Primeiro, Jefté fora discriminado pelos herdeiros de seu pai, Galaad, em face de nascer de uma prostituta, ainda que considerado um valente guerreiro. Afastou-se do meio dos irmãos filhos legítimos do mesmo pai e viveu na terra de Tod, quando, então, se viu cercado de pessoas menos consideradas, vindo a formar e capitanear um exército de miseráveis.
Passado algum tempo, os parentes que o abandonaram sofreram ataques de povo vizinho, os amonitas. Diante da constante insegurança que se instalara, acharam por bem recorrer à coragem já reconhecida de Jefté, instando-o a liderar a antiga nação, recebendo proposta dos anciões de chefiar as tropas da família e, em seguida, ocupar o trono da tribo.
Na expectativa do que a oportunidade representava, Jefté indicou para si que aceitaria a missão caso obtivesse o êxito nas armas, concordando, pois, em seguir à frente de batalha. Nessa hora, prometeu ao Senhor que, retornando vitorioso ao lar, sacrificaria em holocausto quem primeiro viesse ao seu encontro.
Transcorridos os feitos da guerra, coberto de todas as glórias contra os filhos de Amon, Jefté se aproximava de sua casa em Masfa, onde vivia com a família, quando a pessoa a quem coube lhe recepcionar, em festa de animação, tamborins e danças, ninguém mais seria senão a filha única e adorada, envolta na mais intensa das alegrias.
Por isso, o pai, numa total prostração, exclamou contrafeito:
- Ah, tu me acabrunhas de dor, e estás no rol daqueles que causam a minha infelicidade! – para em seguida confessar a causa das duras palavras: - Fiz ao Senhor um voto que não posso revogar.
Daí, a filha tomou conhecimento de tudo, e resigna-se ao compromisso paterno para com Deus.
Porquanto até ali permanecesse virgem, o que representava razão de infelicidade a não procriação, a filha apenas solicitou um período ausente durante o qual pudesse cumprir, junto de suas amigas, turno de dois meses nas colinas, para, nesse período, chorar a contrariedade de sua virgindade.
Conta a história que deste modo ocorreu. Vencido o prazo concedido, a filha veio a ser ofertada em holocausto, de acordo com o livro bíblico de Juízes, restando ao povo daquele tempo o costume, a cada ano, de os jovens prantearem por quatro dias seguidos a morte da filha de Jefté, o galaadita, raro exemplo de sacrifício humano registrado entre os judeus.
Data de Fundação: 01 de junho de 2008 / Presidente: Dimas Madedo/ e-mail:academialavrensedeletras@gmail.com
sábado, 26 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
BOAS FESTAS
O Natal é um tempo forte, uma oportunidade para refletir sobre o caminho que cada um de nós vem trilhando e, então, aprova-se esse rumo, aprofundando-o, ou corrige-se o seu curso. Cumprimento o/a prezado/a colega acadêmico/a desejando-lhe e a familia um Natal feliz e um ano de 2010 de muita paz. São os meus votos, também em nome de minha familia, rogando para todos as bençãos do "Pequeno Grande" que, sendo Deus, fez-se nosso irmão.
João Gonçalves de Lemos
domingo, 20 de dezembro de 2009
UNS IMORTAIS FETICHISTAS - Por Emerson Monteiro
Fetichismo, essa mania corrosiva que se tem de juntar coisas das margens dos rios, sejam pequenas ou grandes. Culto de objetos materiais ou apego a eles. E fazemos isso vida a fora, vida a dentro. Aonde se vai, junta troço. Viaja-se e a bagagem vale pelas lembranças que se transporta, para si ou para os outros. Morre-se e ficam relíquias, botijas, testamentos recheados de bens materiais; os baús, as recordações dos amigos, nas rodas; as histórias infalíveis, resgates insistentes.
