segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SOU O QUE FAÇO DE MIM - Emerson Monteiro

A tradicional conceituação de existirem os três aspectos comuns de personalidade para formar a constituição da individualidade, quais sejam id, o eu primitivo; o superego, o eu ideal; e o ego, o centro real da pessoa, a consciência do eu, o que representa a base original de onde procede ao que se fará de si mesmo. Tais são conteúdos iniciais de um longo itinerário a chegar na transformação do ser rumo à realização maior das existências, o que se dará sob as leis fundamentais do reconhecimento dessa longa estrada, até a individuação definitiva. Há, em consequência dessa dialética, uma personalidade suprema das individualidades em formação, o que admite, desde as religiões mais arcaicas, passando pelas teses estruturalistas das escolas científicas que estudam a psicologia humana, uma confluência ao Eu verdadeiro, que ora recebe nomes diversificados, a depender dos códigos que aprofundam o assunto. Cristo, Senhor, Consciência Cósmica, Suprema Personalidade de Deus, Eu Superior, Krishna, etc.
Enquanto de um dos lados, na vida de relações, observa-se essas configurações para a formação da personalidade instalada em todo ser humano, o aspecto instintivo animal; o eu moralista que a tudo define sob o prisma da fundamentação teórica do que deveria ser e ainda não o é; e o eu das relações consigo mesmo e com o universo, o que expressa nomes, pessoas, memórias, pensamentos, sentimentos e valores externos do ente social; no outro pólo dialético apenas a ordenação objetiva da síntese, ou nova tese, indica tão só a completa integração da personalidade com a natureza mais perfeita, inclusive acima dos juízos de valor, justificativa da existência da espécie e causa primeira à qual regressará à medida que reencontre o ele perdido, na vertente universal de tudo. Será o regresso à casa do Pai, qual dito nalgumas escolas místicas.
Todo o sentido daquela interpretação fragmentária da realidade, que obedece ao prisma dos três aspectos científicos das variações que formam a personalidade conhecida, apenas, portanto, significa uma fase primária de localização dos conceitos do eu consigo próprio, à mercê dos vetores da realidade interpretativa enquanto inexiste a conversão a que se destina no objeto do processo vida, uma razão maior e motivo primordial da existencialidade humana e dos demais seres e objetos materiais.
Ao instante da percepção criadora do Ser definitivo, o que aborda a epopéia da civilização no decorrer da história das existências, revela em si o ápice da criação e o crepúsculo das coisas na matéria, conquanto fundir-se-ão as consciências na luz espiritual da imortalidade eterna, a resultar na totalidade plena e satisfação absoluta da existência e do movimento que formam a Natureza.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

GOVERNOS DE CONVENIÊNCIA - Emerson Monteiro

A onda que varre dos comandos governantes de países árabes deixa no ar uma séria lição, qual seja: o capitalismo ocidental brincou em serviço quando apoiou a maioria desses ditadores que o próprio tempo se encarrega de eliminar, atitude que demonstra por demais a irresponsabilidade das democracias ricas em relação aos países atrasados deste mundo. Ninguém avalie, portanto, sua posição acima do mal e do bem, como agem detentores da riqueza, nas poderosas economias nacionais.
Depois da crise do petróleo, verificada com a Guerra dos Seis Dias entre árabes e judeus, no ano de 1967, os países detentores das reservas decidiram aumentar o preço do barril do ouro negro a níveis pouco imagináveis. As nações árabes descobriam, enfim, o quanto vale o subsolo nesta civilização contemporânea. O Ocidente, principal consumidor, instalava, naquelas economias crescentes, através dos ardis de bastidores, líderes que lessem nas suas cartilhas, para, mais adiante, dado o despreparo da maioria deles, haver de exterminá-los ao preço das dores civis, notícias que, antes, vieram do Afeganistão, do Iraque, e, agora, num rastro de pó e sangue, das ditaduras de conveniência que afundam, impostas que foram às nações em crise pela barganha dos potentados capitalistas.
Eis uma história marcada, programada de longo prazo. Nas décadas de 60 e 70, as Américas sofreram da mesma fórmula, que serviu, durante 20 ou mais anos, ao pretexto de manter a ordem nesta parte do chão. Os custos disso, atraso na maturidade dos povos, taxa elevada em termos de aperfeiçoamento histórico negativo, subserviência e alienação de gerações inteiras.
Tais exercícios de intervenção alimentaram elites reacionárias e corruptas, ocasionando consequências perversas de vazios profundos no futuro, visando o lucro das conquistas do mercado imperialista.
Essa crise fenomenal que ora elimina titulares carimbados no Egito, na Tunísia, e se espraia pela Líbia, pelo Iêmen e outros países, representa, pois, a derrocada dos esquemas absolutistas impostos pelos ocidentais a povos do Oriente, engordando famílias e governos ilegítimos, quais novos cônsules da Antiga Roma dos césares.
Os resultados da ação equivocada sujeita, com isso, perder a humanidade, expondo conquistas democráticas, devido à injustiça que contagia vizinhanças e domínios equilibrados, pondo risco, por exemplo, na estabilidade da Europa, comunidade que, através dos séculos, ficava distante das convulsões da Ásia e da África. Já que existem, porém, nos tempos atuais, o excesso populacional e as facilidades do deslocamento das massas humanas, o Velho Continente sofre com as angústias do futuro., nuvens escuras crescem das bandas do Nascente, na geopolítica internacional, e, queira Deus, uma autocrítica honesta de quem responsável motive rumos novos aos tristes acontecimentos verificados.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

