terça-feira, 28 de setembro de 2010

O VOTO LIMPO - Emerson Monteiro

Diante das intransponíveis dificuldades para validar a lei da Ficha Limpa, só resta agora aos eleitores a responsabilidade direta pelo assunto e cuidar de limpar todas as impurezas do seu precioso voto já nas eleições do corrente ano.
Os pressupostos da chamada Ficha Limpa mexeram com previsões de antecipar em um ano a matéria de cunho eleitoral, gerando questionamentos desde os tribunais regionais até chegar ao Supremo.
Por essas e outras razões, porém, o escore apertado de 5 a 5, na votação dos ministros, bem demonstra o quanto custa reverter hábitos numa política dominada por caciques tradicionais aferrados ao comando.
Quando as forças em jogo dispuserem de energia suficiente para reformar as instituições políticas envelhecidas, só então haverá esperança de evoluir no voto com as mudanças para realizar o sonho da verdadeira democracia.
Enquanto não ocorrer, no entanto, caberá, mais do que nunca, aos eleitores escolher os candidatos dignos, bem preparados, honestos e trabalhadores.
Instrumentos básicos dos destinos nacionais, eles irão definir o futuro, nos vários setores da vida pública. Os escolhidos mandarão chuva durante quatro longos anos da paciência do povo. Chegarão ao trono cobertos das grandes oportunidades e dos maiores direitos. Achar-se-ão investidos na autoridade com imunidades, foros especiais e proventos generosos, à custa de uma nação pobre e cofres esvaziados.
Em qualquer outra situação, o mais modesto do eleitor estudaria com rigor, mediria, pesaria, examinaria, avaliaria como gosto suas preferências. No comércio, nas compras dos mercados, butiques, nos sacolões e freiras, restaurantes, bancas de revistas, locadoras, etc.
Nas cabines eleitorais, todavia, a situação ganha conotação de quem quer elevar alguém ao sétimo céu da política, ofertar cheques em branco, depositar noutras mãos valores morais e bons costumes, família, segurança, educação, alimentação, e muito mais.
Por isso, trate de exercitar a seleção dos seus candidatos com a vista descoberta, olhos de bom senso, no fiel cumprimento do dever e das leis da consciência, no justo do possível. Porquanto, seremos responsabilizados pelo bom andamento dos negócios democráticos conquistados ao preço das lutas heróicas das gerações que nos antecederam e nos confiaram à continuação dessa história de imensos valores positivos.

domingo, 26 de setembro de 2010

COMEMORAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DE DIMAS MACEDO
























Linda Lemos, Rosa Firmo, Lúcia Cidrão, Dimas Macedo, João e Fátima Lemos.


Linda Lemos, Rosa Firmo, Lúcia Cidrão, Dimas Macedo, João e Fátima Lemos.



















Lúcia Cidrão, Carmosa, Lúcia Maciel e Meyriane.




Lúcia Cidrão, Carmosa e Meyriane.



























Dimas Macedo e Rosa Firmo.





Lúcia Maciel e Rosa Firmo entregando a Dimas Macedo um bouquê oferecido pela Academia.































Dimas Macedo, acadêmicos e convidados.



No momento dos parabéns: Lúcia, Dimas, João de Lemos, Carmosa e amigos.










sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CONVITE

A Diretoria do Conselho Beneficente de Crianças e Trabalhadores Carentes COBEC tem a honra de convidar V. Sa. e família para a noite de autógrafo da quitaiuense Rosa Firmo que lança o livro “O Rosário de Quitaiús” (Memória sócio-histórica do distrito), de sua autoria.
A obra e a autora serão apresentadas pelo jornalista e escritor Arruda Sobrinho.
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Local: Pátio do COBEC
Data: 29 de setembro de 2010
Horário: 19h00.
Cerimonialista: Miguelina Salviano Sousa Santos
No programa:
Apresentação do grupo de flautistas dirigido pelo profº. Alex Bezerra.
Após o lançamento será servido um coquetel.