Fetiche: objeto animado ou inanimado, feito pelo homem, ao que se atribui culto. Enquanto o tempo consome a matéria, apegamo-nos aos garranchos das ribanceiras, no afã de perpetuar o imperpetuável que escoa das vertentes abertas nas elevadas cordilheiras. Nisso de contrapeso seremos hábeis em reunir motivos de fixação que nada fixam, desfeitos na paisagem móvel da existência, dias aquecidos de impermanências graves, lições infindas, perenes em tudo, por tudo, portanto.
Anéis e dedos que também não ficam. Caravanas que passam aos cães que ladram e passam no mesmíssimo formato da pauta dessa ópera insólita, estridente, agônica, permeada de silêncios agudos.
Sonha-se no esquecimento das horas, companheiras constantes de pêndulos que se movem impávidos. Nuvens suaves de outono, inverno, primavera, verão. Sol que vem e vai e fica, e nós é que vamos.
O esforço de cristalizar as coisas se transforma em rochas fósseis, rochas cristais, marcas de espécies extintas no aço, no petróleo, nas enciclopédias, na lama dos guetos. Na história de bichos-alimária, cães de palha. Todos, todas esfoladas, esfolados vivos, felizes bonecos de papelão.
Energia infinda, essa, sim, que permanece no fluir universal, na busca de Deus das criaturas. O rugir dos ventos nas folhas que se balançam e caem. O som de eras milenares em muralhas que se desmoronam dos monumentos carcomidos e reconstruídos de suor e impulsos desconectados. As imaginações de lideranças retocando civilizações que se debatem na busca de permanecer nas páginas esvoaçantes dos reinos ilusórios. Tropas armadas em conquistas estéreis, incógnitas dramas de quem padece as derrotas. Guardadas as lanças e proporções no terço dos armamentos enferrujados nas praças cheias de gente vaidosa, nos festins descompassados... Castelos vazios, horas calmas, madrugadas espasmódicas desses faustos de angústia.
Nos bolsos, a imunidade, seixos frios se misturam nas contas do rosário de lágrimas que se fizera saudade solta, croaxando no peito, e malas pesadas nos braços mortais da infinita espera. Olhos fixos na miragem desses invernos desconhecidos. Firmeza na voz e pigarro na garganta seca. Fora, cantam os pardais, efetivos a formar outra vez seus velhos ninhos teimosos, nos beirais de construções; a paisagem fantasmagórica do extático, testemunha imbatível do definitivo encontro; repulsão e expectativas.
Nesse dia e desse jeito de cenário, os artesões do depois vêm elaborando fios e tecerão longas auroras, nos cabos de luzes multicolores, em volta das marcas erguidas no seio das catedrais de pedra. Notas harmônicas envolvem as palmas abertas de um tempo que deposita nas estrelas seus filhos diletos. Aqueles velhos fetiches guardados se somam em muitos nós, apegos desfeitos nas pessoas. Serão almas livres aladas que pairam no além, aonde Deus espera de braços abertos.
Antes, éramos todos fetichistas contumazes e mudamos o sentido daquilo que nos alimentava. Nos lábios, favos de mel. Lindos laços envolveram os seres e nisso vem o dia raiar nos páramos suaves dos vínculos eternos, bloco útil das emoções permanentes.
Fetiche: objeto animado ou inanimado, feito pelo homem, ao que se atribui culto. Enquanto o tempo consome a matéria, apegamo-nos aos garranchos das ribanceiras, no afã de perpetuar o imperpetuável que escoa das vertentes abertas nas elevadas cordilheiras. Nisso de contrapeso seremos hábeis em reunir motivos de fixação que nada fixam, desfeitos na paisagem móvel da existência, dias aquecidos de impermanências graves, lições infindas, perenes em tudo, por tudo, portanto.
Anéis e dedos que também não ficam. Caravanas que passam aos cães que ladram e passam no mesmíssimo formato da pauta dessa ópera insólita, estridente, agônica, permeada de silêncios agudos.
Sonha-se no esquecimento das horas, companheiras constantes de pêndulos que se movem impávidos. Nuvens suaves de outono, inverno, primavera, verão. Sol que vem e vai e fica, e nós é que vamos.
