Data de Fundação: 01 de junho de 2008 / Presidente: Dimas Madedo/ e-mail:academialavrensedeletras@gmail.com
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
ESPERANÇA SIGNIFICATIVA - Emerson Monteiro
No entanto, vamos nós pelos caminhos do mundo na busca firme dos novos períodos legislativos, novas possibilidades de lucro, outros jornais de manchetes parecidas na relação dos séculos, ruas esburacadas, carros reluzentes, descidas e subidas dos ídolos de barro, flores vivas nos jardins das praças, progressos e civilizações armadas.
Nada melhor, por isso, do que palavras férteis, ricas das fortes doses de imaginação positiva. Florescimento de amores. Luzes de revelações agradáveis. Descobertas de medicamentos poderosos para vencer males do corpo e do espírito. Gostos refinados em músicas inspiradas, ritmos animando as ruas dos movimentos revolucionários. Justiça aprimorando costumes a toda velocidade. Governantes honestos das janelas dos palácios comandando as coletividades em fases incríveis de intensa felicidade; boas administrações públicas afinal. Trabalho envolvente das massas na construção de cidades bonitas, sonhos de morar e passear. Jovens estudiosos a substituir, com sabedoria, os avós e os pais, na festa coletiva da renovação, plena de tranquilidade e paz. Tudo prenúncio, portanto, deste ano que começa cheio de transformação verdadeira na mentalidade humana rumo aos valores brilhantes que adquirimos nas horas anteriores, com sobra de mantimentos. Só a esperança da virtude que supera os erros abandonados. Só o amor em todos, nos dias e meses desta data que logo envolverá de bênçãos o futuro e a história, assim desejo a todos, comigo aqui também.
domingo, 25 de dezembro de 2011
O SANGUE DOS POBRES - Emerson Monteiro
Os noviços responsáveis pelas rotinas do estabelecimento, no entanto, nutriam pouca disposição de, além dos afazeres regulares, ainda pegarem as sobras para constituir a sopa dos necessitados, e dificultavam o trabalho que resultaria no sustento da longa fila andrajosa dos mendigos.
Com isso, aos seus modos humildes, São Benedito, repetia com insistência que eles, os auxiliares, indiferentes, derramavam o sangue dos pobres. Inúmeras vezes aconteciam os conselhos sem clara manifestação de produzirem os devidos frutos.
Até que, belo dia, o frade, utilizando a estopa de limpeza do balcão onde preparavam os pratos, nela recolheu os mantimentos que iriam a caminho da lixeira e, em seguida, com força, espremeu o tecido, às vistas de todos em volta, reafirmando o sempre dizia:
- Meus irmãos, vejam, na verdade, que o que fazem é derramar o sangue dos pobres – enquanto, na mesma hora, escorria sobre a bancada o mais puro e expressivo sangue humano, razão de espanto dos presentes, passando esta a ser uma das ocorrências analisadas com mérito quando da canonização do virtuoso santo.
sábado, 17 de dezembro de 2011
III NATAL SOLIDÁRIO - Emerson Monteiro
Após esforços desenvolvidos durante todo o ano visando arrecadar recursos destinados a prêmios distribuídos em sorteios sucessivos e demais atrações do grande evento, a data permanecerá na lembrança de todos pelo brilho de que se revestirá, vistos os preparativos desenvolvidos e a organização que caracterizam o grupo filantrópico coordenado pelos empresários Luiziane e Tadeu Alencar, responsáveis por práticas permanentes. Com isto visam, sobretudo, dar testemunho do serviço fraterno aos juazeirenses, unindo a iniciativa privada e o poder público em demonstrações coletivas de solidariedade.
A fórmula de gerar benefícios sociais desenvolvida pelos Anjos Solidários durante todo o ano vem surtindo seus efeitos promissores, ocasionando a aproximação das classes aquinhoadas com os que ainda não usufruem das benesses da justiça comunitária.
À medida que outras lideranças compreendam a importância de práticas semelhantes, haverá mais sensibilidade nas relações entre os extremos sociais, isto alimentando a possibilidade cristã da fraternidade verdadeira.
Deste modo, os Anjos Solidários – Cevema convida todos os cidadãos de Juazeiro do Norte a comparecer ao Estádio Romeirão, na tarde do dia 25 de dezembro do corrente ano, no objetivo de vivenciar a bela festa natalina de 2011, com isto repetindo os bons resultados obtidos nas vezes passadas.
Enquanto almeja aos caririenses votos plenos de Felicidades neste Natal, seguido de um Ano Novo pródigo das melhores realizações, na Luz do Amor e da Bondade ensinadas pelo Divino Mestre Jesus.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
NORMALIDADE EM BAIXA - Emerson Monteiro
No entanto, em sendo assim, nada mudaria vistas as necessidades para tocar com saúde os investimentos humanos e suas consequências no amanhecer dos movimentos. Porém de muito pensar morreu um burro, diz o povo. Fossemos girar a roleta das escolhas e pouco sobraria do que chamamos coisa certa, neste mundo em formação.
Vira e mexe, lá de novo aparecem velhas mazelas dos anos anteriores, quais famosas novidades, a fim de encher o tempo dos bons observadores. Doidos de todo tipo botam barracas na frente dos palácios e vendem seus peixes. Isto quando não resolvem entrar e viver dentro dos edifícios suntuosos uma temporada emocionante. São os ardilosos políticos do plantão. Depois que experimentaram alternativas profissionais, de repente lançam as vistas querendo mandar nas instituições oficiais e conduzir a população laboriosa pelo deserto das sociedades.
Vestem camisas ilustradas, modelos formados nas agremiações e nos grupos de poder; chegam às praças e andam nas ruas de casa em casa pedido atenção e voto. Trazem nos bisacos o melhor dos modelos de governar e produzir as leis. Cabeças bem penteadas, rostos trabalhados nos cartazes, programas especiais de tirar da miséria os eleitores das periferias abandonadas, etc., etc., antigos, jeitosos... A cantilena conhecida desde que os primeiros aqui pisaram, vira moda e entra na ordem do dia até o apurado das urnas.
Mas agora recente, no Brasil, a mídia e as investigações deram de encontrar defeito na vida pregressa dos políticos que já caiu meia dúzia de ministros do Executivo, onde habitaria a fina flor do Planalto, o que leva perguntar parecido com o jargão dos psicólogos: Será que de perto os políticos também não são normais?
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
O ARROZ INTEGRAL - Emerson Monteiro
Na década de 70, em face de sérios problemas na saúde, estudei alimentação oriental, com ênfase na Macrobiótica Zen, dieta japonesa que se espalhara pelo mundo após a Segunda Guerra, trazida do Japão pelos ocidentais.
A Macrobiótica prioriza o arroz integral dentre os alimentos utilizados pelos seres humanos. Dotado de propriedades curativas, semelhante a outros cereais integrais, predomina à mesa dos orientais, sobretudo chineses, japoneses, vietnamitas, impondo formas e usos inclusive na medicina chinesa. Segundo a cultura tradicional desses povos, o arroz integral possui composição suficiente de alimentar o organismo durante meses seguidos, oferecendo base nutricional capaz de curar graves enfermidades, aumentando a imunidade e evitando males degenerativos.
De acordo com as informações dos estudiosos, quem utiliza esse produto diariamente se nutre de maneira mais saudável. Após analises de dados recolhidos entre 25 mil crianças e adultos, nos anos de 1999 a 2004, pesquisadores americanos consignaram que entre os apreciadores desse cereal não havia carência de nutrientes essenciais para o organismo, como ácido fólico, potássio e outras vitaminas do complexo B, segundo o site saúde.abril.com.br.
Além da oferta de bons resultados nutricionais, a utilização do arroz integral mantém o peso corporal enquanto reduzirá gradativamente gorduras abdominais acumuladas, isto sem consequências paralelas.
A diferença de arroz integral em face do arroz branco leva em conta a preservação da membrana externa que envolve seu conteúdo. A película que reveste o grão do arroz integral é rica em hidratos de carbono, óleos, proteínas, vitaminas: A, B1, B2, B6, B12, niacina, ácido nicótico, ácido pantatênico, provitaminas C, E, e minerais em grande quantidade. Quando é retirada a película, a grande maioria destes componentes/nutrientes se perde. (http://pt.petitchef.com).
De tal modo possui o arroz integral riquezas e propriedades que as pessoas devem conhecer mais a seu respeito, visando sobremodo eficiência alimentar e uso aperfeiçoado de conceitos da cultura humana para resultados salutares eficientes.
Há duas, três décadas, só as lojas especializadas ofereciam o produto, quando agora em qualquer supermercado existe para compra.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
SARACURA-TRÊS-POTES - Emerson Monteiro
Várias vezes, aos inícios e finais do dia, ouço o canto melancólico dessa ave ecoar nas encostas da serra onde moro neste Cariri. Também conhecida por saracura-do-brejo e sericóia, quase sempre é mais escutada do que vista, segundo as enciclopédias. Tanto é verdade que só avistei um exemplar numa rara ocasião, às margens do riacho que dá origem ao Rio Grangeiro. Ela vive nas áreas alagadas de mato fechado. O acorde do seu bonito canto forneceu-lhe os nomes pelos quais a denominaram.
Bicho arisco e razoável, a saracura ainda consegue fugir da sanha da nossa civilização que gerou dependência dos quadros da mãe natureza às leis dos países, de comum difíceis de execução.
Pois bem, enquanto o saudosismo não paga dívida e os tempos mudaram, agora ninguém mais se conforma deixar de derrubar as mangueiras para comer a safra, e sobreviver virou artigo de luxo, palavra de ordem nos tempos bicudos das aparências. Conservar por conservar pertence aos milionários desocupados, qual mostra o projeto do Código Florestal em andamento no Congresso brasileiro.
