Data de Fundação: 01 de junho de 2008 / Presidente: Dimas Madedo/ e-mail:academialavrensedeletras@gmail.com
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
A QUESTÃO CARCERÁRIA - Emerson Monteiro
Um dia, pelas ruas de Mangaratiba, cidade litorânea do Rio de Janeiro, visualizei o passeio dos detentos da Ilha Bela, antigo presídio hoje desativado. Quadro marcante, cortejo de homens válidos, corpulentos, em marcha batida, controlados por guardas e cães, a percorrer trechos daquela cidade. Alguns traziam consigo peças de artesanato de própria fabricação, oferecidas aos circunstantes por preços ocasionais. A cena ficou gravada para voltar ao pensamento quando, como agora, enfeixo a intrincada crise penitenciária brasileira. Aqueles zumbis, de olhos vazios, trajes encardidos, quais reses de tosquia, trastes da culpa, apenas arrastavam o tropel do destino à luz da vontade dos homens.
E revivo também a sensação cotidiana dos noticiosos quando exploram o mundo cão. São raros os meses em que deixam de ocupar o cardápio as rebeliões nas celas, com registros de fugas, incêndios, perdas de vidas e homicídios.
Tais aspectos percebidos significam o estrangulamento do sistema penal; refletem a estrutura da sociedade como um todo, onde deficiências indicam muito chão ainda para percorrer até a perfeição final do processo vida.
Cheira mesmo a repetição dizer que as cadeias, quais viveiros de pássaros indomáveis, converteram-se no campus da monstruosa universidade do crime, imagem conhecida, onde os apenados ali encaram desafios primitivos junto de outros em condições físicas e morais deploráveis. Daí, qual onda avassaladora, estranho relacionamento impõe e multiplica a morbidez de seres vencidos, depois lançados às sarjetas, num ciclo de miséria que aumenta os custos do subdesenvolvimento mórbido.
Intenções honestas de resolver o problema, contudo, não eliminam o atraso dessa área, vistas experiências nos países ricos, mesmo sabidas quantas falhas lá também persistem.
Planos que se cogitem devam sempre vincular a participação efetiva da força de trabalho reclusa às celas, estagnando a capacidade produtiva. Em resposta, as sentenças assim deixariam de inutilizar a mão de obra prisioneira, sobrando ao Estado o mérito de soluções criativas e geração de riqueza, alimentando e estabilizando as contas da instituição punitiva, além de profissionalizar quem chegar, de comum, sem ofício. As prisões agrícolas demonstram a viabilidade desta idéia.
Restam imaginar perspectivas novas para problema tão arcaico. O gesto de segregar aos calabouços, sem outras preocupações racionais, apenas mascara uma chaga que transborda de dor e clama decência. Compromisso pesa, pois, sobre todos os ombros, sabendo que o zelo da liberdade vem assegurado como atributo essencial, dom divino que cabe manter, sobretudo a quem necessita desde criança das poucas e limitadas oportunidades vitais.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
PREGUIÇA DE SER MELHOR - Emerson Monteiro
Ou preguiça moral, essa acomodação que sujeita alguns de não encarar a vida qual oportunidade para crescer com os padrões internos da personalidade. Melhorar sentimentos e pensamentos. Olhar a si e aos outros para instrumentos de evolução além dos valores só materiais, interesseiros e imediatos. Querer aprimorar os conceitos e os comportamentos das ações diárias. Prevenir oportunidades que oferecem paz interior, vitória sobre os remorsos e as angústias.
Quase nunca alguns acomodados nos seus gestos dão prioridade a pensar que mudar significa tão pouco. Hábitos antigos entranham tanto na rotina que viram mania e revelam, por vezes, criaturas abusadas, agressivas, mal humoradas. A carne dessas pessoas parece doer menos do que a de outras. O peso da idade chega dominando tudo em volta, ainda assim. Quais bichos adoentados, marcam o roteiro das infelicidades humanas e botam gente a dobrar quarteirões querendo fugir das suas presenças indesejadas.