O esforço de cristalizar as coisas se transforma em rochas fósseis, rochas cristais, marcas de espécies extintas no aço, no petróleo, nas enciclopédias, na lama dos guetos. Na história de bichos-alimária, cães de palha. Todos, todas esfoladas, esfolados vivos, felizes bonecos de papelão.
Energia infinda, essa, sim, que permanece no fluir universal, na busca de Deus das criaturas. O rugir dos ventos nas folhas que se balançam e caem. O som de eras milenares em muralhas que se desmoronam dos monumentos carcomidos e reconstruídos de suor e impulsos desconectados. As imaginações de lideranças retocando civilizações que se debatem na busca de permanecer nas páginas esvoaçantes dos reinos ilusórios. Tropas armadas em conquistas estéreis, incógnitas dramas de quem padece as derrotas. Guardadas as lanças e proporções no terço dos armamentos enferrujados nas praças cheias de gente vaidosa, nos festins descompassados... Castelos vazios, horas calmas, madrugadas espasmódicas desses faustos de angústia.
Nos bolsos, a imunidade, seixos frios se misturam nas contas do rosário de lágrimas que se fizera saudade solta, croaxando no peito, e malas pesadas nos braços mortais da infinita espera. Olhos fixos na miragem desses invernos desconhecidos. Firmeza na voz e pigarro na garganta seca. Fora, cantam os pardais, efetivos a formar outra vez seus velhos ninhos teimosos, nos beirais de construções; a paisagem fantasmagórica do extático, testemunha imbatível do definitivo encontro; repulsão e expectativas.
Nesse dia e desse jeito de cenário, os artesões do depois vêm elaborando fios e tecerão longas auroras, nos cabos de luzes multicolores, em volta das marcas erguidas no seio das catedrais de pedra. Notas harmônicas envolvem as palmas abertas de um tempo que deposita nas estrelas seus filhos diletos. Aqueles velhos fetiches guardados se somam em muitos nós, apegos desfeitos nas pessoas. Serão almas livres aladas que pairam no além, aonde Deus espera de braços abertos.
Antes, éramos todos fetichistas contumazes e mudamos o sentido daquilo que nos alimentava. Nos lábios, favos de mel. Lindos laços envolveram os seres e nisso vem o dia raiar nos páramos suaves dos vínculos eternos, bloco útil das emoções permanentes.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
SOLIDÃO FUTEBOL CLUBE - Por Emerson Monteiro
Na mesa do coração da gente, vêm servidos diversos quitutes de todo sabor, medida certa das idades que fervilham secas, inexperientes, nos poros suarentos da juventude que dispara rumo ao desconhecido...
Primeiro, nas portas iniciais da infância, doce inocência se apresenta aos demais, deixando entrever multidões famélicas, sequiosos projetos de rostos vivos, umedecidos de esperança, na forma de flores multicoloridas, pessoas, outros possíveis eus, em elaboração febril. Então, jardins festivos lhes perfumam as bocas de gostosas possibilidades. Frutos resinosos escorrem aurora nos lábios abertos aos quatro ventos, apresentando, pouco a pouco, travo de pomos amargos, motivo de náuseas temperadas de beijos amenos, ao desencontro do futuro incerto.
Depois, algumas aventuras vivenciadas no aberto das manhãs radiosas, ao calor das 9h, quando véus caem leves; suaves sinais de vibração intensa que sacodem blocos metálicos de fibras íntimas, demonstrando movimentos de cordas profundas, contrariando por dentro leis requentadas de sobrevivência provável a qualquer custo, nas paixões originais. Amores desfeitos viram fantasmas, surpresas ingratas, vagas monumentais que cobrem dias, praias de passos rasos na areia quente, sonhos atroz despertados, preocupações ainda por resistir, embates de traços lindos, exóticos espelhos ovalados.
