenitude em elaboração.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Perfil de Patativa do Assaré

Dimas Macedo

Nasci em 1956, na região Centro-Sul do Ceará, quase em confluência com o Cariri cearense e à relativa distância da cidade de Assaré, terra natal de Patativa. Sou produto, portanto, do grande sertão e acho, sinceramente, que fui ungido pelo signo que marcou a estréia de dois gigantes da literatura brasileira do século precedente.
1956, não podemos esquecer, é o ano da publicação de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e de Inspiração Nordestina, de Patativa do Assaré. O que une estes dois escritores e o que os consagra é a originalidade com que recriaram, com linguagem nova, a ciranda das palavras, a partir da memória e da oralidade, valores com os quais o sertão sempre se reveste.
Se Riobaldo constitui o idioma poemático de Rosa e o engenho da sua versão encantatória do mundo, Patativa do Assaré é, ele próprio, um conjunto de engenhos e personas e de representações pragmáticas que empresta voz aos excluídos: um Riobaldo castigado pela inclemência das secas, a lapidar o ouro das palavras e a reconstruir o chão da esperança.
Assim como o autor de Sagarana, Patativa do Assaré inventou uma linguagem e um estilo literário próprios e criou um dialeto linguístico de raízes predominantementes sertanejas, ligadas à oralidade e ao cancioneiro, lembrando, neste ponto, a constituição da língua brasileira, fundada por José de Alencar. E nisto, com certeza, reside a genialidade múltipla e singular da sua produção artesanal.
Patativa é, a seu turno, a encarnação viva do sertão, a palavra enquanto instrumento de denúncia, a significação sinfônica do silêncio, a oralidade que mapeia e ordena a literatura e a gramática que se fazem, por fim, transmutadas ao campo da escrita.
Conta o poeta Patativa que, aos oito anos, ouvindo a melodia e o gorgeio dos pássaros, despertou definitivamente para os grandes sentidos da palavra e da sua existência no mundo, pois que a natureza possui uma lei eterna e infalível e que aos deuses e poetas é facultada a criação enquanto princípio de interpretação de todas as coisas existentes.
O homem, com certeza, não é grande pela sua erudição ou pela sua razão ou pela capacidade de domínio com que enfrenta as convenções e se adapta à liturgia do poder. Ele é eterno, ao contrário, pela fundação da sua verdade pessoal e pela formação do seu mito face aos desafios da realidade que lhe é circundante.
Se Rosa deu voz a Riobaldo e Riobaldo deu voz ao sertão dos tangedores de gado e bandoleiros do Meridional, Patativa do Assaré falou, com destemor e bravura, de homens e mulheres imantados ao chão do latifúndio e excluídos do processo político e social.
Não foi, como pensam certos setores da cultura livresca e acadêmica, um poeta ingênuo e apartado dos valores da língua e da gramática. Estudou manuais de versificação, soube aceitar a cegueira completa de um olho, aos cinco anos de idade, como sinal do destino ou da predestinação que faria dele uma espécie de Camões sertanejo ou, melhor dizendo, um Homero do semi-árido nordestino.
Em Castro Alves viu a expressão maior da poesia do Brasil. Apaixonou-se, desde cedo, pelo social. Tornou-se, com o tempo, um homem destemido e exasperadamente verdadeiro e sincero. Proclamou a verdade e a justiça como paradigmas. Foi atingido pela repressão e a censura. Foi detido por questionar, em versos de bom feitio literário, a legitimidade de certo gestor da sua terra. E foi um defensor exaltado da poesia como valor maior da sua passagem entre nós. Fez da denúncia o seu apostolado e dos seus recursos vocais e estilísticos a expressão maior do seu alto poder de criação.
Foi um prodigioso memorialista e um político sutil e maneiroso das reinvidicações da cearensidade e da nordestinidade sertanejas. Lutou pela Anistia e as Diretas, opôs-se ao poder oficial, e apoiou, no Ceará, a luta pela modernidade da política e do governo, fazendo, por fim, de Assaré, o maior e o mais astucioso atalho do sertão.
Memorizou e fez a melodia de quase uma dezena de poemas que foram musicados e que se tornaram bastante conhecidos no Brasil. Gravou, com a sua voz de passarinho, uma meia dúzia de discos e CDs. E se fez partícipe, como arranjador ou letrista, de outros cinquenta discos e compactos. Foi ator de novela e de cinema, declamador da radiofonia, cantador de viola, cordelista, sonetista e improvisador de apurada técnica literária.
Sobre ele foram escritos diversos livros e opúsculos e, bem assim, teve a sua obra estudada em variadas teses e ensaios. Mas Patativa, é certo, apesar de conhecer diversos estados do Brasil, sempre viveu em Assaré, onde nasceu aos 5 de março de 1909 e onde faleceu aos 8 de julho de 2002.