AS EMISSORAS INTERNACIONAIS - Emerson Monteiro

Houve um tempo quando apreciei com intensidade as transmissões da radiofonia mundial em ondas curtas, reservando horas e horas noturnas para ouvir as programações em português e espanhol, elaboradas nos mais diversos países. Esse gosto veio despertado por amigos e colegas de colégio que nutriam interesses ocasionais em colecionar selos, quadros de fitas de cinema, estudar inglês e acompanhar lançamentos cinematográficos, assuntos que preencheram a minha adolescência.
Além de seguir de perto as grades de programação, também escrevia às emissoras, dando notícias das recepções e apresentando ideias e motivos talvez a serem aproveitados pelas estações de rádio.
Era uma época de extrema efervescência e movimentação das forças políticas, na primeira metade da década de 60, auge da Guerra Fria, quando, inclusive, o rádio se prestou à divulgação e propaganda ideológica dos blocos nela envolvidos. De um lado, o capitalismo internacional do Ocidente, liderado pelos Estados Unidos. Do outro, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ponta de lança do que propunha o comunismo, já instalado também na China, desde 1949, com Mao-tsé-tung no poder; em Cuba, após a revolução de Fidel Castro, em 1959; no bloco dos países da Europa Oriental, na Coréia do Norte, como alternativa ao modelo da democracia americana para as outras nações, após a Segunda Guerra.
Recordo que, nessa fase, ouvia com assiduidade transmissões da Rádio Difusão e Televisão Francesa, Rádio Canadá, BBC de Londres, Rádio Havana, Voz da América, Rádio Holanda, Rádio Suíça Internacional, Rádio Suécia, Rádio Praga, Rádio Sofia, Rádio Cairo, Rádio Espanha Internacional, Rádio Pequim, Rádio Central de Moscou, Rádio Tirana, Rádio Vaticano, Voz da Alemanha, dentre outras, que mantinham horários para o Brasil e os demais países de língua portuguesa.
Informações fervilhavam a cruzar os céus logo que chegava a noite, das 19 às 23h, horário de melhor propagação das ondas. O meu receptor, rádio a válvulas, permanecia ligado todo tempo, enquanto promovia anotações e apurava os ouvidos, nas faixas de 16 a 49m, vezes sob chiados e ruídos intensos que dificultavam as audições.
No país, eram as notícias peneiradas pelos órgãos de segurança e que, entretanto, vazavam pelos correspondentes estrangeiros, chegando ao nosso conhecimento pelos departamentos internacionais, época de clandestinidade e repressão, anos de chumbo, quais se dizem.
Remetia cartas aos endereços dessas emissoras, que as respondiam com regularidade e juntavam às respostas publicações dos países; livros, revistas, jornais, postais, selos, broches, flâmulas e outros brindes. Cada recebimento dessas respostas era um dia de festa. Abria o envelope e examinava com cuidado seu conteúdo, estimando o valor em face da distância que percorrera. Nisso, espécie de fetichismo logo invadia a alma de mistério.
Depois, novos apegos surgiriam com a descoberta do prazer da literatura e seus variados autores brasileiros e estrangeiros. Mais adiante, os filmes de Hitchock, do Cinema Novo, os clássicos da Cristandade, os faroestes inolvidáveis, o cinema de arte europeu, além dos festivais da canção, e a MPB, reunidos às emoções dos primeiros namoros, para, assim, excluir em definitivo o pouco espaço que restara entre os estudos e aqueles solitários serões radiofônicos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ALGUMAS NOITES DA BAHIA - Emerson Monteiro

