A Terra é nossa casa, eis o título adotado pelo cantor, compositor e instrumentista Nando Cordel para desenvolve um projeto que visa acordar no coração das crianças, jovens e adultos, a riqueza das boas maneiras: o respeito, a humildade, o carinho, a moral, a gentileza... chamando atenção para que cada um olhe o outro como irmão.
Tal iniciativa ganha espaço na educação de crianças e adolescentes, sobretudo na atualidade, quando cresce no Brasil campanha para conter a violência na educação dos filhos. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina o projeto de lei que modifica o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Com a modificação, ficará vedado aos pais adotar castigos físicos para disciplinar ou punir os filhos.
Esse projeto de lei de autoria do Executivo federal, que depende agora da aprovação do Congresso Nacional, restringe inclusive as mínimas ações de punição, desde, por exemplo, simples palmadas, vistas até então, por alguns educadores, como medidas profiláticas de combate aos hábitos nocivos, na primeira fase da vida infantil.
Diante, pois, da necessidade premente de métodos inovadores que venham suprir os instrumentos usados na formação básica, o artista Nando Cordel sai, numa firme cruzada pedagógica pelo Nordeste, utilizando-se de belas cartilhas destinadas a crianças e educadores, enfocando áreas essências da prática diária nas escolas e no lar.
Temas quais escovação dos dentes, uso de linguagem apropriada, asseio, religiosidade, sinceridade, obediência e outros, são apresentados de modo didático nesse material.
Sempre demonstrando preocupação com a adoção dos valores positivos, este pernambucano nascido em Santo Agostinho vem visitando as secretarias de educação dos municípios, visando ampliar os frutos dessa tarefa que soma às apresentações musicais destinadas à propagação do conceito da Paz entre as pessoas.
Artista versátil, consagrado fenômeno de inspiração literária e musical, este menestrel se identifica com a gente do Ceará, e, no Cariri, vem prestigiando o trabalho dos Anjos Solidários – Cevema, em Juazeiro do Norte, a consolidar sua história de 25 anos de um talento consagrador.
Além desta campanha em prol do aperfeiçoamento da educação infantil, Nando Cordel também pretende deflagrar um movimento visando aumentar as doações de órgãos humanos, ora em andamento, com músicas e apresentações.
São estas, portanto, boas e possíveis finalidades da arte engajada no corpo da sociedade, quando seus ídolos abraçam causas nobres e retribuem à altura o carinho e a predileção do grande público ao seu trabalho. Dignas de nota as atuais providências de Nando Cordel nesta nova fase de sua carreira artística.
Data de Fundação: 01 de junho de 2008 / Presidente: Dimas Madedo/ e-mail:academialavrensedeletras@gmail.com
quinta-feira, 29 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
NUMA LUA QUASE CHEIA DE JULHO - Emerson Monteiro
Sob os efeitos recentes da tempestade de emoções vividas por ocasião do lançamento do livro Cariricaturas em verso e prosa, acontecido na noite de 24 de julho de 2010, nas dependências do Crato Tênis Clube, resolvo escrever algumas palavras neste assunto.
Junto dessa vontade, me veio ao pensamento uma polêmica verificada no auge do jornal O Pasquim, arauto brasileiro da contracultura na década de 60, quando o escritor Luiz Carlos Maciel escrevia artigos analisando o conteúdo existencial das letras de Noel Rosa e, sem intenção deliberada, feriu o espírito realista do célebre Millôr Fernandes. Assim, sem querer, provocou cisão irreparável no grupo de artistas e intelectuais do semanário, abrindo brecha intransponível para a sua continuidade. Tudo por conta do modo romântico de olhar a vida sem meias tintas, com fartura de emoções, aos moldes da avaliação literária.
Na tempestade que invadiu o espaço do tradicional recanto da sociedade cratense, nessa noite de autógrafos repleta de escritores, convidados, falas e música, causou espécie a farta emocionalidade do instante. Cercado de amigos que se reencontravam, vindos alguns de lugares distantes, público feliz desfrutou ocasião pródiga e espontânea. Viu-se de perto o Crato criativo, resistente e culto redimido em ocasião típica dos seus melhores dias de antes experimentados.
A festa produzida por Socorro Moreira, Claude Bloc e Edilma Rocha, animada por Hugo Linard e banda, reavivou bons sentimentos do auge de épocas bem especiais guardadas na memória. O mistério dessa intensidade, desse fulgor, lembra a frase de Saint Exupéry que diz: Quando o mistério é muito impressionante não cabe desobedecer.
Em meio ao sucesso das atividades em movimento, busquei agir como quem anda nos corredores internos de uma loja de porcelanas e vidros finos. Tantas valiosas personalidades vistas de perto, ao gosto por literatura, cultura, arte; figuras marcantes todo tempo, nos vários estágios dos caminhos desse rincão forte do Cariri, formaram painel verdadeiro de histórias e ocasiões, no encontro ao natural. Uma grande nave de cumplicidades circunscreveu sonhos pelo ar, feito o clima imponderável dos filmes geniais de Federico Fellini, decerto.
Daí soube as razões internas da vez em que Luiz Carlos Maciel analisou as letras dos sambas de Noel Rosa com a lente dos sentimentos. Porquanto há dimensões que apenas pelo lado de dentro se pode tocar, independentes dos caprichos horizontais da razão fria, das matemáticas.
Nesse aspecto, foi o professor José Newton Alves de Sousa quem, ao agradecer as homenagens recebidas, melhor definiu a voltagem da festa.
Fez menção a outro discurso e consignou mudança radical que, então, vivenciara na fisiologia de seu corpo, pois diante daquilo todo ele se transformava apenas em um coração.