Teve não mais que quatro meses de escolaridade. Sobreviveu do plantio de grãos e da lavoura da terra. Sempre botou roças no inverno e, nos anos de seca, passou necessidades e agruras e militou, durante toda a vida, em soberano estado de pobreza. Quando largou a viola, em 1962, os emblemas da voz e da palavra ritmada passaram a ser o ganha-pão.
Não cantou os seus males pessoais, nem as suas desditas, nem o seu penar. E não vangloriou a sua condição de mito ou poeta de projeção nacional.
Rejeitado pela cultura letrada da Academia, tornou-se, em Fortaleza, nome de um Centro Acadêmico de uma Faculdade de Letras, no contexto da UFC. O seu nome não consta nos compêndios oficiais da literatura cearense, mas o seu cânon é um dos mais apreciados do Brasil. É um dos poetas que mais vendem livros entre nós, ao lado, talvez, de Castro Alvos e de Drummond. A Editora Hedra, de São Paulo, já republicou quase todos os seus livros. E a Editora Vozes, de Petrópolis, já reeditou uma quinzena de vezes o seu Cante Lá Que Eu Canto Cá, com milhares de exemplares vendidos em todos os recantos do Brasil.
A Academia Cearense de Letras não o elegeu para os seus quadros e o teve sempre na linha da poesia popular, julgada, pelos homens do fardão acadêmico, de extração inferior. As Universidades cearenses, inicialmente e durante toda a sua vida, se mantiveram longe do seu nome; mas, quando ele passou a ser traduzido e estudado em Universidades francesas e inglesas, resolveram lhe conferir honras acadêmicas. Se tornou Doutor Honoris Causa em quatro dessas instituições. Mas nesta ordem, necessariamente: primeiro os leitores, em seguida a mídia, depois as medalhas e o coroamento oficial e, por último, a distribuição das láureas acadêmicas.
Patativa, no entanto, é muito maior do que isto. É um gigante das letras e um grande poeta da tradição popular ocidental. A sua poesia se impõe. A sua expressão cultural sempre se levanta. E a sua melodia é a costura precisa com que ele se anuncia músico. E expõe a sua condição de oráculo. É o arauto maior do nosso povo e a síntese de tudo o que veio antes dele, em termos de cultura sertaneja e de representação dos excluídos que nunca poderam falar.
Antônio Gonçalves da Silva é o seu nome. O lugar em que nasceu chama-se Serra de Santana, a dezoito quilometros do centro de Assaré. Seus pais eram agricultores. Viviam do plantio e da lavoura da terra. E assim também seus irmãos e seus familiares. Casou-se com uma parenta, dona Belarmina Paes Cidrão, e tiveram, em comum, uma boa ninhada de filhos.
Aos vinte anos, levado por um primo, fez uma viagem ao Estado do Pará, onde viveu de cantorias e arribações, sendo, pelo folclorista cearense, José Carvalho de Brito, ali residente, cognominado de Patativa. Brito o devolveu ao Ceará, com carta de apresentação a Juvenal Galeno. Foi aplaudido em Fortaleza, mas o destino o levou de volta para o sertão do Ceará.
Recolheu-se na Serra de Santana e em Assaré entre 1930 e 1945, aproximadamente. Seu nome se espalhou pela serra e pelo vale, ganhou o sertão dos Inhamuns e desceu soberano pelas águas mansas do rio Jaguaribe. Cantou, de viola em punho, em cidades vizinhas e adotou, como pseudônimo, aquele pelo qual se tornou universalmente conhecido – Patativa do Assaré, tamanha a revoada de Patativas, nessa época, por todo o Ceará.
Em 1955, foi ouvido por um velho e bom intelectual do Ceará, radicado no Rio, José Arraes de Alencar, quando declamava, na Rádio Araripe do Crato, os seus poemas de expressivo gosto musical. Nasceu, a partir deste fato, o poeta com direito a livro publicado. Inspiração Nordestina, de 1956, é, portanto, o seu primeiro livro de poemas.
O segundo viria em 1970. Não um livro autoral do próprio Patativa, mas um conjunto de poemas organizado pelo folclorista J. de Figueiredo Filho – Patativa do Assaré: Novos Poemas Comentados.
Em 1978 vem a lume o seu livro mais conhecido – Cante Lá Que Eu Canto Cá, publicado pela Editora Vozes, de Petrópolis, em convênio com a Fundação Padre Ibiapina, do Crato, com apresentações de Plácido Cidade Nuvens e do Padre Francisco Salatiel de Alencar.
Ispinho e Fulô seria a sua próxima coletânea de poemas, organizada por Rosemberg Cariri e publicada em 1988, com apresentação e estudo-reportagem do próprio Rosemberg, que produziu, sobre o poeta, documentários importantes no campo das artes visuais.
O que veio em seguida, em matéria de livros, está condensado nos seguintes títulos: Aqui Tem Coisa, publicado em 1994, pela Secretaria de Cultura do Estado, e Cordéis (Fortaleza, Editora da UFC, 1999), reunião, em único volume, do básico que foi produzido nessa área pelo grande poeta cearense. Devemos a Gilmar de Carvalho, o maior estudioso da sua vida e da sua produção, a organização desse livro-monumento, que foi adotado, como livro-texto, em vestibulares da UFC.