Havia sempre o que agitar nas noites de Salvador, no tempo em que lá vivi e posso contar, anos da década de 70. Eram ocasiões plenas dos chamamentos de uma cidade maior e cheia das diversões e alternativas mais diversas. Visitei pessoas, lugares; assisti a espetáculos teatrais, musicais, folclóricos; percorri festas de largo, exposições artísticas, palestras, festivais de música, cursos, museus, filmes, gama de permanentes novidades inesgotáveis. Em movimentos contínuos, sobremodo aos finais de semana, jamais reclamaria de rotina ou monotonia, caso avaliasse o período, considerando, no entanto, a saudade que mexia comigo, por dentro, na ausência que sentia de minha família, dos amigos caririenses e das belezas que aqui deixara, o que marcava as lembranças, quisesse ou não. Agora isso acontece no sentido contrário, ao rever pela memória aqueles tempos de tantas presenças marcantes e alegres, súbito deixadas para trás no turbilhão das circunstâncias, ao regressar e aqui permanecer.
Enumerar os principais argumentos das histórias passadas chega como instrumento de analisar algumas delas. Uma noite, no Teatro Castro Alves, por exemplo, assisti ao Balé da China, mostra de música e dança que, de tão longe, veio ao Brasil com grupo formado por mais de 200 figurantes, festa de cores e movimentos que preservo nos arquivos das maiores emoções. Enormes figuras mitológicas chinesas e evoluções impressionantes envolveram a platéia entusiasmada, numa apresentação sem termos comparativos.
Por volta dessa mesma oportunidade, chegaria também o Balé do Senegal, que utilizou as dependências do ginásio de esportes Antônio Balbino, trazendo danças típicas africanas, executadas por centenas de homens e mulheres, em trajes, ritmos autênticos e quadros sucessivos, superlotando e sacudindo o público feliz, turnê que viajaria o mundo inteiro naquela ocasião.
Outras dessas gratas reminiscências ficam por conta de peças e shows musicais montados no Teatro Vila Velha, sempre palco de apreciados eventos, onde se encontravam os amigos e conhecidos da época, pessoas que se relacionavam através dos interesses artísticos e culturais, quando pude admirar grandes valores da nossa música popular, quais Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivan Lins, Jorge Mautner, Gonzaguinha, dentre outros.
Visto gostar de cinema, usufrui ao máximo as chances de ver filmes raros, no Cine Clube da Bahia, no Instituto Brasil - Alemanha e no circuito comercial, comparecendo a exibições, festivais e seminários.
Então, nestas pinceladas rápidas, quis resumir a rica gama do que experimentei de um turno baiano e suas situações, o que preservo com afeto no íntimo depósito da memória, resultado de caminhadas vividas, e bem vividas, da existência.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O GOSTO DE ESCREVER - Emerson Monteiro

À medida que os hábitos passam a integrar a personalidade, eles se revertem numa segunda natureza, agindo por conta própria, arrastando consigo os impulsos e as disposições pessoais. Isto quanto aos maus ou bons hábitos. Daí quanto difícil largar um vício de qualquer naipe. O aprendizado adota, por isso, tal mecanismo de automação da vontade, nas profissões, nos processos de administração das circunstâncias, ou nas inúmeras e complexas atividades que formam os dias das criaturas humanas. Escrever também pode bem representar desses mecanismos, na prática das rotinas, que as transformam numa segunda natureza.
Por mais frequente a ocupação, e na medida em que cresçam as facilidades nela desenvolvidas, o subconsciente age no segundo plano da atenção, propiciando resultados surpreendentes de aprimorar o método escolhido. Dirigir automóvel, pilotar aeronave, praticar esporte, pedalar, cantar, trabalhar, ler, estudar, escrever, além dos milhares de outros exercícios físicos e mentais, alimentam e planificam os costumes da alma humana, identificando-a no que lhe cabe desenvolver. O que antes parecia sacrifício e exigia dedicação, reverte num prazer sem conta ou tamanho.
A força, por isso, aplicada para desenvolver o hábito traz satisfação até então desconhecida por quem desconhece as reações do organismo, em termos de realização particular.
A título de comparação, faz anos que eu avisto, na estrada do Grangeiro, em Crato, o professor Alberto Teles praticar corrida, dias constantes. Às vezes, sob sol intenso; às vezes, debaixo de chuva. Sozinho, suado, nu da cintura para cima, pés descalços, concentra-se na atividade qual fosse pela primeira vez. Um atleta modelo, toca adiante hábitos esportivos reunidos no tempo em que serviu às forças armadas, na Marinha do Brasil. Depois, ensinou educação física nos colégios cratenses. Para mantê-se em forma, corre alguns quilômetros, todo santo dia, exemplo dos que atendem à evolução do corpo físico, no disciplinamento dos hábitos salutares que adquiriu.
Para mim, escrever condiciona as práticas de frases e períodos na busca do sentido, e preserva a memória da leitura e da existência, coisas que gosto de realizar. Algo que arrasta ao exercício físico ou mental, alimento das alegrias interiores, desejos de levar aos outros a disposição das idéias construtivas e as lembranças mais queridas da minha história pessoal.
Conquanto positivos hábitos, que os vivamos nós. Porém, na adversidade dos chamados vícios, que os substitua, pelo esforço reverso, no contrário da força do hábito, e descubra ocupações benfazejas, a fim de preencher o ranço dos inquilinos antigos com sabores novos e agradáveis.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

