sábado, 4 de dezembro de 2010

CADEIRA Nº 20

Mons. Edmilson (Academico)


Nasceu José Edmilson de Macedo a 01 de novembro de 1935, na antiga Vila de São Francisco, hoje Distrito de Quitaius, sendo o filho de Vicente Favela de Macedo e de Alaíde Aquino de Macedo, os quais, já em 1938, passaram a residir na cidade de Lavras.
Seu pai, que era comerciante e proprietário rural, exerceu destacada atuação política, sendo Vereador à Câmara Municipal, Fundador e Delegado do Partido Trabalhista Brasileiro, por nomeação de 14.08. 1962. Edmilson cursou as primeiras letras na Escola Eusébio de Queiroz, que sob a direção da Professora Loreto Banhos, na época funcionava na Rua da Umarizeira, hoje Antônio Lobo, nome ali afixado em homenagem ao seu avô materno, o poeta popular Antônio Lobo de Macedo.
Freqüentou também em sua terra a escola do Mestre José Luiz, cujos métodos de ensino e rigorosa disciplina marcaram época na história do Município. Prosseguiu depois os seus estudos Grupo Escolar José Martins Rodrigues, que em 1947 seria destruído pelas águas do Salgado.Decidiu, então, assumir a sua vocação ao sacerdócio, contando com o incentivo do Padre Alzir Sampaio, exemplo de Pastor que despertou, em muitos meninos lavrenses, o desejo de ser sacerdote.
Ingressou, assim, com muita determinação, no Seminário São José do Crato, onde concluiu os cursos de admissão e humanidades, passando em seguida para o Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde esteve de 1955 a 1957. Depois, seguiu para o Seminário Interdiocesano de Viamão, no Rio Grande do Sul, onde realizou o seu Curso Teológico (1958 a 1961). Em Viamão, cursou também Pedagogia, na Faculdade de Nossa Senhora da Conceição, agregada à Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre.
Ainda durante o curso de Teologia, esteve na Argentina e no Uruguai, países onde realizou o Curso de Economia Humana, no Centro Latino Americano de Economia Humana, dirigido pelos padres dominicanos franceses. Em 1961, retornou ao Ceará, sendo, a 16 de dezembro ordenado Sacerdote, em sua terra natal, solenidade da qual foi oficiante o Bispo da Diocese do Crato, Dom Vicente Paulo de Araújo Mattos, sendo esta a última ordenação sacerdotal realizada na Igreja Matriz de São Vicente Ferrer.
Em sua vida sacerdotal, o Monsenhor Edmilson tem sido sobretudo pastor, jornalista e professor universitário. Seu primeiro campo de apostolado foi o Seminário do Crato, onde exerceu as funções de Ecônomo, Professor (de 1961 a 1966) e Diretor Espiritual.
Fora da influência do Seminário, começou a lecionar em 1962, na Faculdade de Filosofia do Crato.Foi também professor, a partir de 1965, da Faculdade de Ciências Econômicas, estendendo suas atividades docentes a outros estabelecimentos de ensino da cidade, tais o Colégio Diocesano, a Escola de Comércio, o Ginásio Madre Ana Couto e o Colégio Pio X, entre outros.
No âmbito do clero diocesano do Crato, assumiu atividades pastorais voltadas para a evangelização da juventude, tendo sido Assistente Eclesiástico da Juventude Independente Católica e do Grupo de Jovens Estudantes. Fundou a Sociedade dos Amigos do Bairro Ossian Araripe, onde acompanhou a formação de lideranças para a comunidade. Iniciou ali a construção de um Centro Social e implantou a Escola Júnior, ao tempo em que foi Presidente da Câmara Júnior do Crato. E como Presidente da Câmara Júnior, tomou parte em várias convenções de âmbito nacional, contribuindo decisivamente para a expansão dessa entidade no Cariri, entre 1966 e 1969.
Ainda sob o aspecto de formação de lideranças para a comunidade, participou, em Fortaleza, em 1963, dos programas de treinamento do Governo do Estado, em vista à concretização do Plano de Metas em convênio com a Igreja do Ceará. Voltando ao Crato, passou a dirigir o Centro de Treinamento Educacional, da Fundação Padre Ibiapina.
Integrou o Bureau de Opinião Pública do Crato e a equipe de redação do jornal A Ação, órgão de comunicação da Diocese. Foi responsável pela coluna Cristianonismo Hoje, no jornal Correio do Cariri, e colaborador de vários jornais e revistas alternativas ou de caráter circunstancial. Sua vocação para a imprensa vem dos artigos redigidos para o jornal O Levita, do Seminário do Crato, e para O Seminário, órgão de intercâmbio dos seminaristas brasileiros, editado Viamão, ao tempo em que alí realizava o curso de Teologia.