Cambaleiam e agonizam os panoramas ecológicos desde antigamente, quando jamais imaginaram os profetas a velocidade estonteante que dominou acontecimentos da Terra. Fico tanto meio contrariado diante das teses românticas que falam de preservação ambiental em conferências intermináveis de salões forrados com a mesma madeira de lei que defendem e ajudam a eliminar. Creio incoerente festejar derrotas, neurose que dói e sacode os impérios práticos na história continuada.
Gerações e gerações cresceram destruindo famílias e famílias naturais, quando querem salvar o que restou em museus e zoológicos fedorentos, de animais entristecidos, capturados nos ambientes originais ora extintos.
Mais cedo do que imaginava, ouço vagar nos corredores da consciência trechos da bela composição de Roberto Carlos: Seus netos vão te perguntar em poucos anos / Pelas baleias que cruzavam oceanos / Que eles viram em velhos livros / Ou nos filmes dos arquivos / Dos programas vespertinos de televisão.
Ah, mas deixe de lado isso de visão bucólica que, nalgumas horas sujeita relembrar sonhos abandonados na casa do sem jeito, nesse mundo de rascunhos perdidos no ar. Dispense, por gentileza, manias arcaicas que caíram em desuso e servem de alimento sintético às pretensiosas crônicas.
sábado, 3 de dezembro de 2011
VIVÊNCIAS DO CORAÇÃO - Emerson Monteiro
Transitar nos setores do sentimento importa, pois, olhar os horizontes da paz no silêncio dos momentos eternos. Observar com imparcialidade os termos da experiência que todos carregam, resultado das inúmeras situações vividas e aprendidas pelo caminhar do tempo, estradas longas das oportunidades permanentes. Andar sabendo haver aqui do lado outros exemplares da mesma consciência dotados de iguais instrumentos de percepção face ao Universo maravilhoso. Nisso evitar preconceitos e chamas de egoísmo que sujeitam cedo queimar a esperança dos bons relacionamentos. Respeitar contradições que impedem reconhecimento de tudo de agradável que possuem as pessoas, vozes acesas nas companhias agradáveis a bordo, no longo percurso das jornadas individuais.
O gosto especial do alimento emocional demonstra o tempero da alma de quem deles usufruem. Os movimentos das ondas no lombo dos barcos, que explicam a melodia das águas nos hinos das celebrações, histórias, alegrias em forma de versos e perfumes, nutrição da tranquilidade dos que compreendem sonhar e caminhar próximos sem timidez.
Enquanto uns falam dos deuses, outras agem com as manias da flor da pele, impaciências, contrições e abraços rústicos, quais quem pretende dominar os minutos da força poderosa nas eras indomáveis. Querer, na marra, usufruir o prazer da perfeição nas formas físicas que fogem feito fumaças e pó. Acham aqueles motivos de satisfação em avançar os limites de seus direitos e arrancar os mistérios alheios por capricho e violência. Contudo há uma ordem maior em tudo. Tristes dos que imaginarem recriar a natureza por mérito particular quando saem quebrando as determinações do destino, qual possível fosse assim obter e escapar da justiça sagrada abrangente.
Amar pede, no íntimo, harmonia e habilidade extremas; sabedoria e valores sólidos. Exercitar práticas de virtude com a grandeza dos planaltos virgens, dimensões abertas ao sol dos dias da felicidade; isto oferece ao ritmado coração das pessoas, a cada instante, oficina de carinho e sala de aula de gentilezas. Querer bem permite aos demais também o que se deseja a si próprio. Estender mãos e colher as pérolas do presente nas bênçãos aos próximos de nós, espírito de bom humor e satisfação comum, moldes melhor da pura tranquilidade. Sabor doce vem à tona, leve nas asas dos acontecimentos, água viva que nasce das fontes da dedicação num mosteiro de luz e pavilhões, mais sadias aproximações.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
AUMENTO DO DIABETES - Emerson Monteiro
Nas Américas Central e do Sul, existem 25 milhões de pessoas acometidas pelo mal. Em face da urbanização e da mudança na idade da população, os números aumentarão em cerca de 60% até 2030. O Brasil dispõe da maior incidência, com 12,4 milhões de diabéticos, seguindo-se Colômbia, Venezuela e Argentina.
O problema clínico ora considerado se relaciona à insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas para o transporte de glicose, por via sanguínea, até os tecidos do corpo humano. O excesso de açúcar no sangue é uma condição crônica, enquanto a produção deficiente de insulina, ou uma resistência excessiva à sua ação, ocasiona níveis elevados de glicose no sangue.
Dois tipos principais do diabetes ocupam o terrível escore. O tipo 1, de início prematuro, vinculado a problemas na produção de insulina; e o tipo 2, com início mais tardio e relacionado com fraca resposta do organismo à insulina.Dado importante nisso tudo: Medidas simples, como alimentação balanceada e atividades físicas previnem o diabetes tipo 2. O diabetes também pode ser ocasionado por carência de insulina, pela resistência a esse hormônio ou por ambas as razões.
O diabetes tipo 2, tipo mais comum da afecção, compreende a maioria dos casos. Ocorre geralmente em adultos, mas cada vez mais os jovens vêm sendo diagnosticados da doença. O pâncreas não produz a insulina suficiente para manter normais os níveis de glicose no sangue, de comum porque o corpo não responde bem à insulina. Muitas pessoas não sabem que estejam acometidos do diabetes tipo 2, mesmo sendo doença grave. Nisto, o tipo 2 do diabetes está se tornando corriqueiro devido o aumento de casos de obesidade e de ausência da prática de exercícios físicos.
Em face da gravidade deste assunto, aqui relacionei alguns itens médicos divulgados pela mídia, no propósito de avisar dos riscos severos das alimentações improvisadas e fora de controle, sobretudo quanto ao uso excessivo do açúcar e outros elementos portadores de glicose adotados indiscriminadamente nos dias de hoje.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
O ENIGMA ECOLÓGICO - Emerson Monteiro
Eis questão da mais graves da atualidade, a ecologia, palavra que significa mais do que apenas ambientalismo, pois envolve outros ramos do conhecimento, tendo sua origem grega vinculada a oikos (casa), o mesmo radical da palavra economia. Hoje, há insistente preocupação das autoridades mundiais de que se devem reverter prioridades de consumo, onde a ética individualista se mostra despropositada, nascendo uma nova ética, a ética ecológica.
A crise ameaça milhões de espécies, pela falta de consciência, seguindo-se atitudes que os estudiosos propõem a fim de resolver o impasse. O conservacionismo se volta à perspectiva de preservação pura e simples de espécies vegetais e animais que ainda existem. Enquanto os países do hemisfério norte, principais responsáveis pela destruição da natureza poluem 80% da Terra (dos quais 23% os Estados Unidos). E são esses mesmos países que se recusam a qualquer compromisso importante para a solução do problema ecológico.
Visto o grau da escalada dos prejuízos, também essas alternativas não parecem vias necessárias a refrear o impacto ecológico. E outras saídas apresentam a reorientação do sistema capitalista, com mudança nos valores de toda a sociedade, felicidade com o estrito e necessário para viver, onde países prósperos queiram mudar o grave risco que ameaça vidas.
Daí, a ética ecológica reclamar atitudes concretas individuais. Nisso, a destruição do meio ambiente implica em conseqüências às futuras gerações, advento da doutrina de solidariedade, resposta ao modo capitalista.
Os desafios a que se submetem os civilizados parecem condená-los a fim inevitável. Onda perversa se avoluma e a todos mortifica. Na sede do domínio da natureza, os humanos se deixaram reduzir a meras coisas.
Prevaleceu o consumo, em detrimento do respeito às espécies e à vida. O modo de produção capitalista buscou crescer o lucro e com isso lança mão das matérias primas sem discriminação, comprometendo a ordem natural.
Enquanto isso, a massa humana aceita passiva que tais práticas se imponham, esquecendo de preservar e sobreviver. Chega-se, portanto, às raias da impossibilidade, vistos os níveis estabelecidos nas estatísticas, com registro de males causados à camada de ozônio, degelo dos pólos, elevadas temperaturas jamais consignadas, chuvas ácidas, nuvens tóxicas, doenças de pele, alergias, extermínios e inviabilidades, doenças, fome, guerras, envenenamento e morte de rios, lagos, mares, etc.
Só agora o homem se apercebe face a face com o enigma: ou desaparecer, em breve, já nas primeiras décadas deste terceiro milênio, trastes inúteis e desobedientes, ou mudar o coração e se irmanar com os demais entes, dentre eles o Planeta que nos acolhe.
domingo, 20 de novembro de 2011
A FLOR ATIRADA - Emerson Monteiro
Nessa hora, contudo, sentiu fraquejarem as forças, e viu-se rendido dominado de pranto convulso. Daqueles despreparados, que exercitavam instintos vingativos, outra atitude jamais esperaria além de jogarem pedras para ferir corpos e eliminarem existências físicas. De quem jogara a flor, porém, que, então, demonstrava conhecer algo mais a propósito dos ensinos e das práticas fiéis, aguardava maior sinceridade, no mínimo saindo na defesa dos ideais superiores. Negara, fraquejara, isto sim.
Às vezes sentimentos de nostalgia sujeitam atingir pessoas que sentem a força da autenticidade, ainda que distingam o tanto que lhes resta de chegarem às relíquias sagradas, assunto principal dos religiosos.