Tenho nos olhos/ a força e um propósito/o desejo de vencer/violar
normas/ quebrar grilhões/ registrar memórias. Rosa Firmo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

LANÇAMENTO

MOTIVOS PARA SER FELIZ - Emerson Monteiro

Alguns dias, coisas deixam de acontecer do jeito que pretendíamos vê-las junto de nós. Nessas horas balançadas, espécie de peso desnecessário além até das proporções de costume, pressiona os nossos ombros, feito impacto nos sentimentos, a mexer nas fibras internas, querendo nos tirar do sério e quase que invadindo o caminho normal do barco.
Ficamos por ali, desconfiados, assim meio contrariados diante dos acontecimentos, vendo um tanto mais de cores cinza forte no mundo meio cinza fraco do lado de fora, entre movimentos de máquinas e da barulheira tradicional com quem já nos acostumávamos, no espaço da cidade.
Alguma descalibragem na direção, talvez fruto do desgaste das estradas. Todavia a fase com certeza passará, na dependência ao modo como encaramos aborrecimentos e pelejas de outras ocasiões.
Às vezes isso nasce dos desencontros de opinião no meio das pessoas, porém ninguém deve homenagem a ninguém, nos confrontos dessa vida. Outras vezes, caprichos desatendidos, os calores mais intensos dos finais do ano, as notícias contraditórias, esperanças perdidas, multidão de apreensões quanto ao futuro, etc. E paramos enquanto é tempo de parar.
Hora de ver em volta. Analisar o panorama geral dos hemisférios e decidir pelo melhor. Olhar com atenção quanto de valores positivos demanda em nossa volta para a formação das respostas aos desafios, que nada mais seriam do que as lições necessárias ao bom andamento do aprendizado nesta escola.
Ficar triste coisa nenhuma, afundar no desencanto nenhum sentido valerá.
E os milagres do cotidiano, as maravilhas que merecemos da natureza sem qualquer direito de herança, de nada representariam, chegando às nossas posses e oferecendo alegrias sem conta?
O tamanho da nossa resistência significa o verdadeiro reconhecimento original de cada um, máquina perfeita em tudo por tudo. A saúde, as oportunidades de conhecer os mistérios da existência. O calor do Sol, a suavidade da luz da Lua, o brilho das estrelas, o ar que se respiramos, o alimento, a doçura da água, o lume dos olhos, o desenho das imagens nas telas do firmamento, somados à grandeza imensa do infinito, no tempo eterno que repete, ao sabor de momentos mágicos e pulsações intermináveis, o sorriso das crianças e a perenidade, nas outras gerações que se sucedem na exatidão da história, movimento dos corpos no ritmo e na melodia de música saborosa, na suavidade do silêncio, preservação da humanidade e suas realizações pelo decorrer de séculos persistentes, resistentes.
Para onde nos virarmos, trilhos e sonhos, na arte da Criação, representam personagens e possibilidades, circunstâncias de todas as razões de crer no melhor e acrescentar sublimidade às dádivas de Ser justo e criterioso. Por isso, por muito mais, abençoemos a chance de representar a grandeza deste outro novo dia de viver com satisfação o segredo de estar aqui.

