Hoje pela manhã em
pleno sol das 10h, avistei no coreto da Praça Siqueira Campos, em Crato, um
pregador do Evangelho a cumprir missão de transmitir os versos bíblicos. Munido
de microfone e caixa de som, repercutia no céu aberto as palavras da leitura que
fazia; de chapéu e óculos, atualizava nas cabeças dos presentes, sentados, ou
de pé, distantes à sobra das poucas árvores, o exercício dos conceitos cristãos,
e gravei o que falava a propósito da esperança.
Longe de demonstrar dificuldade,
ou timidez, o pregador exercia de pleno direito a função religiosa que lhe atende
ao desejo de trazer adiante os princípios da sua convicção, ato público
adequado aos tempos heróicos das tradições seculares. Fosse alguém questionar o
exercício democrático e nem se daria ao gesto de levar em conta as opiniões
contrárias.
Tantos e quantos ora vivem
da fé autêntica, espalhados pelo mundo. Isto em época de mercantilização de
valores e virtudes, safra desembalada dos falsos cristos e falsos profetas
noticiados pelos livros sagrados, quando multidão padece da ausência angustiante
das verdades sinceras.
Há criaturas movidos
pela certeza interior das convicções que saem aos povos, munidos dessa
sinceridade, e testemunham realidades sólidas a gritar dentro da alma. Estes
superam barreiras de comodismo, respeito humano, inibição, e rompem nas vilas,
campos e cidades, exercitando o poder supremo da Palavra, acima das limitações
territoriais e dilemas pessoais. Cumprem ao pé da letra o ensino avassalador
dos mestres santos, na busca de tocar corações com as luzes essenciais desse Amor
sem dono, sem pátria, sem mistificação.
Algo me falou naquele
momento, no aberto da praça ao sol da manhã fervente do verão sertanejo, do
fogo abrasador do Espírito Santo a tocar raros seres pela dinâmica inevitável
do mistério que é a fé suficiente a transportar montanhas e lançar oradores
solitários na semeadura do Bem através dos viventes deste chão, solo da
salvação. Experimentei nisso a paixão incontrolável dos missionários clamando
no deserto das ingratidões e pedindo clemência, em reinos indiferentes, prenhes
dos pecados bestiais de tronos vendidos e inúteis.
Viajantes raros insistem,
portanto, na peleja de salvar a nossa Humanidade pelas suas ações em manhãs
ensolaradas, disto sei, pois sinais seguem visíveis na alma santa dos simples,
o que significa alimento nutritivo do sonho de paz vivo para sempre na beleza
dessa gente.
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