quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

ESPERANÇA SIGNIFICATIVA - Emerson Monteiro

Sob as irradiações do ano que se aproxima há tendência de falar palavras doces a quem resistiu incólume os derradeiros 365 dias que, pouco a pouco, mergulharam no silêncio do passado. Contraditórios, entretanto, qual esta raça aventureira que habita as léguas deste chão desde o início. Tintos de sangue, troados de canhões, sacudidos de fenômenos naturais. Idos e vividos, transcorrem esses dias no coração das pessoas. Nalgumas, porres homéricos; noutras, fervorosas preces da contrição mais fiel. Raça esquisita, às vezes calculista, supersticiosa. Lava as mãos aos desmandos de elites dominantes, porém chora aos barris quando seu time sofre as derrotas dos campeonatos suburbanos. Ri às gargalhadas diante dos... Ih! quase esquecia que o bom humor anda em baixa e não caberia bem numa comparação. Chora e ri de tudo, ainda que o riso custe caro lá adiante. Bom, isso compõe o enredo das peças encenadas nos palcos dos dias acinzentados ora sofridos. Ninguém queira mover uma palha, pois reagiríamos a ferro e fogo na busca dos direitos negados.

No entanto, vamos nós pelos caminhos do mundo na busca firme dos novos períodos legislativos, novas possibilidades de lucro, outros jornais de manchetes parecidas na relação dos séculos, ruas esburacadas, carros reluzentes, descidas e subidas dos ídolos de barro, flores vivas nos jardins das praças, progressos e civilizações armadas.

Nada melhor, por isso, do que palavras férteis, ricas das fortes doses de imaginação positiva. Florescimento de amores. Luzes de revelações agradáveis. Descobertas de medicamentos poderosos para vencer males do corpo e do espírito. Gostos refinados em músicas inspiradas, ritmos animando as ruas dos movimentos revolucionários. Justiça aprimorando costumes a toda velocidade. Governantes honestos das janelas dos palácios comandando as coletividades em fases incríveis de intensa felicidade; boas administrações públicas afinal. Trabalho envolvente das massas na construção de cidades bonitas, sonhos de morar e passear. Jovens estudiosos a substituir, com sabedoria, os avós e os pais, na festa coletiva da renovação, plena de tranquilidade e paz. Tudo prenúncio, portanto, deste ano que começa cheio de transformação verdadeira na mentalidade humana rumo aos valores brilhantes que adquirimos nas horas anteriores, com sobra de mantimentos. Só a esperança da virtude que supera os erros abandonados. Só o amor em todos, nos dias e meses desta data que logo envolverá de bênçãos o futuro e a história, assim desejo a todos, comigo aqui também.

domingo, 25 de dezembro de 2011

O SANGUE DOS POBRES - Emerson Monteiro

Consta na relação dos fenômenos extraordinários atribuídos a São Benedito, o Mouro, santo católico de origem árabe, que, quando administrava a cozinha do Convento dos Capuchinhos onde morava, e após a ceia dos monges eremitas, ele sempre oferecia aos pobres que habitavam as comunidades próximas sopa por demais substanciosa. Famintos, saciariam a fome diante da boa vontade daquela refeição caritativa dos inícios de noite. O meio que religioso utilizava era reaproveitar as sobras que ficavam da preparação dos alimentos principais, restos de verdura, gorduras de carnes, caldos de fervuras, substâncias que de comum seriam jogadas fora.

Os noviços responsáveis pelas rotinas do estabelecimento, no entanto, nutriam pouca disposição de, além dos afazeres regulares, ainda pegarem as sobras para constituir a sopa dos necessitados, e dificultavam o trabalho que resultaria no sustento da longa fila andrajosa dos mendigos.

Com isso, aos seus modos humildes, São Benedito, repetia com insistência que eles, os auxiliares, indiferentes, derramavam o sangue dos pobres. Inúmeras vezes aconteciam os conselhos sem clara manifestação de produzirem os devidos frutos.