sábado, 18 de setembro de 2010

TEMPOS DE TERNURA - Emerson Monteiro

Tempos difíceis são os tempos de ternura para todos nós, porquanto as crises impõem normas, no fim de superar seus obstáculos. Ninguém sofre em vão. O que mostra a diferença no saber sofrer é o jeito de responder às crises.
Estes tempos dagora pedem sérias atitudes em termos de carinho com que se deva conviver junto dos outros nos grupamentos da sociedade. Para onde se vira, uma demanda de atenção exige dos sentimentos da bondade.
Ruas estreitas pelo crescimento das populações das cidades; ruídos variados e agressivos com o aumento da intensidade das máquinas de som mais alto; a luta pela sobrevivência; a competição pelo poder a todo custo, sobretudo de quem demonstra mais sagacidade na área das conquistas sociais; o estudo, que pede concentração e esforço da juventude; etc.
O trânsito cresceu além da capacidade dos becos e das ruas, nas cidades, com a ligeireza dos veículos bem acima da tranquilidade construída no passado distante. A violência provocada pelas drogas, mal de proporções alarmantes que corrói as instituições de controle. E outros.
Afinal, um painel assustador em termos e proporções, portas abertas no alvorecer do famigerado terceiro milênio da humanidade.
Enquanto isso, a vida continuará, sem sombra de dúvidas, e quem for podre que se quebre, sincera e realista determinação popular. O espetáculo da existência seguirá em frente, com certeza. A raça dos homens haverá de encontrar um jeito bom de resolver suas próprias equações, o que vem acontecendo desde que se conhecem os acontecimentos.
No entanto, de dentro da casca de cada pessoa surge a condição particular de encontrar o gesto importante, nesta hora crítica. Os mestres da história vêm indicando modos civilizados para dissolver tantos bloqueios da alma humana. Oferecem novos sentimentos de paz, alegria, conformação, humildade, paciência, perseverança, justiça, amor, acima de tudo, o amor.
Valor de imensa cotação essa coisa de amor, que manifesta fraternidade e companheirismo nas estradas do viver sadio. Simples de demonstrar e difícil, porém não impossível, de praticar, nos tempos da atualidade. Descobrir, pois, os tratos afáveis da esperança por meio do amor entre as pessoas, eis a urgente proposta coletiva para que os humanos arrastem com sabedoria seus pés no lodo esquisito destes tempos de tantas e desafiadoras interrogações.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MÃE DAS DORES - Emerson Monteiro

15 de setembro, mais uma festa católica de Nossa Senhora das Dores, marcada em Juazeiro do Norte, na paróquia a ela dedicada, por fortes manifestações populares em seu louvor, com a presença de algumas centenas de milhares de fiéis daqui e provenientes de tantas outras localidades nordestinas, próximas e distantes.
O culto à santa, uma das expressões místicas da mãe de Jesus, vincula-se às tradições da gente brasileira, trazido na cultura cristã da catequese portuguesa, estabelecido nesse espírito religioso próprio das crenças ibéricas.
A Virgem prefigura, pois, os sofrimentos por que passou Maria na conta das marcas fincadas pelas agonias da paixão do Filho, assistidas no tronco da cruz, lá no alto do Gólgota.
Transpostos ao viver das populações sertanejas, tais sofrimentos indicam, na alma dessas pessoas, o espinho cotidiano das intempéries físicas do mundo de injustiças sociais e carências seculares.
Padre Cícero Romão Batista, o pároco que consagrou em Juazeiro a data, nos inícios da cidade, expressa a escolha do símbolo de mensagem transcendente da resistência aos obstáculos da vida que se vive, aqui neste chão áspero, quente, sob desigualdades, pesares, na luz da esperança em dias melhores, nos ditames de valores elevados, olhos postos nos horizontes da fé.
As condições da persistência indicam, por isso, notícias que fluem da coragem de crer e sobreviver além das limitações dos planos inferiores, bem menos reais aos fiéis do que os valores imortais de um coração religioso, resignado e temente a Deus.
A cada ano, massas humanas reúnem-se nas praças, igrejas e ruas; cantam, rezam, clamam, imploram, transpiram; alegram-se e sofrem nas despedidas; energia que circula no seio das celebrações, qual sinal infinito do amor à verdade em forma de comunhão dos que sempre voltam.
Numa transfusão suprema de bons esforços para visitar a Meca nordestina, os romeiros cumprem, há mais de século, esse itinerário que traduze seus sentimentos originais, envoltos nas dificuldades comuns. Chegam em transportes de carga, ônibus, carros menores, motocicletas, bicicletas, a pé; de todas as idades e diversos níveis. Caminham confiantes, através dos pontos históricos. Reduzem naturais obstáculos. Miscigenam culturas; fazem amizades, e por vezes ficam mais tempo, deixando expressões íntimas do mistério existencial de pessoas dignas e obstinadas, na busca dos caminhos da realização definitiva, nas estradas distantes.
Portanto, cabe aos caririenses dignificar esses lugares de que são depositários dos nordestinos que retornam sinceros para revê-los, fortes símbolos de sacralidade pura, que os alimenta no recôndito da viva imagem de Maria, também nossa Mãe das Dores.