Junto dessa vontade, me veio ao pensamento uma polêmica verificada no auge do jornal O Pasquim, arauto brasileiro da contracultura na década de 60, quando o escritor Luiz Carlos Maciel escrevia artigos analisando o conteúdo existencial das letras de Noel Rosa e, sem intenção deliberada, feriu o espírito realista do célebre Millôr Fernandes. Assim, sem querer, provocou cisão irreparável no grupo de artistas e intelectuais do semanário, abrindo brecha intransponível para a sua continuidade. Tudo por conta do modo romântico de olhar a vida sem meias tintas, com fartura de emoções, aos moldes da avaliação literária.
Na tempestade que invadiu o espaço do tradicional recanto da sociedade cratense, nessa noite de autógrafos repleta de escritores, convidados, falas e música, causou espécie a farta emocionalidade do instante. Cercado de amigos que se reencontravam, vindos alguns de lugares distantes, público feliz desfrutou ocasião pródiga e espontânea. Viu-se de perto o Crato criativo, resistente e culto redimido em ocasião típica dos seus melhores dias de antes experimentados.
A festa produzida por Socorro Moreira, Claude Bloc e Edilma Rocha, animada por Hugo Linard e banda, reavivou bons sentimentos do auge de épocas bem especiais guardadas na memória. O mistério dessa intensidade, desse fulgor, lembra a frase de Saint Exupéry que diz: Quando o mistério é muito impressionante não cabe desobedecer.
Em meio ao sucesso das atividades em movimento, busquei agir como quem anda nos corredores internos de uma loja de porcelanas e vidros finos. Tantas valiosas personalidades vistas de perto, ao gosto por literatura, cultura, arte; figuras marcantes todo tempo, nos vários estágios dos caminhos desse rincão forte do Cariri, formaram painel verdadeiro de histórias e ocasiões, no encontro ao natural. Uma grande nave de cumplicidades circunscreveu sonhos pelo ar, feito o clima imponderável dos filmes geniais de Federico Fellini, decerto.
Daí soube as razões internas da vez em que Luiz Carlos Maciel analisou as letras dos sambas de Noel Rosa com a lente dos sentimentos. Porquanto há dimensões que apenas pelo lado de dentro se pode tocar, independentes dos caprichos horizontais da razão fria, das matemáticas.
Nesse aspecto, foi o professor José Newton Alves de Sousa quem, ao agradecer as homenagens recebidas, melhor definiu a voltagem da festa.
Fez menção a outro discurso e consignou mudança radical que, então, vivenciara na fisiologia de seu corpo, pois diante daquilo todo ele se transformava apenas em um coração.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
NAS SITUAÇÕES-LIMITE - Emerson Monteiro
O primordial não é o limite das situações, mas quem escapará delas, que apresentem por mérito o talento de vencer quando atravessar a correnteza dos extremos, através dos mares da dor, da dúvida, da solidão, etc.
A tudo o que existe corresponde um resultado de ordem prática, real, aquilo em forma de produto ligado às origens, resultante do objetivo que lhe deu início, à primeira vontade, levado ao seu fim derradeiro, nessa empresa chamada vida, existência, ou missão. Não importam as circunstâncias e seus variados matizes, pois, chegado ao final, isso também ficará para trás.
O que pesa, no entanto, vem no jeito de encarar os limites, casamento feito do hífen na palavra (situações-limite), nos moldes de uma ponte resistente. Os demais fatores valem por detalhes ocasionais de menor importância, companheiros de meio de viagem, frieza que se torna fundamental só no trato das circunstâncias, na vala comum das ocorrências.
Assim como o verbo ser representa estado de permanência, as situações fazem ligação do que se acha antes com o que virá depois, do ser que define o circunstancial das situações, ligando-as a sujeitos que permanecem até sumir nas curvas da estrada infinita, enquanto existe algo acontecendo conosco jamais sumirá.
O tempo marcha sempre, parado no mesmo lugar, fonte universal de um tônico invisível, imaterial, sol que a tudo purifica, fazendo e desfazendo, presença intermitente da realidade, luz no fim de todos os túneis por aonde se chegar.
O que vale é o equilíbrio entre as partes, a queda e a coisa que cai, a queda e a coisa que se levanta, para depois, de novo desaparecer e reaparecer noutras formas e oportunidades, essência daquilo que gerou, nas eras silenciosas, infinitas.
A propósito desse aparente estado de indiferença com que a natureza trabalha os seus fenômenos e das pessoas terem de cruzar de algum modo problemas extremos, ditas situações-limite, a história registra que Thomas Morus, filósofo inglês vítima de contradições religiosas na Grã Bretanha do século XVI, já enfermo, sem poder mais se movimentar com das forças pernas, ao chegar no cadafalso para ser decapitado dirigiu-se a um dos guardas que lhe acompanhavam e pediu:
- Amigo, ajuda-me a subir, que ao descer não te darei mais esse transtorno.
Quis dizer, noutras palavras, que dele apenas sobrariam retalhos de lembranças jogadas aos padrões da dignidade com que se opôs a cruéis perseguidores. Depois, então, mais nada restaria dos momentos que fogem, dentro da coerência e dos valores imortais desse chão.
Num gesto simples, contou que o tempo não passa; nós é que passamos, e, conosco, as coisas, pelo movimento provisório dos relógios e dos moinhos, iguais ao brilho das ondas de oceano imaginário, no sopro cadenciado do fole que sobra as brasas na oficina eterna do destino forjando, indivisível, o futuro.