Existem situações em que discípulos deixam de lado a prática do Amor para aceitar fugas de lazer, esportes, vícios e acomodação. Nisso, esquecem a coerência e os pressupostos que adotam em nome do caminho de Deus, demonstração de abandono e pouca sinceridade interior que deixam patentear.
Aquele que jogou a flor no instante no martírio do árabe lapidado, mesmo que pretendesse cumprir gesto de solidariedade e reconhecimento na hora extrema do testemunho, permaneceu vinculado às sombras da covardia, sabedor de conceitos, no entanto sem praticá-los de verdade.
Não poucos agem de qual jeito, motivo, inclusive, da parábola do festim de bodas contada por Jesus, dos muitos chamados e poucos os escolhidos. Chamados às hostes do Bem todos somos. Raros, talvez raríssimos, exercitam a feliz oportunidade, razão das dores de saber o quanto adiante ainda sofrerão presos àas malhas pegajosas de transes imediatos.
Invés de jogar flores nas homenagens tardias, caberá cultivá-las no íntimo do coração e exalar o justo perfume através dos campos do dever.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
QUILÔMETROS DE ENGARRAFAMENTO - Emerson Monteiro
Início do feriadão da República e noticiários indicavam até 245 km de engarrafamentos na saída de São Paulo ao litoral, com televisões mostrando filas imensas de veículos de faróis acesos às margens do Rio Tietê. Lembrei quando vivi em Salvador, ainda na década de 70 do século anterior, e do tempo que gastava, nos finais de semana, à espera de embarcar no ferry-boat a caminho da Ilha de Itaparica, onde curtíamos horas de lazer à beira mar.
Todos, neste mundo, buscamos a salvação da alma, conceito religioso que admite existência além do tempo deste chão... Chegaremos, um dia, à santidade, na chance da perfeição absoluta de superar o limite das experiências materiais.
E ao observar o sofrimento comum a todo vivente, calculamos a perspectiva das oportunidades para crescer interiormente em face dos testes agora recebidos.
Essa prova mesma dos engarrafamentos das grandes cidades, hoje em dia, quer representar das experiências severas a que o espírito se submete, porquanto horas e horas dentro de automóveis feitos gaiolas de luxo, aguardado deslocamento milimétrico, e depois retornar sob iguais condições, não deixa de comprimir a paciência da alma ao extremo, lição importante de constrangimento e realidade, no apuro das naturezas dos indivíduos.
Habitantes de metrópoles, eles sofrem miséria no sentido de sobreviver às oportunidades restritas, nessa escola aberta dos aglomerados e moradias reduzidas; nas arbitrariedades artificiais do sistema rígido das calçadas de ferro e cimento; em fábricas desumanas, mecânicas, automáticas; no atrito entre as pessoas; nos transportes abarrotados; na solidão das multidões indiferentes; nos descansos esfumaçados e tristes das janelas escuras; universo melancólico de jornadas industriais que parecem nunca revelar finais possíveis.
Santos em potencial são todos, contudo há os que adiantam o carro mediante respostas sábias à gravidade dos bloqueios e traumas das histórias grupais, sem um jeito melhor quase hora nenhuma. E lembrar, ainda, o quanto padecem das ingratidões de semelhantes que explodem desencantados, no decorrer do processo coletivo de evoluir, nas manadas reunidas e saraus barulhentos das noites aflitas.
Tudo isso lembra, pois, o tanto necessário aos dias felizes, no itinerário do drama que guarda em si as sempiternas esperanças dos dias quando, suaves, as ruas do destino ofereçam instantes de deslocamentos harmoniosos e justos.
sábado, 12 de novembro de 2011
ACEITAÇÃO - Emerson Monteiro
Baixar a cabeça depois que falhar nas escolhas das ações, ainda que pela ignorância de conhecer o jeito exato de cumprir o papel perante a vida, eis o modo espontâneo de se render às evidências. Levantar a cabeça pode reduzir os prejuízos e abrir um espaço de perdão dentro da gente, isto no sentido de evitar danos à saúde física e abrir mão das vaidades; deixar de lado a suposição antiga de se ser senhor absoluto da razão.
Quantas e tantas vezes o errar humano pisar no território da solidão... Contar apenas com os elementos de quem ousa sonhar demasiado com a perfeição e cai da cama... Se achar acima do bem e do mal, quando Deus impera acima dos seres menores, Sua criação apenas... Nós, os viventes...
Viver a vida sem se punir a todo instante... Quando o sucesso domina a cena, as pessoas vibram de euforia. No entanto, perante as cobranças dos erros, afundam na lama quais juízes impiedosos de si, cruéis parceiros da autovingança. E dói e mata e pune contra as ordens mínimas da compaixão.
Aceitar a condição de relativos nas malhas humanas; admitir a retratação, invés das normas rígidas do combate interno às inferioridades, doutores de leis impiedosas e totalitárias. Persistir vivos para preservar a espécie dos aprendizes, senhores da fé nos dias melhores. Render homenagem ao impossível, em noites e dias sempre adoráveis. Ninguém é o senhor do destino além do Poder superior aos poderes limitados deste mundo. Existe o conceito da religiosidade natural que demonstra ordens eternas que a tudo comanda.
Haverá meios de reagir às trevas, aos tombos, às turras, atabalhoadamente... Haverá, sim; nenhuma dúvida resta. Creio, entretanto, significar apenas desespero e frustração assumir o erro e querer eliminar à força as consequências, modos de desencontrados exércitos perdidos em retiradas infames, que as histórias contam. Que glória há nas perdidas as ilusões? Também as personagens individuais, que andam pelas ruas, equivalem aos exércitos de si próprios, por vezes batendo cabeça em jornadas dolorosas. O fazer nesses instantes pede alternativas de sabedoria. De deixar de lado os valores equivocados e marchar firmes para os verdes campos da satisfação interior, no amar e se amar quais motivos da experiência, esquecendo vícios e abandonos, mágoas e rancores. Sorrir aos instantes menos felizes, que somem e deixam o perfume da solidariedade, resposta indiscutível de viver bem.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
AS LUZES NA VISÃO - Emerson Monteiro
Quando o Sol nasce traz de dentro de si todas as cores para gregos e troianos contemplar numa admirável percepção. Independente do gosto das criaturas, clareia sem discriminação; brilha sobre maus e bons, luz intensa sobre as mais diversas e surpreendentes histórias. Mostra o filme das existências, isto livre de impor, a quem quer que seja, sua vontade poderosa, possibilitando a experiência viva do valor do olhar de todos.
Com isso, a chance de utilizar essa capacidade ofertada pelas tantas oportunidades indica o quanto resta aprender diante das películas exibidas no cinema esplendoroso da natureza humana. São as lições dos sonhos múltiplos, a generosidade que desenvolve o transcorrer dos filmes exibidos sem parar, sessão interminável. Hoje, uma superprodução a cores no jeito de Cecil B. DeMille e seus épicos imorredores tirados das páginas bíblicas. Amanhã, episódios em preto e branco dos contos de Edgar Allan Poe, recheados de surpresas e mistério. Na sala imensa os motivos mil para olhos abismados ganhar contornos variados, nos detalhes e no todo.
Caminhar, pois, ao sabor dos muitos instrumentos, a fim de melhorar qualidade, na mesa dos apetites vindos ao nosso gosto na função dos elementos. Buscar carinhosamente aprimorar esse saber pessoal diante dos meios, os valores individuais, eis o que praticar, invés de exigir dos outros. Descobrir no próprio ser as escolhas e realizar os instantes com sabedoria e bom gosto.
Conquanto o filme insista continuar todo tempo na tela do presente individual, cabe utilizar o enredo em proveito do aprimoramento, através das boas práticas adotadas. Ver o bem que queremos ao mundo inteiro, dentro de nós, através das lentes do enxergar, até que possa permitir crescimento amplo do amor, estilo inigualável onde nada muda se nós não mudarmos, qual ensinam os professores.
Além de tudo, há que continuar a projeção nas consciências, independente de questões particulares. As luzes das manhãs sempre chegam fortes à razão e ao sentimento e selecionar o que assistir só depende desse gesto das predileções do espectador, na visão mágica que se movimenta aqui em nossa frente.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
MELQUÍADES PINTO PAIVA - Emerson Monteiro
Neste dia 21 de outubro de 2011, sexta-feira, às 20h, será a vez do agrônomo cearense Melquíades Pinto Paiva preencher uma das cadeiras do Instituto Cultural do Cariri, em sessão solene que ocorrerá na sede da agremiação em Crato, de portas abertas ao público.
Natural de Lavras da Mangabeira, filho de José Rodrigues Tavares Paiva e Creusa Pinto Paiva, Melquíades nasceu em 06 de março de 1930. Pertence ao clã dos Augustos, núcleo familiar originário da matriarca sertaneja Fideralina Augusto Lima.
Nos anos 1957 e 1958, ele estagiou no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, especializando-se em Ictiologia. Cientista respeitado, obteve o título de doutor em Ciências, através do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Na Universidade Federal do Ceará, foi o diretor-fundador do atual Instituto de Ciências do Mar (1961 a 1976) - Labomar, e o primeiro chefe do Departamento de Engenharia de Pesca (1973 a 1976), havendo contribuído para a implantação do curso de Engenharia de Pesca da UFC. Agora, é diretor-emérito do Instituto de Ciências do Mar (desde 2003).
Outros títulos de sua vida acadêmica: Professor visitante na Universidade Federal do Rio de Janeiro, lotado no Departamento de Biologia Marinha (1992 a 1998); pesquisador bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (1993 a 2003); e coordenador da equipe responsável pelo levantamento dos dados pretéritos referentes a recursos pesqueiros, estuarinos e marinhos do Brasil, junto ao Programa de Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva, conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (1996). Permanece desenvolvendo atividades de natureza científica e técnica.