EQUILÍBRIO ECOLÓGICO - Emerson Monteiro

Durante bom tempo me imaginei conhecendo a Floresta Amazônia, o que povoava os meus sonhos brasileiros desde que me entendo de gente, do início dos primeiros estudos, digamos assim. Lá um dia, há pouco mais de cinco anos, veio essa oportunidade. De malas e cuias, segui ao lado de alguns companheiros de pesquisa, rumo à hiléia brasileira, percurso de dois dias, com intervalo para dormir já em Araguaína, no estado de Tocantins, após cruzarmos o Piauí e o Maranhão. Na bela cidade maranhense de Carolina, dos tempos do Império, atravessáramos as águas caudalosas do Rio Tocantins, largo e volumoso, o mais largo dos até agora que conheço.
No dia seguinte, logo cedo, passado o Araguaia, chegamos às terras do Pará, estabelecendo-nos em uma fazenda às margens do rio por dez longos dias, para conhecer o ecossistema amazônico, orgulho da raça, com isso presenciando diversos momentos da floresta e da ação do homem no que respeita à sua devastação.
Vimos de perto a agressão indiscriminada que caracteriza o sistema de posse do modelo desenvolvido para estabelecimento da criação extensiva do gado bovino. Movidos no afã de tornar produtiva a área, visando o criatório da raça nelore, centenas e centenas de estabelecimentos em dimensões a perder de vista, empresários do País inteiro, fixam bases em regiões planas e chuvosas, eliminando a constituição florestal primitiva através da força de tratores e queimadas, no sentido de plantar capim e construir currais. Vastidões lunares do reino vegetal somem em pouco tempo, deixando espaço aos tapetes de pastos, administradas pelos peões vindos de fora. Nisso trabalham sob os olhos oficiais das normas, assistidos de órgãos competentes do País. Produzem a carne que alimentarão largas faixas de consumidores do mundo inteiro, a peso de ouro. São manadas e manadas de reses criadas em trechos próprios para manejos, a remoer silenciosas das pastagens em uso.
Vimos de um tudo no que tange aos estragos impostos ao patrimônio das matas nativas. Tiradas as árvores maiores, madeira de lei e custo inestimável em termos da natureza primária dos séculos que lhes deu vida, o que resta em pouco tempo calcina mediante a ação do fogo, revirado a correntes vigorosas arrastadas por tratores descomunais. O quadro corta corações. Onde antes só havia o verde frondoso do mistério milenar e escuro, altivo caules esfacelados dão conta de troncos enegrecidos, parecidos aos vestígios das lindas bocas tornadas em dentes cariados e feios, eliminados ao furor das chamas. Aconselho não aos que nunca visitaram o paraíso amazônico a conhecê-lo nesses pontos entristecidos pela façanha dos matadores de floresta.
Idênticas práticas avistamos, também, no Tocantins e no Maranhão, estados vocacionados à implantação das fazendas de soja, moda e febre continuada que sacode os planaltos do Norte por meio da agroindústria e maravilha os resultados positivos das balanças do Brasil no exterior.
Quando ouço, pois, as declarações anuais dos funcionários de governo que contiveram a devastação amazônica em tanto e tanto por cento, desconsolado sacudo a cabeça por saber de perto que o gigante é maior muitas vezes do que contavam as distantes lendas trazidas no vento.

HOMENAGEM DA ALL - BRUNO PEDROSA


A obra e seu Criador.

Bruno Pedrosa, Inês Fiúza e Fátima Lemos.