Até que, belo dia, o frade, utilizando a estopa de limpeza do balcão onde preparavam os pratos, nela recolheu os mantimentos que iriam a caminho da lixeira e, em seguida, com força, espremeu o tecido, às vistas de todos em volta, reafirmando o sempre dizia:

- Meus irmãos, vejam, na verdade, que o que fazem é derramar o sangue dos pobres – enquanto, na mesma hora, escorria sobre a bancada o mais puro e expressivo sangue humano, razão de espanto dos presentes, passando esta a ser uma das ocorrências analisadas com mérito quando da canonização do virtuoso santo.

sábado, 17 de dezembro de 2011

III NATAL SOLIDÁRIO - Emerson Monteiro

Será no dia 25 de dezembro, às 14h, no Estádio Mauro Sampaio Castelo Branco, o Romeirão, em Juazeiro do Norte, a realização da festa dos Anjos Solidários – Cevema relativa ao III Natal Solidário. O exemplo dos dois anos anteriores já oferece à instituição beneficente lugar expressivo junto às populações carentes, que, decerto, comparecerá em apreciável multidão para comemorar o nascimento de Jesus, numa bem sucedida iniciativa.

Após esforços desenvolvidos durante todo o ano visando arrecadar recursos destinados a prêmios distribuídos em sorteios sucessivos e demais atrações do grande evento, a data permanecerá na lembrança de todos pelo brilho de que se revestirá, vistos os preparativos desenvolvidos e a organização que caracterizam o grupo filantrópico coordenado pelos empresários Luiziane e Tadeu Alencar, responsáveis por práticas permanentes. Com isto visam, sobretudo, dar testemunho do serviço fraterno aos juazeirenses, unindo a iniciativa privada e o poder público em demonstrações coletivas de solidariedade.

A fórmula de gerar benefícios sociais desenvolvida pelos Anjos Solidários durante todo o ano vem surtindo seus efeitos promissores, ocasionando a aproximação das classes aquinhoadas com os que ainda não usufruem das benesses da justiça comunitária.

À medida que outras lideranças compreendam a importância de práticas semelhantes, haverá mais sensibilidade nas relações entre os extremos sociais, isto alimentando a possibilidade cristã da fraternidade verdadeira.

Deste modo, os Anjos Solidários – Cevema convida todos os cidadãos de Juazeiro do Norte a comparecer ao Estádio Romeirão, na tarde do dia 25 de dezembro do corrente ano, no objetivo de vivenciar a bela festa natalina de 2011, com isto repetindo os bons resultados obtidos nas vezes passadas.

Enquanto almeja aos caririenses votos plenos de Felicidades neste Natal, seguido de um Ano Novo pródigo das melhores realizações, na Luz do Amor e da Bondade ensinadas pelo Divino Mestre Jesus.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

NORMALIDADE EM BAIXA - Emerson Monteiro

Dizem os exigentes psicólogos que de perto ninguém é normal. Observados com uma lente de aumento rigorosa a mente das pessoas mostram patologias antes nem imaginadas. Aqueles que duvidarem que deem de mão dos livros e analisem os estragos produzidos pela raça no decorrer da história, ou peguem nas bancas o jornal de hoje para mergulhar nas alucinações e barbáries que formam o quebra-cabeça cotidiano. Isso feito e concluirão que, de perto, ninguém é normal, como insistem dizer os profissionais da Psicologia.

No entanto, em sendo assim, nada mudaria vistas as necessidades para tocar com saúde os investimentos humanos e suas consequências no amanhecer dos movimentos. Porém de muito pensar morreu um burro, diz o povo. Fossemos girar a roleta das escolhas e pouco sobraria do que chamamos coisa certa, neste mundo em formação.

Vira e mexe, lá de novo aparecem velhas mazelas dos anos anteriores, quais famosas novidades, a fim de encher o tempo dos bons observadores. Doidos de todo tipo botam barracas na frente dos palácios e vendem seus peixes. Isto quando não resolvem entrar e viver dentro dos edifícios suntuosos uma temporada emocionante. São os ardilosos políticos do plantão. Depois que experimentaram alternativas profissionais, de repente lançam as vistas querendo mandar nas instituições oficiais e conduzir a população laboriosa pelo deserto das sociedades.

