CADEIRA Nº 2

Egídio Barreto de Oliveira (Academico)

Egídio Barreto de Oliveira nasceu em Quitaius, distrito de Lavras da Mangabeira, aos 18 de agosto de 1958. Filho de Vicente Ribeiro de Oliveira e Otília Barreto de Oliveira.


Iniciou os seus estudos com a professora Julí Banhos, na Escola Pública daquela localidade, transferindo-se em 1970 para a cidade de Lavras, onde prestou exame de admissão e ingressou no Colégio São Vicente Ferrer, dirigido pelas Irmãs Beneditinas, donde saiu para Fortaleza, em 1976.

Do período em que estudou no Colégio São Vicente, guarda a saudosa e grata lembrança da professora Irmã Clara, religiosa alemã e mestra que lecionava a um só tempo física e matemática, religião e teatro. E guarda especialmente o relato de suas histórias, porque ela foi vítima dos rigores do nazismo e teve que esconder pessoas nos seus aposentos e no seu guarda roupa para salvá-las da perseguição do holocausto.

Em Fortaleza, passou a residir na Casa do Estudante, aqui cursando o segundo e o terceiro anos do segundo grau no Colégio São João da rede Farias Brito de ensino. Na naquele período, Egídio já demonstrava a inquietação e o profundo sentimento de ética e de justiça que modelam a sua estatura de cidadão e de profissional do Direito.

Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal do Ceará, em 1985. E já no ano seguinte, mediante concurso, fez-se professor da Universidade de Fortaleza - UNIFOR, onde lecionou as disciplinas Teoria Geral do Estado e Introdução à Ciência Política, entre 1986 e 1992.

Ainda como estudante de Direito, foi professor de diversos estabelecimentos de ensino, contando-se entre eles os colégios Redentorista, Santa Cruz, Oliveira Paiva e Batista Santos Dummont, o Ginásio Anchieta, o Geo Stúdio e a Escola São Rafael, onde lecionou as disciplinas OSPB e Introdução à Sociologia.

Ensaísta e intelectual de renome, Egídio Oliveira é autor de: OSPB - Por Uma Geração Consciente (1985), Democracia e Espaço Político (1987), Arquitetura do Poder (1988), Heranças de Abril – Uma Análise do Estado Brasileiro a Partir do Golpe de 64 (1991) e O Que é Plebiscito (1992).

Nessa última data, opera-se uma sensível mudança em sua vida. Conflituado com a cena cultural e educacional de Fortaleza, vê-se impedido de exercer o magistério na Unifor e em vários cursos de preparação para ingresso na Universidade.

Passa, então, a residir na Praia de Canoa Quebrada, município de Aracati, dali disseminando a sua influência cultural e o seu carisma para a região do Baixo Jaguaribe, atuando sempre no chamado campo da esquerda e colocando num primeiro plano as suas convicções políticas e a sua firme decisão de servir à causa social.

Em Aracati, criou uma escola popular de educação para os pescadores, a Escola Profa. Esmeralda, e fundou o jornal De Ponta a Ponta Notíciais, publicação mensal para a região de Aracati, Icapuí, Fortim e Itaiçaba, periódico que sobreviveu por dezoito meses ininterruptos.

Em 1996, escreveu para o jornal Janduí, da cidade de São João de Jaguaribe, tendo em 2000 ingressado na Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP), organizando em Aracati um movimento de advogados que culminou com a transformação da Associação de Advogados daquele município em Subseção da OAB-Ceará, entidade da qual foi presidente por quatro mandatos.

Entre 2004 e 2006, foi professor de Legislação Trabalhista e Previdenciária, na Faculdade do Vale do Jaguaribe, sediada em Aracati. E entre 2007 e 2008, tornou-se articulista da revista Gente de Ação, editada pelo poeta e jornalista Dideus Sales.

A partir da chegada do PT à Presidência da República, em 2002, passou a dirigir o IBAMA, com atuação simultânea no Ceará e Rio Grande do Norte, mas parece que a perda de sentido da política e a submissão do seu partido à globalização neoliberal o deixaram à margem do processo político, porém nunca à margem da vontade de servir e de afirmar a sua retidão. (DIMAS MACEDO).





Josaphat de Lima Linhares (Patrono).