Meio-dia, porém, quando as experiências azuis nutrem arquivos de tanta memória dos poucos resultados concretos acumulados; e o estágio determina melhores estudos. Quer-se compreender sistemas externos de trabalhar sentimentos no peito dos amores independentes, fora de convencionais esquemas familiares. A sociedade, contudo, reclama tipos de procedimento que, quase sempre, tirados raros respeitáveis parceiros ajustados, reflete o senso comum de irresponsáveis amantes. Histórias milenares inundam as páginas dos folhetins, exemplos avessos que bem poderiam e não se perfezem, na realidade aberta das inundações friorentas das cheias.
Às 3h da tarde, passada a modorra, quem aprendeu, aprendeu... Houve chances disso. Alguns ainda persistem nas ranhuras errantes; coçam peles enrugadas, indiscretas, e refazem lances imaginários, admitindo, no entanto, falhas graves nas estratégias postas em campo. Alimentam nutridas vitórias, cautelosos daqueles que os ouvem, pois ninguém conta vantagem de assunto desfeito no cotidiano amoroso de lugares próximos.
Nesse tempo, carga frustrada machucando o lombo dos animais sensíveis; pensativos momentos bons viram saudade, o que poucos guardam de coisas ruins .
Fim de tarde, época contrita das bocas abertas, na velha fornalha de eras acesas, sopradas de leques agitados, asas mudas em brisas finas, no pescoço brilhante que escorre suor encantado de damas, mostra transcendental e suas rendas de saias e bicos esmaecidos, entrevistos na dobra de lençóis revirados. Afã de conquistar tresmalhadas noites perdidas, casais transferem aos rios do tempo o ardor da pele desnuda, em plumas vermelhas, nos fragores poentes e doidas lições pesarosas.
Quantas vezes restam a sós esses namorados fogosos, na descompressão de ritmos impacientes. Viram trastes inúteis que realçam nuvens brancas de horas escuras, almas penadas, vadios corações, em meio a suspiros soltos. Logo chegam convivas animados e outro banquete começa no berço das mesas em volta.
Primeiro, nas portas iniciais da infância, doce inocência se apresenta aos demais, deixando entrever multidões famélicas, sequiosos projetos de rostos vivos, umedecidos de esperança, na forma de flores multicoloridas, pessoas, outros possíveis eus, em elaboração febril. Então, jardins festivos lhes perfumam as bocas de gostosas possibilidades. Frutos resinosos escorrem aurora nos lábios abertos aos quatro ventos, apresentando, pouco a pouco, travo de pomos amargos, motivo de náuseas temperadas de beijos amenos, ao desencontro do futuro incerto.
Depois, algumas aventuras vivenciadas no aberto das manhãs radiosas, ao calor das 9h, quando véus caem leves; suaves sinais de vibração intensa que sacodem blocos metálicos de fibras íntimas, demonstrando movimentos de cordas profundas, contrariando por dentro leis requentadas de sobrevivência provável a qualquer custo, nas paixões originais. Amores desfeitos viram fantasmas, surpresas ingratas, vagas monumentais que cobrem dias, praias de passos rasos na areia quente, sonhos atroz despertados, preocupações ainda por resistir, embates de traços lindos, exóticos espelhos ovalados.
Meio-dia, porém, quando as experiências azuis nutrem arquivos de tanta memória dos poucos resultados concretos acumulados; e o estágio determina melhores estudos. Quer-se compreender sistemas externos de trabalhar sentimentos no peito dos amores independentes, fora de convencionais esquemas familiares. A sociedade, contudo, reclama tipos de procedimento que, quase sempre, tirados raros respeitáveis parceiros ajustados, reflete o senso comum de irresponsáveis amantes. Histórias milenares inundam as páginas dos folhetins, exemplos avessos que bem poderiam e não se perfezem, na realidade aberta das inundações friorentas das cheias.