Vestem camisas ilustradas, modelos formados nas agremiações e nos grupos de poder; chegam às praças e andam nas ruas de casa em casa pedido atenção e voto. Trazem nos bisacos o melhor dos modelos de governar e produzir as leis. Cabeças bem penteadas, rostos trabalhados nos cartazes, programas especiais de tirar da miséria os eleitores das periferias abandonadas, etc., etc., antigos, jeitosos... A cantilena conhecida desde que os primeiros aqui pisaram, vira moda e entra na ordem do dia até o apurado das urnas.

Mas agora recente, no Brasil, a mídia e as investigações deram de encontrar defeito na vida pregressa dos políticos que já caiu meia dúzia de ministros do Executivo, onde habitaria a fina flor do Planalto, o que leva perguntar parecido com o jargão dos psicólogos: Será que de perto os políticos também não são normais?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O ARROZ INTEGRAL - Emerson Monteiro

Ninguém sabe o valor de um livro bom antes de começar a ler. Assim também acontece em relação aos alimentos. Ninguém sabe a riqueza e o prazer de um alimento sem antes conhecê-lo à mesa. O arroz integral se encaixa bem nesse conceito. Além do seu excepcional valor nutritivo, quando bem mastigado revelará sabor jamais previsto aos que desconhecem a importância das suas qualidades.

Na década de 70, em face de sérios problemas na saúde, estudei alimentação oriental, com ênfase na Macrobiótica Zen, dieta japonesa que se espalhara pelo mundo após a Segunda Guerra, trazida do Japão pelos ocidentais.

A Macrobiótica prioriza o arroz integral dentre os alimentos utilizados pelos seres humanos. Dotado de propriedades curativas, semelhante a outros cereais integrais, predomina à mesa dos orientais, sobretudo chineses, japoneses, vietnamitas, impondo formas e usos inclusive na medicina chinesa. Segundo a cultura tradicional desses povos, o arroz integral possui composição suficiente de alimentar o organismo durante meses seguidos, oferecendo base nutricional capaz de curar graves enfermidades, aumentando a imunidade e evitando males degenerativos.

De acordo com as informações dos estudiosos, quem utiliza esse produto diariamente se nutre de maneira mais saudável. Após analises de dados recolhidos entre 25 mil crianças e adultos, nos anos de 1999 a 2004, pesquisadores americanos consignaram que entre os apreciadores desse cereal não havia carência de nutrientes essenciais para o organismo, como ácido fólico, potássio e outras vitaminas do complexo B, segundo o site saúde.abril.com.br.

Além da oferta de bons resultados nutricionais, a utilização do arroz integral mantém o peso corporal enquanto reduzirá gradativamente gorduras abdominais acumuladas, isto sem consequências paralelas.

A diferença de arroz integral em face do arroz branco leva em conta a preservação da membrana externa que envolve seu conteúdo. A película que reveste o grão do arroz integral é rica em hidratos de carbono, óleos, proteínas, vitaminas: A, B1, B2, B6, B12, niacina, ácido nicótico, ácido pantatênico, provitaminas C, E, e minerais em grande quantidade. Quando é retirada a película, a grande maioria destes componentes/nutrientes se perde. (http://pt.petitchef.com).

De tal modo possui o arroz integral riquezas e propriedades que as pessoas devem conhecer mais a seu respeito, visando sobremodo eficiência alimentar e uso aperfeiçoado de conceitos da cultura humana para resultados salutares eficientes.

Há duas, três décadas, só as lojas especializadas ofereciam o produto, quando agora em qualquer supermercado existe para compra.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SARACURA-TRÊS-POTES - Emerson Monteiro


Várias vezes, aos inícios e finais do dia, ouço o canto melancólico dessa ave ecoar nas encostas da serra onde moro neste Cariri. Também conhecida por saracura-do-brejo e sericóia, quase sempre é mais escutada do que vista, segundo as enciclopédias. Tanto é verdade que só avistei um exemplar numa rara ocasião, às margens do riacho que dá origem ao Rio Grangeiro. Ela vive nas áreas alagadas de mato fechado. O acorde do seu bonito canto forneceu-lhe os nomes pelos quais a denominaram.

Bicho arisco e razoável, a saracura ainda consegue fugir da sanha da nossa civilização que gerou dependência dos quadros da mãe natureza às leis dos países, de comum difíceis de execução.