Imaginar que nasceram com tais destinos representa argumento de quem abandonou ao destino poder maior do que a ele cabe. Ninguém veio ao mundo a fim de servir de espantalho, porquanto todos têm direito de ser feliz à medida que descubra normas do bom viver. Entregar de mão beijada aos caretas o resultado das oportunidades vale o mesmo que trocar um prato de lentinhas pelas heranças dos reis, como aconteceu na história dos filhos de Isaque, netos de Abraão.
Mas multidões agem desse jeito, esquecidos que o futuro é resultado de esforços atuais; plantam, no entanto, sementes ruins e colhem, lá adiante, os dissabores amargos da dor, esquecidos de ser melhores nas histórias deste mundo. Vencer os pecados capitais primeiro há que se vencer a preguiça de trabalhar a consciência e construir sementeiras de humildade no canteiro do amor e do serviço ao próximo.
Quase nunca alguns acomodados nos seus gestos dão prioridade a pensar que mudar significa tão pouco. Hábitos antigos entranham tanto na rotina que viram mania e revelam, por vezes, criaturas abusadas, agressivas, mal humoradas. A carne dessas pessoas parece doer menos do que a de outras. O peso da idade chega dominando tudo em volta, ainda assim. Quais bichos adoentados, marcam o roteiro das infelicidades humanas e botam gente a dobrar quarteirões querendo fugir das suas presenças indesejadas.
Imaginar que nasceram com tais destinos representa argumento de quem abandonou ao destino poder maior do que a ele cabe. Ninguém veio ao mundo a fim de servir de espantalho, porquanto todos têm direito de ser feliz à medida que descubra normas do bom viver. Entregar de mão beijada aos caretas o resultado das oportunidades vale o mesmo que trocar um prato de lentinhas pelas heranças dos reis, como aconteceu na história dos filhos de Isaque, netos de Abraão.
Mas multidões agem desse jeito, esquecidos que o futuro é resultado de esforços atuais; plantam, no entanto, sementes ruins e colhem, lá adiante, os dissabores amargos da dor, esquecidos de ser melhores nas histórias deste mundo. Vencer os pecados capitais primeiro há que se vencer a preguiça de trabalhar a consciência e construir sementeiras de humildade no canteiro do amor e do serviço ao próximo.
domingo, 25 de setembro de 2011
AS CIDADES DE CHICO BUARQUE - Emerson Monteiro
Cristina Couto reuniu em livro (As cidades de Chico Buarque) fragmentos de uma época histórica do Brasil recente e intercalou-os com páginas das músicas de Chico Buarque de Holanda e. deste modo, criou belo painel que bem representa a fase crítica dos anos de chumbo. Nas marcas que anotou dos passos do poeta nos bastidores da convulsa vida nacional, a escritora conta em linguagem eficiente o que vencíamos do medo e da censura feroz para trazer ao povo os espelhos urbanos que alimentavam apreensivas esperanças e resistência.
Perante o jeito que exercita, Cristina de Almeida Couto, membro da Academia Lavrense de Letras, professora universitária e jornalista, consolidou no seu trabalho a escritura poética de Chico Buarque na visão acadêmica suficiente de dizer o que aconteceu no imaginário da criação artística, contradições e vislumbres doridos, na fase extrema, totalitária. Caminhava-se pelas ruas deserdados; atravessavam as lamúrias de um modelo econômico de época, à força dos poderes internacionais na república ansiosa de algum crescimento material.
Talhes profundos, no entanto, feriam por dentro a alma, sobretudo de jovens da classe média embalados nos sonhos imaginários de liberdades civis ideais, frustradas na quebra institucional da luta brasileira.
Trabalhou com êxito o tema desse encontro das duas vertentes, do real no cotidiano, e das letras que o interpretavam através palcos e discos, a transmitir vozes gritadas ao enlevo dos ritmos novos – misturas de samba do morro, bossa nova e inventividade nativa.
Feliz a executar o projeto estabelecido, Cristina nos permite viver ou reviver a composição popular no mister desses acontecimentos, versão do coração de quem atendeu consignar a poética na história dos vencidos daqueles instantes.
Uma viagem técnica e sentimental, pois, através das letras das cantigas... exercício de fixação salutar e digno de quem deseja guardar as lições amargas da nossa geração urbano-industrial.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
DUAS FACES DE UMA SÓ NATUREZA - Emerson Monteiro
A mulher e o homem são aspectos distintos, porém integrais, da natureza que os dois formam e se repetem ao infinito. Houvesse ausência de um, e deixaria vazio de não ter tamanho, a ponto da total interrupção dos acontecimentos biológicos que representam a longa história de todos nós.