  



Dimas Macedo, Aldro Oliveira e Bruno Pedrosa.


Luizinho e Rejane Torquato.

Dimas Macedo, José Aldro Luiz, Pantica e Jeová.


Dimas Macedo, Bruno Pedrosa, Linda Lemos, Rosa Firmo, Inês Fiúza e Lúcia Cidrão.














terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SAIU NA MÍDIA

Lavrenses,

O intelectual, poeta, professor e membro da ALL homenageou o poeta lavrense, Lobo Manso. Acessem:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=933935

AMBIÇÕES DE CONHECER O FUTURO - Emerson Monteiro

Essa vontade humana de dominar a natureza envolve desejos antigos de saber o que vem acontecer no futuro das gerações. O motivo da disposição incontida desde tempos imemoriais finca raízes nos planos de dominar a vida e tudo o que diz respeito ao mundo e as coisas em volta, na política, na fortuna, no tempo. Sobretudo dominar os outros e a sociedade. Em resumo, reter nas mãos o destino e a riqueza, pretensão do tamanho do Universo. Um sonho bem avassalador, a sede insaciável do poder.
Essa tal vontade de domínio mostra evidências constantes nas profecias existentes e documentadas no decorrer da história, no âmbito das religiões e dos livros sagrados.
Filmes e pronunciamentos sempre trazem novidade quanto a isso. Agora mais recente, por exemplo, na película 2012, um sucesso de bilheteria, há referências ao que os Maias, civilização desaparecida na América Central, deixaram quanto a grandes mudanças que sofrerá a Terra nesse ano vindouro do calendário moderno.
Mas o que interessa mesmo, em termos práticos, chega mais longe, ao domínio do que pode permitir o conhecimento, até depois das muitas profecias ora existentes, numa lembrança forte das palavras de Jesus nos Evangelhos, a dizer: Sóis Deuses e não o sabeis, fazendo paralelo nas condições prósperas, contudo ainda que para eles mesmos realizarem, amarrando o burro nas orelhas dos donos.
Quanta maravilha transporta em si a existência, na assertiva cristã de guardar na alma a essência da herança divina, porém sob o desafio de ter antes de aprender a sabedoria, desenvolver esse modo particular de achar o caminho da luz e se libertar para as outras dimensões da evolução.
Isto demonstra o tanto de responsabilidade na revelação pessoal através da caminhada do aprendizado, conquanto artífice da própria transformação. Longe de apenas se acomodar naquilo que receber, sem estudo e trabalho, só à toa pela vida, ninguém merecerá o Reino de Deus que o Mestre divino aqui veio repartir conosco. A mensagem que revela e enfatiza com tamanha seriedade a isto deu sua própria vida em demonstração desta Verdade.
Portanto, ao desejar a existência cômoda e perene da Eternidade, nós, humanos falíveis, reuniremos os laços do conhecimento a fim de achar a dominação do futuro, livres e sós dos apegos e das posses deste chão que, veloz, passa sob os nossos pés.
Profecia maior não existirá além deste conhecer individual das normas do sentimento, porta aberta do Amor autêntico de Deus, o que nos promoverá ao nível das vontades e dos prazeres permanentes. Descobrirás a Verdade e ela vos libertará, portanto.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A CIÊNCIA DO PRÓXIMO PASSO - Emerson Monteiro

