Ernandes Pereira (Acadêmico)
Ernandes Pereira é o nome de um excelente cordelista, poeta popular e cantador de viola cearense. A sua erudição de poeta sertanejo e o seu amor à cultura popular do Nordeste são os atributos maiores que fazem de Ernandes um homem imprescindível.
Não pertence ao extrato da elite, nem à classe média, nem à burguesia lavrense de outrora, mas é certo que nasceu na Fazenda Cachoeira, muito próxima da cidade de Lavras, a 14 de outubro de 1944, sendo filho da professora Maria Ribeiro da Silva e do feirante Deoclécio Pereira da Silva, conhecido popularmente por Seu Deoclécio.
O seu genitor, que tanto encantou a minha infância com a textura e o cheiro das suas frutas saborosas, era um dos bons amigos do meu pai e a sua retidão transcendia e era propalada como se fosse um bem muito precioso.
Ernandes, desde cedo, revelou sua inquietação de andarilho e de poeta, atravessou o sertão do Ceará, mas quando o veneno do amor se infiltrou na sua alma, rendeu-se aos encantos de Francisca Pereira Sales e se estabeleceu em Camocim, onde se fez radialista e cantador, jornalista e poeta de bancada e quiçá o cordelista maior da zona norte do Estado.
Nunca teve paciência para seguir a escolaridade de curso regular, mas é certo que muito cedo ainda diplomou-se na universidade da poesia, na escola do gorjeio dos pássaros e no conservatório de música do cordel, com incursões, também, pela métrica do repente.
Do seu não-casamento com uma noiva que o abandonou, ou que ele teria abandonado em troca da poesia, nasceu sua primeira filha: Irla Nunes Pereira. E da sua união com Francisca Pereira Sales, em 1977, nasceu o outro mimo do seu coração: Petrília Paulinni Pereira Sales.
Mas o que conta mesmo na trajetória de Ernandes Pereira, é a sua condição de poeta popular, autor que é de uma obra literária quilométrica, composta de folhetos de cordel e de CDs e de composições musicais e de poemas que atraem de plano a atenção.
Nunca se desvinculou das suas raízes lavrenses, nunca renegou a sua infância de menino pobre, vivida nas margens do Salgado, e nunca fez do seu bacamarte literário uma linha de fuga para fora do seu universo pessoal.
A sua fidelidade à poesia de gosto popular e o seu amor às águas do Salgado e à brisa sem par do Boqueirão constituem um dado auspicioso da sua integridade humana e da sua alma sombria e enlevada, de quem vive e nasceu para sonhar.
Consta, na sua rica biografia, que iniciou seus estudos com a sua mãe, professora da rede pública municipal. E que, ainda menino, a família passou a residir definitivamente na cidade de Lavras, onde Ernandes prosseguiu a sua faina, dedicando-se à prestação de pequenos serviços, inclusive na área da agricultura.
Mas sabe-se, por igual, que sentindo vocação para a comunicação radiofônica e bem cedo percebendo-se poeta, iniciou-se como repentista, considerando que essa condição lhe permitiria, com mais facilidade, o ingresso na carreira de radialista.
Após realizar alguns cursos práticos no campo da radiofonia, passou a trabalhar como redator de notícias e, posteriormente, como locutor, a partir de 1968, profissionalizando-se na primeira metade da década de1970.
Sempre nutriu grande amor pelo repente e, como repentista, participou de dezenas de festivais do gênero, em quase todos os estados do Nordeste, recebendo, pelas suas vitórias, mais de 60 troféus, sendo 41 deles atribuídos a classificações em primeiro lugar.
Amante incondicional da insônia, como todo poeta que se preza, sempre aproveitou a ausência de ecos e dos zumbidos noturnos para ler e escrever poemas, sonetos e as mais diversas modalidades da poesia popular, o que lhe rendeu parceria com Dideus Sales, em cinco livros publicados por esse grande poeta cearense.
São suas as composições e todas as obras autorais constantes do LP Universo dos Versos e do CD Roteiros da Vida, nos quais Zé Eufrázio é companheiro de gravação e arquiteto de som.
Autor de mais de trezentos poemas populares, alguns venerados pela crítica e outros consagrados pelo público, porque transformados em folhetos de cordel, Ernandes divulgou também, para os seus leitores e ouvintes, dezenas de canções amorosas, boa parte delas já gravadas por diversos músicos e intérpretes.
No rádio, sempre trabalhou no jornalismo, gerenciando, há três anos, a Rádio Sant’Ana de Tianguá, pertencente à Diocese daquela região, onde desfruta de popularidade e reconhecimento, honrando, desta forma, e mercê do seu talento de poeta, o município que o viu nascer. (Dimas Macedo)
Antônio Fiúza de Pontes (Patrono)
Em Lavras da Mangabeira nasceu Antônio Fiúza de Pontes, aos 14 de junho de 1876. Filho do Coronel Antônio de Pontes Fiúza Lima e D. Umbelina de Carvalho Pontes.