domingo, 12 de setembro de 2010

AS CIDADES DE CHICO BUARQUE - Dimas Macedo




ENSAIO
Cruzando ruas: os passos deixados por canções



Detalhe da capa do livro "As cidades de Chico Buarque", de Cristina de Almeida Couto ,
num processo de montagem
12/9/2010
Chico Buarque de Holanda pertence a uma elite de intelectuais brasileiros que, em face de sua competência e militância, alcançaram ressonância internacional. A essa elite pertencem, também, criadores como Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Celso Furtado e João Cabral de Melo Neto, Augusto Boal e Gilberto Gil

As raízes do samba e a malandragem carioca, o nacionalismo político de Getúlio, a aventura musical da Bossa Nova e a repressão militar da década de 1960 jogaram o destino do Brasil nas mãos de Chico Buarque de Holanda: misto de compositor e teatrólogo, romancista e intérprete da contextura lírica do Brasil. O poeta, o cronista, o militante político, o intelectual e o letrista estão em Chico Buarque como em nenhum outro representante da nossa estética cultural e política. Sempre carregou na alma os estigmas da herança paterna, provinda do refinamento e da reflexão de Sérgio Buarque de Holanda, que pôs em questionamento os sentidos da brasilidade e o chamado jeitinho brasileiro.

As Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda são as raízes que sempre alimentaram a escansão poemática de Chico Buarque, quer do ponto de vista da nossa formação social, ou ainda quando tomada a musicalidade das suas letras a partir da nossa urbanidade e da nossa memória coletiva.

Chico Buarque de Holanda é uma espécie de síntese do Brasil profundo, da nação que nunca se curvou diante do arbítrio. A sua voz e a sua sensibilidade serviram, durante muito tempo, de esteio do povo brasileiro, porque um intelectual, comprometido com a sua consciência, constitui uma força social que se eleva muito acima da norma do Estado. Neste texto, contudo, não pretendo falar da personalidade de Chico Buarque de Holanda, sequer do seu perfil de intérprete da nossa música popular. Sobre ele muito já se disse, mas é certo também o afirmar-se que muita coisa ainda resta a dizer.

E entre as coisas que ainda resta a dizer, sobre o discurso e a prática musical de Buarque, eu queria destacar as suas relações com as cidades, ou com a problemática do espaço urbano, especialmente porque não existe apenas uma, porém diversas personas por trás desse grande artista brasileiro.

Sei que existem livros seminais sobre Chico Buarque de Holanda, tais os de Adélia Bezerra de Menezes (Poesia e Política em Chico Buarque de Holanda), Rinaldo de Fernandes (Chico Buarque do Brasil) e Wagner Homem (Histórias de Canções - Chico Buarque), mas o texto de Cristina de Almeida Couto - As Cidades de Chico Buarque (Fortaleza, Edições Poetaria, 2010) é um livro que, de plano, nos chama a atenção.

A autora, jornalista e publicitária de talento, reveste o seu discurso com as cores da comunicação e com os recortes da estrutura lírica da linguagem, pois que no livro uma escrita sensível parece nos trazer de volta a emoção e os olhares de Chico Buarque acerca da estética das urbes.