No ano de 1944, Melquíades Paiva estudou no Cariri, sendo aluno do então Ginásio Diocesano do Crato.
Intelectual e escritor de largo prestígio, são de sua autoria centenas de artigos científicos e obras quais: Nordeste do Brasil, Terra e Gente; Ecologia do Cangaço; Conservação da Fauna Brasileira; Administração Pesqueira do Brasil; Represas e os Peixes Nativos do Rio Grande; As Bacias do Paraná – Brasil; Breves Memórias do Espaço e do Tempo; A Contribuição Portuguesa para o Estudo das Ciências Naturais do Brasil Colonial; Fauna do Nordeste do Brasil; Grandes Represas do Brasil; Os Naturalistas e o Ceará; e Trabalhos Esparsos, Agora Reunidos; isto para citar apenas algumas das publicações desse autor destacado, que representou o País em 19 missões científicas internacionais e desempenhou importantes delegações junto a órgãos da comunidade mundial em nome da Ciência brasileira.
Melquíades Pinto Paiva ocupa cadeira também no Instituto do Ceará e na Academia Lavrense de Letras, dentre outras instituições culturais.
domingo, 16 de outubro de 2011
PARA QUE SERVEM OS DESAFIOS - Emerson Monteiro
Nas condições dos momentos, à frente das portas de sempre, em qualquer lugar, ou diante das ordens do espaço de viver, ninguém passa pela vida longe de enfrentar limites e desafios. Porteiras abertas da criatividade, transações de aproveitar o tempo, cabe aos indivíduos a epopéia das horas ligeiras de experimentar as oportunidades e conhecer os meandros da natureza mãe que morar em si.
O que parece filosofia, na realidade anda um pouco mais. Mostra, sim, que encarar a viagem através das pedras do desconhecido servirá de orientação a fim de observar o mistério espalhado na paisagem da chamada existência. Ninguém representa só passageiro inútil desfilando nas malhas de impunidade... Os mínimos aspectos dessa estrada abrem-se aos seres fantásticos que habitam nossa espécie, desde mulas sem cabeça a sacis impertinentes, a título da imaginação inesgotável e aos pedidos de compreender o enigma dessas ocasiões sucessivas.
Um olhar fixo dentro da gente, a luz da Consciência, demonstra responsabilidades imensas diante dos caminhos da salvação trazidos nesse território. Há sentido nas visões da janela do trem, que desenvolve velocidade quase acima das nossas forças, enquanto o conhecimento de aproveitar ao máximo o percurso desliza no vento. Invés de querer definir para dominar, deixar entrar, nos cômodos da alma, o hálito rico do inesperado, das boas práticas da liberdade, no sonho intenso de manter abertos os olhos de enxergar as maravilhas.
Isto com a paciência das crianças e dos santos... Saber suportar o calor de lutas, às algumas vezes inglórias, no furor das tempestades, lições necessárias ao desapego de valores inúteis, na poeira que esvoaça e dobra nas curvas do destino.
Bom, falar de paciência e infinitude jamais esgota o assunto, senão perder-se-ia dos próprios nomes. Saber ler nas entrelinhas das palavras que querem dizer coragem. Paciência inesgotável, pois.
E, nisso, amar acima de tudo... Amar todos, independente de credo ou cor... Amar, na simplicidade incondicional dos sábios, ao Sol das religiões e das vivências da esperança.
Para, depois, lembrar com alegria os instantes do roteiro quando assistíamos aos melhores filmes na sala surpreendente das histórias coletivas, ao sabor do eterno. Aceitar as imposições e os bloqueios quais respostas às ações do que produziu em face desses desafios. Preparar, no instante atual, o que as leis do bem querer ofertam logo em seguida aos praticados. A quem quer bondade, que plante a semente no coração das pessoas que, juntas de nós, andam na perene estrada do Infinito, nisto se acha o resumo das escolas do saber.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
HISTÓRIA DO ETERNO INSATISFEITO - Emerson Monteiro
Deus do antigo santuário grego, conhecido por Tântalo, lá um dia quis agradar os outros deuses, recebidos em festivo banquete, servindo-lhes carne do próprio filho, isso para testar a ciência deles tudo saber. Tal qual acontece a três por quatro entre seres humanos a fim de obter os favores escorregadios deste chão, vendeu a quem mais gostava numa atitude interesseira... Dominar o mundo e subir nas condições sociais. Matam e arrebentam, pisam a cabeça dos outros e invadem o camarim das vaidades querendo aparecer nas colunas dos jornais.
Pois esse personagem existiu, sim, na cultura grega, passando depois de geração a geração. O deus de nome Tântalo, casado com Dione, possuía três filhos, Níobe, Dascilo e Pélops. Naquele dia do banquete, ofereceu Pélops, aos demais deuses do Olimpo que o visitavam. Na ânsia de obter os favores dos céus, Tântalo antes havia abusado da confiança dos poderosos ao roubar-lhes néctar e ambrosia, substâncias de que necessitava para ser um imortal semelhante a eles.
Nesse caminho de tanta contradição, receberia de troco a punição de jamais poder experimentar o gosto da satisfação dos seus desejos. Após descoberto o delito de Tântalo, Zeus, o principal no comando das hostes superiores, ordenou que o filho oferecido no trágico banquete retornasse a viver, porém que o pai cumpriria, em condenação pelo gesto condenável, a pena de nunca chegar à realização de qualquer sonho que sonhasse. Tão próximo dos objetos do desejo e tão longe do prazer, eis o resumo do que o aguardavam na sequência dos acontecimentos.
Com água no pescoço, não poderia saciar a sede... Olharia frutos deliciosos das árvores da natureza sem, no entanto, desfrutar do direito de saborear-los, forma inominável de suplício, símbolo da insatisfação dos instintos que chamam de a medida do ter que nunca enche. Tântalo e seus descendentes sempre iriam carregar a prova de imaginar ambições, e não vencer o limite que delas o separa, nesta vida material que se desmancha no mar da insatisfação, segundo os gregos de antigamente.
E quantos nadam, nadam, avistando as praias douradas da ilusão, em quimeras fantasiosas, esquecidos que transportam consigo, no íntimo coração, o motivo da felicidade, o Amor, que tudo pode e realiza.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
A BRISA DO SALGADO - Emerson Monteiro
Este o título de outro livro do autor Dimas Macedo, telúrico lavrense de quatro costados e raízes fincadas às margens do rio de nosso querido rincão. Devotado à vida de Lavras da Mangabeira de tantos acontecidos e personagens, aprofunda ação no amor à terra, em estudos e registros do universo que lhe convida a momentos definitivos das páginas que escreve com ânimo acendrado. Prolífico, incansável, preserva as relíquias desse lugar, consagrado aos irmãos de uma terra reconhecida pelas letras, de inúmeros títulos, poetas, contistas, cronistas, romancistas, memorialistas, nascidos ou vividos no seio do tórrido continente.
E Dimas se entregou à função de maestro da orquestra multiforme... Escriba primoroso, dedicado, proficiente, recolhe peças elaboradas pelo esmero daqueles heróis da pena, e constitui o acervo da literatura que descobre aos filões na alma dessa gente... Traça rumos, pesquisa, referenda, artífice intelectual da Academia Lavrense de Letras, exemplo vivo de cultor da arte a quem oferta sonhos de inteira devoção.
O livro que hoje nos traz, edição da Imprece Editorial, Fortaleza CE, 2011, consolida posições por meio de crônicas e ensaios inspirados, visando significar o rumo saboroso dos quintais férteis do Rio Salgado, cujas águas acariciam os morenos pés das musas da pátria ressequida. Ainda que envolto nos afazeres profissionais, se permite a instantes preciosos de laborar espelhos de sapiência e monta e totalidade lógica dos discursos textuais coletivos.
Converge, pois, linhas do tempo e do espaço lavrenses na colcha de retalhos dos filhos próximos ou distantes, vivos ou eternos, presentes ou para sempre destacados pela fraternidade, instrumentos afeitos à batuta do grande amigo que resolveu doar genialidade aos amantes das letras interioranas, literatura ao natural.
Um inesquecível cronista das terras alencarinas, poeta, ensaísta e historiógrafo, Dimas Macedo assim subscreve a legenda de que Lavras da Mangabeira se reveste qual cidade fenômeno das letras cearenses, pela incidência privilegiada na relação autores/habitantes no decorrer da sua história, satisfação e honra dos apreciadores da cultura.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
MINHA AVÓ LÍDIA - Emerson Monteiro
Ouvia Mulheres de Atenas, na voz de Chico Buarque, quando retornou às minhas lembranças a forte presença da mãe de meu pai, Lídia Augusto Leite, neta de Fideralina Augusto, de quem coube herdar a casa grande do Tatu, onde esta vivera, sítio em que nasci e fiquei até os quatro anos.
Para seguir o meu avô havia de ser realista das chagas do sertão áspero. Resignada, de gestos austeros e sempre silenciosos, mantinha a existência dos movimentos que representavam o cotidiano das almas penadas que tangiam o troar de moedas e o trancilim dos animais no carreto da cana, dos pastos para o gado, correria das ovelhas e o ritual da igrejinha lá no alto, próxima da casa dos meus pais, no outro lado da enorme bagaceira do engenho. Quase surda, falava mais aos gritos. E nós, os netos, lhe respondíamos: - Vó, quem é mouca é a senhora. Não precisa falar assim dessa altura.
Mulher de fibra, estruturava o sistema desse mundo ensolarado. Mãe doze vezes, apenas nove dos filhos permaneceriam vivos. Feições de sertaneja puxadas a índio bravio, seus olhos não olhavam, fuzilavam os personagens em volta, acesos no fogaréu da faina humana que enfeixavam a cena.