A tudo o que existe corresponde um resultado de ordem prática, real, aquilo em forma de produto ligado às origens, resultante do objetivo que lhe deu início, à primeira vontade, levado ao seu fim derradeiro, nessa empresa chamada vida, existência, ou missão. Não importam as circunstâncias e seus variados matizes, pois, chegado ao final, isso também ficará para trás.
O que pesa, no entanto, vem no jeito de encarar os limites, casamento feito do hífen na palavra (situações-limite), nos moldes de uma ponte resistente. Os demais fatores valem por detalhes ocasionais de menor importância, companheiros de meio de viagem, frieza que se torna fundamental só no trato das circunstâncias, na vala comum das ocorrências.
Assim como o verbo ser representa estado de permanência, as situações fazem ligação do que se acha antes com o que virá depois, do ser que define o circunstancial das situações, ligando-as a sujeitos que permanecem até sumir nas curvas da estrada infinita, enquanto existe algo acontecendo conosco jamais sumirá.
O tempo marcha sempre, parado no mesmo lugar, fonte universal de um tônico invisível, imaterial, sol que a tudo purifica, fazendo e desfazendo, presença intermitente da realidade, luz no fim de todos os túneis por aonde se chegar.
O que vale é o equilíbrio entre as partes, a queda e a coisa que cai, a queda e a coisa que se levanta, para depois, de novo desaparecer e reaparecer noutras formas e oportunidades, essência daquilo que gerou, nas eras silenciosas, infinitas.
A propósito desse aparente estado de indiferença com que a natureza trabalha os seus fenômenos e das pessoas terem de cruzar de algum modo problemas extremos, ditas situações-limite, a história registra que Thomas Morus, filósofo inglês vítima de contradições religiosas na Grã Bretanha do século XVI, já enfermo, sem poder mais se movimentar com das forças pernas, ao chegar no cadafalso para ser decapitado dirigiu-se a um dos guardas que lhe acompanhavam e pediu:
- Amigo, ajuda-me a subir, que ao descer não te darei mais esse transtorno.
Quis dizer, noutras palavras, que dele apenas sobrariam retalhos de lembranças jogadas aos padrões da dignidade com que se opôs a cruéis perseguidores. Depois, então, mais nada restaria dos momentos que fogem, dentro da coerência e dos valores imortais desse chão.
Num gesto simples, contou que o tempo não passa; nós é que passamos, e, conosco, as coisas, pelo movimento provisório dos relógios e dos moinhos, iguais ao brilho das ondas de oceano imaginário, no sopro cadenciado do fole que sobra as brasas na oficina eterna do destino forjando, indivisível, o futuro.
terça-feira, 20 de julho de 2010
A ACADEMIA LAVRENSE DE LETRAS E A AFALAM RECEPCIONAM AURY PORTO
Sr. Chiquinho, Malvinier Macedo, Dona Gessy e Diego Macedo
Rosa Firmo, Jeová Batista, Aury Porto, Dona Gessy, Dimas Macedo e Sr. Chiquinho - lavrenses com certeza.
Solário Favela, Aury Porto e Dimas Macedo.
Solário Favela, Aury Porto e Dimas Macedo.
Duas grandes personalidades lavrenses - o ator e cineasta Aury Porto e o poeta, intelectual e critico literário Dimas Macedo.
Aury Porto agradecendo a recepção e o carinho dos lavrenses.
Dimas Macedo saudando o convidado Aury Porto.
Aury Porto agradecendo a recepção e o carinho dos lavrenses.
Dimas Macedo falando da alegria, orgulho e felicidade que é de saber do sucesso de um conterrâneo em outras terras.
Dimas Macedo saudando o convidado Aury Porto.
Jeová Batista, Ester Esmeraldo, Regina Favela. Dimas Macedo e Antônio Torquato
Rosa Firmo (secretária geral da ALL), Ester Esmeraldo (tesoureira da AFALAM) e Jeová Batista (diretor da AFALAM e da ALL)
Dona Gessy (mãe de Aury), Aury Porto, Sr. Chiquinho (pai de Aury) e o intelectual lavrense Dimas Macedo.
Gomes, Rosa Firmo, Iran Delmar e Jeová Batista.
Rosa Firmo (secretária geral da ALL), Ester Esmeraldo (tesoureira da AFALAM) e Jeová Batista (diretor da AFALAM e da ALL)
Dona Gessy (mãe de Aury), Aury Porto, Sr. Chiquinho (pai de Aury) e o intelectual lavrense Dimas Macedo.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
CADEIRA Nº 36
AURY PORTO (Acadêmico)
Aury de Araújo Correia, conhecido, no mundo artístico brasileiro, como Aury Porto, face à sua atuação como ator e produtor teatral, é natural do sítio Cantinho, município de Lavras da Mangabeira-Ceará (27/06/1964), sendo filho de João Manoel Correia e de Maria Gessy de Araújo Correia, conhecida, carinhosamente, no seio da família, pelo nome de Jessé.
Realizou seus estudos primários em Lavras da Mangabeira, Senador Pompeu e Aracoiaba, localidades para onde sua família se transferiu, mas o seu aprendizado humanístico foi realizado em Fortaleza, onde concluiu o curso de Administração de Empresas, na Universidade Estadual do Ceará, depois de incursões pelos cursos de Química Industrial e Psicologia na UFC.
Paralelamente aos estudos universitários, freqüentou o Curso Básico de Teatro, no Curso de Arte Dramática da UFC, emigrando depois para São Paulo, almejando à carreira de teatrólogo e de ator, face aos apelos da sua vocação.
Em outubro de 1987, depois de duas semanas residindo em São Paulo, estreou na peça Leonce e Lena, juntamente com outros novos atores que, assim como ele, concretizavam sua primeira experiência no campo do teatro, isto com a montagem do texto do grande dramaturgo alemão Georg Büchner.