Às 3h da tarde, passada a modorra, quem aprendeu, aprendeu... Houve chances disso. Alguns ainda persistem nas ranhuras errantes; coçam peles enrugadas, indiscretas, e refazem lances imaginários, admitindo, no entanto, falhas graves nas estratégias postas em campo. Alimentam nutridas vitórias, cautelosos daqueles que os ouvem, pois ninguém conta vantagem de assunto desfeito no cotidiano amoroso de lugares próximos.
Nesse tempo, carga frustrada machucando o lombo dos animais sensíveis; pensativos momentos bons viram saudade, o que poucos guardam de coisas ruins .
Fim de tarde, época contrita das bocas abertas, na velha fornalha de eras acesas, sopradas de leques agitados, asas mudas em brisas finas, no pescoço brilhante que escorre suor encantado de damas, mostra transcendental e suas rendas de saias e bicos esmaecidos, entrevistos na dobra de lençóis revirados. Afã de conquistar tresmalhadas noites perdidas, casais transferem aos rios do tempo o ardor da pele desnuda, em plumas vermelhas, nos fragores poentes e doidas lições pesarosas.
Quantas vezes restam a sós esses namorados fogosos, na descompressão de ritmos impacientes. Viram trastes inúteis que realçam nuvens brancas de horas escuras, almas penadas, vadios corações, em meio a suspiros soltos. Logo chegam convivas animados e outro banquete começa no berço das mesas em volta.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
COMUNICADO
Comunicamos aos nossos internautas que faleceu hoje,14 de dezembro de 2009, em Lavras da Mangabeira, a senhora Vicência Dias Lemos, mãe do acadêmico Ivonildo Dias. O sepultamento será amanhã. A Academia Lavrense de Letras lamenta tão grande perda.
domingo, 13 de dezembro de 2009
A CARA DE HOJE - Por Emerson Monteiro
A gente vive de influenciar e ser influenciado, por tudo que a vida mostra a todo instante. Seja em relação às pessoas, aos acontecimentos em si e à Natureza, qualquer ação implica numa reação, condicionando resultados inevitáveis. Um dos motivos principais desse processo de interação cabe à cota do prazer, porquanto há em volta uma razão justa de atitude para quebrar inércias e sair para ações. Uma troca de valores, digamos assim. Desloca-se a individualidade em busca de resultados agradáveis, atuais ou iminentes.
O sentido da observação, fruto da experiência, localiza inúmeras ocasiões em que pessoas agem sempre no usufruto posterior dos benefícios. Raros, raríssimos, rompem o círculo do interesse pessoal em favor de ocasionar oportunidades aos outros, livres e desapegados.
Nestes tempos capitalistas mundiais, com excelência, ninguém joga tempo fora. Máquinas funcionam durante as 24 horas do dia sempre gerando lucros estonteantes. Mesmos líderes autênticos apreciam ampliar seus espaços de influência, aguardando a lei do retorno em prol de futuras gestões agregadas aos valores antes planejados, essa coisa de reeleição.
A democracia representativa do presente, sim, essa sempre vem preenchida dos absurdos da vez, quando gastos das campanhas eleitorais exigem somas fabulosas de custos, sob a perspectiva de dominar os postos de comando e reverter as possibilidades sociais. Ainda que signifique o extermínio da ética filosófica, nomes expressivos dos grupos sociais arriscam suas belas histórias originais em nome do poder sem limite.
Espécie de fim de rama, os bilhões de seres humanos avançam no bolo inicial da Terra mãe, em processo de autodestruição jamais visto nas proporções do que agora se apresenta. Poucos querem abrir mão da capacidade produtiva acelerada que carcome as chances vitais das novas gerações; derrubar a mangueira para comer uma safra, quer isto representar.
Juntos na Dinamarca em conclave mundial, os representantes defendem seus territórios de emissão de gases numa enxurrada mistificadora do progresso industrial de causar dó, de negrume nunca imaginado pela pior ficção.
Tempos do “era uma vez” se tornou a existência dos humanóides decadentes, senhores da guerra, mártires da futilidade sem causa, em um período histórico ausente de mínima sensatez.