Nasceu em Lavras da Mangabeira, aos 24 de dezembro de 1896. Filho de farmacêutico Firmino Gonçalves Linhares e de Ana Ubaldina de Lima Linhares. Na terra natal estudou as primeiras letras, transferindo-se, em 1907, com seu irmão Joel Linhares, para a cidade de Baturité, onde terminou os primeiros estudos iniciados em Lavras, estudando no Colégio São Francisco de Canindé sob a orientação dos Frades Capuchinhos, até 1914, quando regressou a Lavras da Mangabeira e, por algum tempo, ajudou a desenvolver a Farmácia e Drogaria Linhares, fundada por seu pai. Em 1917 transferiu-se definitivamente para Fortaleza. Aqui chegando, fez-se funcionário da Drogaria Central, com salário de 50 mil réis e daí passou para o corpo de empregados das Casas Pernambucanas, com salário de 150 mil réis. Em 1918 ingressou como estudante na Fênix Caixeiral onde, com outros colegas, fundou o Grêmio Paula Ney, do qual foi presidente, chegando a ocupar posteriormente a direção de citada instituição de ensino. Em 1923 matriculou-se na Faculdade de Direito do Ceará, para sair bacharel em Ciência Jurídicas e Sociais, em 1928. O ambiente acadêmico é propício aos debates e à efervescência de idéias e aí o moço inquieto começa a agitar o pensamento universitário da época: faz-se conferência, promove debates, funda grêmios, jornais e revistas, atua na imprensa e começa a despertar a curiosidade dos colegas. Desta época vale destacar a conferência intitulada “A Unidade da América Portuguesa e a Fragmentação da América Espanhola”, por ele proferida no Centro Acadêmico da Faculdade de Direito em 12 de julho de 1928 e publicada na Revista Clóvis Beviláqua, bem como a conferência “Filosofia e Técnica do Problema Social”, igualmente de sua autoria, proferida no Teatro José de Alencar, aos 05 de fevereiro de 1935. Funcionário do Correios e Telégrafos, onde desempenhou altas funções, exerceu igualmente cargo importante no governo Stênio Gomes, quando ocupou uma pasta do seu secretariado. Homem de profundo saber humano, Consultor Jurídico do Conselho Estadual de Economia e Assessor Técnico da Secretaria da Fazenda Estadual. Adepto fervoroso das idéias francesas, discípulo fiel de Pascal, Hernest Renam e Victor Hugo, foi Josaphat Linhares a primeira voz a se levantar no Brasil contra o Integralismo, através de conferência pronunciada em 1933 na Academia Cearense de Letras. Propulsor dos movimentos literários de vanguarda de sua época, membro da Academia Cearense de Letras, ali ocupou a cadeira nº 30 que tem como patrono Rocha Lima e como primeiro ocupante Cruz Filho. Ensaísta e profundo conhecedor dos problemas ligados à política monetária e de assuntos pertinentes ao mecanismo bancário e financeiro, de que no Ceará foi uma das maiores expressões, em 25 de maio de 1935, juntamente com outros colegas, fundou a Secção Cearense de Aliança Nacional Libertadora, engajando-se ainda mais nas discussões políticas e nas acirradas polêmicas que travou com intelectuais e idealistas do meio cearense. Por concurso, foi feito Professor Catedrático de Moeda e Crédito da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade Federal do Ceará, e Livre Docente de Ciências das Finanças da Faculdade de Direito do Ceará, tendo exercido, da mesma forma, o magistério superior na Escola de Agronomia da citada Universidade, logo no início de sua carreira de professor, regenciando ali a cadeira de Economia Rural, por designação do Dr. Renato Braga, bem como o de professor do Curso Anexo da citada instituição, por ato de 07 de junho de 1935, como titular da cadeira de Língua Portuguesa. Advogado de renome e escritor emérito, considerado uma das maiores culturas cearenses no campo das finanças e da economia, tendo também incursionado pelo campo da sociologia e da filosofia com merecido sucesso. Orador, polêmico, articulista combativo, publicou Josaphat Linhares os seguintes livros: O Integralismo à Luz da Doutrina Social Católica – 1933; A Moeda e as Finanças Públicas – 1936; O Mil Réis e a Política Financeira do Brasil – 1937; Prêmios de Dinheiro e Taxas do Capital – 1937; A Moeda Bancária e a Função dos Bancos na Vida Econômica – 1946; A Organização Bancária Nacional – 1947; O Processo Inflacionário Brasileiro – 1953; O Desenvolvimento Econômico do Nordeste – 1957; À Margem do Plano Trienal – 1963; Podem os Bancos Criar Depósitos? – 1966; O Humanismo e as Duas Culturas – 1973; A Reforma Tributária e sua Implicação nas Finanças dos Estados e Municípios – 1973. Além de artigos esparsos em jornais e revistas. Inédito deixou um trabalho inacabado, intitulado Evolução do Conhecimento, sem dúvida um dos melhores já levantados pelo autor. Vítima de parada cardíaca, faleceu aos 30 de outubro de 1979, em Fortaleza, aos 83 anos de idade, tendo sido sepultado no Cemitério São João Batista desta cidade. Sua reputação de escritor vem sendo defendida com justo merecimento pela historiografia e pela crítica cearense. Sem nenhuma dúvida, foi uma expressão completa de literato. Suas idéias expostas em torno da ciência das finanças foram abraçadas pela maioria dos grandes juristas e financistas brasileiros. Em suma, constitui-se a personalidade literária de Josaphat Linhares como uma das que mais floresceram no Ceará.Por fim, registre-se que Josaphat Linhares foi ainda fundador e membro do Diretório Regional da Aliança Nacional Libertadora, cuja ata de instalação da secção cearense de referida agremiação assinou, em Fortaleza, aos 25 de maio de 1935.
Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p. 99