sábado, 11 de novembro de 2017

Dona Fideralina Augusto - Mito e Realidade - Discurso no ICC -Por Cristina Couto.




Há quase um século de sua morte, Dona Fideralina Augusto ressuscita o mito para tornar sua história uma realidade. Enterrada nas cinzas do tempo pelos vassalos do seu feudo, Lavras da Mangabeira, ela não sossegou e nem deixou o nosso arqueólogo lavrense, Dimas Macedo dormir em paz, foram longos trinta anos de investidas, aparições e noites mal dormidas.

Aos poucos e cuidadosamente, nosso historiador, foi catalogando documentos, gravando e apontando depoimentos, visitando parentes, visitando biblioteca e arquivos, além de solicitar a colaboração dos amigos.
Aos poucos surgiam documentos, retratos e informações que montando o quebra cabeça das muitas peças de sua longa e tumultuada existência, resultou nesta grande obra que hoje foi apresentada, aqui, pelo garimpeiro do Cariri, o nosso amigo, Heitor Feitosa.

Tenho a impressão que o vulto da velha matriarca rondava aqueles que na sua história se envolvia. Que o diga o nosso colaborador, João Tavares Calixto Júnior, que incansavelmente e gentilmente fornecia documentos relativos a essa empreitada. Do nada encontrávamos documentos que nas mãos do escritor Dimas Macedo transformava-se em informações preciosas, fechando as lacunas deixadas por historiadores anteriores que não alcançaram o mundo mágico da informação. Foi assim, com Joaryvar Macedo, o pioneiro, e com Raquel de Queiroz, a entusiasta. Eles foram os verdadeiros descobridores dos sete mares da história caririense, e voltaram suas atenções para a história de Lavras da Mangabeira. Raquel de Queiroz em uma frase exterioriza e eterniza sua afirmação, quando disse: tudo começou numa pequena e velha cidade do sul do Ceará: Lavras da Mangabeira.

Em 2009, seu bisneto Melquiades Pinto Paiva, baseado nas pesquisas de Joaryvar Macedo escreve um livro sobre a sua bisavó, intitulado: Dona Fideralina Augusto Lima – A Matriarca do Sertão, mas não foi ele a quem ela escolheu para ser seu escafandrista, o revelador da sua alma, e como uma boa estrategista que sempre foi permaneceu quieta, tranquila, inabalável, esperando o momento certo para atacar. E, sorrateiramente coloca seu plano em ação: atacou ao sossego de Dimas Macedo.

Foram muitos ataques, investidas, batalhas e resistência, finalmente, o nosso poeta se rendeu e acenou à bandeira branca, ele, através da sua caneta poderosa e certeira ressuscitou a fênix mitológica de Lavras. Agora, ela volta a reinar como sempre reinou. Sua vida foi vivida com pólvora, sangue e tragédia; e sua história foi escrita com a caneta, a sensibilidade e a genialidade do seu conterrâneo maior Dimas Macedo.

Aquela que um dia desfilou nas ruas de Lavras em sua liteira carregada por quatro fortes escravos, hoje desfila nas páginas e nas mentes dos seus admiradores que guardarão nas suas memórias a trajetória de vida dessa grande personalidade feminina. Mulher forte, valente e destemida que ressuscitou dos mortos e ficará para sempre na história.

Crato, 03 de novembro de 2017.


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