O livro é resultado de uma pesquisa acadêmica da autora, feita com o rigor da síntese e da retificação das fontes, o que mostra a seriedade com que Cristina abordou o seu objeto de trabalho. A abertura do sumário entre-mostra o viés analítico da autora, as suas linhas de força, a sua precisão semântica e imagética, pois que de imagens são feitas a perspectiva e o tecido maduro do ensaio. Claro que se trata de um livro de estréia, onde a indecisão parece pontuar a travessia do texto, mas o que se constrói no livro como lição de amor a um ícone da música popular parece ser a chave com que Cristina revela todas as cidades de Buarque.

Na resenha de um livro não exige que falemos acerca dos méritos de quem o escreveu. E é por isto que não faço, neste texto, o elogio da autora. Registro, tão-somente, que Cristina é uma pessoa extremamente ética e cativante, pois que nos toca o coração com a sua verdade. A ela muito devem a cidadania ativa e as discussões sobre o meio ambiente e o nosso patrimônio histórico.

Amante da cultura lusófona, tem sido, no Ceará, uma irrequieta promotora de eventos e encontros que colocam a lusofonia e a lusofilia como pontos de observação e do maior interesse cultural.

Honra-me a condição de ser seu conterrâneo, e orgulho-me, por igual, de ter lido de primeiro a escritura sensível deste belo livro. Uma leitura de sensibilidade e invenção.

Ensaio
As Cidades de Chico Buarque
Cristina de Almeida Couto

IMPRECE
2010
94 PÁGINAS
R$ 20,00
Letras de música, leitura criativa e análise social

DIMAS MACEDO
COLABORADOR*
* Da Academia Cearense de Letras

UMA SOLIDÃO ELETRÔNICA - Emerson Monteiro

Se ficar parado defronte a um televisor, assistindo calado ao drama de outros personagens, resolvesse o enigma da humanidade, já haveríamos, com saldo suficiente, descoberto a resposta procurada desde que o mundo é mundo. Porém a grande aventura continua pelas vidas adentro, na mesma tentativa igual às noites frias que atravessam os guardas noturnos e seus radinhos agarrados aos programas da madrugada, catando notícias do mais profundo mistério.
Essa tal de solidão vem de muito longe, dos tempos imemoriais. Nas primeiras imagens pictóricas da civilização, na era da magia simpática, figuras foram desenhadas nos bastidores das cavernas pelos homens pré-históricos, ali parados caçadores, de olhos grudados nas cenas de animais acesos à luz dos fachos de alcatrão, querendo planejar as expedições dos dias posteriores nas ramagens da floresta.
Hoje, velhas cenas ressurgem ao toque de alguns botões das telas incandescentes de vídeos, televisões, computadores, celulares, figuras animadas que invadem a memória, repetições de caçadas silenciosas a esfinges, que persistem noutros exemplares do animal pré-histórico que somos nós.
Sentinelas avançadas da tecnologia, apalpamos paredes rústicas de prisões deste solo comum, armados de tacapes, arcos e flechas, lanças, fuzis, lanternas amoladas, pé ante pé, no roteiro das interrogações, ladeiras adiante...
Lançamos foguetes ao espaço, que retornaram vazios, espelhos de nós próprios, calendários de asas e eras, comunicação circular das carcomidas aventuras. Mergulhamos oceanos munidos de câmeras poderosas para colher lembranças redivivas de biologias e destroços de antigamente, muralhas e algumas incompreensões mantidas entre povos dissidentes, concorrentes, a peso do ouro escondido nas entranhas da Terra.
Nisso, o tropel segue arrancando raízes, levantando poeira, sacudindo pedras, faíscas, minérios, desembalada carreira na forma de letras, palavras, apegos, fracos na carne e fortes na alma, atores de epopéias e sujeitos de saudades imensas das gerações que se foram e vão.
De jeito que aquietar os ossos chega o sono, machucados egoísmos caducos dificultam a revelação. Resta, no entanto, suplicar nas orações ao Deus desconhecido da Grécia; à Deusa liberdade francesa; ao Tupã dos ameríndios; ao Deus inexistente dos budistas; no furor dos elementos, da ciência dos alquímicos. Rezar nessa montanha silenciosa de claridade intensa, oráculo dos tempos atuais. Perscrutar, com amor, as entranhas da mãe solidão, na frente deste muro de lamentações da história e seus equívocos de porões escuros. Com tais manias, os lobos, uivando para luas de cristal, vagos sufistas de ondas eletrônicas, emitem sinais de socorro, e exaustos e sós retornam melhores dos montes distantes das ilusões contrafeitas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA - Emerson Monteiro

