sábado, 4 de dezembro de 2010

CADEIRA Nº 28

Rosa Firmo Bezerra (Academica)

Filha de Vicente Firmo de Sampaio (Ioiô) e Guilhermina Bezerra Sampaio (Mãe Nina), nasceu Rosa Firmo Bezerra Gomes aos 08 de janeiro em 1946, no sítio Tapera, distrito de Quitaiús, município de Lavras da Mangabeira – Ceará.


Na infância foi alfabetizada na própria residência, pela irmã mais velha, Maria Firmo Bezerra. Trabalhou depois nas tarefas domésticas e, com seus pais, participou do plantio e colheita de grãos, somente retomando os estudos aos vinte anos de idade.

Em Fortaleza, graduou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará, e na Universidade Estadual do Ceará cursou especialização em Orientação Educacional, tendo ingressado na rede municipal de ensino de Fortaleza, em 1974.

Foi professora, por igual, da rede estadual de ensino, tendo lecionado, inclusive, na Universidade Vale do Acaraú - UVA. Foi fundadora e coordenadora da Escola Presidente Médici, localizada em Messejana, tendo coordenado as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) do Lagamar, entre 1978 e 1990.

Nos campos da formação espiritual e da atuação pastoral, cursou Teologia Catequética na FAFIFOR e Programação Neurolinguística/Master pela PAHC. Atualmente, desenvolve pesquisa sobre cultura popular nordestina e ministra oficinas de leitura e poesia.

Integra a Academia Lavrense de Letras, a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins de Natal (RN) e a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB - Secção do Ceará. Participou do documentário da poetisa Leda Maciel, em 2008, e da Primeira Mostra Literária da UNP, com poesias ilustradas

Sempre aceitou, com paciência e resignação, todos os obstáculos que se fizeram presentes em sua vida, reconhecendo as suas necessidades e não fazendo delas limitações, pois acredita que os desafios nos ensinam um aprendizado contínuo, e que a fé e o amor nos purificam e nos tornam mais fraternos e humanos.

É autora dos seguintes livros: Nobreza de Uma Mulher Sertaneja (Fortaleza, Imprensa Universitária, 2001), Cidades Históricas de Minas Gerais (Fortaleza, Imprensa Universitária, 2003), Chuvas de Verão (Fortaleza Editora RBS, 2005), Prisioneira do Sol no Ocaso (Natal, Editora Livro Livre, Natal, 2006), Ponderações na Perspectiva de Luz (Natal, 2007), Os Cantos do Luar (Fortaleza, Edições Poetaria, 2008) e O Rosário de Quitaiús (Fortaleza, RDS Editora, 2010). (DIMAS MACEDO).



Francisco Bezerra Sampaio (Patrono)