Na cidade de Aracati fez os estudos primários com o Padre João Francisco Pinheiro, sendo que em 1892 transferiu-se para Fortaleza, aqui ingressando no Instituto de Humanidades, dirigido pelo Monsenhor Vicente Salazar da Cunha, concluindo o referido curso no Liceu do Ceará, onde iniciou os preparatórios, terminado-os em Recife, no Curso Anexo, em 1898, quando ingressou na Faculdade de Direito, para sair bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, aos 7 de dezembro de 1902.
Depois de formado, foi nomeado Promotor de Justiça de Monte Alegre, no Pará e, em 1903, promovido a Juiz Municipal Substituto da Comarca de São Miguel do Guará, no mesmo Estado.
Criada a Faculdade Livre de Direito do Ceará, em 1903, para a mesma foi nomeado Secretário, por ato de 14 de março de 1904, passando, a 14 de agosto de 1906, a ocupar o cargo de lente substituto de Direito Penal, sobressaindo-se como professor emérito e competente. Em 2 de abril de 1907, ainda integrando o corpo docente da Faculdade, recebeu do diretor da Instituição o grau de Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais e no mesmo ano escreveu Memória Histórica da Faculdade Livre de Direito do Ceará e dirigiu o curso complementar de praxe forense.
Envolvendo-se com as idéias políticas da época, foi feito Deputado à Assembléia Legislativa do Ceará, nas legislaturas de 1905 a 1908 e de 1909 a 1912.
Contudo, foi na literatura que Antônio Fiúza de Pontes veio a se consagrar. Participou ativamente dos movimentos literários de vanguarda de sua época. Pertenceu ao Centro Literário, fundado em Fortaleza aos 27 de setembro de 1894, em cujas sessões leu os versos do seu livro Myosotis, que não chegou a publicar. Contado entre os criadores do grupo literário Plêiade, fundado na capital cearense aos 15 de setembro de 1908, do qual foi presidente.
Poeta de elevada inspiração, “foi um perfeito temperamento de artista e um dos nossos melhores líricos”, na opinião abalizada de Mário Linhares. Publicou poesias esparsas na imprensa daqui e de outros Estados, especialmente no jornal A Repúbliuca e na revista Iracema, esta última, órgão do Centro Literário. Seu nome continua presença obrigatória em quase todos, senão em todos os compêndios que até agora tem focalizado a nossa evolução literária.
Além de Myosotis, deixou mais dois livros inéditos: Flores e Dos Tempos Idos, tendo falecido na capital alencarina aos 19 de fevereiro de 1909. Entre as homenagens que lhe foram prestadas, é hoje nome de rua em Fortaleza.(DIMAS MACEDO).
Ernandes Pereira é o nome de um excelente cordelista, poeta popular e cantador de viola cearense. A sua erudição de poeta sertanejo e o seu amor à cultura popular do Nordeste são os atributos maiores que fazem de Ernandes um homem imprescindível.
Não pertence ao extrato da elite, nem à classe média, nem à burguesia lavrense de outrora, mas é certo que nasceu na Fazenda Cachoeira, muito próxima da cidade de Lavras, a 14 de outubro de 1944, sendo filho da professora Maria Ribeiro da Silva e do feirante Deoclécio Pereira da Silva, conhecido popularmente por Seu Deoclécio.
O seu genitor, que tanto encantou a minha infância com a textura e o cheiro das suas frutas saborosas, era um dos bons amigos do meu pai e a sua retidão transcendia e era propalada como se fosse um bem muito precioso.
Ernandes, desde cedo, revelou sua inquietação de andarilho e de poeta, atravessou o sertão do Ceará, mas quando o veneno do amor se infiltrou na sua alma, rendeu-se aos encantos de Francisca Pereira Sales e se estabeleceu em Camocim, onde se fez radialista e cantador, jornalista e poeta de bancada e quiçá o cordelista maior da zona norte do Estado.
Nunca teve paciência para seguir a escolaridade de curso regular, mas é certo que muito cedo ainda diplomou-se na universidade da poesia, na escola do gorjeio dos pássaros e no conservatório de música do cordel, com incursões, também, pela métrica do repente.
Do seu não-casamento com uma noiva que o abandonou, ou que ele teria abandonado em troca da poesia, nasceu sua primeira filha: Irla Nunes Pereira. E da sua união com Francisca Pereira Sales, em 1977, nasceu o outro mimo do seu coração: Petrília Paulinni Pereira Sales.
Mas o que conta mesmo na trajetória de Ernandes Pereira, é a sua condição de poeta popular, autor que é de uma obra literária quilométrica, composta de folhetos de cordel e de CDs e de composições musicais e de poemas que atraem de plano a atenção.
Nunca se desvinculou das suas raízes lavrenses, nunca renegou a sua infância de menino pobre, vivida nas margens do Salgado, e nunca fez do seu bacamarte literário uma linha de fuga para fora do seu universo pessoal.
A sua fidelidade à poesia de gosto popular e o seu amor às águas do Salgado e à brisa sem par do Boqueirão constituem um dado auspicioso da sua integridade humana e da sua alma sombria e enlevada, de quem vive e nasceu para sonhar.