Enquanto a farra persiste de fustigar o destino das leis universais, clamor de respostas graves leva ao desencanto coletivo imediato, quando os diretores da cena reteem os cordões das decisões qual lhes pertencesse a vida de todos habitantes do planeta, no direito de reger seus bens, herança de todos nós.
Contudo o sistema invadiu as privacidades mais remotas e letargia imensa constrange os protagonistas do drama aos piores abusos, preço alto da omissão imprudente. Então, as luzes acesas do palco revelam a verdade no largo sorriso da inevitável Esperança do futuro.
O sentido da observação, fruto da experiência, localiza inúmeras ocasiões em que pessoas agem sempre no usufruto posterior dos benefícios. Raros, raríssimos, rompem o círculo do interesse pessoal em favor de ocasionar oportunidades aos outros, livres e desapegados.
Nestes tempos capitalistas mundiais, com excelência, ninguém joga tempo fora. Máquinas funcionam durante as 24 horas do dia sempre gerando lucros estonteantes. Mesmos líderes autênticos apreciam ampliar seus espaços de influência, aguardando a lei do retorno em prol de futuras gestões agregadas aos valores antes planejados, essa coisa de reeleição.
A democracia representativa do presente, sim, essa sempre vem preenchida dos absurdos da vez, quando gastos das campanhas eleitorais exigem somas fabulosas de custos, sob a perspectiva de dominar os postos de comando e reverter as possibilidades sociais. Ainda que signifique o extermínio da ética filosófica, nomes expressivos dos grupos sociais arriscam suas belas histórias originais em nome do poder sem limite.
Espécie de fim de rama, os bilhões de seres humanos avançam no bolo inicial da Terra mãe, em processo de autodestruição jamais visto nas proporções do que agora se apresenta. Poucos querem abrir mão da capacidade produtiva acelerada que carcome as chances vitais das novas gerações; derrubar a mangueira para comer uma safra, quer isto representar.
Juntos na Dinamarca em conclave mundial, os representantes defendem seus territórios de emissão de gases numa enxurrada mistificadora do progresso industrial de causar dó, de negrume nunca imaginado pela pior ficção.
Tempos do “era uma vez” se tornou a existência dos humanóides decadentes, senhores da guerra, mártires da futilidade sem causa, em um período histórico ausente de mínima sensatez.
Enquanto a farra persiste de fustigar o destino das leis universais, clamor de respostas graves leva ao desencanto coletivo imediato, quando os diretores da cena reteem os cordões das decisões qual lhes pertencesse a vida de todos habitantes do planeta, no direito de reger seus bens, herança de todos nós.
Contudo o sistema invadiu as privacidades mais remotas e letargia imensa constrange os protagonistas do drama aos piores abusos, preço alto da omissão imprudente. Então, as luzes acesas do palco revelam a verdade no largo sorriso da inevitável Esperança do futuro.
sábado, 12 de dezembro de 2009
PEREIRA BELÉM - Por Emerson Monteiro
Vez por outra, protozoários resistentes ao passado pregam lá suas peças e fazem retornar ao écran da memória fantasmas meio adormecidos pelos cantos distantes das ruas de antigamente. Postam intactos, ao dispor das rotativas da atualidade, exemplares raros, carismas, parecidos com desafios que desçam da comodidade e venham se beatificar nas formas posteriores, o que, por vezes, levam a outras telas e viram movimento de pensamentos. Em tudo isso, um desejo de perenidade, peças soltas por dentro da alma vigilante.
Bom, essa volta toda para contar de Pereira Belém, um alcoólatra sorridente que circulava as minhas ruas de menino, no Crato dos anos 60, pelo bairro onde eu morava, Pinto Madeira.