A verdadeira arte permanece, independente da transitoriedade das circunstâncias, dos acontecimentos que lhe deram origem e até da duração da existência física dos que a produziram. Em sentido inverso, a arte de qualidade duvidosa, além de não merecer classificação de arte, nasce com seus dias contados, por vezes virando lixo antes mesmo de ser conhecida.
Tal consideração quer falar de perto a propósito de um filme lançado em 1946, há mais de 60 anos, portanto, intitulado “A felicidade não se compra”, do diretor norte-americano Frank Capra, estrelado, dentre outros, pelo consagrado ator James Stewart, bem nos inícios de sua brilhante carreira.
A película em preto e branco, de duas horas e nove minutos, circulou o mundo e obteve das maiores consagrações do cinema em todos os tempos. Eis, então, uma obra de arte eterna, qual dissemos, isto em qualquer momento da história humana, digna de chegar aos apreciadores da beleza como bela mensagem de otimismo a toda prova, uma realização que encheu salas de exibição anos a fio em variados países.
Essa narrativa cinematográfica, oferecida ao público em uma fase de sofrimento coletivo recentemente provocado pela Segunda Guerra Mundial recém finda, aborda momentos difíceis de uma família do interior dos Estados Unidos, atingida por sérias privações sem, no entanto, desistir da esperança e da firmeza da fé.
Um pai de família bem situado na vida se depara, de uma hora para outra, com obstáculos que lhe comprometem a rotina da família, diante da incompreensão de outros e adversidades sociais avassaladoras.
O encaminhamento das situações segue numa escala de impossibilidades, e demonstra quase nenhuma chance ao êxito que, no desfecho emocional e clímax valioso, dar-se-á, em plena noite de Natal.
Enquanto ocorrem os desdobramentos do roteiro, o diretor transmite, em estilo magistral, a grandeza de alma que sustenta o ânimo dos personagens, envolvendo também os espectadores nos passos geniais da transposição para a tela do livro homônimo, escrito por Philip Van Doren Stern.
Raros instantes da criação artística obtiveram, pois, as glórias que esse trabalho de Frank Capra veio, com justiça, merecer, a significar bom motivo de os apreciadores da sétima arte buscarem conhecer a destacada produção do cinema internacional.

NO LIMIAR DO INVERNO - Linhares Filho.



















Linhares Filho e as sobrinhas Socorro e Sandra.


Maria Pia e Linhares Filho



















Socorro, Sandra, Maria Pia e Linhares Filho.





















Linhares Filho discursando. É um exímio orador.

Os irmãos: Maria Pia e Linhares Filho.






quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DIÁRIO DO NORDESTE

CADERNO TRÊS
COLUNA - Batista de Lima
7/9/2010
O livro da Rosa


A história de Quitaiús é um tecido de pequenas histórias que se entrelaçam na formação de uma memória que a autora foi compilando ao consultar a tradição oral, diante da escassez de textos escritos sobre o tema. Desde menina que ela ouvia as histórias dos (...) mais velhos, dos trabalhadores, dos transeuntes que circulavam pela ribeira do Riacho do Rosário. A contação de histórias é hábito milenar entre as populações rurais

A Rosa é Firmo, nascida e criada na Tapera. A Tapera é um sítio que pertence ao distrito de Quitaiús, antigo São Francisco. Por sua vez Quitaiús pertence a Lavras da Mangabeira. Toda essa geografia acaba de marcar presença no mapa-múndi graças ao livro "O Rosário de Quitaiús". São 279 páginas, da editora RDS, que, neste 2010, engrandece aquela comuna como se fosse seu batismo literário.

