Aconteceu, em 21 de maio de 2011, a posse da
escritora Cristina Couto e do teatrólogo Aury de Araújo Correia, conhecido pelo
nome artístico de Aury Porto, na Academia Lavrense de Letras, ocupando as
Cadeiras 36 e 37, respectivamente. Os pronunciamentos dos novéis acadêmicos,
belos e muito contundentes, emocionaram todos os presentes.
Aury Porto trouxe para o evento um dos maiores escritores de todos os
tempos, o português Fernando Pessoa. E o faz bonito. “Felicidade. Não se acostume com o que não o
faz feliz, revolte-se quando julgar necessário... Se achar que precisa voltar, volte!” E eu voltei. Não sou poeta que “... finge tão
completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”.
E depois o teatrólogo anunciou ao público: “Depois de conversa com uma
pessoa que conheci ontem, Linda, reporto-me à obra O idiota, um dos mais notáveis romances do gênio russo, Dostoyevsky”. Sua obra explora a psicologia humana num conturbado
contexto político, social e espiritual da sociedade russa. Para os críticos, um dos maiores psicólogos da literatura mundial. E assim, chega um dos mais proeminentes escritores no século XIX,
precursor do movimento filosófico existencialismo,
para quem a guerra é a revolta do povo contra a idéia de que a razão
orienta tudo. Fyodor Mikhaylovich Dostoyevsky em Lavras da Mangabeira, sob a proteção de São Vicente
Ferer, em noite de brisa amena, raridade sertaneja, distante do inverno russo que
cobre de neve encantos, encontros e desencontros.
Por um segundo, Aury Porto e eu
nos olhamos, em cumplicidade ideológica. Emocionada por tê-lo convencido a
trazer tão ilustre convidado para nossa festa, em estado de êxtase
pela percepção social da obra, não contive a emoção: após apresentação, corri para abraçá-lo, levando
comigo afetuoso agradecimento, isto na terra onde nasceu meu pai, o médico e
escritor Manoel Gonçalves de Lemos.
Compareceu também à festa o
poeta Zito Lobo, com o seu livro Trovas e Poemas, declarando amor eterno
à sua amada Eliete. O mensageiro desse amor, foi o seu filho, Dimas Macedo,
celebridade literária contemporânea, neto do poeta de versos sociais Antônio
Lobo de Macedo (Lobo Manso). Na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que acolheu
o evento, o Príncipe dos Poetas Populares Lavrenses, José Teles da Silva lembrou que estamos no século XXI. Vicente
Paulo Lemos arrancou aplausos quando proclamou: “Em Lavras da
Mangabeira/Lavram-se ricos cristais/Quem não é Padre é Doutor/Ou tem outros
cabedais/Também o agricultor/Quando lavra é muito mais.”
Cristina Couto e Aury Porto
receberam mensagens de boas vindas, enviadas pelo Presidente João Gonçalves de Lemos, através da Vice, Fátima Lemos, e pelas confreiras Rosa Firmo Bezerra e Lucia Macedo Maciel.
A novel acadêmica discursou,
comungando sentimentos com quem parte para um exílio na Sibéria, em noite de natal, experiência que rendeu a
Dostoievski a regeneração das suas convicções. Reveladora da angustia mental e dilema vividos no
mundo atual, Cristina Couto fez questionamentos éticos sobre a liberdade, o livre
arbítrio e o determinismo. Retratação filosófica do que
acredita a sua consciência.
Sobre o amor de Cristo falou Dimas
Macedo, fruto de sua capacidade criadora. O acadêmico Jeová Batista Moura, o
radialista Paulo Sérgio Carvalho e tantos outros também ficaram expostos à
emoções complexas, beirando os limites da razão e da lógica.
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