De tez morena intumescida no uso da bebida, olhos empapuçados, ainda moço, de seus trinta e poucos, camisa aberta ao peito, sapatos rotos nos pés, cabelos pretos oleosos, escorridos para trás, palavras irreverentes agradáveis para tudo e todos, deslizava rua acima, rua abaixo, de preferência num itinerário de bodegas, a fechar longos discursos de atrapalhados assuntos com o grito sonoro de “Viva Pereira Belém!”. No brado, a senha da própria preservação, o que emitia com entusiasmo de causar inveja aos vocacionados profissionais da louvação e ganância, característicos da política ocidental.
Por trás daquele jeito animado de Pereira Belém, o ar de quem zombava de si mesmo, vítima que se via dos porres homéricos que lhe compunham a tortuosa sobrevivência. À maneira de instrumentista que maestro conduzisse, movia as hastes matemáticas das cifras na execução de invisível peça, a dependência química de ator burlesco dos teatros decadentes.
Os meninos, nisso, sentiam o par dos acontecimentos na feira do cotidiano. Espontâneo chegava, montava a cena, alegrava e saía dos nossos intervalos de escola e elaboração das tarefas. Compreendíamos virem só mostrar, no picadeiro das esquinas, sua desgraça, quais espinhos da garrancheira maior da raça humana, semelhante aos espinhos que formam troncos das vistosas roseiras do bem sucedido. Algo comparável ao cinema da sociedade, à literatura dos que aperreados.
Destarte, as moendas da imaginação voltaram com essa figura do Crato de meu tempo de menino, num vigoroso “Viva Pereira Belém!” suficiente a montar palavras que lhe preservam um pouco adiante a existência, cinco décadas depois do seu desaparecimento.
Bom, essa volta toda para contar de Pereira Belém, um alcoólatra sorridente que circulava as minhas ruas de menino, no Crato dos anos 60, pelo bairro onde eu morava, Pinto Madeira.
De tez morena intumescida no uso da bebida, olhos empapuçados, ainda moço, de seus trinta e poucos, camisa aberta ao peito, sapatos rotos nos pés, cabelos pretos oleosos, escorridos para trás, palavras irreverentes agradáveis para tudo e todos, deslizava rua acima, rua abaixo, de preferência num itinerário de bodegas, a fechar longos discursos de atrapalhados assuntos com o grito sonoro de “Viva Pereira Belém!”. No brado, a senha da própria preservação, o que emitia com entusiasmo de causar inveja aos vocacionados profissionais da louvação e ganância, característicos da política ocidental.
Por trás daquele jeito animado de Pereira Belém, o ar de quem zombava de si mesmo, vítima que se via dos porres homéricos que lhe compunham a tortuosa sobrevivência. À maneira de instrumentista que maestro conduzisse, movia as hastes matemáticas das cifras na execução de invisível peça, a dependência química de ator burlesco dos teatros decadentes.
Os meninos, nisso, sentiam o par dos acontecimentos na feira do cotidiano. Espontâneo chegava, montava a cena, alegrava e saía dos nossos intervalos de escola e elaboração das tarefas. Compreendíamos virem só mostrar, no picadeiro das esquinas, sua desgraça, quais espinhos da garrancheira maior da raça humana, semelhante aos espinhos que formam troncos das vistosas roseiras do bem sucedido. Algo comparável ao cinema da sociedade, à literatura dos que aperreados.
Destarte, as moendas da imaginação voltaram com essa figura do Crato de meu tempo de menino, num vigoroso “Viva Pereira Belém!” suficiente a montar palavras que lhe preservam um pouco adiante a existência, cinco décadas depois do seu desaparecimento.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
HOUVE UM NATAL - Por Emerson Monteiro
Não sei precisar com exatidão a época, se aos meus 11 ou 12 anos, quando, na noite de Natal, recebi três livros, presentes de Papai Noel, que vieram no meio da madrugada embrulhados em papéis coloridos, embaixo da rede. Eram parte de uma série para a juventude, da Editora Melhoramentos, exemplares de encadernação azul, ilustrados com o primor de belos desenhos. Dos títulos, lembro bem, “Por mares nunca dantes navegados”, uma adaptação de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões; “Vinte mil léguas submarinas”, de Júlio Verne; e “As aventuras de Robin Hood”, da lenda inglesa dos tempos heróicos da Inglaterra.