Entre 1988 e 1990, Aury Porto foi aluno especial e ouvinte em vários cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pelo Departamento de Teatro da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Durante a década de 1990, desenvolveu, ainda mais, a sua aptidão para o teatro, estudando diversas técnicas de dança moderna e contemporânea, e assimilando aulas de canto popular e percepção musical, na Universidade Livre de Música de São Paulo.
Todos esses estudos, associados com técnicas de meditação, compõem hoje a qualidade da interpretação e dos recursos cênicos apresentados por esse grande artista brasileiro.
Nesses mais de vinte anos de trabalho com as artes cênicas, Aury exerceu as funções de diretor, produtor, professor de teatro, dramaturgo e adaptador, tendo feito performances de teatro-dança, montagens de peças de teatro e atuações no campo do cinema e da televisão.
Entre as suas realizações como ator e teatrólogo, podemos enumerar as seguintes: participação na peça As Matronas (dirigida por Paulo Faria, em 1992) e no monólogo Preso Entre Ferragens (dirigido por Eliana Fonseca e apresentado no Teatro Ruth Escobar, em 2000).
A sua participação na peça Boca de Ouro, sob a direção de Zé Celso Martinez Corrêa e exibida no Teatro Oficina de São Paulo, em 2000/2001, lhe deu o passaporte para a sua memorável atuação na peça Os Sertões, apresentada inicialmente na Alemanha e depois em diversas cidades brasileira, contando-se entre elas Canudos, na Bahia, e Quixeramobim, no Ceará.
Ainda no campo do teatro, atuou na peça Os Bandidos, de Friedrich Schiller, dirigida por Zé Celso Martinez Corrêa e apresentada em Mannheim, na Alemanha, em 2007, e no Teatro Oficina de São Paulo, em 2008.
Em 1998, roteirizou o espetáculo, na área do teatro-dança, Um Homem Comum, a partir do Livro do Desassossego de Fernando Pessoa, com direção de David Schumaker e de Ary Porto; e em 2006 realizou a montagem da peça intitulada Cinzas, apresentada no Teatro Sesc - Pinheiros, a qual igualmente dirigiu, ao lado da dançarina Renée Gumiel, precursora da dança moderna no Brasil.
Durante os anos de 2008 e 2009, tendo por referência teatral a Mundana Companhia, trabalhou na adaptação e montagem do romance O Idiota, de Fiódor Dostoiévski, juntamente com a atriz Luah Guimarãez e a encenadora Cibele Forjaz, com apresentação entre março e maio de 2010, no Teatro Sesc - Pompéia, em São Paulo.
Adaptou e dirigiu, também, a novela intitulada A Queda, de Albert Camus, que foi exibida no Teatro Sesc - Consolação, em 2007, e no Teatro Oficina, em 2008, como primeira realização da Mundana Companhia, fundada por Aury, em pareceria com a atriz e diretora Luah Guimarãez.
Apesar de ser o teatro o seu campo privilegiado de atuação, participou como ator do filme de José Araújo, As Tentações do Irmão Sebastião, realizado no Ceará, em 2000, e apresentado no Cine Ceará, em 2006.
Na televisão, entre outros eventos, atuou nos seriados Carga Pesada, dirigido por Ary Coslov, e Carandiru – Outras Histórias, dirigido por Walter Carvalho, e bem assim na novela A Favorita, de João Emanuel Carneiro, todos exibidos pela Rede Globo de Televisão.
Aury, com o seu talento de ator, roteirista, produtor de teatro e diretor é um dos nomes do moderno teatro brasileiro que melhor se firmam no contexto das artes cênicas do Brasil, sendo orgulho do Ceará e das águas do Salgado e do município de Lavras que o viu nascer.( DIMAS MACEDO).
VICENTE DE PAROCA (Patrono)
Neto do poeta Fausto Correia de Araújo Lima e da sua primeira mulher, Olímpia de Araújo Lima (Lolô), Vicente Ferrer Lima ou Vicente de Paroca, como se tornou conhecido, na sua juventude, nasceu em Lavras da Mangabeira-Ceará, aos 07 de março de 1921.
Foram seus pais: Artur Correia Lima (filho de Lolô e de Fausto) e Maria Augusto Lima (Paroca), filha de Ana de Araújo Lima (Nanu) e de Antônio Carlos Augusto, conhecido por Boboi ou Caboclo Carlos.
Contam que a sua mãe era uma mulher de religiosidade exacerbada e que muito se orgulhava dos seus antepassados, especialmente do seu avô paterno, João Carlos Augusto, antigo Deputado Provincial e fundador da oligarquia-mor do Vale do Salgado.
O avô paterno de Vicente foi um dos maiores cantadores de viola do Ceará, na segunda metade do século dezenove. Estudou com o Padre Cícero Romão de Juazeiro, no Colégio do Padre Rolim, em Cajazeiras, na Paraíba, e depois se tornou amigo e compadre desse grande taumaturgo do Nordeste.
Vicente cresceu ao abrigo dessas influências, estudou com professores públicos em sua terra, participou do cotidiano da velha Princesa do Salgado, mas a sua vocação de artista sempre falou muito alto em sua alma, levando-o inicialmente para Fortaleza, onde foi aluno do tradicional Liceu do Ceará.
Um dos seus colegas de aventura juvenil, na época, Paulo Bonavides, fala, ainda hoje, com entusiasmo, da sensibilidade cultural de Vicente, destacando os encontros em sua residência, na Rua do Imperador, a sua intuição de artista e o cuidado especial do poeta com a sua cabeleira.