Esse batismo se deve ao trabalho de Rosa Firmo que, antes de cantar o mundo lá de fora, primeiro veio a cantar sua terra. Daí que Quitaiús se vê revelado na sua história, na sua geografia e na sua antropologia. Enfim, o livro desnuda sua terra de tudo que é desconhecido de nós leitores. Na primeira parte ela desvenda a identidade da tribo dos Quitariús, que deu origem ao nome atual do lugar, das sesmarias da região, das veredas dos colonizadores, dos clãs mais primevos, das crenças e das lendas de seu povo.

Depois ela apresenta os aspectos fisiográficos, enfatizando o surgimento do povoado, os limites do distrito e os sítios que o compõem. Entre esses sítios é bom citar aqueles destacados pela autora, e aqueles que mitificaram a infância e a adolescência deste escriba. Primeiro a Tapera, berço natal da autora. Depois, As Varas, onde habitou por muitos anos, com seu engenho de rapadura, o famoso Horácio das Varas, espécie de coronel do sertão. Horácio Filgueiras teve como ancestral o histórico Pereira Filgueiras, que marcou presença em fatos históricos de nossa região. Há ainda Tabuleiro Alegre, Caixa D´água, Areias, Emas, Unha de Gato e Maribondo. Cada um traz suas histórias de resistência e valentia.

Capítulo especial, no entanto, é o que trata do açude Rosário, construído pelo Governo do Estado entre os anos de 1998 e 2001. O reservatório tem a capacidade de armazenar 47.200.000 m3 d´água. Seu objetivo é perenizar o rio Salgado, do qual, o riacho do Rosário é afluente. Esse açude também é responsável por farta produção de pescado, o que contribui para proporcionar emprego e renda para os seus ribeirinhos. Isso sem contar o turismo que cresce a cada dia, dada a procura da população pelo lazer às margens de suas límpidas águas.

Pelo riacho do Rosário sempre escorria a água de que Quitaiús sempre fora carente. Também por aquele caminho das águas, como pela estrada que leva a Lavras, as histórias também fluíam, com o domínio político da cidade sede e das levas de retirantes que as secas tangeram em busca do Sul. A construção das duas represas retem agora aquilo de que mais o distrito precisa. Primeiro a construção do açude Rosário que retém as águas, e agora o livro de Rosa Firmo que é uma verdadeira barragem que contém a história de Quitaiús colocando-a à vista de sua população.

A história de Quitaiús é um tecido de pequenas histórias que se entrelaçam na formação de uma memória que a autora foi compilando ao consultar a tradição oral, diante da escassez de textos escritos sobre o tema. Desde menina que ela ouvia as histórias dos familiares mais velhos, dos trabalhadores, dos transeuntes que circulavam pela ribeira do Riacho do Rosário. A contação de histórias é hábito milenar entre as populações rurais. Por mais de sessenta anos a autora foi armazenando fatos e dados que ia ouvindo dos circunstantes. É esse material que agora fica disponível para o público de hoje e para os pósteros.

Há também um aspecto interessante no livro que está inclusive sugerido pela autora, nas suas "Considerações iniciais", que é a utilidade de seu livro para fonte de pesquisa nas escolas da região. Nós educadores temos o costume de ensinarmos a história e a geografia do mundo distante, aos nossos alunos, sem nos atermos que eles estão assentados sobre um patrimônio histórico e geográfico que desconhecem. Não adianta pintar o mundo se não pintarmos nosso quintal. Será que os estudantes de Quitaiús conhecem a história e a geografia de seu distrito? Agora eles têm onde encontrá-las.

Além desse aspecto didático que o livro revela, há o fato de que a autora com sua escritura enceta um retorno à cena senhorial que deixou para trás. É que teve de deixar seu torrão natal para concluir seus estudos na Capital e também para desempenhar seu papel de educadora nas escolas de Fortaleza. Essa sua obra é também a reconstrução de um paraíso perdido onde seu cordão umbilical grita pedindo para não ser esquecido. Esse seu retorno reconstrói a Tapera através da memória.