Na Diocese de Crato, residindo no Palácio Episcopal, participou intensamente da vida social e cultural da cidade, merecendo, a esse respeito, uma referência de J. de Figueiredo Filho, no seu livro História do Cariri. Mesmo sem dedicar-se profissionalmente à poesia, o Monsenhor Edmilson é autor de vários hinos cívicos e religiosos, entre eles o Hino do Jubileu Episcopal de Prata de Dom Francisco de Assis Pires (1956), o Hino da Escola Normal de Lavras da Mangabeira, o Hino Oficial da Escola Operária São José, do Círculo Operário dos Trabalhadores Cristãos de Lavras da Mangabeira, o Hino do Centro Cultural Brejo-Santense, o Hino Oficial do Círculo São Crisóstomo, do Seminário Arquidiocesano de Fortaleza, e o Hino em Louvor a São Jerônimo, da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Na cidade de Crato, exerceu ainda as funções de primeiro vigário da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Bairro do Pimenta, e foi, de 1965 a 1967, capelão do Patronato Padre Ibiapina, dirigido pelo Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado. Em 1969, viajou a Roma com o objetivo de fazer o Curso de Ciências Sociais, ali freqüentando a Universidade Santo Tomás de Aquino e participando do curso intensivo de Sociologia na Universidade Pro Deo.
Voltando ao Brasil, transferiu-se para a Arquidiocese de Salvador, na Bahia, onde reside sua família e onde, a partir de 1971, desempenha as funções de Capelão do Colégio de Nossa Senhora da Salette, no centro da cidade, e onde assumiu as funções de vigário dominical de Lauro de Freitas.
Coordenou a Campanha da Fraternidade, de 1972 a 1977; o Setor de Opinião Pública da Atrquidicocese de Salvador, de 1973 a 1983; e o Setor Regional dos Meios de Comunicação Social do Nordeste III (Bahia e Sergipe), junto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. E nesta condição, participou de vários encontros de âmbito nacional e latino-americano.
Em 1975, tornou-se membro do Conselho Presbiterial da Arquidiocese de Salvador. Como Secretário, acompanhou o cardeal Dom Avelar Brandão Vilela em muitas das suas viagens, dentro e fora da Bahia. Orador sacro de renome, tem ocupado, anualmente, a tribuna sagrada para as pregações das festas religiosas populares da Bahia, especialmente na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e na Basílica do Senhor do Bonfim, em Santo Antônio Além do Carmo.
Desde 1980, está à frente da Paróquia de Nossa Senhora de Brotas, como pároco. Em 1982, foi nomeado Cônego Catedrático do Cabido Metropolitano da Arquidiocese de Salvado, presidindo também a Comissão Regional do Clero do Nordeste III (Bahia e Sergipe), tendo, desta maneira, assento na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de cujas assembléias gerais tem participado.
Elevado, posteriormente, à condição de Monenhor, José Edmilson de Macedo foi diretor, em Salvador, do jornal A Semana (1973-1975), e editor do mesmo jornal (1973-1979; editorialista e diretor do mjornal O Mensageiro (1975-1979); Coordenador dos Programas Mensagem Para a Vida e Missa Dominical da TV Itapoã, e integrante do programa Chão e Paz da mesma emissora; Redator do jornal A Igreja em Foco e da coluna Catolicismo, do jornal Tribuna da Bahia ; e Assessor de Comunicação (a partir de 1976) da Arquidiocese de Salvador.
Na área do magistério, desde 1972, leciona Introdução à Sociologia na Universidade Católica de Salvador e, a partir de 1976, vem ministrando a mesma disciplina no Instituto de Teologia da mesma Universidade. É tambpem professor de Cultura Religiosa, no Colégio de Nossa Senhora da Salete, estabelecimento dirigido pela Congregação das Filhas de São Vicente de Paulo.
Como sócio efetivo, honorário ou correspondente pertence, dentre outras, às seguintes associações culturais: Associação Baiana de Imprensa, Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, Irmandade de Nossa Senhora de Rosário dos Pretos, Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel e Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, entre inúmeras outras entidades
Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p. 196.