A era do rádio e os eflúvios culturais do pós-guerra pegaram o destino de Vicente Lima pela mão. Começou como cantor e locutor da Rádio Iracema de Fortaleza, passou depois por João Pessoa, pela Rádio Industrial de Juiz de Fora (MG), Rádio Guarani e Rádio Capital, de Belo Horizonte, e por diversas rádios dos Diários Associados, inclusive no Rio de Janeiro.
Além de radialista, atuou Vicente Lima como teatrólogo, ator, encenador, roteirista e diretor de musicais na agitada Belo Horizonte das décadas de 1950 e 1960, onde tornou-se figura popular, recebendo, inclusive, homenagem da Câmara Municipal daquela importante capital, em 09 de maio de 1996, mercê da sua militância cultural e do seu talento de artista.
Escreveu e encenou diversas peças de teatro, entre elas Jacanã (burleta em dois atos), Retalhos do Nordeste e O Espetáculo é Assim, nas quais coloca em discussão a bravura do vaqueiro, a alvorada no Nordeste, a hilaridade do cotidiano e a força indomável das nossas raízes populares.
Vicente Ferrer Lima ou ainda Vicente de Paroca, como carinhosamente a ele se referem os seus conterrâneos, sempre se deixou envolver pelo mais puro enlevo da poesia e pelas notas musicais que arrancou da sua alma de tenor e seresteiro, de compositor e de boêmio, e de intérprete maior de Vicente Celestino.
Em 1953 a sua marchinha de carnaval, Rosalina, alcançou primeiro lugar em concorrido certame musical em Juiz de Fora, realizando Vicente, por igual, diversas apresentações como cantor, destacando-se entre elas o Festival de Vicente Lima, a temporada na Boite Acaiaca, em Belo Horizonte, e a turnê ao lado de Oswaldina Siqueira, então cognominada a Princesa do Rádio.
O seu sucesso de compositor, cantor, tenor e seresteiro invadiu a década de 1960, e o resultado desse êxito expressou-se na gravação de discos e compactos, destacando-se entre todos aquele intitulado Baú da Saudade, que foi apresentado em forma de CD.
O conjunto dos seus poemas inéditos ou publicados em jornais e revistas foram por ele reunidos no livro Sertão Diferente e Outros Poemas, e outras tantas criações de sua autoria, no campo literário, estão sendo compiladas no volume Poemas e Canções, graças à atuação dos seus filhos Vicente Ferrer Lima Júnior e Geralda Soares Lima.
Em ambos, o traço indelével do seu jeito de ser, da sua alma romântica e enlevada, do seu amor ao Nordeste, ao Ceará e ao Brasil, não faltando a marca registrada do profundo amor à sua terra.
Lavras da Mangabeira e a brisa do Salgado, o Boqueirão de Lavras e o fervor de todos os seus conterrâneos e amigos orgulham-se desse grande poeta, cantor e seresteiro, falecido aos 09 de setembro de 2001.
A Academia Lavrense Letras, ciente do seu valor no plano cultural, o elegeu patrono de uma das suas Cadeiras, e o elegeu também para brilhar, entre os lavrenses que mais distinguiram a sua terra. (
(DIMAS MACEDO). Fortaleza, 05 de março de 2010
sábado, 17 de julho de 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
A COISA CERTA, NA HORA CERTA - Emerson Monteiro
Tantas vezes nos pegamos a considerar se agora estamos onde deveríamos estar, que, ao menor sinal de desencanto, queremos logo saber qual seria um outro jeito de agir e procurar alguma inspiração que satisfizesse as nossas ações improvisadas. Por isso, existem os jogos de azar e os ledores da sorte espalhados neste chão.
As voltas que dá o mundo impõem condições rigorosas no uso do tempo e da liberdade. E uma palavra dita fora de hora, ou de maneira equivocada, corre o risco, não raras vezes, de cobrar preços elevados em termos de sofrimento, o que leva a pensar se haveria outros modos de trabalhar a vida e acertar com mais frequência, sem a presença tão rotineira do erro.
As considerações filosóficas criam esquemas de as pessoas funcionarem com mais sucesso quando gastam idade e saúde, estudos esses que demonstram, em mil doutrinas, religiões tradicionais, saídas particulares e até aventuras errantes, desastrosas, quanto à existência.
Os autores mergulham fundo nessa busca de rever o tempo que passou nas suas vidas, um esforço extremo de consertar aquilo em que falharam, e recuperar a fase auspiciosa da juventude, através dos frutos aprendidos nas experiências. No entanto, o que passou, passou; não volta mais; no que pesem as belas produções artísticas disso resultantes. Lindas melodias, raros livros, telas afamadas.
Os rastros deixados na estrada desta vida significam aquilo em que se transformaram os verdes anos de cada criatura, marcas fixadas no próprio corpo das pessoas, sobretudo na face engelhada, olhares cansados, caminhar incerto; nos dentes perdidos, barriga aumentada, frágil musculatura.
- Ah, se, quando jovem, eu soubesse do que agora sei tudo seria bem diferente na minha história, – afirmam de alguns espectadores arrependidos. Se, palavrinha poderosa, contudo, neste caso, ineficaz para gerar novas consequências. O que significa mesmo já ficou gravado nas trilhas da eternidade, restos de saudades, frustrações, lembranças.
Daí essa dúvida recorrente de saber sempre do lugar certo e da coisa certa ao se encaminhar durante cada momento. Parar e pensar, calcular, planejar, pois todo cuidado é pouco, na utilização dos dons preciosos de existir e dispor da saúde enquanto andamos nesta jornada cotidiana.