Pois bem, enquanto o saudosismo não paga dívida e os tempos mudaram, agora ninguém mais se conforma deixar de derrubar as mangueiras para comer a safra, e sobreviver virou artigo de luxo, palavra de ordem nos tempos bicudos das aparências. Conservar por conservar pertence aos milionários desocupados, qual mostra o projeto do Código Florestal em andamento no Congresso brasileiro.

Cambaleiam e agonizam os panoramas ecológicos desde antigamente, quando jamais imaginaram os profetas a velocidade estonteante que dominou acontecimentos da Terra. Fico tanto meio contrariado diante das teses românticas que falam de preservação ambiental em conferências intermináveis de salões forrados com a mesma madeira de lei que defendem e ajudam a eliminar. Creio incoerente festejar derrotas, neurose que dói e sacode os impérios práticos na história continuada.

Gerações e gerações cresceram destruindo famílias e famílias naturais, quando querem salvar o que restou em museus e zoológicos fedorentos, de animais entristecidos, capturados nos ambientes originais ora extintos.

Mais cedo do que imaginava, ouço vagar nos corredores da consciência trechos da bela composição de Roberto Carlos: Seus netos vão te perguntar em poucos anos / Pelas baleias que cruzavam oceanos / Que eles viram em velhos livros / Ou nos filmes dos arquivos / Dos programas vespertinos de televisão.

Ah, mas deixe de lado isso de visão bucólica que, nalgumas horas sujeita relembrar sonhos abandonados na casa do sem jeito, nesse mundo de rascunhos perdidos no ar. Dispense, por gentileza, manias arcaicas que caíram em desuso e servem de alimento sintético às pretensiosas crônicas.

sábado, 3 de dezembro de 2011

VIVÊNCIAS DO CORAÇÃO - Emerson Monteiro


Transitar nos setores do sentimento importa, pois, olhar os horizontes da paz no silêncio dos momentos eternos. Observar com imparcialidade os termos da experiência que todos carregam, resultado das inúmeras situações vividas e aprendidas pelo caminhar do tempo, estradas longas das oportunidades permanentes. Andar sabendo haver aqui do lado outros exemplares da mesma consciência dotados de iguais instrumentos de percepção face ao Universo maravilhoso. Nisso evitar preconceitos e chamas de egoísmo que sujeitam cedo queimar a esperança dos bons relacionamentos. Respeitar contradições que impedem reconhecimento de tudo de agradável que possuem as pessoas, vozes acesas nas companhias agradáveis a bordo, no longo percurso das jornadas individuais.

O gosto especial do alimento emocional demonstra o tempero da alma de quem deles usufruem. Os movimentos das ondas no lombo dos barcos, que explicam a melodia das águas nos hinos das celebrações, histórias, alegrias em forma de versos e perfumes, nutrição da tranquilidade dos que compreendem sonhar e caminhar próximos sem timidez.

Enquanto uns falam dos deuses, outras agem com as manias da flor da pele, impaciências, contrições e abraços rústicos, quais quem pretende dominar os minutos da força poderosa nas eras indomáveis. Querer, na marra, usufruir o prazer da perfeição nas formas físicas que fogem feito fumaças e pó. Acham aqueles motivos de satisfação em avançar os limites de seus direitos e arrancar os mistérios alheios por capricho e violência. Contudo há uma ordem maior em tudo. Tristes dos que imaginarem recriar a natureza por mérito particular quando saem quebrando as determinações do destino, qual possível fosse assim obter e escapar da justiça sagrada abrangente.

Amar pede, no íntimo, harmonia e habilidade extremas; sabedoria e valores sólidos. Exercitar práticas de virtude com a grandeza dos planaltos virgens, dimensões abertas ao sol dos dias da felicidade; isto oferece ao ritmado coração das pessoas, a cada instante, oficina de carinho e sala de aula de gentilezas. Querer bem permite aos demais também o que se deseja a si próprio. Estender mãos e colher as pérolas do presente nas bênçãos aos próximos de nós, espírito de bom humor e satisfação comum, moldes melhor da pura tranquilidade. Sabor doce vem à tona, leve nas asas dos acontecimentos, água viva que nasce das fontes da dedicação num mosteiro de luz e pavilhões, mais sadias aproximações.