No decorrer do tempo, contudo, devido aos motivos dos que buscam aprender das condições normais, invés de somar, excluem e criam divisões, a pretexto de reinar a fria competição, a concorrência desleal, da selvageria de um dos sexos, quando eles mesmos sozinhos se completam.
As características da mulher e do homem representam perfeição em termos de organização social, na elaboração da célula mãe da família e dos grupos. De sã consciência, ninguém levantará bandeira de superioridade entre esses dois aspectos essenciais do casal humano à procriação e educação das gerações, no sentido da construção ideal de uma sociedade justa.
As definições de cada um desses distintos elementos compõem a vida e pedem apenas que se respeitem no tanto certo de estabelecerem a felicidade ideal das pessoas. Exemplos haverá aos turbilhões de quem compreendeu tais características próprias da mulher e do homem, frutos da ciência universal. Isso põe a pensar no quanto ainda precisam conhecer dos segredos da paz, até rezar do jeito correto nas cartas das existências coletivas.
A riqueza dessas peculiaridades dos sexos rasga vistas dos que querem aprender o objetivo da lei da Criação, seus sabores e suas normas dignas da mais lúcida exatidão matemática.
Ao observar, pois, a ação amistosa entre os irmãos, o viajante das estrelas conclui que sem a mãe ou sem o pai nada existiria para merecer nome de filhos, e nenhuma história nasceria antes de tudo para se conhecer.
Eis, por isso, qual a solução das crises que sustentam a ilusão de serem opositores as duas manifestações dos que vierem morar algum tempo neste chão comum de dois.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O DINHEIRO E AS RELIGIÕES - Emerson Monteiro
Aonde chegar a mão humana ali ocorrem transformações por vezes desencontradas, e nem sempre para melhor. As mudanças de rumo daquilo visto nos inícios qual valores importantes sujeitam inverter seus objetivos originais. A invenção do dinheiro, por exemplo, demonstra isso com uma clareza meridiana. Em princípio visto qual rara solução para circular a riqueza na sociedade, depois endureceu os corações e gerou graves riscos à paz dentro das famílias e no seio das classes sociais. Parecido até com outro fenômeno que consta do livro bíblico do Êxodo.
Quando Moisés conduzia os descendentes de Abraão através do deserto da Arábia, na saída do Egito, o que durou 40 longos anos de agruras e apreensões, houve momento quando a fome pareceu dominar aquele povo de milhares de pessoas.
Em apuros, pediram a Deus que lhes salvasse da rude provação. Nos dias, então, logo cedo da manhã, passou a cair do céu o maná, um alimento misterioso, com o qual se alimentavam e sobreviveram.
No desejo de garantir os dias seguintes, os judeus quiseram guardar esse pão, e foram alertados de não o fazer. Aqueles que desobedeciam depois apenas achavam restos estragados. Como guardavam o sábado, grãos caídos nas sextas-feiras resistiam bem até o domingo.
Noutro trecho bíblico, Jesus afirma: Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Isto ponderamos em vista dos excessos praticados, na época de hoje, com relação ao desespero de tantos para reter o dinheiro, inclusive no seio das religiões, desvirtuando os propósitos e valores da vida em grupo, isso tão só para chegar ao poder e controlar para si as multidões feitas rebanhos animais. Quantos se perderam feio na jornada do trabalho coletivo por causa dessa fome alucinada do vil metal, e distorcem as bênçãos das riquezas.
Há nisso sérias lições a tirar e modificar as atitudes, no afã de construir o futuro. Porquanto, noutra rara e bela afirmação, Jesus considera: Não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
A ideologia praticada nesta hora, contudo, desvirtua princípios e insufla o culto exacerbado da matéria e dos capitais, iludindo também os dirigentes religiosos e dificultando para muitos a crença dos ensinos eternos.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
CIÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO IDEAL - Emerson Monteiro
Em face dos excessos gerados pela indústria, que só prioriza os lucros em detrimento da qualidade de vida e da saúde, mais que antes o cidadão médio precisa desenvolver o conhecimento daquilo que utiliza para se alimentar. Isto, quando bem respeitado, possibilitará tipo saudável e maior aproveitamento da existência. Caso contrário, viver se transforma em um calvário constante à medida que passa o tempo e os resultados, no corpo, do que utilizamos de alimento mostra os seus reais efeitos.