Às vezes acontece parar o barco, isso na firme intenção de acertar e vencer os pensamentos da dúvida em relação ao que cabe fazer nas ações imediatas do percurso. Nessas horas, torna-se necessário saber agir e preencher o momento seguinte, independente de poder distinguir o duvidoso e o certo, sob as névoas das situações. Mas não existe a alternativa de não querer prosseguir, ir em frente. É a tal síndrome do próximo passo que quem vive atravessa a todo segundo, chova, ou faça sol, porquanto viver significa persistir na marcha.
Bem aqui, pois, entram no campo as lições dos que estudaram este assunto de seguir, de dominar as condições, dentro dessa linha inevitável dos caminhos constantes, onde agir representa quebrar os selos da porta do tempo, lacrada antes de nelas chegarmos. O direito universal de avançar, contudo, impõe leis para um desempenho satisfatório, quais sejam elas: evitar destruir as possibilidades dos outros, praticar conhecimentos adquiridos e confiar ao desconhecido nossas apreensões. No entanto, numa espécie de compensação, se deve saber colher o que plantou, no campo das práticas desenvolvidas no combate. Natural usar da justiça, porquanto a natureza ensina querer a si aquilo que oferecer aos demais, norma elementar do justo merecimento.
À medida que descobre os segredos da sabedoria, neste mundo perigoso, se anda nas estradas com a produção de resultados positivos. O valor que denominam cultura quer dizer tradição do conhecimento, guardada para posteriores experiências em forma de trabalho e técnicas.
O passo seguinte nada mais impõe do que praticar os modelos ensinados pelos outros e adquiridos por nós próprios durante as nossas ações. Parar, silenciar um pouco e tomar decisões exigem concentração, reflexão e atitudes verdadeiras.
Escolher o jeito ideal só no decorrer das jornadas se aprende e transmite, na ciência de caminhar pela vida afora. Tantos, milhões até, acertam e empreendem iniciativas de proveito, o que também todos podem cumprir de igual maneira. Resta somar tristezas, alegrias, fracassos e sucessos, para montar a solução dos enigmas e das ocasiões. Neste procedimento, reunir coragem e disposição de trabalhar, outra das leis essenciais ao bom êxito dos planos de voo. Acrescentar boa vontade, amizade, humor, convicção, prazer, iniciativa, emoção; descortinar o tempero dos pratos deliciosos que, por isso e bem preparados, reservam as estações dadivosas das existências mais felizes.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

HÁ UMA FOME PELO AR - Emerson Monteiro


Há, sim, uma fome de coerência, que circula as cabeças das pessoas em voos insistentes, algo parecido com zumbidos de muriçocas aborrecidas nas noites de calor pegajoso e insônia agressiva. Uma fome de honestidade, que penetra a condição social desses períodos neutros, quando a história funciona aos moldes do faz-de-conta, apenas para justificar o melhor dos mundos possíveis. Uma fome que reclama práticas dignas de políticas públicas, representatividades justas e transparência no funcionamento das engrenagens e dos comandos. Há, sim, uma fome de autenticidade nas criações artísticas, na música, do trato da beleza dos entretenimentos em geral. Nas oportunidades de trabalho aos pais de família, independente de propagandas e números oficiais. Da paz comum, onde todos respeitem os direitos uns dos outros. Uma fome de evolução da espécie humana, em que haja menos motivos de agressividade e desespero. Um ânimo de satisfação pessoal independente de tirar o que é dos outros e olhar mais dentro de si próprio, para notar o quanto de potencial cada indivíduo possui, no crescimento das mentalidades.
Em que um ser humano acredite na palavra do outro ser humano, sem avaliar os riscos dessa atitude, sem esperar surpresas desagradáveis ou agendas secretas, livre dos medos adicionais desses tempos escuros. Em que a velocidade dos carros corresponda às voltas para casa com segurança e tranquilidade. Uma fome de paz nas ruas e nos corações das gentes, cientes de que a justiça coletiva preenche os requisitos necessários dos valores básicos a se viver com êxito e harmonia. Inovações de transformações salutares que saiam do papel e cheguem aos lares da esperança e da felicidade, quando aconteça o domínio dos baixos instintos e deságuem nos bons sentimentos. Novas modificações que guardem sentido em termos proporcionais ao direito mínimo das condições de sobrevivência, vencidas para sempre os conflitos das guerras de classes e privilégios de grupos.
Uma fome do tamanho das manhãs que logo viram tardes e noites, repetida nas manhãs seguintes, qual condenação de um Prometeu acorrentado, a empurrar pedra imensa na ladeira do destino, que depois recomeçará do início, faina constante e infinita. Essa fome das eras proporcionais ao desejo da perfeição nos padrões da cidadania, quando o sonho seja do irmão amar o irmão, fora das questões insignificantes do passado e das coisas que passam. Fome de saúde nos leitos dos hospitais, nos manicômios e penitenciárias. De épocas e circunstâncias que chegam à imaginação, porém ainda não chegaram à realidade que demonstra força em relação à teimosia dos confrontos. Quando a fé dominará as contradições e os tantos setores das circunstâncias, que signifique possibilidades em termos de realização pessoal através dos talentos e das vocações. Onde tudo de bom estabeleça suas bases definitivas no seio de nossa humanidade. Há, sim, essa fome pelo ar, clamor enorme dos dias e das aspirações de uma raça que padece, mas que já visualiza espaço amplo nos estreitos limites dessa fome que lhe corrói as entranhas à procura da Luz da liberação.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