Com tais obras, vivi momentos deliciosos, na casa onde morava com meus pais, no Bairro Pinto Madeira, em Crato. O bangalô, construído ainda na década de 40 por “Seu” Pergentino Silva, denominava-se Vila Daïro; possuía andar térreo e um segundo pavimento rodeado e encimado por lajões de cimento armado. Nessa casa, passei, com a família, 12 anos inesquecíveis. Ao centro de ampla área, cercava-se de mangueiras, sirigueleiras, pinheiras, goiabeiras, etc., e dispunha, em sua fachada principal, da sombra frondosa de enorme timbaúba, que nos agraciava com generosa folhagem e canto dos mais variados pássaros.
No andar superior, quase todo deserto, habitávamos eu e meu irmão mais velho, Everardo, às vezes sequenciados pelos irmãos de minha mãe, Nairton, Neimann e Nirson, que se demoravam algum tempo a estudar em Crato. Ali permanecíamos quase todo o dia, depois das aulas, a ler e escutar rádio.
A propósito desses presentes e de outros que, às vezes, retornam às minhas recordações dos Natais, quando ouço críticas à figura de Papai Noel, que deixaria para tantas mentalidades, durante a fase natalina, em segundo plano a pessoa de Jesus, o Mestre Divino, indago comigo mesmo o que há de errado de alguém existir como o bom velhinho que distribui lembranças, a simbolizar a alegria e a felicidade. Multidões esquecidas no decorrer de todo o ano, quando, por ocasião do Natal, acontece de merecer das suas mãos alguns brindes, em alusão ao aniversário de Jesus.
Quero crer, por isso, na dupla figuração do ícone Papai Noel, que, além de movimentar as vendas nos finais de ano, pela satisfação que pode ocasionar, seja também o espírito da bondade em ação, mais parecido com o sentimento de doação e fraternidade que percorre o mundo nesta doce temporada da humanidade cristã.
Com tais obras, vivi momentos deliciosos, na casa onde morava com meus pais, no Bairro Pinto Madeira, em Crato. O bangalô, construído ainda na década de 40 por “Seu” Pergentino Silva, denominava-se Vila Daïro; possuía andar térreo e um segundo pavimento rodeado e encimado por lajões de cimento armado. Nessa casa, passei, com a família, 12 anos inesquecíveis. Ao centro de ampla área, cercava-se de mangueiras, sirigueleiras, pinheiras, goiabeiras, etc., e dispunha, em sua fachada principal, da sombra frondosa de enorme timbaúba, que nos agraciava com generosa folhagem e canto dos mais variados pássaros.
No andar superior, quase todo deserto, habitávamos eu e meu irmão mais velho, Everardo, às vezes sequenciados pelos irmãos de minha mãe, Nairton, Neimann e Nirson, que se demoravam algum tempo a estudar em Crato. Ali permanecíamos quase todo o dia, depois das aulas, a ler e escutar rádio.
A propósito desses presentes e de outros que, às vezes, retornam às minhas recordações dos Natais, quando ouço críticas à figura de Papai Noel, que deixaria para tantas mentalidades, durante a fase natalina, em segundo plano a pessoa de Jesus, o Mestre Divino, indago comigo mesmo o que há de errado de alguém existir como o bom velhinho que distribui lembranças, a simbolizar a alegria e a felicidade. Multidões esquecidas no decorrer de todo o ano, quando, por ocasião do Natal, acontece de merecer das suas mãos alguns brindes, em alusão ao aniversário de Jesus.
Quero crer, por isso, na dupla figuração do ícone Papai Noel, que, além de movimentar as vendas nos finais de ano, pela satisfação que pode ocasionar, seja também o espírito da bondade em ação, mais parecido com o sentimento de doação e fraternidade que percorre o mundo nesta doce temporada da humanidade cristã.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
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