Um tanto dos produtos vendidos em lojas e supermercados não estão próprios para o consumo humano, apesar dos órgãos oficiais assim atestarem. Na verdade, essa propriedade para consumo é relativa ao que a febre do lucro ditar, pois esses cuidados para com os valores da saúde andam afastados de qualquer conceito ideal de alimentação adequada.
Primeiro de tudo, os conceitos alimentares do Ocidente guardam pouca ou nenhuma identificação com a natureza original da vida. Vender sempre foi a lei da tradição alimentar ocidental. Tudo começou quando traziam das Índias as famosas especiarias para comerciar nos mercados europeus, dentro das leis da oferta e da procura do Mercantilismo dominante. A regra básica, pois, seria lucrar a todo custo.
Mudadas as rotas do Caminho das Índias, os impérios chegaram às Américas, e o que trataram de desenvolver, as usinas de açúcar, elaborando substância hoje considerada o principal agente cancerígeno utilizado pelas pessoas humanas, o açúcar refinado, destruidor do equilíbrio orgânico. Enquanto dizimaram as populações nativas, incorporando poucos ou nenhum dos conceitos de uma culinária trazidos no correr dos tempos de uma tradição do uso correto dos elementos naturais, acumulada pelos séculos.
Por isso, os orientais vivem em mais harmonia com a saúde. Buscaram aprender dos antigos o bom uso dos alimentos. Melancólico se entregar aos braços dos industriais e comerciantes sem usar a consciência da boa alimentação, o que evitaria milhares dos males físicos que enchem hospitais e destroem vidas desde o nascedouro.
sábado, 17 de setembro de 2011
TEMPOS VIVOS - Emerson Monteiro
Nada há que reclamar da tecnologia. Mesmo porque de que adiantaria, pois as marchas de progresso alimentam os seguimentos de trabalho em tudo que é canto deste mundo de meu Deus. São portas abertas aos dias de depois. Portas e janelas. Onde olhar e ali chega o momento de caminhar rumo do passo adiante.
Bom, falar isso devido ao gosto que se pega em trabalhar nessa coisa de computador, invenção dominante dos becos e vilas dos resultados dagora. Qualquer assunto, desde pousar avião do céu a saber das chuvas do outra lado da Terra, abrir essa tela fosca das máquinas modernas e aparecem os meios de chegar aonde levar novas possibilidades.
Aqui preparando as panelas dos dias e surge a necessidade que o instrumento sabido responde. Quer-se ouvir uma música das antigas e corre o desejo nos trilhos da Internet, trazendo a gravação pedida na saudade. Um amigo que não se sabe onde mora e corre o desejo nos trilhos da Internet, trazendo o endereço, com todos os detalhes de localização. Espécie de lâmpada de Aladim, os planisférios das telhas iluminadas clareiam o espaço da sala, gênio maravilhoso que de tudo conhece, mais até do que os mágicos das histórias fantásticas dos alpendres esquecidos.
Espelho estonteante, essa máquina parece mergulhar nas cinzas do passado e retornar com as mãos cheias das pedras preciosas do Conhecimento.
Com isso, liberaram-se as pessoas para trabalhar os segredos desse desenvolvimento inovador. Economizam os instantes preciosos do sentimento, e seguem de olhos acesos nas belezas desta hora primaveril.
Andar de cabeças no alto, e pés fincados nas letras intensas da invenção mexem com a gente, fome fixa de verdades livres... Só cabe aproveitar esse tal de território dos sonhos e reconstruir as catedrais do Amor no coração de toda pessoa, meios a isto sobra em cada esquina da civilização abelezada nas suas riquezas mil.
Bom, falar isso devido ao gosto que se pega em trabalhar nessa coisa de computador, invenção dominante dos becos e vilas dos resultados dagora. Qualquer assunto, desde pousar avião do céu a saber das chuvas do outra lado da Terra, abrir essa tela fosca das máquinas modernas e aparecem os meios de chegar aonde levar novas possibilidades.