Afonso Banhos Leite (Patrono)


Neto, por via materna, de Ana Rosa Machado e do Capitão Antônio Francisco de Oliveira Banhos, filho de Edeltrudes Banhos Leite e de Afonso Leite de Oliveira, nasceu Afonso Banhos Leite em Lavras da Mangabeira, aos 27 de maio de 1907. Estudou as primeiras letras em sua terra natal e, posteriormente, transferiu-se para Fortaleza, onde viria a realizar o restante do seu aprendizado humanístico, como aluno do Colégio Cearense Sagrada Família. Em dezembro de 1949 bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Ceará, sendo na oportunidade, por seus colegas, feito Orador Oficial da turma. Jornalista e professor de vários estabelecimentos de ensino de Fortaleza, veio a se destacar como filósofo de profunda imaginação. Na juventude inquieta de intelectual, desfrutou a amizade íntima de Antônio Sales e de grande plêiade de escritores cearenses. Por essa época foi atraído pelas idéias filosóficas, a despeito das idéias literárias e jornalísticas. “Aí por volta de 1936 – assinala Florival Seraine –, já possuía gosto literário apurado. Era leitor assíduo Nouvelle Revue Française, o famoso órgão que colaboravam Paul Valery, André Gide e outros grandes nomes da orbe intelectual. Adquiria os principais livros desses autores , completamente desconhecidos no meio provinciano, e comentava-os, não só em artigos na imprensa, mas nas palestras com amigos de sua predilação. Com José Waldo Ribeiro Ramos, Florival Seraine e outros escritores da terra, fundou a Sociedade Cearense de Geografia e História, que ainda sobrevive, juntamente com seu órgão publicitário, em cujas páginas deixou importante artigo sobre “Filosofia da História”, em torno do pensamento de Vico e Oswaldo Splengler. Também com Florival Seraine, dirigiu a revista Estudos onde deixou trabalhos de real valor, como também na Revista da Sociedade Filosófica do Ceará e no Boletim de Ariel, do Rio de Janeiro, com participação restrita a uma elite de intelectuais. Sua obra literária ou filosófica, jamais foi divulgada em livro, a não ser Fundamentos Lógicos do Conhecimento, ensaio publicado em opúsculo. Também de sua autoria é a plaqueta intitulada Discurso Pronunciado na Instalação da Sociedade Cearense de Geografia e História, editada em Fortaleza, em 1936, pela Gráfica Ramos e Pouchain. No número 01 da revista de citada entidade, fez publicar o artigo “Através da Morfologia da Civilização” e, no número zero da revista CLÃ, um interessante trabalho sobre a metafísica. A base da sua filosofia lógica e gnoseológica ficou registrada em dois expressivos volumes que não chegou a publicar, intitulados, respectivamente, Introdução à Filosofia e Dialética e Imanência. Contudo, foi Afonso Banhos um dos nossos principais filósofos, inscrito entre os maiores que a cultura cearense produziu. Poeta, crítico e jornalista, suas preocupações intelectuais concentram-se na Lógica Simbólica, fixando seu pensamento exclusivamente nas cogitações filosóficas, no último estágio da sua evolução mental, defendendo ardorosamente a sua posição de pensador. Certa feita, em entrevista que concedeu ao jornalista e escritor cearense Abdias Lima, indagado sobre quais foram suas primeiras tendências literárias, respondeu: “Evidentemente as preocupações filosóficas decorrem da inconformação com a moral tradicional, com os pressupostos do senso-comum, daí surgindo a necessidade, cada vez mais urgente, duma clarificação do universo. Devo, assim, minha preocupação pela Filosofia aos impulsos interiores dirigidos à exigência crítica de pôr em termos lógicos todos os problemas e soluções aceitas.” E adiante, fazendo uma avaliação do seu ponto de vista filosófico, aduziu o seguinte pensamento: “A problemática filosófica contemporânea é abismal! Após haver brilhado, há dois mil anos, o maior gênio da humanidade – PLATÃO – todos os problemas por ele suscitados continuam sem solução. Há algo de trágico e de mágico na Filosofia, pois que duvida do próprio conhecimento, daquilo que lhe é absolutamente imprescindível para viver. Deste modo, ela não logra outorgar à cogitação de modo decisivo, peremptório, a última palavra, porque está sempre, em train de se faire. O que há, todavia, de admirável na filosofia, conforme já assinalou Dithey, é a permanência de seus objetos, a inesgotável firmeza com que enfrenta a mutabilidade histórico-temporal. Mas a Filosofia é fortalecimento existencial, clarificação, não degradação em pura analítica. A cosmologia, preocupação final da cogitação, é objeto lícito do pensamento metódico, pois sem ela este seria apenas desgaste no vazio imponderável. Mas a “Síntese” constituirá, sempre, – compreende isto a Filosofia contemporânea – conclusão “provisória”. A virtude de filosofar está no retificar-se continuamente e não em se deixar coagular, firmando-se no ancoradouro das crenças, o que se compreenderá ante os problemas suscitados pelo pensamento existencial. A profundeza do pensamento contemporâneo é bem a expressão de sua compreensão do Mundo.” Discípulo fiel das idéias de Marcel Proust, Karl Jaspers, Whitehead, Kierkegard, Kant, Platão, Hegel, Bergson e Carnap, no Brasil suas preferências literárias recaíram sobre a obra de Graça Aranha e o pensamento crítico de Licínio Cardoso. Vários trabalhos e inúmeros escorsos críticos de sua autoria foram divulgados com elogios e aplausos pela imprensa do Sul. Na acepção exata do termo, foi Afonso Banhos um completo escritor, não obstante o obscurantismo e a modéstia a que se entregou, falecendo em Fortaleza, aos 21 de maio de 1977.
Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p. 113.

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