A fortuna crítica de Patativa do Assaré é imensa e diversificada. Existem altos e baixos nessa produção. Aponto o volume de Plácido Cidade Nuvens – Patativa do Assaré e o Universo Fascinante do Sertão (1995) como ponto de partida, pois é um livro de comentários fabulosos e impressionistas onde se ouve a voz do coração. O livro segue a tradição dos estudos caririenses sobre o poeta, a começar por J. de Figueiredo Filho (1970) e que tem prosseguimento com Francisco de Assis Brito, com seu conjunto de ensaios – O Metapoema em Patativa do Assaré: Uma Introdução ao Pensamento Literário do Poeta (1984).
Outro roteiro interessante sobre Patativa é o que se acha condensado em O Poeta do Povo: Vida e Obra de Patativa do Assaré, de autoria de Assis Ângelo, acompanhado de um CD com poemas declamados pelo poeta (São Paulo, CPC-Umes, 1999). Este livro, de formato gráfico belíssimo, pode e deve ser lido paralelamente com o suporte da antologia de Sylvie Debs – Patativa do Assaré: Uma Voz do Nordeste (São Paulo, Editora Hedra, 2000), no âmbito da coleção Biblioteca de Cordel e cujo estudo que a antecede eu igualmente recomendo.
Gilmar de Carvalho publicou a melhor e a mais extensa entrevista concedida pelo poeta – Patativa Poeta Pássaro do Assaré (2000) e é autor do eruditíssimo e bem concatenado livro de ensaios e estudos – Patativa do Assaré: Pássaro Liberto, editado pelo Museu do Ceará, em 2002. Organizou também a melhor e a mais criteriosa antologia poética do autor, publicada em Fortaleza, em 2001, pelas Ediçoes Demócrito Rocha. Em 2000 deu à lume um precioso livro de bolso, contendo uma síntese didática e pedagógica em torno da vida e da obra do poeta.
Tadeu Feitosa, professor da UFC e jornalista, é o organizador do bonito álbum de textos e fotografias do poeta e do seu entorno sertanejo, publicado pela Editora Escrituras de São Paulo, em 2001. E é autor, por igual, do ensaio crítico-interpretativo do poeta, intitulado Patativa do Assaré: A Trajetória de um Canto, também da Editora Escrituras (2005), que é, no caso, a sua tese de Doutorado em Sociologia.
O livro de Cláudio Henrique Sales Andrade, As Razões da Emoção: Capítulos de uma Poética Sertaneja (Fortaleza, Editora da UFC, 2004), é o resultado de uma Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Trata-se de um ensaio instigante e muito bem fundamentado em torno da poética de Patativa e da sua grande autenticidade. Uma leitura crítica, por assim dizer, tecida com as luzes da razão e da sensibilidade, acompanhada de uma pesquisa de campo que nos encanta com a sua riqueza. Um livro para ser lido e intuido, pensado e degustado como todas as boas iguarias que somente o sertão sabe oferecer.
A despeito das reclamações de Gilmar de Carvalho, de que o poeta foi esquecido pelos reelaboradores da nossa historiografia literária, alguns passos, pelo menos, foram dados neste campo: Oswald Barroso e Alexandre Barbalho incluíram Patativa na antologia – Letras ao Sol (Fortaleza, Edições Demócrito Rocha, 1998), o que já é um avanço.
Em 2001, Patativa viria a figurar na coletânea – Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século, organizada por José Nêumane Pinto e publicada pela Geração Editorial, de São Paulo. E em 2006, passou a fazer parte da Coleção Os Melhores Poemas, da Editora Global, também de São Paulo, o que já é uma consagração. A antologia, organizada por Cláudio Portela, é uma das mais volumosas dessa coleção, e é antecedida de uma introdução bastante apressada e resumida, mas o roteiro de fontes, no final do volume, é razoavelmente bem pesquisado, apesar da confusão metodológica em que se enreda o organizador, que foi prejudicado, acredito, pelo suporte técnico e revisional da Editora.
Antes, em 1989, no meu livro A Metáfora do Sol, no âmbito do ensaio - “Sobre a Formação das Letras Cearenses” - , eu já havia, pioneiramente, arrolado o poeta Patativa qual um nome emblemático da literatura que se produziu no Ceará, isto é, da literatura cearense tomada a partir da sua evolução e abrangência histórica.
Ali divisei em Patativa a grande voz social da poesia cearense e também me referi à ressonância nacional da sua poesia. E registrei, ademais, que os seus livros “são atestados inequívocos da afirmação de um poeta de quem todo o Ceará se orgulha e em cuja obra o Ceará se vê também retratado”.
Por fim, faço minha as palavras de Gilmar de Carvalho, no sentido de que “Patativa do Assaré é a grande voz da poesia do Brasil”, não sei se “de todos os tempos”, mas, com certeza, a voz mais legítima, a mais expressiva e aquela em que a verdade e a justiça, a língua e a cultura melhor se encontram, em busca de um sentido novo para a identidade mais profunda do Brasil. Refiro-me ao Brasil que as elites tentaram dizimar mas nunca conseguiram, porque não somos, em essência, um Estado sem nação, e porque a nação é o pluralismo de suas etnias e o somatório das suas diferenças.