Aqui preparando as panelas dos dias e surge a necessidade que o instrumento sabido responde. Quer-se ouvir uma música das antigas e corre o desejo nos trilhos da Internet, trazendo a gravação pedida na saudade. Um amigo que não se sabe onde mora e corre o desejo nos trilhos da Internet, trazendo o endereço, com todos os detalhes de localização. Espécie de lâmpada de Aladim, os planisférios das telhas iluminadas clareiam o espaço da sala, gênio maravilhoso que de tudo conhece, mais até do que os mágicos das histórias fantásticas dos alpendres esquecidos.
Espelho estonteante, essa máquina parece mergulhar nas cinzas do passado e retornar com as mãos cheias das pedras preciosas do Conhecimento.
Com isso, liberaram-se as pessoas para trabalhar os segredos desse desenvolvimento inovador. Economizam os instantes preciosos do sentimento, e seguem de olhos acesos nas belezas desta hora primaveril.
Andar de cabeças no alto, e pés fincados nas letras intensas da invenção mexem com a gente, fome fixa de verdades livres... Só cabe aproveitar esse tal de território dos sonhos e reconstruir as catedrais do Amor no coração de toda pessoa, meios a isto sobra em cada esquina da civilização abelezada nas suas riquezas mil.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
NÚMEROS ESPECULATIVOS - Emerson Monteiro
Vimos outro dia, em comentário circunstancial, que os atuais países gastaram só durante o ano de 2010 a bagatela de trilhão e meio de dólares nos gastos de armamentos. E que dita quantia corresponde a 16 vezes todo o meio circulante da moeda do Brasil, esbanjamento de não ter tamanho daquilo que a natureza forneceu para alimentar o ecossistema do planeta Terra, jogado fora assim à toa, prática por demais escandalosa, imbecil, para custear a fome da cólera dos que comandam a farra do poder ao preço da brutal violência.
Pois bem, cresce nos mercados mundiais, desde o ano de 2008, das piores crises econômicas que há notícia, ameaçando, inclusive, as nações ricas da Europa, motivo de apreensão dos que querem enxergar na história solução de curto prazo.
Contudo, ato contínuo, os líderes ocidentais notaram detalhe que lhes chamou a atenção... A China conseguiu, nesses tempos depois da Revolução de Mao-tsé-tung, amealhar reservas monetárias em torno de três trilhões de dólares, o suficiente para cobrir a fome ocidental pelo período de dois longos anos das suas guerras de conquista.
Chineses, no entanto, parecem avaliar se querem mesmo investir capitais longe de seu território, pois sabem o risco que correrão nos braços incertos dos estrangeiros prepotentes. Estudam calados o sacrifício, hora crítica de muitos interessados naquilo que obtiveram ao correr do trabalho de tantos.
O prejuízo acumulado de italianos, por exemplo, chega além de um trilhão de dólares, a imaginar os outros envolvidos na situação coletiva; Espanha, Portugal, Grécia, economias antes seguras, também cruzam tempos difíceis. Quanta fortuna e sucesso desapareceram através dos números vazios das ilusões perdidas...
Os chineses que se cuidem, pois, diante da pressa de quem subira na riqueza destruindo a paz com políticas armadas e destruidoras. Ao bom senso caberá, o quanto jamais aconteceu, lugar das atitudes coerentes, no nome da continuação da existência e da fraternidade entre as pessoas... Que alimentem, senhores chefões, a boa vontade à luz da razão, em benefício de todos nós seres humanos.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
A DOR E O MENESTREL - Emerson Monteiro
Lemos em algum lugar a história de um palhaço que perdeu a esposa e viu-se na condição de comparecer, no mesmo dia, ao picadeiro do circo e fazer rir a platéia que lotava o espetáculo onde tantas outras apresentações ali levara a efeito em condições satisfatórias.
No momento em que todos gargalhavam com desempenho magistral nunca antes presenciado pelo distinto público, dentro dele fervilhava a mais pungente amargura e desciam lavas amargas de dor, disfarçadas com maestria pela máscara que lhe cobria o rosto banhado de lágrimas.