ILUSÕES DE UM CACHORRO - Emerson Monteiro

Indagado qual a razão de o cachorro ser o melhor amigo do homem, com propriedade um sábio respondeu: - Porque ainda não conhece o dinheiro. Ah! Os bens materiais, quantas cogitações equivocadas podem ocasionar no bloco das vaidades humanas. Tal vê, também, os comportamentos animais, acho que nas fases de preparação de outras vivências da natureza. Sei não, pois há tantos mistérios a desvendar, da terra ao céu, que causa ânsias e vertigem.
O cachorro da minha casa, por exemplo, este apresenta manias bem típicas dos bichos da espécie, com o agravante das arrogâncias dos cachorros de raça, valentões, pretensiosos, dos que olham de cima as pessoas. Sempre que abro a porta para sair na varanda, ali está ele, o verdadeiro dono do pedaço. A segunda coisa que faz depois de balançar o toco do rabo, trazido assim mutilado, segundo explicaram, para manter o padrão da raça, a segunda coisa, mostrar a língua e lamber o focinho, tomando gosto, qual abríssemos a porta toda vez só para lhe levar alimento.
Acha-se o dono absoluto de toda a extensão territorial da casa e do muro que a cerca. Mija por todo canto, costume estudado pelos especialistas caninos que adotam para demarcar o espaço das suas pertenças. Nesse ponto, mora o título deste comentário, o motivo das ilusões dos cachorros, por pensarem possuir o mundo inteiro onde mijam descaradamente. Caso consiga escapar até a rua, sai mijando tudo que aparece à frente, semelhante ao que providencia cada vez que chego com o carro, renovando mijadas nos pneus, parachoques, lataria, reforçando o instinto que alimenta de proprietário exclusivo do transporte que adquirimos com relativa dificuldade. Ele nem de longe imagina o que de antipatia isso acarreta no dono, essa pretensão de garantir só para si um direito que corresponde à família inteira.
Os passarinhos que pastam pelas imediações em volta da casa, a seu modo, sofrem na pele essa inclinação possessiva do cão alienado em constante vigilância. Corre e late desesperado quando sanhaços, sabiás, anuns, garrinchas, griguilins, pardais, vinvins, lavandeiras, aventuram catar insetos e sementes no chão. Vez em quando aparece pássaro morto na varanda, prática parecida com a dos humanos, únicos animais que matam e abandonam a vítima. Os outros assassinam apenas no propósito da sobrevivência.
As ilusões do cachorro chegam ao domínio de causar mais constrangimento aos seus donos. Caso saia a telefonar na varanda, quem aparece, ele, atento na escuta de toda a conversar, quebrando qualquer sigilo, semelhante aos agentes secretos deste mundo. Até hoje, porém, não descobrir de como se beneficia da escuta privilegiada.
Sua agressividade patrimonial, no entanto, restringe as visitas que de raro recebemos, seleção prévia que ele mesmo estabelece. Resultado, alguém bate no portão e eu corro apressado a prender dito chefe provincial, o que deixa a impressão do tanto de analogia dos bichos com os humanos, tão cheios de ilusões de honras e posses, durante a curta jornada desta vida, surpreendidos, inevitáveis, nas folhas que, secas, voam dos calendários.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