Recordo a simpatia com que tangia a intimidade da família, de riso raro a quebrar um pouco o peso da autoridade do meu avô, seu primo, também neto de Fideralina. A varanda era palco de tudo, vindas e idas de tantas ocasiões, e porto seguro das atividades rurais.
Quando precisou limpar a capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, recebeu da filhas, que moravam no Rio de Janeiro, caixas e mais caixas de prendas leiloadas em quermesse no terreiro da casa, com a presença de visitantes dos sítios próximos e de Lavras, a uma légua no lombo das montarias.
Firme nos propósitos, sofreria resignada a saudade dos filhos. Meu pai saiu bem depois, vindo morar em Crato. Eles permaneceriam ainda um pouco no lugar. Adiante lhe seguiriam. Seriam nossos vizinhos de quase duas décadas. Novamente os frequentei como assíduo participante de suas vidas.
Sentava junto deles para testemunhar o fluir solene do tempo naquelas silhuetas marcadas de cicatrizes reunidas ao sabor da cumplicidade. Nisso, ouvia as histórias do meu avô, enquanto ela outra vez regia a orquestra da casa, solícita, perene, corajosa.
Após cumprir os afazeres, parava na porta da rua a observar raras pessoas nas calçadas; os automóveis só de longe começavam a dominar a paisagem urbana. Antes dela, meu avô seguiria na última viagem. Ficara ali ausente e metódica. Durante longos e aflitos 33 dias, permaneceu em coma, protelando o derradeiro chamado qual quem gostaria de continuar a temporada que passou junto de nós.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
A QUESTÃO CARCERÁRIA - Emerson Monteiro
Um dia, pelas ruas de Mangaratiba, cidade litorânea do Rio de Janeiro, visualizei o passeio dos detentos da Ilha Bela, antigo presídio hoje desativado. Quadro marcante, cortejo de homens válidos, corpulentos, em marcha batida, controlados por guardas e cães, a percorrer trechos daquela cidade. Alguns traziam consigo peças de artesanato de própria fabricação, oferecidas aos circunstantes por preços ocasionais. A cena ficou gravada para voltar ao pensamento quando, como agora, enfeixo a intrincada crise penitenciária brasileira. Aqueles zumbis, de olhos vazios, trajes encardidos, quais reses de tosquia, trastes da culpa, apenas arrastavam o tropel do destino à luz da vontade dos homens.
E revivo também a sensação cotidiana dos noticiosos quando exploram o mundo cão. São raros os meses em que deixam de ocupar o cardápio as rebeliões nas celas, com registros de fugas, incêndios, perdas de vidas e homicídios.
Tais aspectos percebidos significam o estrangulamento do sistema penal; refletem a estrutura da sociedade como um todo, onde deficiências indicam muito chão ainda para percorrer até a perfeição final do processo vida.
Cheira mesmo a repetição dizer que as cadeias, quais viveiros de pássaros indomáveis, converteram-se no campus da monstruosa universidade do crime, imagem conhecida, onde os apenados ali encaram desafios primitivos junto de outros em condições físicas e morais deploráveis. Daí, qual onda avassaladora, estranho relacionamento impõe e multiplica a morbidez de seres vencidos, depois lançados às sarjetas, num ciclo de miséria que aumenta os custos do subdesenvolvimento mórbido.
Intenções honestas de resolver o problema, contudo, não eliminam o atraso dessa área, vistas experiências nos países ricos, mesmo sabidas quantas falhas lá também persistem.
Planos que se cogitem devam sempre vincular a participação efetiva da força de trabalho reclusa às celas, estagnando a capacidade produtiva. Em resposta, as sentenças assim deixariam de inutilizar a mão de obra prisioneira, sobrando ao Estado o mérito de soluções criativas e geração de riqueza, alimentando e estabilizando as contas da instituição punitiva, além de profissionalizar quem chegar, de comum, sem ofício. As prisões agrícolas demonstram a viabilidade desta idéia.
Restam imaginar perspectivas novas para problema tão arcaico. O gesto de segregar aos calabouços, sem outras preocupações racionais, apenas mascara uma chaga que transborda de dor e clama decência. Compromisso pesa, pois, sobre todos os ombros, sabendo que o zelo da liberdade vem assegurado como atributo essencial, dom divino que cabe manter, sobretudo a quem necessita desde criança das poucas e limitadas oportunidades vitais.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
PREGUIÇA DE SER MELHOR - Emerson Monteiro
Quase nunca alguns acomodados nos seus gestos dão prioridade a pensar que mudar significa tão pouco. Hábitos antigos entranham tanto na rotina que viram mania e revelam, por vezes, criaturas abusadas, agressivas, mal humoradas. A carne dessas pessoas parece doer menos do que a de outras. O peso da idade chega dominando tudo em volta, ainda assim. Quais bichos adoentados, marcam o roteiro das infelicidades humanas e botam gente a dobrar quarteirões querendo fugir das suas presenças indesejadas.
Imaginar que nasceram com tais destinos representa argumento de quem abandonou ao destino poder maior do que a ele cabe. Ninguém veio ao mundo a fim de servir de espantalho, porquanto todos têm direito de ser feliz à medida que descubra normas do bom viver. Entregar de mão beijada aos caretas o resultado das oportunidades vale o mesmo que trocar um prato de lentinhas pelas heranças dos reis, como aconteceu na história dos filhos de Isaque, netos de Abraão.
Mas multidões agem desse jeito, esquecidos que o futuro é resultado de esforços atuais; plantam, no entanto, sementes ruins e colhem, lá adiante, os dissabores amargos da dor, esquecidos de ser melhores nas histórias deste mundo. Vencer os pecados capitais primeiro há que se vencer a preguiça de trabalhar a consciência e construir sementeiras de humildade no canteiro do amor e do serviço ao próximo.
domingo, 25 de setembro de 2011
AS CIDADES DE CHICO BUARQUE - Emerson Monteiro
Cristina Couto reuniu em livro (As cidades de Chico Buarque) fragmentos de uma época histórica do Brasil recente e intercalou-os com páginas das músicas de Chico Buarque de Holanda e. deste modo, criou belo painel que bem representa a fase crítica dos anos de chumbo. Nas marcas que anotou dos passos do poeta nos bastidores da convulsa vida nacional, a escritora conta em linguagem eficiente o que vencíamos do medo e da censura feroz para trazer ao povo os espelhos urbanos que alimentavam apreensivas esperanças e resistência.
Perante o jeito que exercita, Cristina de Almeida Couto, membro da Academia Lavrense de Letras, professora universitária e jornalista, consolidou no seu trabalho a escritura poética de Chico Buarque na visão acadêmica suficiente de dizer o que aconteceu no imaginário da criação artística, contradições e vislumbres doridos, na fase extrema, totalitária. Caminhava-se pelas ruas deserdados; atravessavam as lamúrias de um modelo econômico de época, à força dos poderes internacionais na república ansiosa de algum crescimento material.
Talhes profundos, no entanto, feriam por dentro a alma, sobretudo de jovens da classe média embalados nos sonhos imaginários de liberdades civis ideais, frustradas na quebra institucional da luta brasileira.
Trabalhou com êxito o tema desse encontro das duas vertentes, do real no cotidiano, e das letras que o interpretavam através palcos e discos, a transmitir vozes gritadas ao enlevo dos ritmos novos – misturas de samba do morro, bossa nova e inventividade nativa.
Feliz a executar o projeto estabelecido, Cristina nos permite viver ou reviver a composição popular no mister desses acontecimentos, versão do coração de quem atendeu consignar a poética na história dos vencidos daqueles instantes.
Uma viagem técnica e sentimental, pois, através das letras das cantigas... exercício de fixação salutar e digno de quem deseja guardar as lições amargas da nossa geração urbano-industrial.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
DUAS FACES DE UMA SÓ NATUREZA - Emerson Monteiro
A mulher e o homem são aspectos distintos, porém integrais, da natureza que os dois formam e se repetem ao infinito. Houvesse ausência de um, e deixaria vazio de não ter tamanho, a ponto da total interrupção dos acontecimentos biológicos que representam a longa história de todos nós.
No decorrer do tempo, contudo, devido aos motivos dos que buscam aprender das condições normais, invés de somar, excluem e criam divisões, a pretexto de reinar a fria competição, a concorrência desleal, da selvageria de um dos sexos, quando eles mesmos sozinhos se completam.
As características da mulher e do homem representam perfeição em termos de organização social, na elaboração da célula mãe da família e dos grupos. De sã consciência, ninguém levantará bandeira de superioridade entre esses dois aspectos essenciais do casal humano à procriação e educação das gerações, no sentido da construção ideal de uma sociedade justa.
As definições de cada um desses distintos elementos compõem a vida e pedem apenas que se respeitem no tanto certo de estabelecerem a felicidade ideal das pessoas. Exemplos haverá aos turbilhões de quem compreendeu tais características próprias da mulher e do homem, frutos da ciência universal. Isso põe a pensar no quanto ainda precisam conhecer dos segredos da paz, até rezar do jeito correto nas cartas das existências coletivas.
A riqueza dessas peculiaridades dos sexos rasga vistas dos que querem aprender o objetivo da lei da Criação, seus sabores e suas normas dignas da mais lúcida exatidão matemática.
Ao observar, pois, a ação amistosa entre os irmãos, o viajante das estrelas conclui que sem a mãe ou sem o pai nada existiria para merecer nome de filhos, e nenhuma história nasceria antes de tudo para se conhecer.