Naquela hora, enquanto alegria sem igual contagiava os espectadores, no peito do homem ardia crise sem precedentes, propósito de quem conduz a vida aonde quase nada pode exprimir da veraz realidade que na alma impera, por força de produzir emoções nos outros humanos universos lá de fora.
A situação descrita, mudando o que merece ser mudado, caberia feita luva numa circunstância que se verificou em Crato, na madrugada de 28 de abril de 2001, quando, no Espaço Navegarte, assistíamos a uma apresentação musical.
No palco, o cantor pernambucano Geraldo Azevedo, voz e violão, que oferecia à numerosa platéia a bela música do seu repertório, boa parte de própria autoria. Aplausos efusivos animavam o clima ameno do lugar, evidenciado nos flashs constantes dos fotógrafos que registravam o acontecimento, entremeados de relâmpagos insistentes que clareavam o céu escuro, à distância, cenário detrás do palco para as bandas da Ponta da Serra.
Isso se manteve ao ritmo das letras e cordas afiadas do instrumento bem praticado daquele artista popular, nas sombras chuvosas da noite caririense.
Duas ou três canções antes do término da cena, porém, numa das falas com que ilustrava os intervalos das canções, o músico comunicou aos presentes que, na véspera daquela data, ocorrera a passagem de sua genitora desta vida para a outra, pondo-se, logo depois, a interpretar uma composição de autoria dela, refletindo na voz o sentimento que se pode imaginar de um filho em situação semelhante.
Ao lembrar os detalhes disso que contamos, vemo-nos também emocionado, a refletir quanto à condição de vida dos artistas e sua proximidade com as multidões, vínculos que se estabelecem no decorrer da existência do trabalho. Enquanto dentro de si lhes sacodem o peito um coração quantas vezes macerado pelas guantes imprevistas do destino, repassam, igualmente, a imagem de quem habita os condomínios da mais pura felicidade.
Missão semelhante, o exemplo do palhaço de que falamos no início. Uns dançam, riem, se divertem. Outros padecem, representam, dissimulam. De íntimo transtornado pelos ardores do sofrimento de perder a mãe querida, o músico prosseguiu com a função até o fim, desfolhando versos e notas, solitário, ausente das convenções deste mundo; isso tudo em nome do amor ao sonho da arte, herói sobranceiro da magna inspiração, porquanto o show haverá sempre, de manter seu curso ininterrupto para o centro dos corações em festa.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
A SEGUNDA GUERRA DO AFEGANISTÃO - Emerson Monteiro
Dia seguinte a longa viagem que, por terra, realizara a Brasília, na manhã do dia 11 de setembro de 2001, uma segunda-feira, trabalhava na Universidade Regional do Cariri por volta das 10h30, quando Sávio Cordeiro, colega de sala veio me trazendo a notícia: Ocorreram atentados nos Estados Unidos, com explosões no Pentágono e nas torres do World Trade Center.
- Começou a Terceira Guerra Mundial - disse ao transmitir os incidentes verificados minutos antes. - Terroristas acabaram de jogar aviões Boeing 767 contra esses alvos estratégicos da América...
Isso me pegara de chofre qual um soco na boca do estômago. Senti espécie de vertigem, frieza no corpo, compreendendo que algo sério ocorria no mundo daquela hora, tempos estritos da dominação do forte sobre o fraco e intensa produção bélica. Em princípio, parecia confirmar a lógica da luta pelo poder na Terra, a qualquer preço.
Procurei demonstrar naturalidade, no entanto... Mas eu mesmo sei o que se passava da cabeça ao coração. Algo sinalizava a gravidade das informações. Daí a pouco, fui saído de mansinho para, próximo dali, encontrar Danielle e as meninas, na Escola Semear, e nos dirigirmos à casa de meus pais, onde almoçaríamos naquele dia.
O peso dos acontecimentos viria com mais intensidade à frente da televisão, na sala onde todos da casa se reuniam a testemunhar o decorrer dos acontecimentos. Comentava com meu pai o assunto quando, ao vivo, ruía a primeira torre. Na cena, avião que volteava nos céus 18 minutos depois do primeiro impacto, impassível, atingiu a segunda torre gêmea, quase a traspassá-la, cena mostrada qual cena de ficção. Outro avião cheio de passageiros há pouco teria sido interceptado sobre o Estado da Pensilvânia. Noticiava-se que outros aviões ainda se achavam desaparecidos. De tudo aquilo deixando um gosto ferrugento na minha boca. A emoção do imprevisível parecia tomar conta da Eternidade.