Nasceu aos 14 de outubro de 1924, Francisco Bezerra Sampaio no Sítio Tapera, à margem do Riacho do Rosário – Quitaiúis - distrito de Lavras da Mangabeira, filho de Domingos Firmo de Sampaio, agricultor e Ana Bezerra de Sampaio, dona de casa. O terceiro filho de uma pequena prole para aquela época. Seis filhos. A Tapera estava em festa, era véspera da primeira noite do novenário de Nossa Senhora do Rosário. Chiquinho nasceu, portanto, num dia animado, por isso tornou-se um jovem alegre, prosador, cheio de repentes, mais tarde tornou-se um poeta popular. Chegou ao mundo, sem pompas nem regalias, apenas recebido com muita alegria e carinho pelos pais e familiares por ser um varão. Cedo iniciou sua vida no campo como ajudante de agricultor, abraçou a agricultura, e cresceu no rabo da enxada, e ao lado do pai consolidou o ofício; além de agricultor foi vaqueiro e tropeiro, transportando mercadoria para cidades vizinhas. Abraçava o trabalho de corpo e alma, como filho de pequeno agricultor freqüentava a escola apenas nas horas de folga. A base de suas formação se deu na casa de seus familiares, com professor de família, o seu primeiro mestre foi Manoel Ferreira Lima, popularmente conhecido como mestre Manoel Pelado que ministrava aulas no alpendre. Assim aperfeiçoou seus conhecimentos, graduou-se em caligrafia manuscrita e aprendeu as quatro operações. Anos depois, de ter lido sozinho, a cartilha nas folgas das grandes estiagens, retoma os estudos com essa mesma cartilha, Ensino Rápido, noutra escola que funcionava na casa de Alexandre Ferreira Lima – Xandim. O professor observando seu desempenho passou para ele estudar no primeiro livro. Seis anos depois voltou para a terceira e última escola, e num espaço de dois meses adquiriu o hábito de leitura. Antes só o fazia por exigência dos mestres e de seus pais. Sendo Chiquinho sobrinho de Joana Bezerra de Sampaio, que residia com seu primo padre Vicente Augusto Bezerra em Aurora, teve também uma grande influência para a leitura através dos mesmos. Foi convidado pelo padre Vicente para estudar no Seminário Menor da referida cidade. Egresso desse Seminário que permaneceu apenas alguns meses, por não se adaptar ao sistema de clausura, pois seu caráter era de um andarilho. Nos meses que integrou no Seminário foi o suficiente para despertar mais ainda o interesse pela leitura. Chiquinho era extremamente tímido, segundo ele para assinar a lista de votação, quando ao votar pela primeira vez, teve que tomar uma dose de cachaça, assim mesmo, tremia como uma vara verde. Na sua caminhada de boêmio, costumava reunir-se com os primos de Fortaleza e faziam serestas tomando pingas, dessa forma tornou-se um viciado. Sua leitura preferida era literatura de cordel. Atraído pelas idéias, adquiria alguns emprestados. Posteriormente passou a comprá-los, recitava-os para os familiares e amigos no alpendre das casas em noite de lua cheia com muito entusiasmo. Com o incentivo de seu parente João Gonçalves, estimulou-se pela leitura em prosa, nesse gênero o romance era sua preferência. Os primeiros autores que leu foram: Machado de Assis, José de Alencar, Rachel de Queiros, Eça de Queiroz, José Américo, José Lins do Rego, Gilda de Abreu, Júlio Ribeiro. Os humoristas que mais apreciava, Quintino Cunha, Emílio de Meneses. Os folcloristas, Leonardo Mota, Câmara Cascudo entre outros. Impressionava-se e fascinava-se com a desenvoltura dos autores. Graças a seu hábito de leitura é que, tornou-se o maior leitor da região. Montou sua própria biblioteca com livros doados e adquiridos por ele mesmo. O seu bom acervo hoje e transformou-se numa biblioteca comunitária. Ainda jovem, por iniciativa própria, quinzenalmente ele visitava a casa de padre Vicente, onde de lá voltava com livros e outras informações que auxiliavam nos seus conhecimentos. Chiquinho era muito reservado e mesmo parcimonioso em suas conversas e ações, se mostrava cômico. Com freqüência ele ia as cidades de Juazeiro e Crato, visitava universidades, museus, bibliotecas, feiras de livros, exposições de artes; procurou o convívio com poetas e escritores da região. Firmou amizade com os intelectuais como, Raimundo Oliveira Borges, Rosenberg Cariri e Patativa do Assaré. Estava sempre atento às publicações de romances de diversos autores. Na década de 1980 Chiquinho começou suas viagens para Fortaleza, visitava seus primos, amigos, e escritores como, B C Neto, e outros. Procurou conhecer a Academia Cearense de Letras, Centro Cultural Dragão do Mar e outros centros culturais. Foi um grande admirador das artes em geral, um apaixonado pela música. Seus astros preferidos foram: Augusto Calheiros, Vicente Celestino, Silva, Núbia Lafaiete, Claúdia Barroso. O seu ídolo da música popular, Luis Gonzaga o rei do baião. Na literatura de cordel ele via e sentia os poetas com a alma inebriada. Foi assim que se tornou um poeta cordelista. Como grande apreciador da música comprou um violão aprendeu a tocar de ouvido, pois não existia aula de música naquele rincão longínquo. Boêmio e seresteiro, cantava nas noites de verão nos alpendres de sua casa e de familiares animando festas e debulha de feijão. Casou-se com a prima Neomísia Bezerra Sobreira Sampaio. Dessa união nasceram quatro filhos. Além da literatura de cordel, Chiquinho também exerceu o ofício de professor em sua própria casa, ministrando aulas das quatro operações básicas da matemática e aulas de português. Na década de 1980, em Quitaiiús foi integrante da Comunidade Eclesial de Base, e como membro ativo foi escolhido para exercer o cargo de coordenador setorial. Encanta-se o poeta numa data histórica - 07 de setembro de 2007. “Estamos na estrada da vida como aventureiros trilhando nosso caminho até o dia que Deus nos chama”. R.F Um nome fica na história, Quitaiús fica mais pobre com a partida do nosso poeta popular conhecido por seus cordéis comemorativos para datas alusivas, bem como das tragédias ocorridas na região. Segundo Câmara Cascudo, os poetas não morrem, encantam-se. Chiquinho está imortalizado em centenas de poemas e outros escritos que ficaram soltos ao vento. Partiu o poeta que se encantava com a lua, com as plantações do roçado, com a poesia, com os livros, e em geral com todas as artes. Vivia feliz entre os livros e o roçado, no entanto não realizou seus grandes sonhos, que seria editar todo seu trabalho em livros. Houve muitas promessas por parte de autoridades, bem como de amigos, que não foram cumpridas. Não realizou o desejo de conhecer a terra de Câmara Cascudo, não teve a oportunidade de ler o livro “O Rosário de Quitaiús” de Rosa Firmo, que tanto desejou e auxiliou sobremaneira na pesquisa; pois ainda encontra-se no prelo. Sabemos que o reconhecimento vem daqueles que valorizam e respeitam o trabalho dos poetas populares, como foi o caso do escritor e crítico literário Dimas Macedo, que recentemente, reservou uma cadeira para ele na Academia Lavrense de Letras, bem próximo a sua partida. Acreditamos que ele está ocupando uma academia num plano superior. (setembro de 2007) Obras:Ba¾ Baertão – esboço de livro - idem ¾ Vida de Sertanejo - esboço de livro - ibidem Cordéis: ¾ Marina ¾ Bernardo Cintura e Chico Tira ¾ Caprichos do Destino ¾ Minha Vingança ¾ Destino Trágico ¾ Mulheres Que Se Destacam ¾ O defensor do Jumento ¾ A Tragédia do Motoqueiro ¾ Pe Manoel Bezerra Machado 25 anos de sacerdócio ¾ O Riacho do Rosário e Sua Gente ¾ O Triste Fim de Lourival.

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