PELAS FIBRAS DA ALMA - Emerson Monteiro

Essas tardes cinzentas que emolduram o tempo chuvoso mexem com a gente. Mexem por dentro da gente feitas brocas revirando as entranhas onde transitam escondidos pensamentos de querer ver coisas diferentes acontecerem invés de algumas outras que sacudiram os derradeiros dias, na semana anterior. Entortar os acontecimentos, eis o tal desejo principal desses bichos vivos mexendo por dentro, a querer dominar a natureza, uma espécie de coisa animada impacientando as outras coisas vivas que moram nas entranhas da pessoa. Ondas de coisas vivas invisíveis, imateriais até, digamos assim, sem ter medo de errar, são o que, por que quiséssemos dominar os momentos fugitivos, a gente, parece perseguir, como quem corre atrás de sombras, e não consegue agarrar, que vai embora na correnteza barrenta; e o velho costume de procurar fantasmas apressados nas lamas escorregadias do passado; ou mesmo estirar o pescoço, pretendendo enxergar lá adiante, depois da linha do horizonte; longe; muito longe para obter o menor sucesso. Isto é, esquecer o momento especial do presente, único ser acontecimento que, na verdade, tem valor, nos interessaria com certeza, perante todas as demais frioleiras deste mundo de passados mortos e futuros ainda de vez, na semente.
Caso haja boa vontade para concentrar esforços no presente, acham-se todos os demais fatores que empurram a manada para o curral, nas jornadas individuais ou coletivas dos rebanhos. Ninguém permanece no passado, nem pisará o futuro por conta própria antes da hora. O minuto seguinte já ficou atrás quando virou presente. Essas intenções desesperadas dos ledores da sorte habitam só as casas de jogos, nas travessas da ilusão. Quem, não fossem os filmes, garantirá, um instante depois, o placar final do jogo, deixando de lado o polvo alemão da Copa do Mundo. Quem garantirá com a absoluta segurança isso de depois?
Apertar o cinto do agora, no entanto, qualquer cidadão pode, fora de cair da cama ou botar burros na água. Reger a valsa do instante torna-se, pois, a profissão universal do senso do realismo, nas empresas produtivas.
Diga-se bem isso tudo, quando perguntarem pelo pai da criança em face das tragédias da história. Alguém houvesse de sair na dianteira e as coisas mostrariam outra cara. Pisar maneiro, ordenhar as vacas na hora certa; fechar as portas e janelas antes do pior acontecer; saber escolher as opções ideais; bater na bola da vez; substituir peças e cuidar da revisão no prazo; essas ações inevitáveis aos bons resultados servem de aviso, nos casos posteriores.
Aprender, por isso, as lições, às vezes de preços elevados, porém ainda com os pés no caminho e no tempo do presente, oferece os braços aos estudantes atenciosos. Dias melhores virão, no suor da reconstrução. E a casa pertencerá sempre aos que souberem dela utilizar as oportunidades da milenar sabedoria.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

NOTA DE FALECIMENTO

Com pesar, a Academia Lavrense de Letras – ALL comunica o falecimento de Argentina Gomes de Morais, aos 97 anos, nossa confreira ocupante da Cadeira nº 30. O corpo está sendo velado na Funerária Ternura (Rua Padre Valdevino, 2255) e o sepultamento acontecerá neste sábado (05 de Fev), às 16 horas em Lavras da Mangabeira (sua terra natal).


O presidente da ALL, João Gonçalves de Lemos, envia suas condolências à família enlutada.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A ESTRUTURA FAMILIAR - Emerson Monteiro

Os seres humanos reclamam cuidados imensos quando chegam ao mundo e superam os demais seres no esforço inicial de formação e sobrevivência, até dispor dos meios necessários a seguir com as próprias pernas a jornada de habitar este mundo. Antes dos sete anos, os filhos do bicho gente exigem, dos pais e da sociedade, extremos arranjos, a ponto de depender, em caráter quase absoluto, dos outros para limpeza, alimentação, vacinas, alojamento, vestimenta, primeiros passos, fala, pensamentos, repouso, formação moral, intelectual, etc.
Esse grau de dependência da nossa raça representa o empenho da família em dirigir suas baterias na sobrevivência e no zelo dos filhos, salvaguarda e herança cultural da sociedade. Ninguém foge dos valores trazidos pela família e que lá adiante não venha a defrontar dificuldades e traumas de adaptação perante o desconhecido, nas dobras do caminho.
Por isso, os sábios dão importância inestimável à saúde dos laços familiares, para considerar a célula doméstica a mãe das comunidades e resposta aos desafios de todo tempo. Desorganizada a família, as outras instituições perdem o prumo e a paz perde a razão. Os abalos nesta fonte original implicam nos desmanches que a história registra, no caos das guerras medonhas verificadas em turnos diversos, custando preço astronômico de sofrimento, desespero e trabalho.
A bandeirada desses primeiros passos humanos, dada pelos pais já na infância, reserva sobremodo a esperança possível dos adultos e das suas circunstâncias posteriores, vindas desde a escola filial, nos sentimentos, lembranças e emoções que lhe marcam o modelo de personalidade depois vivenciado no decorrer das gerações.
Conhecimento de padrões fundamentais vindos no começo apresenta frutos na humanidade, o que demonstra as ameaças constantes de que é vítima a família, nesse jogo de dor e prazer da sua experiência. O mal e o bem, que organizam os porões e a bagagem, nessa viagem de seres humanos, na sombra e na luz das situações, trabalham os tais valores de formação das pessoas em movimento, nos grupos sociais.
Tiradas, pois, essas e algumas conclusões mais, a razão do abalo nos países vem do descaso para com os atores do drama ainda na gravação dos letreiros iniciais das consciências, no berço de vilões e mocinhos junto dos responsáveis pela sua formação. Nisso, entra em cena a família para constituir cidadãos com a mesma face dos tempos sonhados e vividos que irão acontecer logo ali adiante, num futuro imediato.