Dimas Macedo
dim.macedo@hotmail.com

sábado, 4 de julho de 2009

NOVOS ACADÊMICOS

A Academia Lavrense de Letras comunica que tomarão posse novos candidatos/as eleitos à condição de acadêmicos/as. São eles: Professora Francisca Iria Zogob Pereira, Professora Maria de Fátima Pereira Lemos Cândido, Dr. Francisco Ferreira Lima, Professora Maria Lúcia de Macedo Maciel e a Madre Marieta de Moura. Os/as recipiendários/as ocuparão as Cadeiras 24, 32, 33, 34 e 35, cujos patronos são Antônio Bezerra da Silva (Tota Bezerra), Maria do Rosário Augusto Mota (Rosária Mota), Vicente Ferrer Correia Lima (Correinha), Maria Augusta Férrer Lima (Moreninha) e o Cônego Honório Joaquim de Moura, respectivamente. O local e a hora da solenidade de posse serão oportunamente comunicados.
Parabéns aos novos acadêmicos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

VISITA DA ALL A MADRE MOURA


Madre Moura - Ocupará a Cadeira 35 da Academia Lavrense de Letras.

















João de Lemos, Madre Moura, Irmã Vera Lúcia e Jeová Batista.




O presidente da ALL, João de Lemos, Madre Moura, Irmã Vera Lúcia e Cristina Couto.

ACORDO ORTOGRÁFICO