Consta, na sua rica biografia, que iniciou seus estudos com a sua mãe, professora da rede pública municipal. E que, ainda menino, a família passou a residir definitivamente na cidade de Lavras, onde Ernandes prosseguiu a sua faina, dedicando-se à prestação de pequenos serviços, inclusive na área da agricultura.
Mas sabe-se, por igual, que sentindo vocação para a comunicação radiofônica e bem cedo percebendo-se poeta, iniciou-se como repentista, considerando que essa condição lhe permitiria, com mais facilidade, o ingresso na carreira de radialista.
Após realizar alguns cursos práticos no campo da radiofonia, passou a trabalhar como redator de notícias e, posteriormente, como locutor, a partir de 1968, profissionalizando-se na primeira metade da década de1970.
Sempre nutriu grande amor pelo repente e, como repentista, participou de dezenas de festivais do gênero, em quase todos os estados do Nordeste, recebendo, pelas suas vitórias, mais de 60 troféus, sendo 41 deles atribuídos a classificações em primeiro lugar.
Amante incondicional da insônia, como todo poeta que se preza, sempre aproveitou a ausência de ecos e dos zumbidos noturnos para ler e escrever poemas, sonetos e as mais diversas modalidades da poesia popular, o que lhe rendeu parceria com Dideus Sales, em cinco livros publicados por esse grande poeta cearense.
São suas as composições e todas as obras autorais constantes do LP Universo dos Versos e do CD Roteiros da Vida, nos quais Zé Eufrázio é companheiro de gravação e arquiteto de som.
Autor de mais de trezentos poemas populares, alguns venerados pela crítica e outros consagrados pelo público, porque transformados em folhetos de cordel, Ernandes divulgou também, para os seus leitores e ouvintes, dezenas de canções amorosas, boa parte delas já gravadas por diversos músicos e intérpretes.
No rádio, sempre trabalhou no jornalismo, gerenciando, há três anos, a Rádio Sant’Ana de Tianguá, pertencente à Diocese daquela região, onde desfruta de popularidade e reconhecimento, honrando, desta forma, e mercê do seu talento de poeta, o município que o viu nascer. (Dimas Macedo)
Antônio Fiúza de Pontes (Patrono)
Em Lavras da Mangabeira nasceu Antônio Fiúza de Pontes, aos 14 de junho de 1876. Filho do Coronel Antônio de Pontes Fiúza Lima e D. Umbelina de Carvalho Pontes.
Na cidade de Aracati fez os estudos primários com o Padre João Francisco Pinheiro, sendo que em 1892 transferiu-se para Fortaleza, aqui ingressando no Instituto de Humanidades, dirigido pelo Monsenhor Vicente Salazar da Cunha, concluindo o referido curso no Liceu do Ceará, onde iniciou os preparatórios, terminado-os em Recife, no Curso Anexo, em 1898, quando ingressou na Faculdade de Direito, para sair bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, aos 7 de dezembro de 1902.
Depois de formado, foi nomeado Promotor de Justiça de Monte Alegre, no Pará e, em 1903, promovido a Juiz Municipal Substituto da Comarca de São Miguel do Guará, no mesmo Estado.
Criada a Faculdade Livre de Direito do Ceará, em 1903, para a mesma foi nomeado Secretário, por ato de 14 de março de 1904, passando, a 14 de agosto de 1906, a ocupar o cargo de lente substituto de Direito Penal, sobressaindo-se como professor emérito e competente. Em 2 de abril de 1907, ainda integrando o corpo docente da Faculdade, recebeu do diretor da Instituição o grau de Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais e no mesmo ano escreveu Memória Histórica da Faculdade Livre de Direito do Ceará e dirigiu o curso complementar de praxe forense.
Envolvendo-se com as idéias políticas da época, foi feito Deputado à Assembléia Legislativa do Ceará, nas legislaturas de 1905 a 1908 e de 1909 a 1912.
Contudo, foi na literatura que Antônio Fiúza de Pontes veio a se consagrar. Participou ativamente dos movimentos literários de vanguarda de sua época. Pertenceu ao Centro Literário, fundado em Fortaleza aos 27 de setembro de 1894, em cujas sessões leu os versos do seu livro Myosotis, que não chegou a publicar. Contado entre os criadores do grupo literário Plêiade, fundado na capital cearense aos 15 de setembro de 1908, do qual foi presidente.
Poeta de elevada inspiração, “foi um perfeito temperamento de artista e um dos nossos melhores líricos”, na opinião abalizada de Mário Linhares. Publicou poesias esparsas na imprensa daqui e de outros Estados, especialmente no jornal A Repúbliuca e na revista Iracema, esta última, órgão do Centro Literário. Seu nome continua presença obrigatória em quase todos, senão em todos os compêndios que até agora tem focalizado a nossa evolução literária.
Além de Myosotis, deixou mais dois livros inéditos: Flores e Dos Tempos Idos, tendo falecido na capital alencarina aos 19 de fevereiro de 1909. Entre as homenagens que lhe foram prestadas, é hoje nome de rua em Fortaleza.(DIMAS MACEDO).
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