Finalmente pode-se dizer que Rosa Firmo, com habilidade, põe em cena toda uma plêiade de atores responsáveis pelas manifestações culturais de Quitaiús. Toda a cultura popular emerge no seu texto através dos antigos mascates, dos penitentes com seus cânticos lamuriosos na Semana Santa, das rezadeiras, das carpideiras, das parteiras, dos poetas populares, dos vaqueiros. Todos vão entrando em cena, vestidos com o lirismo característico da terra, com sua persistência no resistir às intempéries da seca e com a mensagem para o leitor de que é Quitaiús que se apresenta, mostrando sua grandeza, que se não fosse o livro da Rosa, ficaria desconhecida.

domingo, 5 de setembro de 2010

PADARIAS ESPIRITUAIS NO CARIRI - Emerson Monteiro

Recebemos do jornalista e escritor Franco Barbosa um e-mail informando que, nesta segunda-feira (06 de setembro de 2010), chegarão ao Cariri 12 toneladas de livros encaminhados de Brasília por Elmano Pinheiro Rodrigues. Esse material se destina às bibliotecas comunitárias de Juazeiro do Norte, aos assentamentos do Crato e às bibliotecas comunitárias de Mauriti, Barbalha, Araripe e Antonina do Norte CE, dando seguimento ao projeto das Padarias Espirituais iniciado por Elmano Rodrigues em todo o Brasil.
A proposta de Elmano é incentivar a preservação da memória das personalidades locais nas comunidades onde elas viveram e prestaram serviço, as quais, com o passar do tempo, ficariam esquecidas na memória social, adotando seus nomes para as novas bibliotecas fundadas por ele. Um dos exemplos que apresenta: Abelardo Arrais, líder no distrito de Quincuncá, em Farias Brito, o qual, para resgatar memória e obra do líder, realizou na localidade a instalação do que considerar uma padaria espiritual, referência ao movimento literário cearense do final do século XIX, em Fortaleza, capitaneado por vários intelectuais, dentre os quais o escritor Antônio Sales. Tinham preocupação idêntica, de fomentar o gosto pela leitura no seio da grande população, através de constantes atividades de divulgação das obras literárias.
No seu ofício profissional, Elmano Rodrigues se movimenta com desenvoltura junto às editoras e autoridades, tanto na Capital Federal quanto no Sudeste do Brasil, reunindo por doação livros e conseguindo o transporte destes aos lugares mais distantes que sejam do território brasileiro.
Os livros são adquiridos junto a ministérios, editoras, universidades e secretarias, sobretudo no Distrito Federal.
Para iniciar uma padaria espiritual, ele oferece a primeira cota de 500 livros, aos quais depois virá reunir novas publicações, a depender do interesse de quem se dispuser a levar em frente o trabalho inicial.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"AS CIDADES DE CHICO BUARQUE"




















Composição da Mesa: Dimas Macedo, Elmano Férrer, Heitor Férrer, Ronivaldo Maia, Cristina Couto, Francisco Brandão e João de Lemos.
Cristina Couto e Dimas Macedo.





















Cônsul de Portugal em Fortaleza, Brandão; Vereador Ronivaldo Maia, Cristina Couto, deputado estadual Heitor Férrer, jornalista Bezerrinha, prefeito de Terezina Elmamo Férrer e o escritor Dimas Macedo.

Heitor Férrer, Cristina Couto e Ronivaldo Maia.






CONVITE

O acadêmico Linhares Filho lançará no próximo dia 09, mais um livro de sua autoria intitulado: "No Limiar do Inverno". A noite de autógrafo será no Ideal Clube, à partir das 19h. O livro faz referências a Lavras da Mangabeira e uma homenagem ao confrade e idealidor da ALL Dimas Macedo.