Antes de vir para casa, nessa tarde, por volta do meio dia, passaríamos para visitar um amigo, Gerardo Junior Lopes, no Grangeiro. Na sua casa, todos também observavam as imagens que se repetiam na televisão, cenas dantescas de destruição em Nova York e Washington.
Após tais instantes, lembro das muitas notícias e da expectativa mundial de como reagiria a nação americana em face do desafio anônimo dessas ações. Logo se iniciava perseguição ao suspeito número um, o líder árabe Osama bin Laden, milionário saudita que lutara contra os russos na primeira guerra do Afeganistão, isto sob os auspícios dos próprios Estados Unidos. A facção que apoiara e saíra vitoriosa, Talibã, ocupava quase o país inteiro, estabelecendo regime de terror à base do fundamentalismo islâmico.
Nos desdobramentos, meses sequentes, americanos e ingleses invadiriam o Afeganistão para destituir do poder aquela facção dominante. Subiriam montanhas, explorariam cavernas distantes, à cata do autor dos atentados, até que, passados nove anos, em Abbotabad, no vizinho Paquistão, eliminariam o responsável pelos abalos de 11 de setembro de 2001.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
AS CHANCES DO AMANHÃ - Emerson Monteiro
Em sua recente visita a Juazeiro do Norte, em 27 de agosto de 2011, o professor Leonardo Boff afirmou que o Brasil tem tudo para ser a grande nação da Humanidade, caso haja tempo para isso na história.
No entanto, métodos recentes de transferência do poder exigirão a participação popular melhor esclarecida no processo de escolher os líderes, assim reconhecidos pelas urnas. Antes, porém, porque heranças de sangue determinavam fixações da linhagem sucessória, sem amplas possibilidades a todos nada permitia. Vem daí a virtude do voto participar com gosto e sabedoria no preenchimento dos cargos e posições públicas.
Visto dessa maneira, o sagrado nas escolhas generaliza o poder do cidadão, pobre ou rico, para crescer nas próprias pernas, através seleções democráticas. Regime quase perfeito (?!). Pessoas ainda imperfeitas (!).
Enquanto parece não prever qualquer falha, os atores do drama político seguem nas vacilações de seculares defeitos, quase sempre de origem moral, sem virtudes. Poucos se permitem ao luxo da integridade de uma cena limpa, de valores identificados com a Ética, nas trilhas formais dos sonhos sociais.
E os políticos se deixam levar pelas ilusões das carências grosseiras, da acumulação de força, invés de servirem ao povo e, em consequência, à grande sociedade humana. Avançam sobre o bolo público quais feras famintas, vorazes rapinantes, esquecidos que são parte de um todo e ocupam postos vitais forçando a escolha de que muito precisam na qualidade, para apenas fazerem o favor deles próprios, ou dos seus financiadores, aos olhos crédulos de eleitores inconscientes.
Nos Estados Unidos, gloriado exemplo do sistema quase perfeito (?) do capitalismo, análises não se cansam de falar nas forças poderosas que dominam as instituições, como heranças em crise, cujos remendos principiam a fazer água, maquiados pelas tintas da imprensa monumental, campeões internacionais.
O capitalismo assumiu papel de estrada principal dos modelos econômicos, levando-os a considerar altar exclusivo da civilização. As decisões mais sérias dos americanos ainda valem de consenso aos povos mais distantes.
E passamos ao melancólico estágio de massa falida que vota por dever e se engana por resultados, vítima da falta de opção, de métodos e aplicações corretas das leis do Estado moderno. - O quê e como fazer?
Aqueles que aprenderam nos bancos da experiência usam a política como instrumento particular; transformam-na em banda pensa da roleta da ingenuidade, em prejuízo da enorme periferia faminta. O padecimento dessa falta de juízo devora as carnes dos que se entregam a preço de banana, atenuando (quem sabe?) as culpas dos líderes de ocasião, vivos no meio dos escombros fumegantes dessa irresponsabilidade coletiva.
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