Uma crença positiva e as largas esperanças enchem os dias, alegram o espírito e alimentam o trato com os nossos semelhantes, isto sem preconceito e com animação e respeito, nutrientes essenciais da boa convivência. Naquilo que ignoramos, a realidade ensina que sábio é quem planta o bem para depois colher as dádivas da santa felicidade.
As voltas que dá o mundo impõem condições rigorosas no uso do tempo e da liberdade. E uma palavra dita fora de hora, ou de maneira equivocada, corre o risco, não raras vezes, de cobrar preços elevados em termos de sofrimento, o que leva a pensar se haveria outros modos de trabalhar a vida e acertar com mais frequência, sem a presença tão rotineira do erro.
As considerações filosóficas criam esquemas de as pessoas funcionarem com mais sucesso quando gastam idade e saúde, estudos esses que demonstram, em mil doutrinas, religiões tradicionais, saídas particulares e até aventuras errantes, desastrosas, quanto à existência.
Os autores mergulham fundo nessa busca de rever o tempo que passou nas suas vidas, um esforço extremo de consertar aquilo em que falharam, e recuperar a fase auspiciosa da juventude, através dos frutos aprendidos nas experiências. No entanto, o que passou, passou; não volta mais; no que pesem as belas produções artísticas disso resultantes. Lindas melodias, raros livros, telas afamadas.
Os rastros deixados na estrada desta vida significam aquilo em que se transformaram os verdes anos de cada criatura, marcas fixadas no próprio corpo das pessoas, sobretudo na face engelhada, olhares cansados, caminhar incerto; nos dentes perdidos, barriga aumentada, frágil musculatura.
- Ah, se, quando jovem, eu soubesse do que agora sei tudo seria bem diferente na minha história, – afirmam de alguns espectadores arrependidos. Se, palavrinha poderosa, contudo, neste caso, ineficaz para gerar novas consequências. O que significa mesmo já ficou gravado nas trilhas da eternidade, restos de saudades, frustrações, lembranças.
Daí essa dúvida recorrente de saber sempre do lugar certo e da coisa certa ao se encaminhar durante cada momento. Parar e pensar, calcular, planejar, pois todo cuidado é pouco, na utilização dos dons preciosos de existir e dispor da saúde enquanto andamos nesta jornada cotidiana.
Uma crença positiva e as largas esperanças enchem os dias, alegram o espírito e alimentam o trato com os nossos semelhantes, isto sem preconceito e com animação e respeito, nutrientes essenciais da boa convivência. Naquilo que ignoramos, a realidade ensina que sábio é quem planta o bem para depois colher as dádivas da santa felicidade.
terça-feira, 13 de julho de 2010
CÉDULAS ELEITORAIS - Emerson Monteiro
Em um desses programas de televisão que mostram personagens remanescentes da história, assisti a depoimento de um senhor alemão que presenciou o momento exato quando Hitler reuniu multidão, lotando o maior estádio de futebol de Berlim, para, depois de emocionado discurso, consultar a propósito da sua decisão de fazer frente ao resto do mundo e iniciar a Segunda Guerra Mundial, destruindo a paz e ceifando milhões de vidas.
Naquele momento de consulta popular através da aclamação pública, o entrevistado via se configurar iminente a séria catástrofe que atingiria a humanidade inteira, por conta do gesto tresloucado ali resolvido sem qualquer apelação. Contudo nada pôde fazer para impedir a horda que avassalaria os destinos da civilização, porquanto seu voto representou apenas minoria vencida, em meio aos gritos histéricos da massa humana que, favorável ao espírito do ditador incoerente e perverso, assinava cheque em branco entregue nas mãos de frio e sanguinolento psicopata.
Soubesse o elefante a força que tem, o leão não seria o rei dos animais, afirma provérbio indiano, para considerar a verdade indiscutível dos acontecimentos na balança das coletividades.
Avaliassem os eleitores o peso de cada um dos votos que depositam nas urnas, e as sociedades decerto haveriam de conquistar níveis superiores de aperfeiçoamento e progresso durante toda a sua caminhada evolutiva.
Certa vez, ouvi D. Violeta Arraes falar com propriedade a respeito do quanto o povo francês considera importantes os turnos eleitorais, instantes solenes das decisões do futuro. Isso por conta do que a França já sofreu nas garras de aventureiros incompetentes, que lhe submeteram aos traumas de tragédias imensas, porquanto nenhuma família francesa atravessou o século XX sem amargurar o drama da escolhas infelizes de irresponsáveis que dominaram o continente europeu, levando-o a marcas dolorosas e profundas.
Bertolt Brecht, vítima dos desmandos da guerra, define sem meios tons a importância da democracia no poema O analfabeto político, quando assim define:
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que de sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Naquele momento de consulta popular através da aclamação pública, o entrevistado via se configurar iminente a séria catástrofe que atingiria a humanidade inteira, por conta do gesto tresloucado ali resolvido sem qualquer apelação. Contudo nada pôde fazer para impedir a horda que avassalaria os destinos da civilização, porquanto seu voto representou apenas minoria vencida, em meio aos gritos histéricos da massa humana que, favorável ao espírito do ditador incoerente e perverso, assinava cheque em branco entregue nas mãos de frio e sanguinolento psicopata.
Soubesse o elefante a força que tem, o leão não seria o rei dos animais, afirma provérbio indiano, para considerar a verdade indiscutível dos acontecimentos na balança das coletividades.
Avaliassem os eleitores o peso de cada um dos votos que depositam nas urnas, e as sociedades decerto haveriam de conquistar níveis superiores de aperfeiçoamento e progresso durante toda a sua caminhada evolutiva.