Eis, por isso, qual a solução das crises que sustentam a ilusão de serem opositores as duas manifestações dos que vierem morar algum tempo neste chão comum de dois.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O DINHEIRO E AS RELIGIÕES - Emerson Monteiro
Aonde chegar a mão humana ali ocorrem transformações por vezes desencontradas, e nem sempre para melhor. As mudanças de rumo daquilo visto nos inícios qual valores importantes sujeitam inverter seus objetivos originais. A invenção do dinheiro, por exemplo, demonstra isso com uma clareza meridiana. Em princípio visto qual rara solução para circular a riqueza na sociedade, depois endureceu os corações e gerou graves riscos à paz dentro das famílias e no seio das classes sociais. Parecido até com outro fenômeno que consta do livro bíblico do Êxodo.
Quando Moisés conduzia os descendentes de Abraão através do deserto da Arábia, na saída do Egito, o que durou 40 longos anos de agruras e apreensões, houve momento quando a fome pareceu dominar aquele povo de milhares de pessoas.
Em apuros, pediram a Deus que lhes salvasse da rude provação. Nos dias, então, logo cedo da manhã, passou a cair do céu o maná, um alimento misterioso, com o qual se alimentavam e sobreviveram.
No desejo de garantir os dias seguintes, os judeus quiseram guardar esse pão, e foram alertados de não o fazer. Aqueles que desobedeciam depois apenas achavam restos estragados. Como guardavam o sábado, grãos caídos nas sextas-feiras resistiam bem até o domingo.
Noutro trecho bíblico, Jesus afirma: Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Isto ponderamos em vista dos excessos praticados, na época de hoje, com relação ao desespero de tantos para reter o dinheiro, inclusive no seio das religiões, desvirtuando os propósitos e valores da vida em grupo, isso tão só para chegar ao poder e controlar para si as multidões feitas rebanhos animais. Quantos se perderam feio na jornada do trabalho coletivo por causa dessa fome alucinada do vil metal, e distorcem as bênçãos das riquezas.
Há nisso sérias lições a tirar e modificar as atitudes, no afã de construir o futuro. Porquanto, noutra rara e bela afirmação, Jesus considera: Não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
A ideologia praticada nesta hora, contudo, desvirtua princípios e insufla o culto exacerbado da matéria e dos capitais, iludindo também os dirigentes religiosos e dificultando para muitos a crença dos ensinos eternos.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
CIÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO IDEAL - Emerson Monteiro
Em face dos excessos gerados pela indústria, que só prioriza os lucros em detrimento da qualidade de vida e da saúde, mais que antes o cidadão médio precisa desenvolver o conhecimento daquilo que utiliza para se alimentar. Isto, quando bem respeitado, possibilitará tipo saudável e maior aproveitamento da existência. Caso contrário, viver se transforma em um calvário constante à medida que passa o tempo e os resultados, no corpo, do que utilizamos de alimento mostra os seus reais efeitos.
Um tanto dos produtos vendidos em lojas e supermercados não estão próprios para o consumo humano, apesar dos órgãos oficiais assim atestarem. Na verdade, essa propriedade para consumo é relativa ao que a febre do lucro ditar, pois esses cuidados para com os valores da saúde andam afastados de qualquer conceito ideal de alimentação adequada.
Primeiro de tudo, os conceitos alimentares do Ocidente guardam pouca ou nenhuma identificação com a natureza original da vida. Vender sempre foi a lei da tradição alimentar ocidental. Tudo começou quando traziam das Índias as famosas especiarias para comerciar nos mercados europeus, dentro das leis da oferta e da procura do Mercantilismo dominante. A regra básica, pois, seria lucrar a todo custo.
Mudadas as rotas do Caminho das Índias, os impérios chegaram às Américas, e o que trataram de desenvolver, as usinas de açúcar, elaborando substância hoje considerada o principal agente cancerígeno utilizado pelas pessoas humanas, o açúcar refinado, destruidor do equilíbrio orgânico. Enquanto dizimaram as populações nativas, incorporando poucos ou nenhum dos conceitos de uma culinária trazidos no correr dos tempos de uma tradição do uso correto dos elementos naturais, acumulada pelos séculos.
Por isso, os orientais vivem em mais harmonia com a saúde. Buscaram aprender dos antigos o bom uso dos alimentos. Melancólico se entregar aos braços dos industriais e comerciantes sem usar a consciência da boa alimentação, o que evitaria milhares dos males físicos que enchem hospitais e destroem vidas desde o nascedouro.
sábado, 17 de setembro de 2011
TEMPOS VIVOS - Emerson Monteiro
Bom, falar isso devido ao gosto que se pega em trabalhar nessa coisa de computador, invenção dominante dos becos e vilas dos resultados dagora. Qualquer assunto, desde pousar avião do céu a saber das chuvas do outra lado da Terra, abrir essa tela fosca das máquinas modernas e aparecem os meios de chegar aonde levar novas possibilidades.
Aqui preparando as panelas dos dias e surge a necessidade que o instrumento sabido responde. Quer-se ouvir uma música das antigas e corre o desejo nos trilhos da Internet, trazendo a gravação pedida na saudade. Um amigo que não se sabe onde mora e corre o desejo nos trilhos da Internet, trazendo o endereço, com todos os detalhes de localização. Espécie de lâmpada de Aladim, os planisférios das telhas iluminadas clareiam o espaço da sala, gênio maravilhoso que de tudo conhece, mais até do que os mágicos das histórias fantásticas dos alpendres esquecidos.
Espelho estonteante, essa máquina parece mergulhar nas cinzas do passado e retornar com as mãos cheias das pedras preciosas do Conhecimento.
Com isso, liberaram-se as pessoas para trabalhar os segredos desse desenvolvimento inovador. Economizam os instantes preciosos do sentimento, e seguem de olhos acesos nas belezas desta hora primaveril.
Andar de cabeças no alto, e pés fincados nas letras intensas da invenção mexem com a gente, fome fixa de verdades livres... Só cabe aproveitar esse tal de território dos sonhos e reconstruir as catedrais do Amor no coração de toda pessoa, meios a isto sobra em cada esquina da civilização abelezada nas suas riquezas mil.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
NÚMEROS ESPECULATIVOS - Emerson Monteiro
Vimos outro dia, em comentário circunstancial, que os atuais países gastaram só durante o ano de 2010 a bagatela de trilhão e meio de dólares nos gastos de armamentos. E que dita quantia corresponde a 16 vezes todo o meio circulante da moeda do Brasil, esbanjamento de não ter tamanho daquilo que a natureza forneceu para alimentar o ecossistema do planeta Terra, jogado fora assim à toa, prática por demais escandalosa, imbecil, para custear a fome da cólera dos que comandam a farra do poder ao preço da brutal violência.
Pois bem, cresce nos mercados mundiais, desde o ano de 2008, das piores crises econômicas que há notícia, ameaçando, inclusive, as nações ricas da Europa, motivo de apreensão dos que querem enxergar na história solução de curto prazo.
Contudo, ato contínuo, os líderes ocidentais notaram detalhe que lhes chamou a atenção... A China conseguiu, nesses tempos depois da Revolução de Mao-tsé-tung, amealhar reservas monetárias em torno de três trilhões de dólares, o suficiente para cobrir a fome ocidental pelo período de dois longos anos das suas guerras de conquista.
Chineses, no entanto, parecem avaliar se querem mesmo investir capitais longe de seu território, pois sabem o risco que correrão nos braços incertos dos estrangeiros prepotentes. Estudam calados o sacrifício, hora crítica de muitos interessados naquilo que obtiveram ao correr do trabalho de tantos.
O prejuízo acumulado de italianos, por exemplo, chega além de um trilhão de dólares, a imaginar os outros envolvidos na situação coletiva; Espanha, Portugal, Grécia, economias antes seguras, também cruzam tempos difíceis. Quanta fortuna e sucesso desapareceram através dos números vazios das ilusões perdidas...
Os chineses que se cuidem, pois, diante da pressa de quem subira na riqueza destruindo a paz com políticas armadas e destruidoras. Ao bom senso caberá, o quanto jamais aconteceu, lugar das atitudes coerentes, no nome da continuação da existência e da fraternidade entre as pessoas... Que alimentem, senhores chefões, a boa vontade à luz da razão, em benefício de todos nós seres humanos.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
A DOR E O MENESTREL - Emerson Monteiro
Lemos em algum lugar a história de um palhaço que perdeu a esposa e viu-se na condição de comparecer, no mesmo dia, ao picadeiro do circo e fazer rir a platéia que lotava o espetáculo onde tantas outras apresentações ali levara a efeito em condições satisfatórias.
No momento em que todos gargalhavam com desempenho magistral nunca antes presenciado pelo distinto público, dentro dele fervilhava a mais pungente amargura e desciam lavas amargas de dor, disfarçadas com maestria pela máscara que lhe cobria o rosto banhado de lágrimas.
Naquela hora, enquanto alegria sem igual contagiava os espectadores, no peito do homem ardia crise sem precedentes, propósito de quem conduz a vida aonde quase nada pode exprimir da veraz realidade que na alma impera, por força de produzir emoções nos outros humanos universos lá de fora.
A situação descrita, mudando o que merece ser mudado, caberia feita luva numa circunstância que se verificou em Crato, na madrugada de 28 de abril de 2001, quando, no Espaço Navegarte, assistíamos a uma apresentação musical.
No palco, o cantor pernambucano Geraldo Azevedo, voz e violão, que oferecia à numerosa platéia a bela música do seu repertório, boa parte de própria autoria. Aplausos efusivos animavam o clima ameno do lugar, evidenciado nos flashs constantes dos fotógrafos que registravam o acontecimento, entremeados de relâmpagos insistentes que clareavam o céu escuro, à distância, cenário detrás do palco para as bandas da Ponta da Serra.