Certa vez, ouvi D. Violeta Arraes falar com propriedade a respeito do quanto o povo francês considera importantes os turnos eleitorais, instantes solenes das decisões do futuro. Isso por conta do que a França já sofreu nas garras de aventureiros incompetentes, que lhe submeteram aos traumas de tragédias imensas, porquanto nenhuma família francesa atravessou o século XX sem amargurar o drama da escolhas infelizes de irresponsáveis que dominaram o continente europeu, levando-o a marcas dolorosas e profundas.
Bertolt Brecht, vítima dos desmandos da guerra, define sem meios tons a importância da democracia no poema O analfabeto político, quando assim define:
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que de sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
domingo, 11 de julho de 2010
AS PORTAS DO ABISMO - Emerson Monteiro
O ser humano vive para responder a desafios, sendo esses ainda mais variados nos dias atuais, desde doenças transmitidas nas relações íntimas até as desigualdades sociais expressas nos da violência urbana que predomina, sobretudo nas cidades maiores, sem no entanto isentar dos crimes bárbaros as menores comunidades, em sua grande parte originados da falta de formação moral, do índice de agressividade crescente dos tempos ditos modernos e da utilização indiscriminada de substâncias bloqueadoras das funções da racionalidade.
Neste ponto histórico da nossa espécie, os exageros se apresentam com tamanha dominação que muitos se deixam abandonar sob o impacto desses desafios, quais meros escravos das avassaladoras ondas de uma destruição perversa.
O senso crítico bem que pode prevenir a vacilação comprometedora. Já partir da infância, os jovens devem dispor de estrutura para superar o sugadouro em que se transformou a cultura de massa, tendo ao comando a televisão, espécie de tóxico permissivo, de poderes inimagináveis, máquina do desequilíbrio, outro tipo de droga, quase sempre usada de modo equivocado para vender sensacionalismo, tolerada acima de qualquer avaliação prévia.
Assim, dizíamos, os jovens têm de descobrir desde cedo como criar firmeza para atravessar a longa jornada no planeta, independente da opinião de terceiros, pois a vida é, na verdade, uma missão individual, fora do juízo dos outros, considerando-se a saúde mental como a peça chave do equilíbrio naquilo que iremos cumprir no rumo da felicidade perene.
Quando detêm consciência do que fazem, os moços procuram agir com superioridade em relação a todos esses fatores adversos. Põem-se a par do valor das coisas simples, dentre elas a lucidez, construindo em si um sonho novo no coração, dentro da realização futura, a esperança dos tempos.
O jovem de hoje nem sempre possui condições de vencer o mar tormentoso da droga, porém deve fazê-lo, custe o que custar de sacrifício das vaidades e afoiteza, em nome de sua própria sobrevivência, porque traz consigo a semente do amor e da paz, respostas plenas de renovação de nossa espécie.
Avalie com carinho essa perspectiva: mantenha sua sobriedade no decorre da vida e verá como as reservas serão suficientes para vencer a todos os desafios. Só então perceberá o quanto há de sapiência nos mistérios da Natureza.
Neste ponto histórico da nossa espécie, os exageros se apresentam com tamanha dominação que muitos se deixam abandonar sob o impacto desses desafios, quais meros escravos das avassaladoras ondas de uma destruição perversa.
O senso crítico bem que pode prevenir a vacilação comprometedora. Já partir da infância, os jovens devem dispor de estrutura para superar o sugadouro em que se transformou a cultura de massa, tendo ao comando a televisão, espécie de tóxico permissivo, de poderes inimagináveis, máquina do desequilíbrio, outro tipo de droga, quase sempre usada de modo equivocado para vender sensacionalismo, tolerada acima de qualquer avaliação prévia.
Assim, dizíamos, os jovens têm de descobrir desde cedo como criar firmeza para atravessar a longa jornada no planeta, independente da opinião de terceiros, pois a vida é, na verdade, uma missão individual, fora do juízo dos outros, considerando-se a saúde mental como a peça chave do equilíbrio naquilo que iremos cumprir no rumo da felicidade perene.
Quando detêm consciência do que fazem, os moços procuram agir com superioridade em relação a todos esses fatores adversos. Põem-se a par do valor das coisas simples, dentre elas a lucidez, construindo em si um sonho novo no coração, dentro da realização futura, a esperança dos tempos.
O jovem de hoje nem sempre possui condições de vencer o mar tormentoso da droga, porém deve fazê-lo, custe o que custar de sacrifício das vaidades e afoiteza, em nome de sua própria sobrevivência, porque traz consigo a semente do amor e da paz, respostas plenas de renovação de nossa espécie.
Avalie com carinho essa perspectiva: mantenha sua sobriedade no decorre da vida e verá como as reservas serão suficientes para vencer a todos os desafios. Só então perceberá o quanto há de sapiência nos mistérios da Natureza.
sábado, 3 de julho de 2010
LANÇAMENTO DO LIVRO - ROSÁRIO DE QUITAIÚS - ROSA FIRMO
Rosa Firmo autografando o livro para a conterrânea Anita Machado.
Momento de descontração e muita alegria, embalada ao som do órgão e da excelente instrumentista.
Lúcia Maciel, Aury Porto e Antônio Torquato.
Rosa Firmo apresentando o conterrâneo Aury Porto.
Rosa Firmo fazendo seu discurso de agradecimento.
Rosa Firmo apresentando o conterrâneo Aury Porto.