Isso se manteve ao ritmo das letras e cordas afiadas do instrumento bem praticado daquele artista popular, nas sombras chuvosas da noite caririense.
Duas ou três canções antes do término da cena, porém, numa das falas com que ilustrava os intervalos das canções, o músico comunicou aos presentes que, na véspera daquela data, ocorrera a passagem de sua genitora desta vida para a outra, pondo-se, logo depois, a interpretar uma composição de autoria dela, refletindo na voz o sentimento que se pode imaginar de um filho em situação semelhante.
Ao lembrar os detalhes disso que contamos, vemo-nos também emocionado, a refletir quanto à condição de vida dos artistas e sua proximidade com as multidões, vínculos que se estabelecem no decorrer da existência do trabalho. Enquanto dentro de si lhes sacodem o peito um coração quantas vezes macerado pelas guantes imprevistas do destino, repassam, igualmente, a imagem de quem habita os condomínios da mais pura felicidade.
Missão semelhante, o exemplo do palhaço de que falamos no início. Uns dançam, riem, se divertem. Outros padecem, representam, dissimulam. De íntimo transtornado pelos ardores do sofrimento de perder a mãe querida, o músico prosseguiu com a função até o fim, desfolhando versos e notas, solitário, ausente das convenções deste mundo; isso tudo em nome do amor ao sonho da arte, herói sobranceiro da magna inspiração, porquanto o show haverá sempre, de manter seu curso ininterrupto para o centro dos corações em festa.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
A SEGUNDA GUERRA DO AFEGANISTÃO - Emerson Monteiro
Dia seguinte a longa viagem que, por terra, realizara a Brasília, na manhã do dia 11 de setembro de 2001, uma segunda-feira, trabalhava na Universidade Regional do Cariri por volta das 10h30, quando Sávio Cordeiro, colega de sala veio me trazendo a notícia: Ocorreram atentados nos Estados Unidos, com explosões no Pentágono e nas torres do World Trade Center.
- Começou a Terceira Guerra Mundial - disse ao transmitir os incidentes verificados minutos antes. - Terroristas acabaram de jogar aviões Boeing 767 contra esses alvos estratégicos da América...
Isso me pegara de chofre qual um soco na boca do estômago. Senti espécie de vertigem, frieza no corpo, compreendendo que algo sério ocorria no mundo daquela hora, tempos estritos da dominação do forte sobre o fraco e intensa produção bélica. Em princípio, parecia confirmar a lógica da luta pelo poder na Terra, a qualquer preço.
Procurei demonstrar naturalidade, no entanto... Mas eu mesmo sei o que se passava da cabeça ao coração. Algo sinalizava a gravidade das informações. Daí a pouco, fui saído de mansinho para, próximo dali, encontrar Danielle e as meninas, na Escola Semear, e nos dirigirmos à casa de meus pais, onde almoçaríamos naquele dia.
O peso dos acontecimentos viria com mais intensidade à frente da televisão, na sala onde todos da casa se reuniam a testemunhar o decorrer dos acontecimentos. Comentava com meu pai o assunto quando, ao vivo, ruía a primeira torre. Na cena, avião que volteava nos céus 18 minutos depois do primeiro impacto, impassível, atingiu a segunda torre gêmea, quase a traspassá-la, cena mostrada qual cena de ficção. Outro avião cheio de passageiros há pouco teria sido interceptado sobre o Estado da Pensilvânia. Noticiava-se que outros aviões ainda se achavam desaparecidos. De tudo aquilo deixando um gosto ferrugento na minha boca. A emoção do imprevisível parecia tomar conta da Eternidade.
Antes de vir para casa, nessa tarde, por volta do meio dia, passaríamos para visitar um amigo, Gerardo Junior Lopes, no Grangeiro. Na sua casa, todos também observavam as imagens que se repetiam na televisão, cenas dantescas de destruição em Nova York e Washington.
Após tais instantes, lembro das muitas notícias e da expectativa mundial de como reagiria a nação americana em face do desafio anônimo dessas ações. Logo se iniciava perseguição ao suspeito número um, o líder árabe Osama bin Laden, milionário saudita que lutara contra os russos na primeira guerra do Afeganistão, isto sob os auspícios dos próprios Estados Unidos. A facção que apoiara e saíra vitoriosa, Talibã, ocupava quase o país inteiro, estabelecendo regime de terror à base do fundamentalismo islâmico.
Nos desdobramentos, meses sequentes, americanos e ingleses invadiriam o Afeganistão para destituir do poder aquela facção dominante. Subiriam montanhas, explorariam cavernas distantes, à cata do autor dos atentados, até que, passados nove anos, em Abbotabad, no vizinho Paquistão, eliminariam o responsável pelos abalos de 11 de setembro de 2001.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
AS CHANCES DO AMANHÃ - Emerson Monteiro
Em sua recente visita a Juazeiro do Norte, em 27 de agosto de 2011, o professor Leonardo Boff afirmou que o Brasil tem tudo para ser a grande nação da Humanidade, caso haja tempo para isso na história.
No entanto, métodos recentes de transferência do poder exigirão a participação popular melhor esclarecida no processo de escolher os líderes, assim reconhecidos pelas urnas. Antes, porém, porque heranças de sangue determinavam fixações da linhagem sucessória, sem amplas possibilidades a todos nada permitia. Vem daí a virtude do voto participar com gosto e sabedoria no preenchimento dos cargos e posições públicas.
Visto dessa maneira, o sagrado nas escolhas generaliza o poder do cidadão, pobre ou rico, para crescer nas próprias pernas, através seleções democráticas. Regime quase perfeito (?!). Pessoas ainda imperfeitas (!).
Enquanto parece não prever qualquer falha, os atores do drama político seguem nas vacilações de seculares defeitos, quase sempre de origem moral, sem virtudes. Poucos se permitem ao luxo da integridade de uma cena limpa, de valores identificados com a Ética, nas trilhas formais dos sonhos sociais.
E os políticos se deixam levar pelas ilusões das carências grosseiras, da acumulação de força, invés de servirem ao povo e, em consequência, à grande sociedade humana. Avançam sobre o bolo público quais feras famintas, vorazes rapinantes, esquecidos que são parte de um todo e ocupam postos vitais forçando a escolha de que muito precisam na qualidade, para apenas fazerem o favor deles próprios, ou dos seus financiadores, aos olhos crédulos de eleitores inconscientes.
Nos Estados Unidos, gloriado exemplo do sistema quase perfeito (?) do capitalismo, análises não se cansam de falar nas forças poderosas que dominam as instituições, como heranças em crise, cujos remendos principiam a fazer água, maquiados pelas tintas da imprensa monumental, campeões internacionais.
O capitalismo assumiu papel de estrada principal dos modelos econômicos, levando-os a considerar altar exclusivo da civilização. As decisões mais sérias dos americanos ainda valem de consenso aos povos mais distantes.
E passamos ao melancólico estágio de massa falida que vota por dever e se engana por resultados, vítima da falta de opção, de métodos e aplicações corretas das leis do Estado moderno. - O quê e como fazer?
Aqueles que aprenderam nos bancos da experiência usam a política como instrumento particular; transformam-na em banda pensa da roleta da ingenuidade, em prejuízo da enorme periferia faminta. O padecimento dessa falta de juízo devora as carnes dos que se entregam a preço de banana, atenuando (quem sabe?) as culpas dos líderes de ocasião, vivos no meio dos escombros fumegantes dessa irresponsabilidade coletiva.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
MENSAGEM DE AGRADECIMENTO À ACADEMIA LAVRENSE DE LETRAS
Foi com imensa satisfação que recebi o honroso convite para participar da solenidade festiva, alusiva ao terceiro Aniversário de Fundação dessa Academia, e muito me felicitei em receber o Título de Honra ao Mérito Cultural, momento ímpar e inesquecível na vida de qualquer educador.
Me senti naquela oportunidade, aureolada por uma espessa camada de alegria e felicidades, as quais hoje divido com todos os organizadores e patrocinadores diretos e indiretos que favoreceram para que aquele memorável acontecimento, viesse a acontecer com tanto esmero, registrando de forma nobre e enriquecedora a expansão da desenvoltura das potencialidades culturais da nossa terra.
Em retórica dos meus sinceros agradecimentos, estendo os meus sinceros parabéns à todos, pela iniciativa deste evento que, de forma indelével, trará inúmeros benefícios ao público leitor do nosso país. Notifico o meu desejo de permanente sucesso para essa Instituição que tão bem representa e dignifica um dos primeiros nomes deste Estado: “Ceará terra da luz”. Que esta luz que iluminou os primeiros clarões da nossa origem e instância territorial, possa continuar iluminando mentes, e colhendo frutos brilhantes dos cidadãos de Lavras da Mangabeira, cidade histórica que tem passado e presente pomposo, cintilados com letras grandes, no livro da nossa história, orgulho para todo lavrense!
Meus sinceros agradecimentos!
Iêda Torquato Lobo Vieira
A SOLIDÃO DA DOR - Emerson Monteiro
É isto, sim, invés de tratar do tema a dor da solidão, tocar um pouco neste tema, a solidão da dor. Naquele momento em que se acha face a face com a solidão de verdade, livre das contradições e dos conceitos. Portas e janelas fechadas ainda que ao sol do meio dia. Quando nem adiante gemer, muito menos chorar... E a dor dói de consumir por forte que se seja. Ali, na beira de nós mesmos, esses grandes desconhecidos, no limiar do Eterno, enquanto a dor dói de não ter tamanho. Onde uivam lobos e choram homens, mulheres e meninos. Sem idade, a dor traz o perdão, reduz a nada e atiça o peito das resistências, num desafio esplendoroso... Doloroso, quero dizer.