Aury Porto subindo ao palco para ser apresentado pela autora.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
UM DIA DE PARTIR - Emerson Monteiro
Em um sonho recente, me vi menino outra vez. Menino bem à época quando parti com minha família do sítio onde nascera, em Lavras da Mangabeira, e viemos viver na cidade, em Crato, na região do Cariri cearense. Sei explicar pouco daquilo tudo, via, no entanto, sacudido de emoções e movimento, a hora da mudança; caminhão, jipe, malas, cacarecos espalhados pela calçada, na casa que meu pai construíra próxima da capelinha do sítio, em colina que divisava lá longe a bagaceira do engenho, a casa grande em que moravam meus avós paternos, uma represa do açude velho e o engenho. Logo embaixo passava, e fazia curva, a estrada principal que levava aos outros sítios mais acima, Grossos, Caraíbas, Santa Catarina, outros mais.
Via-me entre tantas esperas de desconhecido como nunca antes. Eu, menino dos matos, de poucos carros, multidão nenhuma, ignorante de gelo, calçamento. O que sabia de pessoas aglomeradas coubera no terreiro da casa grande na noite em que minha avó promovera uma quermesse de leilão para arrecadar recursos e restaurar a capela. Muitas prendas foram postas numa mesa grande e chegou gente de tudo quanto foi canto, dos lugares em volta. Daí, arriscar sair para mais longe, de onde meu pai voltava todo final de semana e preparara as coisas a fim de irmos morar, seria tarefa das maiores, na cabeça de uma criança de quatro anos.
Mas não me consultaram se queria largar para trás vacas, bezerros, ovelhas, jumentos, galinhas, pássaros, brisa gostosa das paredes de açude, as nuvens, a máquina de costura de minha mãe a cantar que eu observava nas manhãs da varanda, as raposas que meu pai pegava nas armadilhas deixadas no quintal da casa em incursões perversas ao poleiro das galinhas. A casa que só tinha de cimento queimado alguns cômodos, enquanto os demais eram de tijolo rústico, quase chão batido, em que mijávamos na absoluta naturalidade pelo fundo da rede, nas noites frias do sertão.
Fui sendo arrastado naquela voragem esquisita. Minha mãe chorava inconsolavelmente; meu pai preocupado, no meio do povo, a dar ordens na arrumação dos trens; os outros irmãos, Everardo, Lydia, os mais velhos, e Sônia, a mais nova, se perdiam com facilidade em meio àquilo tudo de partida sem esperança de um dia retornar a não nas férias do meio do ano, que aos poucos foram perdendo a graças, na concorrência dos novos apegos da cidade, colégios, amigos, namoradas, filmes, revistas, sorvetes, chocolates, pão do reino, essas bugigangas embusteiras dos mundos industrializados.
Saía de jeito esquizofrênico, forçando a originalidade das coisas no coração da gente, sem ser perguntado se desejava ir, levado para fora do universo inocente onde fora posto também sem ser perguntado. Lembro de poucos detalhes daquela peça rigorosa pregada pelo destino. Uns pedaços de memória afloraram nessa hora de sonho, contudo em algum lugar habita ainda um forte sentimento de saudade particular de mim mesmo, bicho assustado de saudade encolhido no lugar misterioso do qual, vez em quando, resolve sair para pregar das suas e enfiar de com raiva as unhas nos molhes abandonados do tempo, nessas avenidas longas do inconsciente.
Via-me entre tantas esperas de desconhecido como nunca antes. Eu, menino dos matos, de poucos carros, multidão nenhuma, ignorante de gelo, calçamento. O que sabia de pessoas aglomeradas coubera no terreiro da casa grande na noite em que minha avó promovera uma quermesse de leilão para arrecadar recursos e restaurar a capela. Muitas prendas foram postas numa mesa grande e chegou gente de tudo quanto foi canto, dos lugares em volta. Daí, arriscar sair para mais longe, de onde meu pai voltava todo final de semana e preparara as coisas a fim de irmos morar, seria tarefa das maiores, na cabeça de uma criança de quatro anos.
Mas não me consultaram se queria largar para trás vacas, bezerros, ovelhas, jumentos, galinhas, pássaros, brisa gostosa das paredes de açude, as nuvens, a máquina de costura de minha mãe a cantar que eu observava nas manhãs da varanda, as raposas que meu pai pegava nas armadilhas deixadas no quintal da casa em incursões perversas ao poleiro das galinhas. A casa que só tinha de cimento queimado alguns cômodos, enquanto os demais eram de tijolo rústico, quase chão batido, em que mijávamos na absoluta naturalidade pelo fundo da rede, nas noites frias do sertão.
Fui sendo arrastado naquela voragem esquisita. Minha mãe chorava inconsolavelmente; meu pai preocupado, no meio do povo, a dar ordens na arrumação dos trens; os outros irmãos, Everardo, Lydia, os mais velhos, e Sônia, a mais nova, se perdiam com facilidade em meio àquilo tudo de partida sem esperança de um dia retornar a não nas férias do meio do ano, que aos poucos foram perdendo a graças, na concorrência dos novos apegos da cidade, colégios, amigos, namoradas, filmes, revistas, sorvetes, chocolates, pão do reino, essas bugigangas embusteiras dos mundos industrializados.
Saía de jeito esquizofrênico, forçando a originalidade das coisas no coração da gente, sem ser perguntado se desejava ir, levado para fora do universo inocente onde fora posto também sem ser perguntado. Lembro de poucos detalhes daquela peça rigorosa pregada pelo destino. Uns pedaços de memória afloraram nessa hora de sonho, contudo em algum lugar habita ainda um forte sentimento de saudade particular de mim mesmo, bicho assustado de saudade encolhido no lugar misterioso do qual, vez em quando, resolve sair para pregar das suas e enfiar de com raiva as unhas nos molhes abandonados do tempo, nessas avenidas longas do inconsciente.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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