Isso de quando as vaidades caem de joelhos e querem entrar de buraco adentro, na fronteira da inexistência. Pouco ou muito importa o tamanho da herança, e a dor dói de não ter juízo que aguente... Irmã dor, qual dizia Francisco de Assis, nas suas longas viagens espirituais.
Os laços com tradição e experiências anteriores somem no abismo infinito onde, soberana, a dor dói... Pássaros cantam pelos quintais em festa; o vento sopra nas árvores; ressurge bonito o Sol; a Lua, linda, desfila no céu... Times jogam na televisão do domingo de tarde... Tocam sinos nas igrejas... E dói a dor com fome feroz de paciência a roer o coração dos humanos.
Meu Deus, como estreita o caminho e tudo de repente nos abandona quando dói a dor e o sofrimento pede passagem na avenida, encostas das florestas escuras do desassossego.
Pedir a quem tem para oferecer. Pedir sempre, que ninguém sabe quando a dor chega trazendo consigo o custo das impiedades desse solo dourado. Surgirá silenciosa no instante certo, mãe e mestra, amiga da plena glória, no tempo da colheita nos calendários que nos abandonarão.
Ah, amigo, quando a dor mostra seu rosto, na vitrine daquela solidão, não há bom, não há melhor... Viva, pois, de saber que maiores são os poderes da certeza, e junto deles manda, senhora, a dor que nos prepara o dia de invadir o leito da saudade na paz dos mistérios em constante movimento.
sábado, 27 de agosto de 2011
O GOSTO DAS PALAVRAS NOVAS - Emerson Monteiro
Assim, quando passamos a outros só os objetos e suas movimentações, transmitimos o que vemos no jeito que podemos. No entanto quando, a isto, acrescentamos o sentimento e repassamos palavras, no reflexo do que vemos, produzimos poesia.
Caso trabalhemos com os frios fenômenos da natureza, descrevendo e ensinando, repetimos, transmitimos técnicas, construímos nos outros a ciência. Quando, porém, dizemos daquilo que nasce dentro, no coração da gente sua forma abstrata, sem comparações com o mundo real, visível, material, trabalhamos os setores da alma. A arte vem desse lugar. Arte, o empenho dos artistas pretenderem que os demais sintam o que eles sentem, e, nisso, elaboram peças de sabor espiritual, os conhecidos bens simbólicos.
O nível de receber essas produções varia ao infinito, no grau de cada indivíduo percebê-las. Esse poder de captar o fazer artística que resolveram batizar de sensibilidade, palavra que representa o padrão de receber os impulsos da criação artística nos seus vários segmentos e manifestações. Música. Pintura. Escultura. Cinema. Literatura. Artesanato. Esportes. Teatro. Televisão. Radiofonia. As elaborações da criação nas diversas modalidades, naquilo que tocam adiante a emoção sem a importância prática imediata de modificar os cursos da matéria no meio dos fenômenos. Sem nutrir o corpo físico, resultar noutros objetos, gerar movimentos imediatos no mundo das ações e dos interesses apenas mecânicos das circunstâncias.
A arte reflete dinamismo, espaço das possibilidades internas das criaturas humanas. Bem dentro do si mesmo das consciências. No âmbito do prazer mais íntimo. Aspecto personalíssimo, insubstituível. Sentir, ou não sentir; ninguém conseguirá depor no lugar da terceira pessoa quanto ao que esta sentirá, ainda que a isso pretendam os bilhões de seres pensantes.
Daí o senso da beleza, a chamada percepção estética, guardar proporções pessoais, particulares. E as palavras novas falarem das oportunidades desconhecidas chegarem ao coração para ofertar riquezas inexistentes, os valores até então ignorados, ricos de letras e melodias, imagens e cores, traços e luzes, sonhos e esperanças... O gosto desse tesouro adormecido trazido pelas palavras novas.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
CONVITE - LANÇAMENTO LIVRO
“ FRAGMENTOS PARA A HISTÓRIA DE VÁRZEA ALEGRE”
Poeta, jurista e crítico literário
Academia Cearense de Letras
Em última análise, um livro de consulta necessária, em todos os seus aspectos, através de NOTAS
(bem trabalhadas) PARA A SUA HISTÓRIA.
Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho
Poeta, escritor, editor
Academia Cearense da Língua Portuguesa
Maria Linda, por esta obra, divulga Várzea Alegre entre os que não a conhecem e, entre os da terra,
relembra-lhes o que havia ficado no passado.
João Gonçalves de Lemos
Advogado, escritor historiador
Academia Lavrense de Letras
Fragmentos para a História de Várzea Alegre, pelo seu conteúdo histórico de belíssima execução,
revestido de acurada riqueza de informações, constitui-se uma peça valiosa.
Francisco Lima Freitas
Jornalista, escritor
Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará
Um sonho acordado. É assim que percebo esta obra. Um mosaico complexo,
resultado da revisão na antropologia e na sociologia de uma sociedade em construção.
José Sávio Teixeira Pinheiro
Médico escritor
Academia Brasileira de Cordel
DATA: 27 de outubro de 2011
HORA: 19h30min
LOCAL: Centro Cultural OBOÉ
Rua Maria Tomásia, 531 – Aldeota
Fortaleza-CE - Fone: 3264.7038
Nota: Em Várzea Alegre-CE, out/20110. na Semana
do Município.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
LAVRAS DA MANGABEIRA CONTA SUA HISTÓRIA - Emerson Monteiro
Numa iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, a Prefeitura de Lavras da Mangabeira iniciou, sábado, 20 de agosto de 2011, os trabalhos que visam aprofundar estudos relativos ao conhecimento da rica história daquele município.
Comuna das mais antigas do Ceará, elevada a vila em 20 de maio de 1816, Lavras detém um passado de expressivos acontecimentos, desde quando chegara o seu fundador, capitão-mor Xavier Ângelo, procedente da Paraíba do Norte, aos feitos legendários da matriarca Fideralina Augusto Lima, das primeiras mulheres que assinalaram a vida brasileira nos primórdios da colonização do interior, pela fibra de coragem e liderança altiva diante das agruras do semiárido nordestino.
Visando, pois, a preservação desses valores históricos que definem as origens de famílias e instituições, nas formações locais, a prefeita Edenilda Lopes de Oliveira Sousa (Dena) e Miriam Linhares de Sá e Sousa (Manta), secretária de Cultura do município, organizaram mesa redonda composta por membros da comunidade, autoridades e titulares da Academia Lavrense de Letras, visando debater fatos históricos que definem a estruturação de um futuro seminário sob o tema História de Lavras da Mangabeira – Valores, Cultura e Artes da Cidade, do Município e Região.
Ao término dos estudos, será elaborado vasto documento que consolidará os feitos dos povos do lugar considerados os pontos de vista religiosos, econômicos, políticos, educacionais, científicos e turísticos.
Esse primeiro evento ocorreu nas dependências da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Gustavo Augusto Lima (ex-Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira), em solene reunião presidida pela professora Fátima Lemos, da Academia Lavrense, com a presença da chefe do Executivo, professora Edenilda Lopes, do deputado estadual Danniel Oliveira, educadores, representantes do Legislativo, autoridades civis e religiosas, profissionais liberais e de um bom público, os quais prestigiaram a realização.
Ao empreender essas pesquisas, os lavrenses demonstram sentimento cívico e exemplo pedagógico, aprimorando meios de desenvolver e educar as novas gerações numa louvável providência.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
AS LEMBRANÇAS BEM GUARDADAS - Emerson Monteiro
Chegou à Cidade do Sal em tempo suficiente de participar da festinha anual do colégio que homenagearia os pais dos alunos. Passara rápido no hotel, tomara um banho e rumara ao local.
Às 16h, ocorreria a solenidade na quadra do colégio, sob os olhos animados de professores, alunos e familiares. Ao terminarem os pronunciamentos, apresentações artísticas e outras movimentações, os pais seguiram até as salas, no sentido de receberem algumas lembrancinhas dos filhos, como organizam os colégios em tais datas.
Nessa hora, Tiago observou que Aline recebera a sua lembrança das mãos da professora mas evitara lhe repassar na mesma ocasião, qual faziam os demais colegas. Cuidadosa, guardara na bolsa a prenda e dirigira-se ao pai convidando-o para descerem ao pátio do colégio.
Ali, num ponto reservado, de mãozinhas delicadas, abriu a pequena bolsa e disse ao genitor:
- Papai, nos anos em que o senhor não pode vim eu guardei as lembrancinhas para o senhor. – Nessa hora, Tiago, que já disfarçava algumas lágrimas, observou emocionado surgirem enfileirados os mimos que a menina carinhosa guardara ano a ano.
Eram elas um chaveiro de moto feito um cordão grande e a medalhinha de São José na extremidade. Outra, uma lanterna pequenina, já meio gasta pelo uso, o que decerto a criança usara nas suas brincadeiras. A terceira, moldurazinha de praia de uns 10cm de altura por uns 5 de largura, realçando fotografia de um pai pegado com o filho, levando-o ao alto, e a frase Pai, você é o meu herói. E, por fim, a lembrança atual, boné decorado pela inscrição do nome do colégio.
Em seguida, Aline também tiraria da bolsa desenho de seu próprio punho onde mostrava três figuras. A dela, Aline, e a palavra filha. De Gabriela, e a palavra irmã. Na outra, um homem e as palavras papai, Tiago. Todos felizes. Do lado, uma árvore bem delineada e o Sol risonho. Em cima do desenho, este pensamento: Agora a família está completa.